Se passam 10 minutos desde que cheguei a sala de espera, só mais 5 minutos eles me chamam, nesse exato momento estou experimentando uma ampla gama de sentimentos e emoções as quais nem consigo descrever. Andei tanto pela sala que acredito que deva ter um buraco em algum lugar dos que passei.
Foi anunciado que o senhor Saldanha já havia chegado logo me chamaria a sala dele, foram só alguns minutos e para mim está durando uma eternidade. Senhor, me dê calma, sabedoria, me ajude em mais esse momento - Oro em silêncio aproveitando a calma do ambiente vazio. - Patrícia Brandão? - Uma linda mulher, não muito mais velha que eu, aparentemente, com cabelos loiros, que caem em ondas suaves e brilhantes até os ombros, olhos de um tom azul profundo, que destaca sua pele clara e luminosa, me chama. Ela é realmente linda, seu rosto tem traços delicados, com as maçãs bem definidas e lábios rosados. Ela se veste com uma elegância natural, com roupas sofisticadas que acentuam sua graça e charme. Seus gestos são refinados e sua postura demonstra uma confiança tranquila e uma aura de classe porém com uma pitada de arrogância. - Sim, sou. - O senhor Saldanha está te aguardando, me siga. Olho a mulher que caminha na minha frente e percebo o quanto ela é bonita, até que sou bonita, mas ela é outro nível. Caminhamos por um corredor com diversas portas, todas com nome de alguém, acredito ser a sala dos funcionários do RH. Assim que chegamos a moça, ainda não sei qual o nome b**e na porta entrando em seguida. - Com licença, Car... Senhor Saldanha, aqui está a moça. - Ela fala. - Obrigado Carla, pode ir se precisar de alguma coisa te chamo. - Carlos Saldanha dispensa a moça. - Tudo bem, com licença. - A moça que agora sei se chamar Carla sai da sala. Carlos me olha de uma maneira que me deixa constrangida como se estivesse me avaliando dos pés à cabeça, mas não uma avaliação de inspeção e sim com malícia. Como se percebesse meu desconforto, desvia o olhar para o computador começando a falar. - Você pode se sentar Patrícia - Ele diz por fim. Me sento em sua frente sem uma reação, paraliso esperando mais uma iniciativa. - Então, estive dando uma boa olhada em seu histórico, realmente me surpreendeu principalmente os simulados que você realizou. - Me alegro com sua observação, deve ser um bom sinal um sorriso bobo surgindo em meu rosto. - Mas você tem em mente que a prática em uma empresa de verdade é totalmente diferente, ainda mais sendo uma empresa do porte da Invertcorp- Senhor Saldanha fala em seguida. - Tem plena consciência desse fato, e pode acreditar darei o meu melhor. Juro não decepcionar. - Eu sei que não vai, devo dizer que já começamos bem, você é mais que pontual e isso é ótimo. Valorizamos bastante novos talentos e caso você saia bem tanto quanto eu espero futuramente possa vim até assumir uma de nossas empresas, mas isso é assunto para o futuro. - Meu coração solta no peito batendo forte, fico extasiada com a possibilidade será bem mais do que imaginei. - Claro que inicialmente você será mais como uma assistente da secretaria do nosso CEO, de acordo com seu desempenho ele lhe guiará a outra função. - O sorriso que já ostentava ficou ainda maior. - Você pode passar o dia hoje para entender melhor como funciona e semana que vem quando os trâmites legais estiverem acertados você pode começar. - Obrigada! muito obrigada mesmo. - Digo demostrando um pouco mais de entusiasmo do que deveria. Carlos sorrir do meu entusiasmo. - Me agradeça com um bom desempenho, pra mim já está ótimo. Agora vou pedir Sara, secretária do presidente para te acompanhar, ele não virá hoje então será melhor pra te ajudar no encaixe. O diretor do RH liga para a moça e a convida ate a sala dele, ela chega cerca de 2 minutos depois. Uma moça jovem ruiva muito bonita entra. O que há com os contratantes dessa empresa? Só busca mulheres lindas, começo a pensar que beleza por aqui é um requisito indispensável. Seus cabelos ruivos brilhantes e ondulados caem em cascata até os ombros. Seu tom de pele é claro, com uma leveza que realça a intensidade dos seus cabelos. Ela tem olhos expressivos verdes, que contrastam com a cor vibrante dos seus cabelos. Seu rosto é delicado, com maçãs do rosto sutis e um sorriso cativante que ilumina sua aparência. Seu estilo é elegante e bem cuidado, realçando sua beleza natural. Bem, aparentemente Sara é mais simpática que a Carla, ela sorri de forma gentil para mim e saímos para conhecer primeiro o andar da presidência. Leva quase três horas e meia até que ela consiga me mostrar todo o prédio, exceto o último andar, apresentando uma grande quantidade de funcionários e alguns que segundo ela vou interagir constantemente, depois me mostra sua forma de trabalho explicando algumas complexidades. - Você trabalha a muito tempo aqui? - questiono. - Desde quando Bruno assumiu a presidência - Oh! ouvi dizer que ele é bem exigente... - Sara olha para mim e sorri de forma enigmática - Bem, ele é. Mas é uma pessoa muito justa também. - Isso inclui demitir pessoas sem motivo também? - ela gargalha - Ele não demite sem motivo. Bruno é bastante paciente e lhe ensinará da melhor forma e a menos que você cometa erros muito graves ele irá te dar chances para compensar os pequenos erros até você acertar - Sério? - Por trás daquela fachada de CEO implacável existe um homem solidário de bom coração. Ele já passou por essa fase de estágio e sabe o quanto é difícil, ele entende as dificuldades que tudo isso implica - Nunca ouvi essa parte sobre ele! - As pessoas inventam e ele não faz questão de desmentir para manter a pose - ela olha para mim sorrindo e dá uma piscadinha - Não se preocupe querida, tenho certeza que você se sairá muito bem. O emprego já é praticamente seu - Assim espero... - sussurro com um sorriso crescendo nos lábios. O dia passa voando tanto que nem percebi, finalmente sou liberada para ir pra casa. Saio da empresa com um enorme sorriso, adorei o lugar acredito que vou me sair bem por aqui.Chego em casa por volta das 18:00 horas, encontro minha mãe sentada na sala assistindo televisão, é extremamente raro eu vê-la antes do jantar, temos uma rotina cansativa geralmente ela sai às 5:30 para o seu trabalho de faxineira em um hotel, só chegas as 19:00 horas, no meu antigo trabalho como baba entrava as 7:00 e saia as 21:00 horas. Estranho o fato de ela já ter chegado. - Em casa tão cedo, mãe!?. - Dou um beijo em sua testa me sentando ao seu lado logo em seguida. - O senhor Antunes me liberou mais cedo hoje. Vejo um lampejo de tristeza em seu olhar. - Mamãe, aconteceu algo? - Não filha, está tudo bem. - Se defende rapidamente. - Te conheço dona Marly, desembucha, o que aconteceu? - Mamãe hesita por um momento antes de falar, ela sabe que não consegue mentir pra mim, assim como eu não consigo pra ela. - Uma pequena queda de pressão filha, fiquei um pouco tonta. Pedir pra sair mais cedo. - Mãe, já falei pra não se esforçar tanto é perigoso, você sabe o que penso sobre o
Acordo cedo como de costume, me preparando para o que vem pela frente, é dia de cuidar dos gêmeos. Sou babá de duas crianças de 3 anos, uns pestinhas que com certeza vou sentir falta quando mudar de trabalho, mas com certeza só deles. Antony e Antônia são órfãos de mãe, criados apenas pelo pai. A mãe das crianças morreu no parto dos dois, desde então Rafael, o pai, criou eles sozinho. Falando no meu chefe, não simpatizo com ele sem sombra de dúvidas não sentirei nem um pouco de saudades dele, é arrogante, prepotente e indelicado. Ele costuma dar em cima de mim sempre depois que consigo fazer as crianças dormirem. Tenho receio em ficar sozinho com aquele homem, mas a necessidade falou mais alto, precisava do dinheiro. Ainda não comuniquei que vou sair, pretendo fazer isso hoje, só espero que ele não dificulte minha vida, como sempre faz. Chego na casa do meu chefe, as crianças já me esperam no portão, logo começam a me chamar correndo em minha direção. - Bom dia, meus amores! - Sor
Sua mãe, Amélia, uma senhora bonita, também arrogante e sem caráter, entra com uma carranca profunda fuzilando seu filhinho com os olhos. - Rafael, o que diabos você faz com a babá? - Eu odeio essa mulher, mas hoje estou tão feliz em vê-la que poderia até lhe dar um abraço. Aproveito seu momento de distração empurrando Rafael para longe de mim, ele tropeça se afastando em seguida sentado no sofá. - Nada demais, só estávamos conversando mãe. - Consigo perceber seu tom irritado. - O que você veio fazer aqui? - Tão próximos assim? - Ela ignora completamente a pergunta do filho. - Já falei pra você não cair nas garras dessas interesseiras filho, você não pode ver um rabo de saia. Caramba para de se interessar por qualquer uma. Poderia me sentir ofendida, porém dadas as circunstâncias estou aliviada mesmo sendo insultada de graça. - Relaxa mãe, Patrícia não faz meu tipo. - Desdém jorra da sua voz. -Pode sair Patrícia. - Rafael abana a mão pra mim como se eu fosse um bicho. Mas não es
Depois de passar um dia fora da empresa, precisava urgente colocar as coisas no lugar, um dia e o trabalho acumulou como se fosse semanas. Ontem não pude aparecer porque estava resolvendo problemas de família, perdi muita coisa inclusive adesão de novos estagiários, eu gosto de vê-los desde o primeiro dia é bom para conhecer o potencial de alguém quando demonstra medo. Estava concentrado revendo alguns contratos quando Sara avisou que Carla queria falar comigo, autorizei que subisse porque ela disse que era urgente. Estava evitando essa conversa porque entendi que havia interesse que nossa amizade colorida de anos se transformasse em namoro. Nós nos envolvemos quando ainda éramos jovens, mas como não namoro ninguém, logo nos limitamos a um relacionamento de acaso. Não foi nada sensacional nosso caso, eu era muito novo, queria ter muitas mulheres e já tinha em mente que não queria namorar ou casar, só mantive ela por perto. Minha família apoiava esse absurdo, vivia dizendo que Car
Passam-se alguns minutos e Carlos passa pela porta adentrando no meu escritório, ele não precisa ser anunciado por dois motivos: uma por que já sabia que ele vinha e outra pois somos grandes amigos, ele sempre teve total liberdade e acesso a minha sala, única pessoa que confio tanto. Conheci Carlos na faculdade, ele era bolsista por esse motivo não tinha amigos, ainda não consigo entender como as pessoas são tão mesquinhas a ponto de ter preconceito assim com os outros, mas apesar dessas adversidades ele sempre manteve a cabeça erguida por esse motivo me simpatizei com ele logo nos primeiros dias, gosto de pessoas fortes e determinadas ao meu lado. Com o passar do tempo nossa amizade foi crescendo e ele se tornou muito mais que um amigo, um aliando, um irmão de coração. Desde então somos inseparáveis, logo que assumi a Invertcorp não pensei duas vezes em fazer dele meu diretor de RG e conselheiro pessoal e profissional, ele mostrou disposição, garra e competência. Carlos se aproxim
Acordei animada, tomei apenas um café preto e um banho. Hoje será meu segundo dia na empresa, Sara permitiu que eu iniciasse ontem, mesmo depois de ficar acordado que meu início seria na segunda-feira. Meu primeiro dia foi um pouco embaraçoso, pegar meu chefe em momento íntimo me deixou um pouco envergonhada e... magoada?! Eu acho que seria esse o sentimento. Coloquei minha melhor roupa e uma sapatilha preta, um pouco desgastada na ponta, logo que recebesse precisava comprar mais roupas. Desde que a mãe ficou doente, algumas semanas atrás, todas as minhas economias foram destinadas ao seu tratamento, não comprei nada para me iniciar no novo trabalho. Passei um gloss e prendi meus cabelos que são pretos, longos e fiz ondas naturais nas pontas. Meia hora depois estava colocando meus pés naquele prédio chique, com 10 minutos de antecedência. Me dirijo diretamente para o andar no qual vou trabalhar, entrei no elevador digitei uma senha que havia recebido por e-mail depois que meu c
Depois disso, fiquei as próximas duas horas sem fazer nada, havia um computador que precisava de senha de acesso, a qual eu ainda não tinha. Fiquei tentanda a procurar um dos meus livros de romance online para ler, mas achei que não seria apropriado para o momento. Levei um susto quando a porta da sala de reunião abriu bruscamente, Bruno saiu de lá raivoso com Carlos no seu encalço, passou pelo corredor e entrou em seu elevador privativo, diferente daqueles que eu havia chegado. Logo todos os presentes saíram murmurando reclamações. Sara, com uma cara chateada, sentou-se na cadeira ao meu lado. - Reunião difícil? - questionei - Sim. Bruno está irredutível e os velhos também – respondeu sorrindo de canto.- Mas vamos lá, como você percebeu, seu trabalho é simples, ficará na recepção assim como ontem. Preciso de auxílio para algumas coisas como fotocópias, ligações, mandar e-mails, eventualmente deixarei redigir alguns contatos para se habituar a rotina. Tudo bem? - Sim! - Sei que
- Espero que tenha acordado mais calmo hoje - Saio dos meus devaneios assim que ouço a voz de Carlos. Ele entra na minha sala se sentando em frente a minha mesa. - Bem, por enquanto é tudo que posso fazer - Falo ainda irritado - Você sabe que eles não vão me fazer desistir Minha reunião foi um fracasso, os acionistas estão empenhados em não facilitar para mim, esse fato me deixa irritado mas o que me deixa pensativo é outro motivo. A assistente! Continuo calado por mais alguns minutos, ponderando a situação, Carlos fala novamente: - Cara, há algo de errado com você, está pensativo demais e pior não está falando ou resmungando - Ele para por um momento avaliando minha reação - Isso é no mínimo estranho. Carlos espera por uma resposta me olhando de forma incisiva, mas não posso explicar algo nem mesmo eu entendo. - Está tudo, só preciso sair, beber e transar a noite toda É tudo que digo, pois ainda não sei dizer o que realmente está acontecendo, estou intrigado com algo, mais n