Chego em casa por volta das 18:00 horas, encontro minha mãe sentada na sala assistindo televisão, é extremamente raro eu vê-la antes do jantar, temos uma rotina cansativa geralmente ela sai às 5:30 para o seu trabalho de faxineira em um hotel, só chegas as 19:00 horas, no meu antigo trabalho como baba entrava as 7:00 e saia as 21:00 horas. Estranho o fato de ela já ter chegado.
- Em casa tão cedo, mãe!?. - Dou um beijo em sua testa me sentando ao seu lado logo em seguida. - O senhor Antunes me liberou mais cedo hoje. Vejo um lampejo de tristeza em seu olhar. - Mamãe, aconteceu algo? - Não filha, está tudo bem. - Se defende rapidamente. - Te conheço dona Marly, desembucha, o que aconteceu? - Mamãe hesita por um momento antes de falar, ela sabe que não consegue mentir pra mim, assim como eu não consigo pra ela. - Uma pequena queda de pressão filha, fiquei um pouco tonta. Pedir pra sair mais cedo. - Mãe, já falei pra não se esforçar tanto é perigoso, você sabe o que penso sobre o seu trabalho. - Ela revira os olhos me olhando em seguida. - Eu estou bem, só não tive tempo de me alimentar direito filha. Mas agora estou bem. - Fala como se fosse algo sem importância. - E eu não vou largar meu emprego, você sabe que precisamos desse dinheiro, não dará conta de pagar todas as nossas dívidas sozinha. - Eu dou um jeito mãe, nem que arrume dois empregos. - Nem pensar. E a faculdade. Você vai estudar e concluir, não tem mais conversa, você já está fazendo muito. - Mamãe fala firme não me dando espaço para argumentar. - Só fico muito preocupada. - Praticamente sussurro, sentimento de impotência se apossando do meu corpo. - Eu sei, mas estou bem, eu juro. Agora vá tomar um banho enquanto preparo o jantar. - Mamãe sorrir. Ela é tão forte, fez tanto por mim para me criar da melhor forma, sempre me incentivando e apoiando. Gostaria de poder fazer mais, tirar ela dessa vida. - Ah, quero saber tudo sobre seu primeiro dia, e Beatriz ligou pedindo para você retornar assim que chegar. - Grita da cozinha. Acabei desligando o celular, não queria interrupções causando uma má impressão logo no primeiro dia, só esqueci de ligar novamente o dia foi tão intenso. Termino o banho, pego meu celular e ligo chamada de vídeo para Beatriz, ela deve está morrendo de curiosidade, ela atende no segundo toque. - Patrícia, sua vaca, finalmente. Onde você se meteu? - Fala assim que atende. - Desculpa, acabei me empolgando, esqueci de ligar o celular... - Me defendo - Deixa pra lá... Me diga como foi? - Pergunta, curiosa como sempre. Apoio o celular na pia contra o espelho enquanto penteio o cabelo. - Foi perfeito, o Carlos gostou de mim. Me deu grandes esperanças. - Acrescento animada. Beatriz olha pra mim com cara de quem vai falar besteira. - Tira o olho que ele é meu viu. - Para de bobagem garota. - Ela gargalha jogando a cabeça para trás. - Estou apenas brincando sua boba. - Não é brincadeira que se faça, ainda mais ele sendo tão jovem e lindo. - Entro na brincadeira e seu sorriso se amplia. - E é um baita de um gostoso, se você quiser te empresto, faremos o 3 á 1, perderá sua virgindade em alto nível. - Senhor, minha amiga não tem limites, digo para mim mesma. - Para com isso Beatriz. - Meu rosto se torna uma carranca profunda de tom um vermelho mais profundo ainda. Saio de frente do espelho e volto para o meu quarto, preciso colocar uma roupa. - Oh, desculpe, esqueci que você é a rainha do pudor. - Reviro os olhos enquanto ela se diverte. - Sem contar que você deve está guardando sua virgindade pro gostoso do Bruno. - Gargalha alto. - Ei, isso não é verdade. - Não poderia nem sonhar com algo tão grande. - Hahahaha... Sei bem que não. - Ela debocha. - Mas por falar no gostoso do Bruno, você conheceu ele? - Pergunta com espectativa. - Não. Ele não apareceu por lá hoje. Só semana que vem para conhecê-lo. - Que azar, ter que esperar tanto. - Continua se divertindo às minhas custas. - Meu Deus como essa mulher consegue ser chata as vezes. - Digo com um tom de deboche. Ela me olha fingindo estar ofendida, mas logo volta a sorrir. - Se você fosse em uma balada comigo já teria conhecido, ele sempre está por lá junto com o Carlos. - Indaga tentando me arrastar pra farra. - Boa tentativa... - Ah, qual é Patrícia, você precisa sair dessa bolha, sua vida é casa, trabalho, faculdade, não sei como você aguenta. - Eu gosto da paz Beatriz, farra não é pra mim. - Como uma criança birrenta ela apenas faz caretas pela tela do celular, antes que eu possa falar alguma coisa ouço alguém chamar por ela do outro lado. - Tá bom, tenho que desligar o dever me chama depois conversamos mais. - Tchau, até depois. - Desligo a chamada e desço para o jantar. Beatriz trabalha a noite em uma boate a mais badalada da cidade, foi assim que conheceu Carlos, os dois têm um rolo meio fixo. Ela é bartender, um emprego a cara dela, já que sempre adorou a noitada. Pelo que me disse no final da noite sempre vai para a casa do Carlos. Chego na mesa mamãe já está sentada, ela me olha curiosa e sei exatamente o que ela quer saber. - Começo segunda. - Falo de uma vez indo direto ao ponto, caso contrário essa mulher terá um infarto de tanta curiosidade. - Que maravilha filha, estou feliz por você. - Ela diz juntando as mãos como em oração. - Nossa mãe fez lasanha que delícia. - Meus olhos disparam pela primeira vez até a mesa. É um dos meus pratos favoritos, ela sempre faz quando quer me agradar, ela fala que tenho os mesmos gostos que meu pai. - Você merece filha! Agora continua me contando sobre a empresa, estou curiosa. - Sorrio da animação da minha mãe começando a falar sobre cada detalhe do meu dia. Dona Marly ouve atentamente a cada detalhe, maravilhada quando falo da arquitetura da empresa. Ela ouve tudo com entusiasmo sem dizer uma única palavra, está do jeito dela me incentivando a continuar. Vejo um brilho de orgulho e felicidade surgindo em seus olhos quando se fala da possibilidade de um dia ficar à frente de uma das empresas da Invertcorp. Ficamos nessa conversa por horas até finalmente decidirmos ir dormir, ambas estamos cansadas e teremos um dia cheio amanhã, ela no hotel e eu como babá, continuarei na função até segunda-feira, antes de assumir meu novo emprego.Acordo cedo como de costume, me preparando para o que vem pela frente, é dia de cuidar dos gêmeos. Sou babá de duas crianças de 3 anos, uns pestinhas que com certeza vou sentir falta quando mudar de trabalho, mas com certeza só deles. Antony e Antônia são órfãos de mãe, criados apenas pelo pai. A mãe das crianças morreu no parto dos dois, desde então Rafael, o pai, criou eles sozinho. Falando no meu chefe, não simpatizo com ele sem sombra de dúvidas não sentirei nem um pouco de saudades dele, é arrogante, prepotente e indelicado. Ele costuma dar em cima de mim sempre depois que consigo fazer as crianças dormirem. Tenho receio em ficar sozinho com aquele homem, mas a necessidade falou mais alto, precisava do dinheiro. Ainda não comuniquei que vou sair, pretendo fazer isso hoje, só espero que ele não dificulte minha vida, como sempre faz. Chego na casa do meu chefe, as crianças já me esperam no portão, logo começam a me chamar correndo em minha direção. - Bom dia, meus amores! - Sor
Sua mãe, Amélia, uma senhora bonita, também arrogante e sem caráter, entra com uma carranca profunda fuzilando seu filhinho com os olhos. - Rafael, o que diabos você faz com a babá? - Eu odeio essa mulher, mas hoje estou tão feliz em vê-la que poderia até lhe dar um abraço. Aproveito seu momento de distração empurrando Rafael para longe de mim, ele tropeça se afastando em seguida sentado no sofá. - Nada demais, só estávamos conversando mãe. - Consigo perceber seu tom irritado. - O que você veio fazer aqui? - Tão próximos assim? - Ela ignora completamente a pergunta do filho. - Já falei pra você não cair nas garras dessas interesseiras filho, você não pode ver um rabo de saia. Caramba para de se interessar por qualquer uma. Poderia me sentir ofendida, porém dadas as circunstâncias estou aliviada mesmo sendo insultada de graça. - Relaxa mãe, Patrícia não faz meu tipo. - Desdém jorra da sua voz. -Pode sair Patrícia. - Rafael abana a mão pra mim como se eu fosse um bicho. Mas não es
Depois de passar um dia fora da empresa, precisava urgente colocar as coisas no lugar, um dia e o trabalho acumulou como se fosse semanas. Ontem não pude aparecer porque estava resolvendo problemas de família, perdi muita coisa inclusive adesão de novos estagiários, eu gosto de vê-los desde o primeiro dia é bom para conhecer o potencial de alguém quando demonstra medo. Estava concentrado revendo alguns contratos quando Sara avisou que Carla queria falar comigo, autorizei que subisse porque ela disse que era urgente. Estava evitando essa conversa porque entendi que havia interesse que nossa amizade colorida de anos se transformasse em namoro. Nós nos envolvemos quando ainda éramos jovens, mas como não namoro ninguém, logo nos limitamos a um relacionamento de acaso. Não foi nada sensacional nosso caso, eu era muito novo, queria ter muitas mulheres e já tinha em mente que não queria namorar ou casar, só mantive ela por perto. Minha família apoiava esse absurdo, vivia dizendo que Car
Passam-se alguns minutos e Carlos passa pela porta adentrando no meu escritório, ele não precisa ser anunciado por dois motivos: uma por que já sabia que ele vinha e outra pois somos grandes amigos, ele sempre teve total liberdade e acesso a minha sala, única pessoa que confio tanto. Conheci Carlos na faculdade, ele era bolsista por esse motivo não tinha amigos, ainda não consigo entender como as pessoas são tão mesquinhas a ponto de ter preconceito assim com os outros, mas apesar dessas adversidades ele sempre manteve a cabeça erguida por esse motivo me simpatizei com ele logo nos primeiros dias, gosto de pessoas fortes e determinadas ao meu lado. Com o passar do tempo nossa amizade foi crescendo e ele se tornou muito mais que um amigo, um aliando, um irmão de coração. Desde então somos inseparáveis, logo que assumi a Invertcorp não pensei duas vezes em fazer dele meu diretor de RG e conselheiro pessoal e profissional, ele mostrou disposição, garra e competência. Carlos se aproxim
Acordei animada, tomei apenas um café preto e um banho. Hoje será meu segundo dia na empresa, Sara permitiu que eu iniciasse ontem, mesmo depois de ficar acordado que meu início seria na segunda-feira. Meu primeiro dia foi um pouco embaraçoso, pegar meu chefe em momento íntimo me deixou um pouco envergonhada e... magoada?! Eu acho que seria esse o sentimento. Coloquei minha melhor roupa e uma sapatilha preta, um pouco desgastada na ponta, logo que recebesse precisava comprar mais roupas. Desde que a mãe ficou doente, algumas semanas atrás, todas as minhas economias foram destinadas ao seu tratamento, não comprei nada para me iniciar no novo trabalho. Passei um gloss e prendi meus cabelos que são pretos, longos e fiz ondas naturais nas pontas. Meia hora depois estava colocando meus pés naquele prédio chique, com 10 minutos de antecedência. Me dirijo diretamente para o andar no qual vou trabalhar, entrei no elevador digitei uma senha que havia recebido por e-mail depois que meu c
Depois disso, fiquei as próximas duas horas sem fazer nada, havia um computador que precisava de senha de acesso, a qual eu ainda não tinha. Fiquei tentanda a procurar um dos meus livros de romance online para ler, mas achei que não seria apropriado para o momento. Levei um susto quando a porta da sala de reunião abriu bruscamente, Bruno saiu de lá raivoso com Carlos no seu encalço, passou pelo corredor e entrou em seu elevador privativo, diferente daqueles que eu havia chegado. Logo todos os presentes saíram murmurando reclamações. Sara, com uma cara chateada, sentou-se na cadeira ao meu lado. - Reunião difícil? - questionei - Sim. Bruno está irredutível e os velhos também – respondeu sorrindo de canto.- Mas vamos lá, como você percebeu, seu trabalho é simples, ficará na recepção assim como ontem. Preciso de auxílio para algumas coisas como fotocópias, ligações, mandar e-mails, eventualmente deixarei redigir alguns contatos para se habituar a rotina. Tudo bem? - Sim! - Sei que
- Espero que tenha acordado mais calmo hoje - Saio dos meus devaneios assim que ouço a voz de Carlos. Ele entra na minha sala se sentando em frente a minha mesa. - Bem, por enquanto é tudo que posso fazer - Falo ainda irritado - Você sabe que eles não vão me fazer desistir Minha reunião foi um fracasso, os acionistas estão empenhados em não facilitar para mim, esse fato me deixa irritado mas o que me deixa pensativo é outro motivo. A assistente! Continuo calado por mais alguns minutos, ponderando a situação, Carlos fala novamente: - Cara, há algo de errado com você, está pensativo demais e pior não está falando ou resmungando - Ele para por um momento avaliando minha reação - Isso é no mínimo estranho. Carlos espera por uma resposta me olhando de forma incisiva, mas não posso explicar algo nem mesmo eu entendo. - Está tudo, só preciso sair, beber e transar a noite toda É tudo que digo, pois ainda não sei dizer o que realmente está acontecendo, estou intrigado com algo, mais n
Duas semanas depois. Estava bem adaptada a minha rotina de trabalho na Invertcorp. Nos primeiros dias tive um pouco de dificuldade, sem a Sara ao meu lado para orientar, em compensação Carlos auxiliou da melhor forma, apesar de está dividindo seu tempo entre dois cargos de grande importância na empresa, ele me ajudou muito e teve muita paciência. Logo consegui aprender a mexer em todos os sistemas. Sara acompanhou tudo de longe, vez ou outra me dando dicas, ela cumpriu sua palavra e conseguiu que eu saísse da vaga de recepcionista para assistente júnior, como se fosse uma secretária, mas com um pouco mais de responsabilidade, já que iria trabalhar diretamente com o chefe. Continuava na minha mesa em frente aos elevadores e tinha que recepcionar quem chegasse, mas meu trabalho era mais dinâmico e quando via, o tempo já tinha passado. Bruno ainda não voltou de viagem então não o vi desde aqueles dois dias na empresa. É meio estranho um CEO passar tanto tempo fora de sua empresa, m