CAPITULO 3

Os dias seguintes que se passaram , foram completamente normais... Num sábado durante o dia, Lucy resolveu que precisava de jeans novos, e eu fui praticamente arrastada para o shopping.

- Lucinda costumava fazer compras comigo sabe?... as vezes fico me perguntando o que eu fiz e tal, - ela disse - No começo eu pensava que ia passar essa fase, mas já perdi as esperanças.

- Ela é sua irmã, é normal que esse tipo de coisa aconteça!

- Não entre nós, sempre fomos muito unidas Analu, você sabe disso... talvez eu tenha feito ou dito algo que não devia.

- Vai passar. - falei, mesmo não tendo certeza, por que eu odiava ver Lucy daquele jeito.

Depois de irmos em quase todas as lojas do shopping, resolvemos comer alguma coisa. A praça de alimentação estava bem movimentada (como sempre)...

- sabe amiga, nunca imaginei te ver namorando aquele tal de Daniel... ele é meio esquisito sem querer te ofender!

- esquisito? - perguntei sorrindo.

- é... não importa onde você esteja, é só olhar para o lado e pronto, ele está te encarando com aquele sorriso de perseguidor.

- bem... ele não está aqui agora, está?

- Não, mas... não dou meia hora pra ele aparecer.

- não exagere Lucy!

Ela deu uma leve gargalhada, então algo inédito aconteceu. Uma garotinha, aparentava uns oito anos de idade, andou até a mesa e me entregou um envelope marrom.

- é pra mim? - falei com aquela voz tipica que se faz para falar com crianças.

Ela fez que sim e apontou para uma pessoa que se afastava rapidamente, o gorro de um moletom preto impedia minha visão, principalmente por que ele estava de costas. Quando retornei a olhar para a garotinha, por mais louco que pareça ser, ela havia desaparecido.

- Viu isso Lucy? - perguntei incrédula.

- ta falando do garçom?

- Não! aquela criança que estava aqui até agora, e que me entregou isso!

- onde conseguiu esse envelope? - ela perguntou.

- com a garotinha! ela acabou de me entregar Lucy... é impossível não tê-la visto.

Lucy me encarava seriamente.

- Analu, não havia nenhuma garota aqui... nimguem te entregou esse envelope. - ela sorriu - vou ver se ainda vai demorar muito o nosso pedido, aproveita e já toma os seus remédios por que, você ta maluca amiga!

Assim que ela se afastou da mesa, abri o envelope rapidamente. La dentro continha um papel escrito a mão.

" Preste atenção nos olhos, eles são as janelas da alma... Se não pode o olhar nos olhos, é por que ali não há uma alma para ser vista"

Li em voz baixa, virei a folha e continuei a ler.

" Tome cuidado no escuro, por que no escuro nada se vê. Tome cuidado com a morte, até os imortais podem morrer"

Repeti essas palavras em minha cabeça algumas vezes... o que aquilo significava? eu estava assustada de mais, perplexa de mais para pensar. Quando Lucy chegou, lhe entreguei o papel.

- Leia... - falei.

- Ler o que?

- O que está no papel... leia o que está escrito ai!

- amiga... - ela disse me encarando - o papel está em branco, olhe! - ela me mostrou o papel, e de fato, não havia nada escrito ali.

- mas... Lucy! estava escrito umas frases e dizia...

- Analu, tudo bem! você está cansada, tem que ir para casa! esta começando a delirar... na nossa amizade já basta eu de maluca ok?

Assenti e me levantei rapidamente, Lucy levantou bufando e me levou para casa.

Passei o resto do dia pensando naquilo, na garotinha, no envelope, na pessoa indo embora de gorro, e principalmente no fato de Lucy não ter visto nada daquilo. De noite não consegui dormir, aquelas palavras se repetiam varias e varias vezes em minha cabeça, e eu estava a ponto de surtar.

Onde estava Daniel? eu não o tinha visto durante todo o dia, o que não era normal... talvez Lucy não estivesse exagerando ao dizer que Daniel estava em todos os lugares em que eu ia, mas no shopping ele nem deu as caras, no lugar em que eu mais precisava de sua presença ele sequer pensou em aparecer.

Ele era a unica pessoa que acreditaria em mim sem duvidar, eu precisava muito lhe contar... mas teria que ficar para o dia seguinte, agora eu precisava dormir e esquecer um pouco tudo aquilo. Embora, bem lá no fundo, eu sabia que seria impossivel...

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