Ximena Valverde Rico de beleza, rico de dinheiro, mas pobre, muito pobre de caráter. Noivando hoje e teve a cara de pau para dizer que eu não saía da mente dele. Hipócrita! — Aonde você foi? Onde estava uma hora dessas, Ximena? Sua mãe e eu estávamos preocupados. — coloquei os pés em casa e fui metralhada pelas perguntas do meu pai. Poderia mentir, mas não adiantaria, segunda-feira quando ele chegasse no trabalho, as notícias cairiam como uma bomba em sua cabeça, sobre a filha do funcionário que invadiu a festa de noivado do patrão, isso se não tivesse uma manchete no jornal de domingo. — Ouvi o senhor e a mãe cochichando na cozinha, fiquei desnorteada em saber que aquela gente estava dando uma festa. Era um absurdo. Eu não podia aceitar isso. — E o que fez? — meu pai me perguntou, já sabendo que a resposta não iria agradá-lo. — Fui até a propriedade da família Albeniz. — Ximena! Você o que? — Papai quase gritou. — O que o senhor ouviu. E já que comecei, vou terminar
Alejandro Albeniz Cinza, do meu ponto de vista, essa era a cor mais elegante para um terno. No dia da primeira tentativa de posse da presidência, eu estava com um terno black e foi desastroso, dessa vez, faria diferente. Ainda tinha muitas coisas desse maldito acidente para resolver, contudo, tinha que esperar a AESA liberar o relatório e os destroços. Esse acidente também impactou nos vôos fretados e esse seria o primeiro desafio da minha gestão, fazer com que a Granafly fosse sinônimo de conforto e segurança para o cliente externo. Também não estava de acordo com a maneira da gestão de pessoal; o estilo “faça o que eu te pago para fazer”. O mundo mudou e o senhor Antônio Albeniz não entendeu isso muito bem. Quando eu não consegui tomar posse, tínhamos preparado um grande coquetel a ser celebrado em uma pequena pista de pouso desativada, assim caberia todo o nosso pessoal. Dessa vez, pedi que chamassem apenas os supervisores, os gestores e os assessores, infelizmente, eu qu
Alejandro Albeniz Ximena me falou que daqui a dois meses seu pai faria sessenta e seis anos e quatro meses de idade. Eu tinha o mês, o ano de nascimento e o sobrenome Valverde, assim achei o funcionário no servidor bem nos arquivos do departamento humanos. Olhei a ficha e era impecável, o tipo de funcionário exemplar. Um mecânico de aeronaves com vasta experiência que jamais se permitiu ficar obsoleto. Não era certo, nem digno o que fizeram com ele, mas, primeiro, iria resolver essas três demissões, mais do que injustas, e depois iria resolver com aqueles que o demitiu.Adiei a reunião com o corpo executivo, não estaria focado totalmente. No final da tarde, saí da empresa e me dirigi novamente até a casa de Ximena, bati na porta sem reservas, mesmo assim, eu estava receoso. Meu medo era que a dor da filha do senhor Pedro impedisse que eu pudesse retratar o mal que fizeram ao seu pai. E mesmo esperando que outra pessoa me atendesse, foi justamente ela quem abriu a porta. — Não é poss
Ximena Valverde — Eu falei para a senhora ir lá cuidar do papai, não para paparicar esse presumido hipócrita. — Toda vez que o tal Alejandro Albeniz se aproximava de mim, me subia uma raiva descomunal.— Filha, precisa se acalmar, toda essa raiva não te faz bem. Não havia o que cuidar do Pedro, a conversa na sala estava tranquila e amistosa. Esse Albeniz parece diferente dos outros. — mamãe tentava me convencer enquanto me dava detalhes da conversa do papai com o Albeniz.— É, ele é diferente, e o pior deles. Vai se casar e não perde o tempo de me passar uma cantada. Fez isso até comigo vestida de noiva!— Os homens são assim, Ximena. Você é linda, o que mais recebe é cantada. Lembro que o Carlos teve que praticamente expulsar o Noberto do bairro, ele te perseguia. — Não entendi porque minha mãe tocou nessa parte horrorosa da minha vida. Noberto me dava medo. Ignorei o que dona Clara disse, pois esse perseguidor era caso encerrado na minha vida.— Carlos nunca foi assim, mesmo eu sa
Alejandro Albeniz Consegui o telefone de Raquel, ela morava em um prédio próximo a Plaza Nueva. Quando liguei e disse quem era, a ex-funcionária do meu pai estranhou, disse que aceitaria se encontrar comigo, mas não em sua casa, mas eu a convenci. Raquel, era o tipo de funcionária do rico elitista, alguém feito meu pai. Vinha por diversas vezes pegar a sombrinha e receber Mercês no carro, devido ao sol quente ou por estar chovendo. Alguns integrantes da “família aristocrata Albeniz” pensavam que ainda estavam no século XVIII. Não sabia se eu já tinha esse pensamento, ou se passar parte da minha vida na América, me fez achar tudo isso um exagero desnecessário. Os Estados Unidos defendiam autonomia desde os 18, achavam um absurdo um jovem adulto morar com os pais, como eu estava fazendo agora. Morando na TriBeCa, conseguia um bom loft com serviço de lavanderia, próximo a um bom restaurante e sempre tinha uma loja de conveniência aberta para comprar algum congelado. Assim, aprendi a
Catalina Lombardo Todos já dormiam, tinha certeza que ele me esperava nu e com a porta destrancada. Meti a mão na maçaneta e ele me aguardava de pé, com duas taças a mão e o rosé no gelo.— Eu sabia que estava me esperando. — falei assim que entrei.— E eu sabia que você viria, sua safada. — Um sorriso sem vergonha pintou seu rosto.Beto pôs as taças na banquinha de cabeceira, pegou a garrafa já aberta e entornou a bebida direto no gargalo. Me puxou para perto dele, dividindo o líquido e sua língua comigo. A gente transou como se o mundo fosse acabar. Era por volta das duas da madrugada quando saí do quarto do Beto e voltei para o meu. Quando entrei, minha tia estava sentada na beirada da minha cama. — Fumando dentro do meu quarto? — a repreendi.Ela levantou da cama e apagou o cigarro no meu travesseiro, deixando um buraco e um cheiro horrível de queimado.— Que isso, Mercês? — praticamente gritei, furiosa.— Isso é para não apagar ele na sua cara! — Ao mesmo tempo, a mão dela exp
Ximena Valverde Javier ligou em êxtase pela manhã, ele não apenas foi readmitido pela Asus Blue, como também foi promovido a chefe de equipe dos comissários. Ao menos esse mal, Alejandro conseguiu consertar, o que me fez ter certeza sobre o que dizia o dito popular de que para tudo se tinha jeito, menos para a morte.Foi duro entrar na nossa casa, ver cada coisa que Carlos e eu compramos juntos. Meu pai apoiou minha decisão, minha mãe ainda estava inconformada por eu sair de casa dessa maneira. Para que eu não ficasse sozinha, ela me presenteou um cachorro, o que era bastante curioso, já que meus pais não permitiram que eu tivesse um na minha infância e adolescência. Lito era bem pequeno e sapeca, com seu pelo caramelo e bico fino, parecia um lobinho. Era um filhote que me enchia de alegria. Marquei veterinário para ele no fim da tarde para a noite, assim teria um bichinho sempre saudável.Depois que meu pai me ajudou a levar minha coisas e o Lito para a casa nova, aproveitei o resta
Ximena Valverde Lito me fazia sorrir, pela manhã, quando minha mãe me presenteou com ele, achei que talvez não fosse o momento ideal. O medo de não poder dar a ele o carinho e atenção necessários me assolava. Agora, estava na clínica veterinária, querendo saber se ele estava saudável e poder dar a melhor qualidade de vida que eu pudesse a ele. Pensei que nesse horário a clínica estaria mais vazia, no entanto, tinha bichinhos para todos os lados, alguns bem bravos, latindo à beça para os outros.Lito dormia no meu colo, pelo que li, os filhotes ficavam assustados na rua, por isso preferiam dormir, já em casa colocavam para fora toda a energia resguardada.Estava sentada ao lado da porta e de frente para o balcão da atendente, olhei para o lado e ele entrou com um cachorro no colo, enrolado no blazer do seu terno, seguido por duas senhoras, que deveriam ter mais ou menos a idade do meu pai.Não era possível, talvez houvesse um propósito para essas coincidências, pois esse era o último