Uma semana se passou depois disso, Lucy sequer ia a escola... eu estava começando a crer que algo de muito ruim havia acontecido a Lucinda. Eu havia comentado com Daniel, e ele ficou de me avisar qualquer coisa que descobrisse a respeito, mas que ainda era silencio total... ela havia desaparecido sem deixar pistas.
- Ela simplesmente desapareceu? - Jessy disse enquanto enrolava sushis ao meu lado.
- Lucy disse que ela brigou com a Mãe e saiu, desde então não voltou para casa...
- acha que ela pode ter sido... sequestrada? - ela tremeu - ou até mesmo, assassi... ah! que horror, se Deus quiser ela voltará logo logo, sã e salva!
- espero que sim, Lucy está arrasada...
- imagino... a família toda deve estar!
Suspirei e continuei a fazer o trabalho em silencio.
- sabe, - ela disse depois de um tempo - devíamos fazer alguma coisa para ajudar...
- como o que?
- Não sei... devíamos procura-la!
- a policia já esta a procura dela... se não encontraram até agora, por que nós iriamos encontrar?
- a policia não a conhece, - ela disse esperançosa.
- nós também não.
- mas Lucy conhece! deve haver algum lugar que ela costumava ir e tal...
- Jessy, essa não é uma boa ideia... só daríamos falsas esperanças a Lucy, e não quero fazer isso; - suspirei - Lucinda vai aparecer, eu tenho certeza!
Depois do trabalho e da escola, resolvi que iria procurar por Mariana, eu precisava muito da ajuda dela... Liguei para Dominic, e marcamos de nos encontrar na mesma praça em que os havia encontrado alguns dias atrás.
Quando cheguei na praça, Dominic e Mariana já estavam lá, eles formavam um lindo casal... embora Dominic fosse extremamente irritante.
- seu namoradinho das trevas não vai ficar bravo comigo não, certo? - ele perguntou - por que a ultima coisa que quero é arrumar brigas com ele.
- minha conversa é com ela... - apontei para Mariana que sorria alegremente - vá dar uma volta por ai, procuraremos por você depois.
Ele nos encarou curioso, mas depois saiu andando daquela jeito jovial que só ele sabia. Até seu jeito de andar era irritante.
- Não vou dizer que não fiquei surpresa quando Dominic disse que você queria me ver... - ela disse sorrindo - é algo importante?
- recebeu um envelope também, não é? - perguntei seriamente.
Ela me encarou, e seu sorriso se desmanchou rapidamente.
- você também recebeu? - disse boquiaberta.
Assenti.
- sua folha estava em branco, não estava? - ela continuou - todas estavam.
- A folha... - falei - não estava em branco, mas assim que acabei de ler, as escritas desapareceram.
- desapareceram? - disse lentamente - tipo, literalmente?
- Literalmente.
Me encarou pensativa.
- e o que estava escrito?
- algo do tipo, os imortais podem morrer... ah não consigo me lembrar, disse... ahn... tome cuidado no escuro, escuridão... não sei, mas, dizia, para tomar cuidado que até os imortais podem morrer. - gaguejei - e tinha mais alguma coisa, é... com olhos, estava falando de olhos, e alma. não consigo me lembrar!
Era muito estranha toda aquela desorientação, durante todos os dias eu repeti aquelas frases na cabeça milhares de vezes, e de repente, esquecê-las, era absurdamente esquisito.
- deve estar com algum tipo de força, para não te deixar repetir as frases em voz alta... isso é coisa das trevas... da escuridão.
- e o que acha que essa... coisa quer? - perguntei.
- deve estar procurando alguém, e tudo indica que é você, já que foi a unica que viu algo escrito no papel...
- acha que tem a ver com o fato de eu ser uma mestiça?
- temos que considerar todas as opções, mas fique tranquila, vamos encontrar quem está espalhando esses envelopes... - ela me puxou pelo pulso - agora vamos... temos que encontrar Dominic!
E então a vi, a garotinha estava sentada num dos bancos da praça, a mesma garotinha que havia me entregado o envelope no shopping, a mesma que havia abruptamente desaparecido. Dessa vez ela usava um laço azul em seus longos cabelos castanho claro. Me soltei de Mariana e corri até lá.
- Eu preciso de sua ajuda ok? - falei para ela, que me encarava com aqueles olhinhos azuis - eu preciso que me diga seu nome, qual é o seu nome?
- Analu... - Mariana disse ao meu lado assim que chegou - com quem está falando?
- Com ela..-apontei para onde ela se encontrava, e novamente, ela havia desaparecido - a garotinha que estava aqui!
- Não havia nenhuma garota ai Analu, vamos... - ela me pegou pelo pulso novamente e dessa vez a segui pensativa.
Aquilo era real, eu vi, eu olhei bem no fundo daqueles olhos azuis, ela estava ali, e de alguma forma sumia e aparecia gradativamente...
Andamos por toda a praça a procura de Dominic, mas aparentemente ele havia ido em bora. Mariana ligou varias e varias vezes, mas o celular dele estava desligado.
Alguns dias se passaram depois disso, Dominic e Lucinda continuavam desaparecidos e quanto mais o tempo passava, mais eu me preocupava... Nossas vidas seguiram normalmente, eu trabalhava, estudava, tentava ajudar Lucy, depois Mariana etc... e assim foi todos os dias. Eu estava em casa com mamãe e Edward (o médico), quando passei mal. Mamãe pediu que eu tomasse um banho e que fosse deitar, se não melhorasse eu seria levada até o hospital. Edward concordou, embora nimguem o houvesse chamado na conversa. Cambaleei até o banheiro e tomei um banho, a água quente caindo em minhas costas foi extremamente reconfortante. Depois disso fui para a cama, me joguei em baixo das cobertas e fechei os olhos. Minutos depois eu já estava dormindo. Fui acordada com alguém acariciando meus cabelos. A principio achei que fosse mamãe, mas quando me deparei com aqueles pequenos olhos azul piscina me encarando, levantei num pulo e c
Depois que convencemos Nicole a falar com John, e ele fazer um turbilhão de perguntas a ela, por mais incrível que pareça, ela dormiu no sofá marrom e extremamente confortável da casa dele. &n
Mas pra onde eu iria? como começar a busca por três pessoas desaparecidas? eu não sabia onde procurar... eu não tinha como procurar... Mesmo assim, mesmo frustrada e sem rumo nenhum, peguei minha bolsa já preenchida com coisas que poderiam me livrar de uma situação de risco (PS: eu não tinha uma arma, mesmo que naquele momento ter uma arma seria ótimo) e sai, o plano era pegar um táxi até a casa de Mariana, para depois, juntas, procurarmos os desaparecidos. Eu estava pronta para telefonar para a companhia de táxi quando um motoqueiro parou ao meu lado e desceu da moto rapidamente, logo em seguida tirou o capacete. - Felipe! - gritei enquanto me atirava em seu pescoço o puxando para um abraço apertado. - Analu! - ele gritou imitando minha voz. - Tudo bem? - perguntei. - Comigo tudo ótimo... o que não ta bem é o que aconteceu
Entramos no galpão infernal de mãos dadas, Felipe dissera que seria melhor assim, seria um ( ela está comigo, não se preocupem)... Claro que obedeci não é? afinal, eu estava entrando no lugar dos demônios, e embora eu fosse metade demônio, o único com quem me sentia bem era Daniel, e olhe lá... - estamos seguros? - perguntei pela milésima vez enquanto era encarada por vários garotos de uns quinze ou &
Daniel entrou no mercado exatamente dezessete minutos depois, sei disso pois foram os dezessete minutos mais longos de minha vida. Assim que ele me viu seus olhos brilharam... e eu tive certeza do quanto ele me amava, sempre desposto a sair de onde quer que seja para me salvar, e sempre feliz pelo simples fato de eu estar bem... eu queria poder um dia, ser a metade do que ele é para mim, eu quero poder agradecê-lo verdadeiramente, e não só com palavras.Ele me abraçou, mas foi um abraço rápido, então me pegou pelo pulso e puxou até seu carro... Não era bem o que eu imaginava que ele fosse fazer, mas levando em conta as circunstancias, era até um ato compreensível...- o que acha que estava fazendo? - Daniel disse gravemente assim que pegamos a rodovia.- Eu precisava fazer alguma coisa... eu vim tentar procurar alguma pista, alguma c
Acabei por não ver Lucinda, para mim já era suficiente saber que ela estava bem... Minha cabeça latejava, eram tantas as emoções que eu sequer sabia dizer o motivo. Daniel achava que pedir desculpas depois daquelas coisas horríveis seria suficiente, mas eu não esqueço essas coisas, não de uma hora para a outra. Eu estava no quarto pensando sobre tudo o que estava acontecendo quando ouvi um barulho na janela, me virei rapidamente e lá estava Felipe, me olhando arrependido. - Eu sinto muito Analu, eu não achei que... - está tudo bem, - falei - mas você deve ir em bora. - Ir em bora? mas acabei de chegar... não podemos conversar um pouco? - ele me fitou sério - por favor... - Felipe, eu não estou com cabeça para conversar agora, está acontecendo muitas coisas e... enfim, você tem que ir agora! - Eu não vou sair daqu
De duas coisas eu tinha certeza, primeira: Eu amava Daniel mais do que minha própria vida, segunda: eu estava total e completamente confusa sobre o que fazer. Naquela noite, quando Daniel foi embora, a primeira coisa em que pensei foi em como estava arrependida, e cheguei a conclusão de que não estava nervosa pelas coisas que ele havia me dito, no fundo eu sabia que tinham sido da boca pra fora, a verdade era que eu estava nervosa por eu pensar aquelas coisas, eu era mesmo a garotinha boba que ficava em perigo e esperava por ele, e sabia que sem ele eu não duraria algumas horas. E mesmo assim, mesmo diante de tantas burrices ele ainda estava ali, sempre a disposição, e sou muito grata por isso, mas não posso deixar que se torne rotina, não mais, eu precisava viver por mim, eu precisava ser independente ao menos uma vez na vida, e manda-lo em bora era a melhor maneira de fazer isso. No dia seguinte, a primeir