A tarde estava ensolarada e uma brisa suave passava pelo pátio ao redor da área da piscina da mansão dos Oliveira, balançando levemente as árvores ao redor. Cumprindo o que foi dito para Max na noite anterior, Nikolas, com a ajuda empolgada de sua mãe, montou um piquenique improvisado. Uma variedade de comidas e bebidas foi colocada em uma grande toalha de mesa estendida na grama ao lado da piscina.Clara estava mais animada do que nunca, correndo de um lado para o outro, dando indicações e ajeitando as coisas do seu jeito, certificando-se de que tudo estava perfeito. Nikolas observava a cena com divertimento, apreciando a alegria de sua mãe e o brilho de felicidade nos olhos de Max.— Mãe, acho que já está tudo perfeito. Não precisa se preocupar tanto — disse quando ela mudou pela quinta vez a posição de elementos que nem deveriam estar ali, na opinião de Nikolas.— Eu sei, Nikolas, mas quero que tudo esteja impecável. É importante para mim que ele se divirta.— Não acho que ele se i
Logo os O’Connor chegaram para se juntar ao piquinique. Ricardo, Laura e Benjamin foram recebidos com abraços e sorrisos calorosos pelos Oliveira. Anya aguardou sua vez de cumprimenta-los, as mãos pousadas protetoramente nos ombros do filho, pronta para o momento em que fosse a vez das crianças se cumprimentarem.Levando o filho para perto de Max, Ricardo os apresentou.— Benjamin, quero que conheça o Maximilian.— Oi, eu sou Benjamin, mas todo mundo me chama de Benji — disse o garotinho de cabelo castanho acobreado sorrindo.Tímido, Max olhou receoso para a mãe, em busca de uma resposta do que fazer. Anya não sabia bem como reagir à ideia das crianças interagirem, e ficou em silêncio, atraindo olhares questionadores de parte dos adultos. Apenas Laura compartilhava e compreendia sua hesitação.Recordando a primeira vez que conversou com Max, do modo retraído da criança diante de sua presença no início, Nikolas se aproximou para incentivá-lo.— Convidei meu amigo Benji para se divertir
De volta à área da piscina, onde o piquenique improvisado estava em pleno andamento, Anya passou um tempo no canto, um prato de salgadinhos na mão, apenas observando.Quando não estavam no filho, seus olhos se voltavam para o grupo dos adultos, constatando que Nikolas e Laura conversavam animadamente, sem sinal da tensão que ela e a O`Connor tinham compartilhado minutos antes.Mordendo o lábio inferior, um hábito nervoso que não conseguia controlar, confirmou que era a única afetada e presa pelo passado que compartilhavam. Obviamente, Nikolas não tinha motivos para agir de outro modo. No entanto, não esperava a mesma descontração e naturalidade vindo de Laura.— Mamãe, olha o que eu fiz — Max gritou. Sentado na grama, acompanhado por Benji e Clara, ele apontava para o que Anya imaginava ser um castelo de blocos de montar.— Está lindo filho! — incentivou antes de largar o prato para se juntar aos três. Tinha de aproveitar esse tempo com o filho e para de remoer o passado, assim como o
Vencido pelo cansaço do dia agitado, Max finalmente adormeceu em meio à história contada por Nikolas. Com cuidado, Nikolas e Anya certificaram-se de que estava confortável antes de, em silêncio, saírem do quarto, deixando a porta entreaberta para que qualquer ruído pudesse ser ouvido.— Você tem um jeito especial de prender a atenção dele — Anya comentou ao sentarem no sofá da sala.— É fácil com um bom ouvinte. — Envolveu os ombros dela com o braço, a proximidade entre eles sendo natural e reconfortante. — Ele gosta de histórias tanto quanto eu gostava quando era criança.Baixando o olhar, ela deslizou os dedos pela barra da camisa.— Obrigada por hoje. Você e sua família são bons comigo e com Max, serei eternamente grata por isso.— Não foi nada demais — ele indicou girando no dedo uma mecha do cabelo dela, seus olhos escuros capturando cada detalhe dela. — Gosto de estar com ele... e com você.Ela respirou fundo, hesitando antes de continuar, escolhendo com cuidado o caminho para
A noite avançava silenciosamente, a quietude do quarto era interrompida apenas pela respiração suave de ambos e o ocasional farfalhar dos lençóis. Nikolas abraçava Anya, acariciando suavemente os fios macios, adiando a partida. Havia algo profundamente reconfortante em ter ela em seus braços, a respiração e batidas do coração no mesmo compasso que os seus, sentindo a suavidade do cabelo dela entre os dedos, o calor e maciez de seu corpo contra o seu.Deslizando os dedos pelo tórax nu, Anya pensava no quanto tinha dito sobre si, das cobranças sofridas e expectativas falhas, fatos que não compartilhou quando durante o quase um ano que tinham namorado. E também expôs sua fragilidade perante a possibilidade de não ter a guarda do filho, recordou observando os traços dele na escuridão.Em meio a essa pequena abertura, em parte movida para cativar a empatia dele, deu-se conta, assim como ocultou muitos fatos cinco anos atrás, Nikolas também o fez. Ambos tinham optado por namorar um tempo a
Os primeiros raios de sol passaram através das cortinas semi-abertas do quarto, trazendo a claridade ao ambiente, mas não foi isso que despertou Anya. Acordou com gritos e pulos eufóricos.Levou um minuto inteiro para perceber que se tratava de seu filho. E outro de puro horror para perceber que não estava sozinha na cama. Nikolas não tinha ido embora antes do amanhecer.— Mamãe! Nik! Acordem! — Max pedia pulando cheio de energia.No susto puxou quase todo lençol para si, parando antes de causar outra catástrofe. Só então percebeu que usava a camiseta de Nikolas. Quando a colocou? Não lembrava e tinha coisas mais urgentes a resolver.— Calma, Max! — Nikolas pediu se sentando, os olhos piscando para se adaptarem a claridade e animação a sua frente. — Vai acabar caindo.— Max, pare de pular — Anya exigiu mais exaltada do que pretendia, ainda com a mente nublada pelo despertar abrupto e se sentindo uma adolescente flagrada pelos pais, com a diferença que estava em um papel invertido.O m
As semanas passavam e para Max tudo era pura alegria. Ele adorava estar com sua mãe e gostava muito de Nikolas, que fazia lanches deliciosos e contava histórias engraçadas. Desejava poder chamá-lo de papai, mas sabia que deveria guardar segredo, como sua mamãe e Nikolas haviam pedido.Estava ansioso pelo dia em que poderia contar a todos que tinha outro papai, um que era mais divertido que o papai Liam. Cada vez que Max comparava seu novo papai com seu pai, Liam, um sentimento confuso surgia dentro dele. Ele amava seu pai Liam, mas sentia-se mais feliz e tranquilo quando estava com Nikolas.Observando sua mãe, percebia que ela também parecia mais feliz quando estava com Nikolas. Isso fazia Max sentir-se mais contente e seguro, porque significava que sua mãe não ficaria triste e chorando como antes.Ter um novo papai também despertou outros anseios em Max, um deles girava em torno de Clara Oliveira, mãe de Nikolas. Durante as visitas à sua mãe, Max se encantava cada vez mais com Clara.
As semanas passaram lentamente para os Hoffmann, a tensão da família crescendo com a demora do processo de guarda e a cada nova saída de Maximilian para encontrar Anya. Não foi diferente no jantar de quinta à noite, véspera do dia em que Max ficaria com a mãe.O ambiente ricamente decorado sempre presenciava refeições formais, onde o silêncio só era cortado pelo som dos talheres e dos passos leves dos empregados servindo a longa mesa. Porém, naquele dia, Klaus Hoffmann estava especialmente impaciente e irritado, o descontentamento transbordante, e não fazia questão de esconder.— Faz mais de um mês e nada dessa maldita guarda ser resolvida. Isso é um absurdo! — Klaus bradou.— Concordo, é inaceitável essa demora — Liam contribuiu, atiçando a impaciência do patriarca Hoffmann. — Mandarei mensagem hoje mesmo para cobrar o advogado.— E o mande reavaliar as visitas. Cansei dessa patifaria.Em suas roupas engomadas e com o cabelo todo penteado para trás, sentado ao lado de Klaus à direita