Alejandro Albeniz — Bem que o meu pai me disse que o G200 era um executivo luxuoso, se eu deitar nessa cama, nem vou sentir que estou voando. — Ximena comentou, dando um suspiro de conforto, o que me fez sorrir.Nós estávamos sentados na poltrona dupla, em voo de cruzeiro, assistindo uns vídeos na super tela interativa, esse era um modelo de aeronave que tinha cinema, a tela de quarenta e duas polegadas descia do teto e ficava um pouco à frente do cockpit. Ximena apontava para a cama ao nosso lado, muito bem acolchoada, que dava para até quatro pessoas usarem como poltrona ou apenas uma pessoa deitar.— Ela é até confortável, agora sobre não sentir o voo, já não sei. Tem previsão de turbulência na Espanha. — comentei.— Sério? — perguntou um pouco assustada.— Sim, mas é de grau super leve. Dá até para fazermos um carnaval aqui.Ela riu e depois questionou:— O nosso carnaval ou o brasileiro? Aquele misturado com samba — ela remexeu os ombros. — E pessoas pulando?— O nosso carnaval,
Ximena Valverde Ainda tentava descobrir o que era mais constrangedor; eu ali em pé sem calcinha, ou a cara de descontentamento de Alejandro ao ver Iker na nossa frente.Tentando sair daquela situação vexatória, fui até Iker, lhe dando um beijo na bochecha e, de maneira descontraída, eu disse:— O que faz aqui? Já faz mais de quatro horas que largou do trabalho. — para não piorar a situação, tentei amenizar minha expressão tão surpresa e confusa quanto a do Alejandro.— É, Pavel, o que faz aqui? Algum problema urgente e confidencial na empresa, ao qual você não poderia esperar até amanhã ou ligar? — o tom de voz duro do Alejandro era nítido.Imediatamente e disfarçadamente, mandei um olhar reprovador para Alejandro. Fosse lá o que ele estivesse pensando, deveria guardar para si só, afinal, Iker não tinha ideia de que estávamos juntos e, ao menos no momento, ninguém dentro da empresa deveria saber.— Ximena disse que estava vindo embora, resolvi esperar para levá-la em casa, fiz mal? E
Ximena Valverde Sabia que não estava na hora de acordar, ainda era o final da madrugada, beirando aparecer o crepúsculo para o amanhecer. O sonho era muito bom, sentia todo o universo passar pelo meu corpo, me envolvendo de magnetismo e calor. Mas para que sonhar, se a realidade era muito melhor? Abri meus olhos e Alejandro tinha a cabeça no meio das minhas pernas, sugando meus lábios inferiores da mesma maneira que fazia com a minha boca. Se tinha melhor maneira de despertar, eu desconhecia. Fiz um movimento brusco, com isso, provavelmente Alejandro pensou que eu fugiria. Só se eu fosse louca. Ele segurou minhas coxas com precisão e afundava a língua de maneira rígida no meu meio, tocando minhas paredes internas. Sua língua explorava os meus cantos mais sensíveis, me deixando enlouquecida. Me contorcia, arranhando o lençol que forrava a cama. Queria cravar minhas unhas na pele dele, mas quando me curvava, Alejandro não deixava, me empurrava com cuidado de volta ao colchão. — Al
Alejandro Albeniz Dizem que quem não deve não teme, mas não sabia porquê, ao ver Ximena conversando com os policiais, algo em mim se moveu aqui dentro. Senti um arrepio, uma coisa estranha e a necessidade urgente de tirar eles de perto dela.Lembro de um dia que cheguei em casa e Mercês me informou que o acidente entraria em investigação pela civil. Eu pouco me importei, tinha certeza de que não fiz nada de errado, mesmo assim, ao vê-los aqui, algo me incomodou. Eu só ainda não entendia o motivo.Entramos na minha sala e falei para eles se acomodarem. Um deles sentou na poltrona e os outros dois nas cadeiras de frente para mim. — Então, senhor Albeniz, que curioso a noiva de Carlos Alcaraz trabalhando aqui na sua empresa, gratidão ou remorso? — um dos policiais questionou.Foi impossível não franzir o cenho. Que porra o policial estava pensando? — NRA, nenhuma das respostas anteriores. — falei debochado. — Ximena Valverde entrou aqui pelo próprio mérito, só tomei ciência dela na va
Ximena ValverdeQuando minha mãe insistiu que eu fizesse meu casamento na Basília de San Juan Dios, eu achei um exagero fora do tom. Eu queria uma igreja simples e pequena, não essa exuberante, já na fachada decorada com obras de arte barroca e um monumental de entrada flanqueada por colunas salomônicas. Mas a verdade é que agora me sentia uma princesa, que iria encontrar seu príncipe, que a aguardava ansioso no altar.O motorista trajado como tal, abriu a porta e meu pai e eu descemos da limousine alugada. Meu vestido era o mais simples que consegui convencer a minha mãe a comprar, na verdade, mandamos fazer. Não queria anáguas, ficar parecendo um cupcake, mas da extensa grinalda não consegui fugir. Enquanto puxava metros de pano de dentro do veículo, vi meu irmão e minha mãe descerem as escadas à frente da basílica, eles chamaram meu pai em um canto e cochicharam algo não audível para mim.Já com a grinalda enrolada no braço, me aproximei, querendo saber o que eles falavam. — Volta
ALGUNS DIAS ANTES Alejandro Albeniz Assumir a empresa aérea foi algo que sempre almejei. As exigências do meu pai é que tardaram minha volta à Espanha, mais precisamente à Granada. O senhor Albeniz, como quase todas as pessoas desse país, tinha valores arcaicos, acreditavam fielmente que um homem de sucesso e sério tinha que ter consigo, bem ao seu lado, uma “primeira dama”. Apesar de amar o lugar onde nasci, eu estudei na América e passei boa parte da minha vida por lá, me preparando para assumir o Império Albeniz. Não que aqui eu não conseguiria o preparo necessário para administrar Granafly, o problema é que não queria apenas entender da burocracia, fui atrás das especializações e evolução necessária do nosso produto e serviço, por isso fiz todos os cursos que achei necessário, na Boeing. Na reta final da minha preparação, vim para a Europa, mas não para a Espanha, meu destino foi a França e lá também me dediquei às especializações oferecidas pela poderosa Airbus. E foi na Fr
Ximena Valverde Minha mãe e suas ideias, por mim eu preferia ir em lojas de alugueis de roupa, encontrar o vestido do meu gosto. Ela e suas crenças de que a roupa que eu alugasse poderia ter estigmas ruins de outras pessoas e meu casamento desandar. O bom de fazer com uma costureira, é que tudo saiu como eu queria, até os tecidos pude escolher. Estava na última prova, ao me olhar no espelho, me vi linda. Meu casamento seria um sonho. Daqui a dois dias seria a mulher mais feliz do mundo, ia casar com o homem da minha vida.— Filha, tá parecendo uma princesa! — minha mãe falou com lágrimas nos olhos.— Mãe, para de chorar e pega um pouquinho desse café pra mim. — apontei para a garrafa em cima do bufê na sala de costura.Sem demora, minha mãe pegou o copinho descartável e pôs a dose do líquido fumegante para mim.A costureira, que voltava de outro cômodo, tentou prevenir um acidente, mas o efeito foi o contrário.— Não faça isso, não dê café a ela usando o vestido branco! — Ela gritou.
Alejandro Albeniz O que estava se passando comigo? Acabei de praticamente jogar praga no casamento da mulher mais linda que eu já vi na minha vida. A sorte é que ela não me levou a sério, eu mesmo não estava me entendendo. Fiquei entorpecido pela eletricidade passando por todo o meu corpo, fazendo o meu coração disparar. Ele batia tão rápido, que parecia que daria um salto do meu peito. Sempre quando ficava louco por uma mulher, era uma outra parte do meu corpo que latejava, nunca o peito. Quando a vi seguir com a mãe, tive vontade de ir atrás dela, de falar novamente para ela não se casar. Como se ela devesse se casar comigo, como tivesse sido feita para mim. Eu com certeza não estava bem e olha que pelo café da manhã foi apenas um suco de laranja, não foi um hi-fi. Pensando no estresse desnecessário que o senhor Albeniz tentou me causar essa manhã, seria até aceitável eu batizar o suco, mas não fiz. Meu corpo estava sóbrio, mas minha mente ficou inebriada de um sentimento