A pedido de Laura, Anya a recebeu na mansão dos Oliveira, levando-a até uma discreta saleta ao lado da biblioteca. O local, um espaço de luxo sutil, com móveis antigos e pesados cortinados, abafava qualquer som vindo de fora, mas não controlava a inquietação das ocupantes dentro de suas paredes.Anya estava encostada em uma das estantes, os braços cruzados defensivamente, seus olhos azuis fixos em Laura com curiosidade e desconfiança. Só tinha concordado com aquele encontro porque a mensagem da O`Connor estava carregada de desespero. Mas, desde que Nikolas revelou que planejava se casar com ela, uma parte de si passou a questionar tudo o que Laura havia dito no passado.Sentada na beirada de uma poltrona, Laura estava visivelmente perturbada, os dedos apertando a barra de sua jaqueta, enquanto o rosto exibia um temor mal disfarçado.— Anya... — começou Laura, sua voz tremendo ligeiramente. — Precisamos falar sobre seu casamento...Anya arqueou uma sobrancelha, permanecendo em silênci
A luz da tarde entrava pelas grandes janelas da biblioteca da mansão dos Oliveira, lançando sombras suaves sobre as estantes repletas de livros. Um silêncio profundo, interrompido apenas pelo som suave das páginas viradas enquanto Viktor examinava a contabilidade de um cliente.Acomodado na poltrona de couro, concentrado em seu trabalho Viktor foi surpreendido pelo som de vozes vindo do corredor.— Laura, esta conversa acabou.Reconheceu imediatamente a voz de Anya, seguida pela da esposa do sócio de seu irmão.— Por favor! Entenda! Estou tentando proteger você!Viktor deixou os documentos de lado, se levantou e caminhou em silêncio em direção à porta entreaberta da biblioteca, permanecendo oculto enquanto a conversa se desenrolava.— Cometi um erro no passado ao confiar em suas acusações e não questionar Nikolas. Esse erro me custou anos de sofrimento. Não cometerei outro erro. Ficarei ao lado de Nikolas enquanto ele me quiser, mesmo que as coisas estejam difíceis entre nós. Quero dar
Ricardo e Nikolas entraram juntos na sala de estar da casa dos O’Connor. O cômodo acolhedor, decorado com sofás macios, tapeçarias e peças de arte que conferiam ao ambiente uma elegância discreta foi imediatamente sombreado pela vibração tensa dos dois homens.Com um sorriso largo e os braços abertos, Laura os envolveu em um abraço caloroso, logo percebendo a rigidez na postura de ambos. Ao notar a expressão séria do marido, normalmente um homem caloroso, seu sorriso começou a vacilar.Ricardo, embora normalmente descontraído em seu próprio lar, dessa vez se manteve em um soturno silêncio, deixando Nikolas tomar à dianteira.— Viktor ouviu toda a sua conversa com Anya hoje — Nikolas disse, direto e sem rodeios, observando atentamente a reação de Laura. Ao frisar “toda” jogava com as palavras como o fazia em seu trabalho.O rosto de Laura ficou pálido, e ela deu um passo para trás, o coração gelando com a declaração de Nikolas. Seus olhos correram ansiosos entre Nikolas e Ricardo, busca
Entretida na despensa da mansão Oliveira, Anya estava concentrada na contagem do estoque de alimentos, a mente absorta nos números, quando a porta se abriu e uma das faxineiras, com expressão séria e um tanto desconcertada, entrou apressada.— Senhora Anya, o senhor Nikolas chegou com o casal O`Connor — anunciou, deixando Anya intrigada ao informar: — Estão no escritório central e pediram para a senhora ir até lá imediatamente.Sem entender o estranho chamado, e tendo tido uma conversa estressante com Laura mais cedo, Anya deixou a planilha apoiada em uma prateleira da despensa, murmurou um agradecimento e se dirigiu ao escritório central, o coração batendo um pouco mais rápido a cada passo. Algo estava errado, conseguia sentir isso só pelo modo que a empregada a olhou ao mandar o recado.Ao entrar no escritório, imediatamente percebeu a atmosfera pesada. Nikolas estava de pé, ao lado de Ricardo, ambos com expressões sérias. Mas foi Laura, sentada e soluçando baixinho, que realmente l
Encolhida na cadeira, Laura, com o cabelo castanho-acobreado caindo sobre os ombros, parecia uma figura quebrada, os olhos verdes evitavam todos os demais ocupantes do escritório. Envergonhada por seus atos, mas necessitando justificá-los, seguiu em frente nos motivos que a levaram a mentir.— Meu pai estava à beira da falência. Klaus Hoffmann descobriu sobre os problemas financeiros dele e, sabendo que eu cursava artes na mesma faculdade da Anya, usou isso para nos manipular. — Laura fechou os olhos por um momento, como se revivesse o momento em que tudo começou. — Ele ofereceu dinheiro, muito dinheiro, em troca de que eu me aproximasse de Anya, discretamente, descobrisse com quem ela estava se relacionando e destruísse essa relação.De pé, Anya envolveu os braços em torno de si, como se buscasse proteção contra as verdades dolorosas proferidas pela mulher a sua frente.— A gravidez, as ameaças, tudo foi uma mentira montada pelo meu pai? — Anya perguntou incrédula com a perversidade
Exceto pelo som baixo de Anya, soluçando discretamente, o escritório ficou silencioso após a partida do casal O`Connor. Seus ombros tremiam levemente, as mãos apertadas na camisa de Nikolas, as revelações de Laura pairando sobre ela como uma sombra implacável, deixando-a desolada.Nikolas a abraçava, a dor nublando as íris escuras, reflexo da angústia que também sentia.— Anya... — chamou suavemente, a voz grave carregada de ternura. — Estamos juntos agora, Anya — ele sussurrou em seu ouvido, enquanto a embalava contra seu corpo, seus lábios roçando levemente a pele dela.Anya se encolheu contra ele, buscando refúgio em seu calor, e Nikolas deslizou os dedos por entre o cabelo dela, acariciando-a suavemente.Ela não se sentia capaz de dizer algo, apenas continuou chorando, sem coragem de olhar para ele. As lágrimas escorriam por suas bochechas, e a respiração era irregular enquanto a culpa a consumia. Ela sentia o peso de sua fraqueza, de ter se afastado do homem que sempre amou e de
A sala de estar da mansão dos Hoffmann era tão opulenta quanto fria, com móveis elegantes que não conseguiam esconder a atmosfera pesada que pairava no ar. Nikolas e Anya estavam de pé, lado a lado, enquanto Klaus, Elisa e Liam os observavam com expressões variadas – na ordem - de desdém, pesar e desconfiança. O silêncio que se seguiu enquanto se acomodavam era tenso, quase sufocante.Depois de se acomodar, Klaus inibiu qualquer intenção da filha em falar, esticando a palma aberta quando ela tentou fazê-lo, tomando ele a frente em ser o primeiro a quebrar o silêncio com seu tom cortante e cheio de aspereza.— Espero que tenha vindo aqui para abrir mão da guarda de Maximilian — jogou afiado como a lâmina de uma espada, sem qualquer preâmbulo em expor seu maior desejo: a guarda total do único neto.Um ardor de raiva percorreu o corpo de Anya, mas ela se manteve firme, endireitando os ombros e olhando diretamente nos olhos do pai, com a confiança que por anos ele fez questão de oprimir co
Após a saída de Nikolas e Anya, a tensão na sala de estar da mansão dos Hoffmann pulsava no ar. Klaus, com os punhos cerrados ao lado do corpo, sentia a raiva fervilhar dentro de si. Sua expressão, antes marcada pela frieza, agora exibia a fúria incontrolável.— Inútil! — explodiu, sua voz reverberando pelas paredes da sala, enquanto se virava bruscamente para Liam. — Você é um completo inútil! Como ousa deixar isso acontecer? — Avançou um passo, apontando o dedo acusadoramente para o ex-marido de sua filha, que ainda estava atordoado pelas revelações e ameaças de Nikolas e Anya.Liam, normalmente tão seguro de si, recuou instintivamente, o coração batendo rápido. Abriu a boca para se defender, mas Klaus não lhe deu tempo.— Eu te dei tudo, tudo! — Klaus continuou destilando seu desprezo. — E em troca, não consegue nem ao menos garantir a guarda do meu neto? Agora corremos o risco de perder Maximilian para aquele... aquele advogado do diabo que você permitiu voltar à vida da minha filh