Os dias seguintes que se passaram , foram completamente normais... Num sábado durante o dia, Lucy resolveu que precisava de jeans novos, e eu fui praticamente arrastada para o shopping.
- Lucinda costumava fazer compras comigo sabe?... as vezes fico me perguntando o que eu fiz e tal, - ela disse - No começo eu pensava que ia passar essa fase, mas já perdi as esperanças.
- Ela é sua irmã, é normal que esse tipo de coisa aconteça!
- Não entre nós, sempre fomos muito unidas Analu, você sabe disso... talvez eu tenha feito ou dito algo que não devia.
- Vai passar. - falei, mesmo não tendo certeza, por que eu odiava ver Lucy daquele jeito.
Depois de irmos em quase todas as lojas do shopping, resolvemos comer alguma coisa. A praça de alimentação estava bem movimentada (como sempre)...
- sabe amiga, nunca imaginei te ver namorando aquele tal de Daniel... ele é meio esquisito sem querer te ofender!
- esquisito? - perguntei sorrindo.
- é... não importa onde você esteja, é só olhar para o lado e pronto, ele está te encarando com aquele sorriso de perseguidor.
- bem... ele não está aqui agora, está?
- Não, mas... não dou meia hora pra ele aparecer.
- não exagere Lucy!
Ela deu uma leve gargalhada, então algo inédito aconteceu. Uma garotinha, aparentava uns oito anos de idade, andou até a mesa e me entregou um envelope marrom.
- é pra mim? - falei com aquela voz tipica que se faz para falar com crianças.
Ela fez que sim e apontou para uma pessoa que se afastava rapidamente, o gorro de um moletom preto impedia minha visão, principalmente por que ele estava de costas. Quando retornei a olhar para a garotinha, por mais louco que pareça ser, ela havia desaparecido.
- Viu isso Lucy? - perguntei incrédula.
- ta falando do garçom?
- Não! aquela criança que estava aqui até agora, e que me entregou isso!
- onde conseguiu esse envelope? - ela perguntou.
- com a garotinha! ela acabou de me entregar Lucy... é impossível não tê-la visto.
Lucy me encarava seriamente.
- Analu, não havia nenhuma garota aqui... nimguem te entregou esse envelope. - ela sorriu - vou ver se ainda vai demorar muito o nosso pedido, aproveita e já toma os seus remédios por que, você ta maluca amiga!
Assim que ela se afastou da mesa, abri o envelope rapidamente. La dentro continha um papel escrito a mão.
" Preste atenção nos olhos, eles são as janelas da alma... Se não pode o olhar nos olhos, é por que ali não há uma alma para ser vista"
Li em voz baixa, virei a folha e continuei a ler.
" Tome cuidado no escuro, por que no escuro nada se vê. Tome cuidado com a morte, até os imortais podem morrer"
Repeti essas palavras em minha cabeça algumas vezes... o que aquilo significava? eu estava assustada de mais, perplexa de mais para pensar. Quando Lucy chegou, lhe entreguei o papel.
- Leia... - falei.
- Ler o que?
- O que está no papel... leia o que está escrito ai!
- amiga... - ela disse me encarando - o papel está em branco, olhe! - ela me mostrou o papel, e de fato, não havia nada escrito ali.
- mas... Lucy! estava escrito umas frases e dizia...
- Analu, tudo bem! você está cansada, tem que ir para casa! esta começando a delirar... na nossa amizade já basta eu de maluca ok?
Assenti e me levantei rapidamente, Lucy levantou bufando e me levou para casa.
Passei o resto do dia pensando naquilo, na garotinha, no envelope, na pessoa indo embora de gorro, e principalmente no fato de Lucy não ter visto nada daquilo. De noite não consegui dormir, aquelas palavras se repetiam varias e varias vezes em minha cabeça, e eu estava a ponto de surtar.
Onde estava Daniel? eu não o tinha visto durante todo o dia, o que não era normal... talvez Lucy não estivesse exagerando ao dizer que Daniel estava em todos os lugares em que eu ia, mas no shopping ele nem deu as caras, no lugar em que eu mais precisava de sua presença ele sequer pensou em aparecer.
Ele era a unica pessoa que acreditaria em mim sem duvidar, eu precisava muito lhe contar... mas teria que ficar para o dia seguinte, agora eu precisava dormir e esquecer um pouco tudo aquilo. Embora, bem lá no fundo, eu sabia que seria impossivel...
No dia seguinte quando acordei, a primeira coisa que fiz foi ligar para Daniel... aquela historia estava muito estranha! ta certo que existem demônios e anjos e que a terra é repleta de seres extraordinários assim, mas até onde sei, anjo ou demônio nenhum consegue desaparecer, ou ser invisível para algumas pessoas, ou quem sabe... fazer algo que estava escrito no papel desaparecer. " Chego em dez minutos" Daniel disse gravemente e desligou. Dez minutos depois ele apareceu ao meu lado. - pensei que tivesse aprendido a usar a porta... - falei. Ele me encarou, seu rosto intacto, sem emoção. - O que aconteceu no shopping? Contei a ele com detalhes, até os insignificantes, e os olhos dele pareceram escurecer repentinamente. - Você não vai mais sair sozinha... - ele disse depois do que pare
Fomos para minha casa, eu no carro de mamãe e Daniel no dele... não que ele tivesse sido convidado e tal, ele apenas foi junto. Por sorte mamãe não estava, era provável que tivesse saído com Edward (o médico). Subimos para o meu quarto, aquele lugar aconchegante e familiar. Me sentei na cama e encarei Daniel por alguns segundos. - Sabe que não vou esquecer daquilo não é? - é, isso passou pela minha cabeça. - ele disse e então fechou a porta atrás de si. - pois então comece a se explicar! Cruzou os braços e suspirou lentamente, andou até a cama e se jogou, deixando agora os braços por baixo da cabeça. - Não há muito o que lhe falar mais, a não ser que... eu não podia te contar por que eu ainda tenho esperanças de que me tornarei um anjo, e se eu me tornar um anjo não irei ficar ruim e frio a cada lua de sangue... eu não podia te contar por que eu n
Uma semana se passou depois disso, Lucy sequer ia a escola... eu estava começando a crer que algo de muito ruim havia acontecido a Lucinda. Eu havia comentado com Daniel, e ele ficou de me avisar qualquer coisa que descobrisse a respeito, mas que ainda era silencio total... ela havia desaparecido sem deixar pistas. - Ela simplesmente desapareceu? - Jessy disse enquanto enrolava sushis ao meu lado. - Lucy disse que ela brigou com a Mãe e saiu, desde então não voltou para casa... - acha que ela pode ter sido... sequestrada? - ela tremeu - ou até mesmo, assassi... ah! que horror, se Deus quiser ela voltará logo logo, sã e salva! - espero que sim, Lucy está arrasada... - imagino... a família toda deve estar! Suspirei e continuei a fazer o trabalho em silencio. - sabe, - ela disse depois de um tempo - devíamos fazer alguma coisa
Andamos por toda a praça a procura de Dominic, mas aparentemente ele havia ido em bora. Mariana ligou varias e varias vezes, mas o celular dele estava desligado.
Alguns dias se passaram depois disso, Dominic e Lucinda continuavam desaparecidos e quanto mais o tempo passava, mais eu me preocupava... Nossas vidas seguiram normalmente, eu trabalhava, estudava, tentava ajudar Lucy, depois Mariana etc... e assim foi todos os dias. Eu estava em casa com mamãe e Edward (o médico), quando passei mal. Mamãe pediu que eu tomasse um banho e que fosse deitar, se não melhorasse eu seria levada até o hospital. Edward concordou, embora nimguem o houvesse chamado na conversa. Cambaleei até o banheiro e tomei um banho, a água quente caindo em minhas costas foi extremamente reconfortante. Depois disso fui para a cama, me joguei em baixo das cobertas e fechei os olhos. Minutos depois eu já estava dormindo. Fui acordada com alguém acariciando meus cabelos. A principio achei que fosse mamãe, mas quando me deparei com aqueles pequenos olhos azul piscina me encarando, levantei num pulo e c
Depois que convencemos Nicole a falar com John, e ele fazer um turbilhão de perguntas a ela, por mais incrível que pareça, ela dormiu no sofá marrom e extremamente confortável da casa dele. &n
Mas pra onde eu iria? como começar a busca por três pessoas desaparecidas? eu não sabia onde procurar... eu não tinha como procurar... Mesmo assim, mesmo frustrada e sem rumo nenhum, peguei minha bolsa já preenchida com coisas que poderiam me livrar de uma situação de risco (PS: eu não tinha uma arma, mesmo que naquele momento ter uma arma seria ótimo) e sai, o plano era pegar um táxi até a casa de Mariana, para depois, juntas, procurarmos os desaparecidos. Eu estava pronta para telefonar para a companhia de táxi quando um motoqueiro parou ao meu lado e desceu da moto rapidamente, logo em seguida tirou o capacete. - Felipe! - gritei enquanto me atirava em seu pescoço o puxando para um abraço apertado. - Analu! - ele gritou imitando minha voz. - Tudo bem? - perguntei. - Comigo tudo ótimo... o que não ta bem é o que aconteceu
Entramos no galpão infernal de mãos dadas, Felipe dissera que seria melhor assim, seria um ( ela está comigo, não se preocupem)... Claro que obedeci não é? afinal, eu estava entrando no lugar dos demônios, e embora eu fosse metade demônio, o único com quem me sentia bem era Daniel, e olhe lá... - estamos seguros? - perguntei pela milésima vez enquanto era encarada por vários garotos de uns quinze ou &