CAPITULO 1

 Os olhos de mamãe me analisavam atentamente, dividindo a atenção entre mim e Daniel.

- Meu nome é Nathaniel... - ele disse e então apertou minha mão, fiquei um pouco confusa sobre o que aquilo significava – Quero lhe pedir permissão para namorar com sua filha.

- a quanto tempo se conhecem? - mamãe perguntou friamente.

 Ela ficaria surpresa se descobrisse, já faziam cinco meses desde que voltara a viver em Londres, e o verão havia acabado de começar, Daniel e eu estávamos juntos desde então.

- à alguns meses, - ele disse por fim.

Ela me fitou por um momento.

- Não me contou nada disso Analu...

- Daniel planejávamos contar juntos.-completei.

- Daniel? - ela disse confusa - não era Nathaniel?

 Eu abri a boca para dar uma desculpa improvisada quando Daniel me interrompeu.

- Daniel é um apelido - ele disse - foi apenas uma brincadeira na escola e todos me chamam assim desde então, inclusive Analu, que se recusa a me chamar pelo meu verdadeiro nome.

E eu me recusava mesmo, Daniel era um nome tão doce e soava tão bem na voz dele que imagina-lo com um nome diferente, mesmo que fosse incrivelmente bonito como "Nathaniel", era quase traição.

Mamãe assentiu e suspirou.

- ta... - ela sorriu - Mas sexta à noite quero que seus pais venham jantar aqui.

- Mãe! - falei - só estamos namorando, não anunciando um noivado.

- Depois de tudo o que aconteceu você não está em posição de negar- disse ela assertiva - Quero os pais dele aqui sexta, tudo bem pra você Nathaniel?

- Provavelmente estarão viajando então...

- Eles virão ou não?

- Eles virão.  - Daniel continuou - E será um prazer.

  Mantive o sorriso intacto enquanto segurava a mão de Daniel com força, mais mentiras? Daniel não tinha pais, quem quer que fosse que ele traria para minha casa na sexta feira não passavam de atores. Eu odiava precisar mentir, mas aparentemente mentiras seriam frequentes na minha vida se eu quisesse estar com Daniel. E eu queria.

  Alguns meses atrás, descobri que, de alguma forma, eu era algo extraordinário, metade arcanjo e metade Demônio, o que me tornava mais forte que os outros anjos, demônios e arcanjos. E isso resultou em varias complicações como sequestro, acidentes e infelizmente, a perda de meu pai. E agora aqui estou eu, emprego novo, prestes a tirar minha carteira de motorista, namorando um demônio, a vida calma até demais.

- Por que disse que seus pais vão? - perguntei assim que ele parou o Civic preto em frente o restaurante de Sushi onde eu trabalhava.

- Não quero que sua mãe não goste de mim, - ele disse - E posso fazer isso dar certo.

- Como?

- Alguns amigos podem me ajudar, John, Iris... você sabe, podemos fazer isso.

- Mais mentiras Daniel? uma hora ou outra isso vai se virar contra nós e... eu não quero magoa-la.

- Pessoas boas fazem coisas ruins as vezes, você sabe disso.

 Assenti e desci do carro, eu não estava brava, e sim chateada, não com Daniel, e sim com a situação, nunca poderíamos ter uma vida normal por que não somos normais, e isso me magoava.

 Fazer Sushi durante as férias de verão não era uma das melhores coisas do mundo, mas eu precisava de dinheiro, principalmente agora que estava perto do ultimo teste para a carteira de motorista, e mamãe não me emprestaria o carro dela para sempre.

 Assim que passei pela porta do restaurante,  Jessy correu até mim.

- Ainda bem que chegou! estamos lotados e Frank está surtando...

Fui puxada até a cozinha, me arrumei rapidamente, a touca e o avental, Frank corria de um lado para o outro, ele era o dono do ( Frank Sushi's) e aquele era um dia realmente movimentado.

Comecei a enrolar aquelas pequenas coisas, que eu particularmente não gostava, e depois de um tempo já estávamos dando conta do recado. Frank já não corria mais. Então Jessy se aproximou e começou a me ajudar a enrolar os Sushis.

- O que vai fazer sexta à noite? - ela perguntou, e pude notar o quanto os olhos dela eram bonitos.

- um jantar... - respondi sem desviar a atenção.

- jantar? - sorriu - que tipo de jantar?

- O tipo que todos se sentam a mesa para comer...

- ok, grossa!

- Desculpe Jessy, é que... cabeça a um milhão!

- eu entendo, mas agora sério, só eu odeio Sushi?

Jessy era uma das pessoas mais engraçadas que já conheci, também era sobrinha de Frank, e havia me ajudado a conseguir aquele emprego.

- Como é Jessy? - Frank disse nos encarando.

- Estou dizendo que Sushi é tipo, a melhor coisa que já provei! é tão... como posso dizer? delicioso! não é Analu? - ela disse com uma piscadela.

- Isso... Sushi é ótimo! - concordei.

 E de repente aquilo havia se tornado uma competição de quem mentia mais. Ele assentiu e seguiu seu caminho infinito pelo restaurante.

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