Alejandro Albeniz Catalina só falava desse noivado que aconteceria daqui a cinco dias, eu tinha me esquecido desse detalhe da minha vida. Tentei argumentar com ela que não era o momento, que até a minha posse na empresa eu adiei, mas ela não quis saber. Quando saí do hospital, só havia um pensamento dentro da minha cabeça e tinha nome e sobrenome.Ximena Valverde.Entrei em casa e quase saí no mesmo pé. Foi só um tempo para eu tomar um banho e tirar as roupas com cheiro de hospital. Passei pela sala de casa e estavam todos reunidos, menos o Beto e esse era o único Albeniz que gostaria de ver para saber como foi com a família do Carlos. E justamente ele era o único que não estava em casa. Passei apenas dando um até mais tarde, meu pai tentou me impedir, falando algo que nem dei atenção. Catalina andou comigo até a garagem e tentou entrar no carro, mas assim que entrei, travei as portas .Não queria Catalina e sua insensibilidade no meio da conversa que teria com Ximena. Precisava expl
Ximena Valverde Sete dias, já eram sete infinitos dias sem o amor da minha vida. A missa celebrada na basílica onde a gente iria se casar parecia que aumentou ainda mais a minha dor. Eu até entendia motivo pelo qual a minha sogra escolheu justamente essa igreja. O intuito era fazer uma homenagem, saudação, mas para mim foi ainda mais pungente, me lembrou de muitos fatos dolorosos. E trouxe à tona sentimentos que estavam até um pouco controlados, como a minha raiva por Alejandro Albeniz. A imagem dele entrando na igreja, dizendo que Carlos morreu, perdurava na minha mente.Agradeci quando a missa acabou e finalmente pude voltar para casa e me enterrar com a minha dor.Ouvia a todo momento meus pais cochichando pelos cantos, algumas das vezes nem me interessava no assunto. Não devia, não queria ficar o tempo todo me martirizando com essa história. A ausência de Carlos já acabava comigo, me fazia querer morrer e, de certa forma, me matava um pouco a cada dia. Em meio a muitas conversas,
Ximena Valverde Rico de beleza, rico de dinheiro, mas pobre, muito pobre de caráter. Noivando hoje e teve a cara de pau para dizer que eu não saía da mente dele. Hipócrita! — Aonde você foi? Onde estava uma hora dessas, Ximena? Sua mãe e eu estávamos preocupados. — coloquei os pés em casa e fui metralhada pelas perguntas do meu pai. Poderia mentir, mas não adiantaria, segunda-feira quando ele chegasse no trabalho, as notícias cairiam como uma bomba em sua cabeça, sobre a filha do funcionário que invadiu a festa de noivado do patrão, isso se não tivesse uma manchete no jornal de domingo. — Ouvi o senhor e a mãe cochichando na cozinha, fiquei desnorteada em saber que aquela gente estava dando uma festa. Era um absurdo. Eu não podia aceitar isso. — E o que fez? — meu pai me perguntou, já sabendo que a resposta não iria agradá-lo. — Fui até a propriedade da família Albeniz. — Ximena! Você o que? — Papai quase gritou. — O que o senhor ouviu. E já que comecei, vou terminar
Alejandro Albeniz Cinza, do meu ponto de vista, essa era a cor mais elegante para um terno. No dia da primeira tentativa de posse da presidência, eu estava com um terno black e foi desastroso, dessa vez, faria diferente. Ainda tinha muitas coisas desse maldito acidente para resolver, contudo, tinha que esperar a AESA liberar o relatório e os destroços. Esse acidente também impactou nos vôos fretados e esse seria o primeiro desafio da minha gestão, fazer com que a Granafly fosse sinônimo de conforto e segurança para o cliente externo. Também não estava de acordo com a maneira da gestão de pessoal; o estilo “faça o que eu te pago para fazer”. O mundo mudou e o senhor Antônio Albeniz não entendeu isso muito bem. Quando eu não consegui tomar posse, tínhamos preparado um grande coquetel a ser celebrado em uma pequena pista de pouso desativada, assim caberia todo o nosso pessoal. Dessa vez, pedi que chamassem apenas os supervisores, os gestores e os assessores, infelizmente, eu qu
Alejandro Albeniz Ximena me falou que daqui a dois meses seu pai faria sessenta e seis anos e quatro meses de idade. Eu tinha o mês, o ano de nascimento e o sobrenome Valverde, assim achei o funcionário no servidor bem nos arquivos do departamento humanos. Olhei a ficha e era impecável, o tipo de funcionário exemplar. Um mecânico de aeronaves com vasta experiência que jamais se permitiu ficar obsoleto. Não era certo, nem digno o que fizeram com ele, mas, primeiro, iria resolver essas três demissões, mais do que injustas, e depois iria resolver com aqueles que o demitiu.Adiei a reunião com o corpo executivo, não estaria focado totalmente. No final da tarde, saí da empresa e me dirigi novamente até a casa de Ximena, bati na porta sem reservas, mesmo assim, eu estava receoso. Meu medo era que a dor da filha do senhor Pedro impedisse que eu pudesse retratar o mal que fizeram ao seu pai. E mesmo esperando que outra pessoa me atendesse, foi justamente ela quem abriu a porta. — Não é poss
Ximena Valverde — Eu falei para a senhora ir lá cuidar do papai, não para paparicar esse presumido hipócrita. — Toda vez que o tal Alejandro Albeniz se aproximava de mim, me subia uma raiva descomunal.— Filha, precisa se acalmar, toda essa raiva não te faz bem. Não havia o que cuidar do Pedro, a conversa na sala estava tranquila e amistosa. Esse Albeniz parece diferente dos outros. — mamãe tentava me convencer enquanto me dava detalhes da conversa do papai com o Albeniz.— É, ele é diferente, e o pior deles. Vai se casar e não perde o tempo de me passar uma cantada. Fez isso até comigo vestida de noiva!— Os homens são assim, Ximena. Você é linda, o que mais recebe é cantada. Lembro que o Carlos teve que praticamente expulsar o Noberto do bairro, ele te perseguia. — Não entendi porque minha mãe tocou nessa parte horrorosa da minha vida. Noberto me dava medo. Ignorei o que dona Clara disse, pois esse perseguidor era caso encerrado na minha vida.— Carlos nunca foi assim, mesmo eu sa
Alejandro Albeniz Consegui o telefone de Raquel, ela morava em um prédio próximo a Plaza Nueva. Quando liguei e disse quem era, a ex-funcionária do meu pai estranhou, disse que aceitaria se encontrar comigo, mas não em sua casa, mas eu a convenci. Raquel, era o tipo de funcionária do rico elitista, alguém feito meu pai. Vinha por diversas vezes pegar a sombrinha e receber Mercês no carro, devido ao sol quente ou por estar chovendo. Alguns integrantes da “família aristocrata Albeniz” pensavam que ainda estavam no século XVIII. Não sabia se eu já tinha esse pensamento, ou se passar parte da minha vida na América, me fez achar tudo isso um exagero desnecessário. Os Estados Unidos defendiam autonomia desde os 18, achavam um absurdo um jovem adulto morar com os pais, como eu estava fazendo agora. Morando na TriBeCa, conseguia um bom loft com serviço de lavanderia, próximo a um bom restaurante e sempre tinha uma loja de conveniência aberta para comprar algum congelado. Assim, aprendi a
Catalina Lombardo Todos já dormiam, tinha certeza que ele me esperava nu e com a porta destrancada. Meti a mão na maçaneta e ele me aguardava de pé, com duas taças a mão e o rosé no gelo.— Eu sabia que estava me esperando. — falei assim que entrei.— E eu sabia que você viria, sua safada. — Um sorriso sem vergonha pintou seu rosto.Beto pôs as taças na banquinha de cabeceira, pegou a garrafa já aberta e entornou a bebida direto no gargalo. Me puxou para perto dele, dividindo o líquido e sua língua comigo. A gente transou como se o mundo fosse acabar. Era por volta das duas da madrugada quando saí do quarto do Beto e voltei para o meu. Quando entrei, minha tia estava sentada na beirada da minha cama. — Fumando dentro do meu quarto? — a repreendi.Ela levantou da cama e apagou o cigarro no meu travesseiro, deixando um buraco e um cheiro horrível de queimado.— Que isso, Mercês? — praticamente gritei, furiosa.— Isso é para não apagar ele na sua cara! — Ao mesmo tempo, a mão dela exp