Acordo cedo como de costume, me preparando para o que vem pela frente, é dia de cuidar dos gêmeos. Sou babá de duas crianças de 3 anos, uns pestinhas que com certeza vou sentir falta quando mudar de trabalho, mas com certeza só deles.
Antony e Antônia são órfãos de mãe, criados apenas pelo pai. A mãe das crianças morreu no parto dos dois, desde então Rafael, o pai, criou eles sozinho. Falando no meu chefe, não simpatizo com ele sem sombra de dúvidas não sentirei nem um pouco de saudades dele, é arrogante, prepotente e indelicado. Ele costuma dar em cima de mim sempre depois que consigo fazer as crianças dormirem. Tenho receio em ficar sozinho com aquele homem, mas a necessidade falou mais alto, precisava do dinheiro. Ainda não comuniquei que vou sair, pretendo fazer isso hoje, só espero que ele não dificulte minha vida, como sempre faz. Chego na casa do meu chefe, as crianças já me esperam no portão, logo começam a me chamar correndo em minha direção. - Bom dia, meus amores! - Sorrio bagunçando seus cabelos, eles odeiam quando faço isso. - Bom dia Patrícia! - Respondem em uníssono. - Você demorou, vamos ao parque hoje? vamos tomar sorvete? e depois jogar vídeo game? - Antony me bombardea com perguntas sem uma pausa. - Calma aí, garotão, assim você me deixa zonza - Digo com um sorriso enorme, nossa como vou sentir falta dessas crianças. - A gente primeiro vai entrar, tomar café e depois vemos o resto. Vocês já tomaram café? - Ainda não, papai ainda está no quarto. - Antônia quem responde. Acho estranho Rafael ainda estar no quarto, afinal hoje é terça e como ele tem um horário a cumprir no trabalho. - Ele saiu ontem, nem vimos que horas chegou. - Ela continua falando com aquele arzinho de ciúmes pelo pai. - E vocês dormiram com quem? - Pergunto curiosidade e preocupação dançando na minha voz. - Com a vizinha. - Antony da de ombros. - Ela deixou a gente aqui agora a pouco, disse que tinha que ir trabalhar e não podia mais ficar com a gente, papai apenas abriu a porta e voltou pro quarto, só pediu pra gente não fazer bagunça até você chegar- Fico perplexa porque aquele homem sai no meio da semana com duas crianças pequenas deixando eles jogados pela manhã. Levo eles para dentro e preparo café, não faz parte das minhas funções mas não posso deixá-los com fome. Depois do café peço para que vão ao jardim até que eu conseguir organizar suas coisas. No momento em que chego ao andar de cima me deparo com uns sons estranhos vindo do quarto do Rafael, são gemidos ofegantes e sons de risadas, paraliso sabendo exatamente o que está acontecendo. Os sons ficam mais altos possibilitando que ouço com mais clareza. - Ah... isso Rafael, mais forte. - Ouço a mulher dizer entre suspiros. - Vou gozar Rafa, mete mais fundo. - Ela continua gemendo, saio nas pontas dos pés, não quero ser vista nem ouvida. Que homem depravado, como ele tem coragem de fazer isso com os filhos em casa? Como pode ser tão baixo? Ele não se preocupa com a saúde mental das crianças? Fico indignada, mas infelizmente não posso fazer nada, ainda sou só a babá, a pelo menos fui eu que subir e não as crianças, imagina eles vendo uma cena dessas. Desço novamente e fico com eles no quintal garantido que eles não entram na casa e ouço o que não deve, vários minutos se passam quando me dou conta nem me lembro mais daquele tarado. - Patrícia, quero falar com você. - Ouço sua voz áspera me assustando no processo, olho para cima e vejo uma mulher morena sair enquanto ele me olha, me levanto hesitante deixando as crianças brincando e sigo até a sala atrás dele. - Precisa de algo? - Pergunto de uma vez, querendo acabar com a conversa o quanto antes. - Não exatamente. Só gostaria de saber se gostou do show? - Rafael pergunta enquanto se aproxima de mim, meu corpo enrijece como se preparando pra um possível ataque. - Não sei do que você está falando. - Me faço desentendida dando um passo para trás mantendo a distância entre a gente, mas como o bom tarado que é Rafael continua avançado. - Eu sei que você ouviu a gente Patrícia, ouvi seus passos subindo a escada. - Ele fala com um sorriso idiota nos lábios deixando claro que só flagrei ele e aquela mulher por foi sua intenção desde o início. - Então gostou do que ouviu? - Olha senhor, peço desculpas, não foi minha intenção se soubesse teria evitado. - Digo enquanto contorno o sofá evitando que me alcance. - Não se faça de santa. Sabe que eu gostei, é bom que você saiba como eu queria te fazer gemer, exatamente daquele jeito. É bom que saiba tudo que está perdendo. - Senhor, como esse homem me enoja. - Pare com isso, por favor, só estou aqui pelo trabalho. - Mas pode ter bem mais. Te faria mulher de verdade, não entendo porque recusa tanto o que te ofereço. - Em um movimento rápido ele me prende contra a parede, sua respiração próxima do meu rosto, ele ainda cheira a álcool e cigarro. Tento afastar, empurrando com toda minha força, mas ele não se move. - Agradeço a oferta, mas vou recusar, só estou aqui pelas crianças. - Me responde uma coisa. Você é virgem? - Ele pergunta me fazendo corar violentamente. - Você é virgem né. - Ele cheira meu pescoço, e eu fecho os olhos lutando para não vomitar todo meu café da manhã. - Você cheira a virgem, mas fique tranquila, vou resolver isso, estou disposto a fazer você minha hoje mesmo. Rafael começa arrastar sua mão imunda pela minha perna subindo em direção a minha virilha, o pânico me domina, lágrimas ameaçam cair, tento mais uma vez sair de perto, mas ele não se move. - Acredito que minha vida pessoal não está em discussão, senhor, agora me solta, eu não quero ser sua. - Ele gargalha na minha cara abaixando seu rosto deixando a centímetros do meu, o medo me consome me fazendo tremer, estou prestes a gritar quando a porta se abre.Sua mãe, Amélia, uma senhora bonita, também arrogante e sem caráter, entra com uma carranca profunda fuzilando seu filhinho com os olhos. - Rafael, o que diabos você faz com a babá? - Eu odeio essa mulher, mas hoje estou tão feliz em vê-la que poderia até lhe dar um abraço. Aproveito seu momento de distração empurrando Rafael para longe de mim, ele tropeça se afastando em seguida sentado no sofá. - Nada demais, só estávamos conversando mãe. - Consigo perceber seu tom irritado. - O que você veio fazer aqui? - Tão próximos assim? - Ela ignora completamente a pergunta do filho. - Já falei pra você não cair nas garras dessas interesseiras filho, você não pode ver um rabo de saia. Caramba para de se interessar por qualquer uma. Poderia me sentir ofendida, porém dadas as circunstâncias estou aliviada mesmo sendo insultada de graça. - Relaxa mãe, Patrícia não faz meu tipo. - Desdém jorra da sua voz. -Pode sair Patrícia. - Rafael abana a mão pra mim como se eu fosse um bicho. Mas não es
Depois de passar um dia fora da empresa, precisava urgente colocar as coisas no lugar, um dia e o trabalho acumulou como se fosse semanas. Ontem não pude aparecer porque estava resolvendo problemas de família, perdi muita coisa inclusive adesão de novos estagiários, eu gosto de vê-los desde o primeiro dia é bom para conhecer o potencial de alguém quando demonstra medo. Estava concentrado revendo alguns contratos quando Sara avisou que Carla queria falar comigo, autorizei que subisse porque ela disse que era urgente. Estava evitando essa conversa porque entendi que havia interesse que nossa amizade colorida de anos se transformasse em namoro. Nós nos envolvemos quando ainda éramos jovens, mas como não namoro ninguém, logo nos limitamos a um relacionamento de acaso. Não foi nada sensacional nosso caso, eu era muito novo, queria ter muitas mulheres e já tinha em mente que não queria namorar ou casar, só mantive ela por perto. Minha família apoiava esse absurdo, vivia dizendo que Car
Passam-se alguns minutos e Carlos passa pela porta adentrando no meu escritório, ele não precisa ser anunciado por dois motivos: uma por que já sabia que ele vinha e outra pois somos grandes amigos, ele sempre teve total liberdade e acesso a minha sala, única pessoa que confio tanto. Conheci Carlos na faculdade, ele era bolsista por esse motivo não tinha amigos, ainda não consigo entender como as pessoas são tão mesquinhas a ponto de ter preconceito assim com os outros, mas apesar dessas adversidades ele sempre manteve a cabeça erguida por esse motivo me simpatizei com ele logo nos primeiros dias, gosto de pessoas fortes e determinadas ao meu lado. Com o passar do tempo nossa amizade foi crescendo e ele se tornou muito mais que um amigo, um aliando, um irmão de coração. Desde então somos inseparáveis, logo que assumi a Invertcorp não pensei duas vezes em fazer dele meu diretor de RG e conselheiro pessoal e profissional, ele mostrou disposição, garra e competência. Carlos se aproxim
Acordei animada, tomei apenas um café preto e um banho. Hoje será meu segundo dia na empresa, Sara permitiu que eu iniciasse ontem, mesmo depois de ficar acordado que meu início seria na segunda-feira. Meu primeiro dia foi um pouco embaraçoso, pegar meu chefe em momento íntimo me deixou um pouco envergonhada e... magoada?! Eu acho que seria esse o sentimento. Coloquei minha melhor roupa e uma sapatilha preta, um pouco desgastada na ponta, logo que recebesse precisava comprar mais roupas. Desde que a mãe ficou doente, algumas semanas atrás, todas as minhas economias foram destinadas ao seu tratamento, não comprei nada para me iniciar no novo trabalho. Passei um gloss e prendi meus cabelos que são pretos, longos e fiz ondas naturais nas pontas. Meia hora depois estava colocando meus pés naquele prédio chique, com 10 minutos de antecedência. Me dirijo diretamente para o andar no qual vou trabalhar, entrei no elevador digitei uma senha que havia recebido por e-mail depois que meu c
Depois disso, fiquei as próximas duas horas sem fazer nada, havia um computador que precisava de senha de acesso, a qual eu ainda não tinha. Fiquei tentanda a procurar um dos meus livros de romance online para ler, mas achei que não seria apropriado para o momento. Levei um susto quando a porta da sala de reunião abriu bruscamente, Bruno saiu de lá raivoso com Carlos no seu encalço, passou pelo corredor e entrou em seu elevador privativo, diferente daqueles que eu havia chegado. Logo todos os presentes saíram murmurando reclamações. Sara, com uma cara chateada, sentou-se na cadeira ao meu lado. - Reunião difícil? - questionei - Sim. Bruno está irredutível e os velhos também – respondeu sorrindo de canto.- Mas vamos lá, como você percebeu, seu trabalho é simples, ficará na recepção assim como ontem. Preciso de auxílio para algumas coisas como fotocópias, ligações, mandar e-mails, eventualmente deixarei redigir alguns contatos para se habituar a rotina. Tudo bem? - Sim! - Sei que
- Espero que tenha acordado mais calmo hoje - Saio dos meus devaneios assim que ouço a voz de Carlos. Ele entra na minha sala se sentando em frente a minha mesa. - Bem, por enquanto é tudo que posso fazer - Falo ainda irritado - Você sabe que eles não vão me fazer desistir Minha reunião foi um fracasso, os acionistas estão empenhados em não facilitar para mim, esse fato me deixa irritado mas o que me deixa pensativo é outro motivo. A assistente! Continuo calado por mais alguns minutos, ponderando a situação, Carlos fala novamente: - Cara, há algo de errado com você, está pensativo demais e pior não está falando ou resmungando - Ele para por um momento avaliando minha reação - Isso é no mínimo estranho. Carlos espera por uma resposta me olhando de forma incisiva, mas não posso explicar algo nem mesmo eu entendo. - Está tudo, só preciso sair, beber e transar a noite toda É tudo que digo, pois ainda não sei dizer o que realmente está acontecendo, estou intrigado com algo, mais n
Duas semanas depois. Estava bem adaptada a minha rotina de trabalho na Invertcorp. Nos primeiros dias tive um pouco de dificuldade, sem a Sara ao meu lado para orientar, em compensação Carlos auxiliou da melhor forma, apesar de está dividindo seu tempo entre dois cargos de grande importância na empresa, ele me ajudou muito e teve muita paciência. Logo consegui aprender a mexer em todos os sistemas. Sara acompanhou tudo de longe, vez ou outra me dando dicas, ela cumpriu sua palavra e conseguiu que eu saísse da vaga de recepcionista para assistente júnior, como se fosse uma secretária, mas com um pouco mais de responsabilidade, já que iria trabalhar diretamente com o chefe. Continuava na minha mesa em frente aos elevadores e tinha que recepcionar quem chegasse, mas meu trabalho era mais dinâmico e quando via, o tempo já tinha passado. Bruno ainda não voltou de viagem então não o vi desde aqueles dois dias na empresa. É meio estranho um CEO passar tanto tempo fora de sua empresa, m
Passam-se mais algumas horas, meu trabalho continua tranquilo, vez ou outra uma ligação, algum recado ou encomenda, mas se limita apenas isso. Já terminei o que Carlos pediu para ser feito está tudo em ordem e organizado na sala do chefe, me adiantei pois não queria estressá-lo logo no nosso primeiro contato. Não resisto a vontade de pegar um livro na minha bolsa, começo a ler para espantar o tédio. Nos últimos dias o trabalho tem sido mais fácil, acredito que seja a prática excessiva, cometo menos erros e trabalho mais rápido, sem o chefe na empresa o trabalho é reduzido em quase 60%. Hoje terminei consideravelmente mais cedo se comparado com os outros dias, por esse motivo estou lendo no horário de expediente, Carlos ainda está me poupando de muitos serviços, segundo ele não quer me sobrecarregar. Ainda não o vi desde a hora que chegou, ele passou por aqui de forma rápida para me guiar sobre o que seria feito hoje, disse que Bruno chegaria em algumas horas e queria tudo pronto,