Bruno Ricci

Depois de passar um dia fora da empresa, precisava urgente colocar as coisas no lugar, um dia e o trabalho acumulou como se fosse semanas.

Ontem não pude aparecer porque estava resolvendo problemas de família, perdi muita coisa inclusive adesão de novos estagiários, eu gosto de vê-los desde o primeiro dia é bom para conhecer o potencial de alguém quando demonstra medo.

Estava concentrado revendo alguns contratos quando Sara avisou que Carla queria falar comigo, autorizei que subisse porque ela disse que era urgente.

Estava evitando essa conversa porque entendi que havia interesse que nossa amizade colorida de anos se transformasse em namoro.

Nós nos envolvemos quando ainda éramos jovens, mas como não namoro ninguém, logo nos limitamos a um relacionamento de acaso.

Não foi nada sensacional nosso caso, eu era muito novo, queria ter muitas mulheres e já tinha em mente que não queria namorar ou casar, só mantive ela por perto.

Minha família apoiava esse absurdo, vivia dizendo que Carla era a mulher ideal para mim, nossas famílias se conheciam há muitos anos, os pais dela eram tão fúteis mas também tão ricos como os meus.

Eu não entendia o que Carla fazia na minha empresa, embora recebesse um salário generoso, poderia ter sua própria empresa de advocacia ou simplesmente não trabalhar.

Ela poderia ser uma das advogadas principais na área trabalhista, era muito competente, porém preferia o cargo de assistente apenas para ficar no meu pé.

Soube que foi ríspida com estagiários e outros advogados, o que não me agradou.

Eu prezava por manter um bom ambiente de trabalho na empresa, inclusive em um dos andares existia uma área de lazer e descanso para os funcionários usufruírem.

Além de um refeitório com comida boa e uma cafeteria.

Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi os saltos da Carla batendo no chão, ergui os olhos e percebi que ela usava uma saia lápis preta curta e justa, e uma camisa branca com decote generoso que não deixava nada para imaginação.

Estava como sempre, maquiada e com o cabelo impecável, meu pau deu sinal de vida instantâneamente, porque ele não era bobo e eu não era cego.

Quando olhei em seu rosto, percebi o sorriso, ela havia percebido que a analisei e que gostei do que vi.

- Bom dia, Carla - falei mantendo a voz neutra

- Bom dia, Bruno – disse, sentando-se à minha frente e cruzando as pernas.

- Qual era o assunto urgente? – perguntei, sentindo seu perfume enjoativo invadir o ambiente.

- Então, queria te convidar para jantar na minha casa – disse de forma sensual.

- Esse é o assunto urgente? - perguntei um pouco irritado, eu detestava joguinhos.

- Ah, aquela sua secretária teimosa não me deixou subir sem te avisar, por isso falei que era urgente – explicou como se não fosse nada demais ter mentido.

- Gostaria que tivesse mais respeito com a Sara, porque ela só fez o que é sua responsabilidade. Ninguém pode subir sem minha autorização, essa é a razão do elevador privativo – falei um pouco ríspido, não gostei da forma como ela se referiu a minha secretária.

- Tudo bem, desculpe, mas você não me respondeu, vamos jantar?

- Não – respondi, cruzando os braços sobre a mesa. Que mulher insistente, penso.

- Por quê? - perguntou descruzando e cruzando as pernas em um gesto sensual sabendo que aquilo ia capturar minha atenção.

- Você sabe porque, não quero um relacionamento, não daria certo entre a gente, quanto mais cedo você entender melhor será para gente.

- Eu aceito apenas uma noite, sempre foi assim – disse levantando-se.

Carla contornou a mesa, acabei virando a cadeira e fiquei de frente para ela, que entendeu como um convite e se sentou no meu colo, começou a passar as mãos no meu cabelo.

Nesse momento o telefone da minha mesa começou a tocar, eu coloquei a mão para atender, mas ela segurou e tirou do gancho.

- Esquece um pouco do trabalho, estou aqui disponível para você, vou provar que sou melhor que aquela loirinha enjoada que você anda comendo – disse no meu ouvido se referindo a Tamires e passou a beijar meu pescoço.

Não queria misturar as coisas com ela, pois sempre confunde nos últimos tempos ela insiste em querer algo sério, mas também não era um santo.

Carla era gostosa e estava me provocando, passou a dar beijos no meu pescoço, sua mão contornava meu peito ao mesmo tempo que rebolava no meu colo dando vida ao meu pau que já estava duro.

As coisas começaram a evoluir, passamos a nos beijar, Carla montou no meu colo colocando uma perna de cada lado, quando fui abaixar o seu decote para abocanhar seus seios, um barulho chamou minha atenção.

- Oh! Desculpa – Patrícia estava com as mãos nos olhos.

- Ah, sua sonsa, o que veio fazer aqui? – Carla

perguntou irritada.

Eu imediatamente ergui Carla e tentei me

recompor.

- Carla! Você não está autorizada a falar com a minha assistente dessa forma, aliás com nenhum funcionário da empresa – disse ríspido – Patrícia pode tirar as mãos dos olhos.

- Senhor Ricci – ela começou a falar e eu a olhei de forma severa, mas ela prosseguiu – é que sua mãe acabou de chegar no prédio, tentamos avisá-lo, mas o telefone da sua sala estava ocupado e o senhor não atendeu o celular. Sara está tentando atrasá-la.

- Tudo bem, Patrícia pode acompanhar a Sra. Carla até a saída.

- Como assim? – Carla perguntou.

- Carla, por favor se retire, depois conversamos.

Quando ela estava saindo, minha mãe entrou como um furacão na minha sala.

- Querida, que prazer revê-la! – Minha mãe disse a Carla ignorando completamente Patrícia e isso me incomodou.

- Gisele, o prazer é meu! – Carla respondeu.

- Bom dia, Gisele, Carla já estava de saída, terminamos nossa reunião. E essa é Patrícia, minha nova assistente – disse apontando para onde ela estava.

Sim, eu chamava minha mãe pelo nome, em algum momento o “mamãe” não fez mais sentido e passei a chamá-la pelo nome e ela aparentemente não se importou.

- Nova? A Sara sabe disso? Estava na hora dela sair mesmo, fez bem. Ela se acha dona do lugar

- Não, ela é a assistente júnior, veio para auxiliar a Sara – expliquei.

- Hum, Sara está folgada e intrometida, precisa ser substituída mesmo, aliás ela não deveria ser demitida? – questionou, sentando-se na cadeira à minha frente.

- Gisele, quem decide o destino dos funcionários, sou eu, até onde eu sei ainda sou o CEO desta empresa.

- Tudo bem, qual seu nome? - perguntou Gisele olhando para Patrícia que permanecia de pé próxima da porta.

Minha mãe perguntou com seu ar petulante e a analisou dos pés à cabeça. Quem não a conhece diria que ela está sendo simpática, mas eu sei o quão cínico isso pode ser.

- Patrícia, prazer senhora Gisele – Patrícia respondeu de forma tímida.

- Hum! Prazer - respondeu simplesmente

- Patrícia pode descer com a senhorita Carla, preciso conversar com a minha mãe a sós.

- Tchau, Gisele prazer em revê-la - respondeu dando um abraço e um beijo na minha mãe

- Prazer foi meu, querida, vamos marcar um café para conversarmos melhor – Gisele disse a Carla.

- Com certeza, só me ligar.

- Bruno, Carla é linda, doce, um anjo! Adoraria que vocês namorassem! - Minha mãe falou assim que as duas saíram.

- Isso não vai acontecer!

Imediatamente pensei nas características apontadas e pensei em Patrícia. Ela sim era linda, doce e um anjo.

Carla também era bonita, mas ao contrário era petulante e esnobe.

- Bruno, você precisa se casar! Já tem trinta e dois anos, traria mais credibilidade aos negócios.

- Eu ainda tenho trinta e dois anos, casamento

traria credibilidade? Como o seu e do Rogério? – questionei de forma irônica.

- Meu filho, isso foi extremamente grosseiro de sua parte – respondeu chateada.

- Bom, você veio aqui para discutirmos minha vida pessoal? – perguntei, recostando-me na cadeira.

- Não, vim te dar um beijo porque vou viajar para Nova Zelândia amanhã com minhas amigas – explicou, mudando de assunto e sorriu.

- Hum, o que mais? – Eu conhecia minha mãe e sabia que não era somente isso, ela nunca foi uma mãe carinhosa que vinha se despedir do filho.

- Credo meu filho! – exclamou, colocando a mão no peito.

- O que mais mãe, diga! – falei, sem paciência.

- Seu pai está agindo como um moleque de vinte anos, mantendo amantes e bebendo quase todos os dias.

- E? – questionei, erguendo as sobrancelhas.

- Poderia conversar com ele.

- Eu? Achei que você não se importasse mais – declarei, mexendo as mãos no ar.

- Na verdade eu não me importo, antes ele era mais discreto, mas agora minhas amigas estão comentando, estou me sentindo péssima – confidenciou e desviou o olhar

- Entendi.

- Bruno...

- Vou conversar com ele – disse para encerrar a

conversa.

- Ótimo, estou fazendo essa viagem para minhas amigas acharem que estou brava e estamos dando um tempo, seria muito bom se você conversasse com ele para ser mais discreto. Já conversei, mas ele não me ouve mais.

- Vou conversar com ele – repeti, puxei a manga da camisa e olhei as horas – Gisele, tenho uma reunião agora.

- Obrigada, Bruno. Agora vou indo, preciso me arrumar para viagem, aliás estou atrasada para o salão – disse, me deu um beijo e saiu.

Quando a porta bateu senti um alívio no peito, estranho pensar que a presença da minha mãe me causava uma sensação ruim.

Era sempre assim, ela vinha para que eu tentasse intermediar algo com meu pai. Eles há muito

tempo já não se respeitavam ou conversavam de forma civilizada, eu sempre era o intermediador.

Algumas vezes eu cedia e tentava conversar com meu pai, mas já tinha desistido, eles eram adultos, casados e que se entendessem sozinhos.

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