De volta à área da piscina, onde o piquenique improvisado estava em pleno andamento, Anya passou um tempo no canto, um prato de salgadinhos na mão, apenas observando.Quando não estavam no filho, seus olhos se voltavam para o grupo dos adultos, constatando que Nikolas e Laura conversavam animadamente, sem sinal da tensão que ela e a O`Connor tinham compartilhado minutos antes.Mordendo o lábio inferior, um hábito nervoso que não conseguia controlar, confirmou que era a única afetada e presa pelo passado que compartilhavam. Obviamente, Nikolas não tinha motivos para agir de outro modo. No entanto, não esperava a mesma descontração e naturalidade vindo de Laura.— Mamãe, olha o que eu fiz — Max gritou. Sentado na grama, acompanhado por Benji e Clara, ele apontava para o que Anya imaginava ser um castelo de blocos de montar.— Está lindo filho! — incentivou antes de largar o prato para se juntar aos três. Tinha de aproveitar esse tempo com o filho e para de remoer o passado, assim como o
Vencido pelo cansaço do dia agitado, Max finalmente adormeceu em meio à história contada por Nikolas. Com cuidado, Nikolas e Anya certificaram-se de que estava confortável antes de, em silêncio, saírem do quarto, deixando a porta entreaberta para que qualquer ruído pudesse ser ouvido.— Você tem um jeito especial de prender a atenção dele — Anya comentou ao sentarem no sofá da sala.— É fácil com um bom ouvinte. — Envolveu os ombros dela com o braço, a proximidade entre eles sendo natural e reconfortante. — Ele gosta de histórias tanto quanto eu gostava quando era criança.Baixando o olhar, ela deslizou os dedos pela barra da camisa.— Obrigada por hoje. Você e sua família são bons comigo e com Max, serei eternamente grata por isso.— Não foi nada demais — ele indicou girando no dedo uma mecha do cabelo dela, seus olhos escuros capturando cada detalhe dela. — Gosto de estar com ele... e com você.Ela respirou fundo, hesitando antes de continuar, escolhendo com cuidado o caminho para
A noite avançava silenciosamente, a quietude do quarto era interrompida apenas pela respiração suave de ambos e o ocasional farfalhar dos lençóis. Nikolas abraçava Anya, acariciando suavemente os fios macios, adiando a partida. Havia algo profundamente reconfortante em ter ela em seus braços, a respiração e batidas do coração no mesmo compasso que os seus, sentindo a suavidade do cabelo dela entre os dedos, o calor e maciez de seu corpo contra o seu.Deslizando os dedos pelo tórax nu, Anya pensava no quanto tinha dito sobre si, das cobranças sofridas e expectativas falhas, fatos que não compartilhou quando durante o quase um ano que tinham namorado. E também expôs sua fragilidade perante a possibilidade de não ter a guarda do filho, recordou observando os traços dele na escuridão.Em meio a essa pequena abertura, em parte movida para cativar a empatia dele, deu-se conta, assim como ocultou muitos fatos cinco anos atrás, Nikolas também o fez. Ambos tinham optado por namorar um tempo a
Os primeiros raios de sol passaram através das cortinas semi-abertas do quarto, trazendo a claridade ao ambiente, mas não foi isso que despertou Anya. Acordou com gritos e pulos eufóricos.Levou um minuto inteiro para perceber que se tratava de seu filho. E outro de puro horror para perceber que não estava sozinha na cama. Nikolas não tinha ido embora antes do amanhecer.— Mamãe! Nik! Acordem! — Max pedia pulando cheio de energia.No susto puxou quase todo lençol para si, parando antes de causar outra catástrofe. Só então percebeu que usava a camiseta de Nikolas. Quando a colocou? Não lembrava e tinha coisas mais urgentes a resolver.— Calma, Max! — Nikolas pediu se sentando, os olhos piscando para se adaptarem a claridade e animação a sua frente. — Vai acabar caindo.— Max, pare de pular — Anya exigiu mais exaltada do que pretendia, ainda com a mente nublada pelo despertar abrupto e se sentindo uma adolescente flagrada pelos pais, com a diferença que estava em um papel invertido.O m
As semanas passavam e para Max tudo era pura alegria. Ele adorava estar com sua mãe e gostava muito de Nikolas, que fazia lanches deliciosos e contava histórias engraçadas. Desejava poder chamá-lo de papai, mas sabia que deveria guardar segredo, como sua mamãe e Nikolas haviam pedido.Estava ansioso pelo dia em que poderia contar a todos que tinha outro papai, um que era mais divertido que o papai Liam. Cada vez que Max comparava seu novo papai com seu pai, Liam, um sentimento confuso surgia dentro dele. Ele amava seu pai Liam, mas sentia-se mais feliz e tranquilo quando estava com Nikolas.Observando sua mãe, percebia que ela também parecia mais feliz quando estava com Nikolas. Isso fazia Max sentir-se mais contente e seguro, porque significava que sua mãe não ficaria triste e chorando como antes.Ter um novo papai também despertou outros anseios em Max, um deles girava em torno de Clara Oliveira, mãe de Nikolas. Durante as visitas à sua mãe, Max se encantava cada vez mais com Clara.
As semanas passaram lentamente para os Hoffmann, a tensão da família crescendo com a demora do processo de guarda e a cada nova saída de Maximilian para encontrar Anya. Não foi diferente no jantar de quinta à noite, véspera do dia em que Max ficaria com a mãe.O ambiente ricamente decorado sempre presenciava refeições formais, onde o silêncio só era cortado pelo som dos talheres e dos passos leves dos empregados servindo a longa mesa. Porém, naquele dia, Klaus Hoffmann estava especialmente impaciente e irritado, o descontentamento transbordante, e não fazia questão de esconder.— Faz mais de um mês e nada dessa maldita guarda ser resolvida. Isso é um absurdo! — Klaus bradou.— Concordo, é inaceitável essa demora — Liam contribuiu, atiçando a impaciência do patriarca Hoffmann. — Mandarei mensagem hoje mesmo para cobrar o advogado.— E o mande reavaliar as visitas. Cansei dessa patifaria.Em suas roupas engomadas e com o cabelo todo penteado para trás, sentado ao lado de Klaus à direita
Pronto para acompanhar Anya e Max à festa de aniversário da família que conheceram no museu da imaginação, Nikolas digeria a conversa com o ex-marido dela. Ajeitando a gravata diante do espelho, decidiu que não estragaria o fim de semana com assuntos que acabaria com qualquer chance de alegria de uma mãe, e em consequência do filho.Tentaria mudar a decisão dos Hoffmann e do Petrov antes de sobrecarregar e preocupar Anya. Liam parecia irredutível, no entanto, esperava conseguir alguma abertura com os pais dela. Na segunda solicitaria uma reunião e apresentaria o melhor caminho a seguir, frisando o quanto beneficiaria Max não ser afastado da mãe.Entrou na casa de hóspedes e seguiu para o quarto principal, conduzido pelo som de vozes. Parou a poucos passos da porta, sem querer interromper mãe e filho. Em parte para deixar que tivessem esses momentos a sós. Se Klaus e Liam conseguissem o que queriam, seriam momentos raros.— Max, deixe a mamãe colocar seu tênis. Não queremos chegar atra
A festa de aniversário dos oitos anos de Samuel ocorria na elegante e espaçosa propriedade de sua família em uma cidade do interior. A decoração temática de super-heróis estava por todo o ambiente, com balões coloridos e mesas decoradas com os personagens favoritos do menino. O som de risadas e brincadeiras preenchia o ar, enquanto os adultos conversam.Depois de um início tímido, seu habitual quando não conhecia as pessoas ao seu redor, logo Max se unia ao aniversariante e as outras crianças em corridas, jogos e várias brincadeiras diversas com entusiasmo.Em certa altura da festa, após cantarem os parabéns, cansados e de barriga estourando de doces, por algum motivo alheio a entendimento de Max, iniciou-se uma comparação dos feitos dos pais. O assunto o encheu de insegurança à medida que cada criança narrava os momentos especiais com seus pais.— Meu pai me levou para ver um jogo de futebol no estádio! Foi demais! — disse Samuel, animado.— Meu pai tem um carro super rápido! Ele me