DANNA PAOLA MADERO Sem perceber, já estava na porta do meu quarto. Acho que a Agnes não vai se importar se eu ficar aqui. Não havia ninguém no corredor. Dei de ombros e entrei me encostando a porta. Tirei os saltos e me sentei na cama massageando os tornozelos. No último mês, muitas coisas estavam acontecendo. Minha esperança morta, agora renascida. — Eu só espero não ter que enterra-la novamente. —Sussurrei e me joguei na cama. John Backer e Paola Backer. Ficaria bem em mim. Ri da minha própria audácia. Ele nunca ia querer algo a mais do que temos. Para parar de pensar nele a aliviar um pouco minha ansiedade por amanhã, peguei um livro, Um amor para Lady Johana, um romance que eu amava, já o li muitas vezes, as folhas gastas demonstravam isso. Claro que não funcionou, precisei ler várias vezes o mesmo parágrafo para entender o que estava escrito. Frustrada coloquei o livro de volta na cômoda. Deitei na cama e olhei o teto. Imaginei toda minha vida fora daqui. Que
DANNA PAOLA MADERO Meu corpo paralisou. Não pode ser! Olhei para fora da janela, observando minhas chances, havia um carro preto parado no beco, o amigo do John me esperando. Voltei meu olhar para onde a Agnes estava parada, bem perto de mim. Não tinha chances de pular, ela me pegaria com certeza. Os olhos se encheram de lágrimas eu respirava com força, a liberdade nunca esteve tão perto. — Agnes, por favor... e-eu te imploro. — A voz tremia entre as lágrimas. Há muito tempo eu não chorava. Me negava a deixar que qualquer um que fosse, me visse sofrer, mas agora eu não aguentei. Ela não demonstrou nada. Apenas se aproximou e me puxou pelo braço com força, o que me fez cair no chão igual uma fruta podre. Ali mesmo eu fique. Encolhida no chão, abraçando os joelhos com os braços, enfiei o rosto no meio deles e chorei como criança. Eu não mereço isso Deus. Me ajuda. — Garota? — ouvi a voz mansa da mulher. Levantei a cabeça e a olhei nos olhos. Toda a dor que eu senti
DANNA PAOLA MADERO E saiu nos deixando com cara preocupadas para trás. Ninguém disse nada por alguns minutos. Eu sentada no chão derrotada e ele me olhando com uma expressão estranha. — Vamos. Vou te levar para o quarto. — Estendeu a mão grande e pálida. Aceitei. Fiquei de pé na sua frente, tentei abraça-lo, mas ele me afastou rapidamente. Meu coração errou uma batida. O que foi isso? — John... — Aqui não Paola. Não sabia o que dizer. — Vá na frente. Obedeci novamente, passando por ele e caminhando rápido pelo corredor vazio até a porta que dava para o quarto que morei nos últimos meses. Abri a porta e esperei ele passar, o mesmo entrou, fechei-a imediatamente. Com as pernas moles pelo ocorrido anterior me sentei na cama e cobri o rosto com as mãos. As lágrimas vinham com força de novo. Agora eu poderia estar em qualquer lugar menos aqui. — Calma Paola... — John sentou-se e me abraçou de lado. — Não John. Eu estraguei tudo. — Chorei mais
JOHN BACKER Continuei com o rosto o impassível. Sem demonstrar nada. Mas a verdade era que sentia uma raiva descomunal, a vontade de mata-lo com as próprias mãos era enorme, maçante. Mas no momento não poderia fazer nada estupido por medo que ele fizesse algo para prejudicar a Paola e eu estivesse longe para impedir. — Senhor, ela estava na boate, mas acabou torcendo levemente o tornozelo. — Respondi sucinto. Com as mãos, massageei delicadamente o suposto local da torção. Meus olhos se prendiam a pele morena de seus pés pequenos de unhas bem cuidadas e... — Saia já daqui. — Paul voltou a se manifestar com a voz carregada de raiva. Relutante, levantei e me afastei. Paola me olhava com os olhos assustados. Eu nunca a tinha visto tão desesperada, vê-la assim me cortavam por dentro. Eu volto para te buscar. Antes que ele desconfiasse, me afastei e fiz menção de sair, mas ao passar perto do Paul, senti a manga do meu terno ser puxada com força. Respirei fund
JOHN BACKERA noite demorou para chegar, nunca antes tive tanta pressa para trabalhar. Precisava vê-la, para aquietar minha alma.Chegando na boate, minha visão varreu todo o lugar, vi primeiro Paul, e depois ela no segundo solo no bar.Sem perceber acebei soltando um suspiro alto de alivio. Me esgueirei sorrateiramente pelas pessoas e cantos mais escuros. As escadas pareciam mais longas que de costume, minhas pernas tremiam em antecipação. Vi seu pequeno corpo parado, de costas, sentada confortavelmente na baqueta, exibindo um copo com bebida transparente.Antes de me aproximar de fato, dei uma boa olhada em volta, ninguém parecia nos observar. Os dias ali eram iguais, som alto, bebidas, mulheres, drogas, jogos, ninguém se importava com nada, estavam ali apenas para o próprio bel prazer.O barmen era o único problema, ele estava lá, servindo a moça, sem trocar uma palavra com a mesma ou olha-la diretamente, como faria para falar com ela assim? O homem poderia contar ao Paul. Nenhum
DANNA PAOLA MADERODoía me mover ou até mesmo respirar. Mal podia fingir um sorriso, a dor do lábio cortado impedia.Eu não aguentaria mais. Me doía viver.Não ficarei mais nenhuma noite com aquele homem, nem que para isso eu mesma precise acabar de vez com meu sofrimento.Eu não queria demonstrar nada ao John. E no exato momento me arrependi do de tê-lo arrastado para meu inferno particular, eu não posso deixar que a vida dele seja destruída como a minha foi.— Quem não pode fazer isso com você é ele! Desgraçado. Maldito! — ele berrou ainda tentando me afastar da frente da porta segurando meus ombros, me obrigando a exercer força para ficar no lugar, a simples ação me causou uma dor enorme nas costelas e pernas. Cansada de lutar, cedi:— Eu estou cansada John, só queria passar alguns minutos com você... — Murmurei fitando seu rosto vermelho.Ao ouvir minhas palavras, ele pareceu se acalmar um pouco.Suspirou e sentou-se na cadeira. Com o olhar me chamou para sentar no seu colo, em
DANNA PAOLA MADEROA mulher parada no meio do cômodo, com os braços cruzados e a expressão fechada, pareceu relaxar um pouco os ombros tensos. Ela me fitou por alguns instantes, seus olhos varreram meu corpo, desde de a bochecha roxa, aos braços um pouco expostos, acho que queria se convencer se valeria a pena.— Muito bem, vamos repassar o que vocês já tinham em mente, vou apenas acrescentar minha participação. — Tudo bem. — Concordei ignorando a vontade louca de gritar de alegria.Depois de planejar todos os pontos e modificar alguns, enfim, parecia mais real pra mim.— Se você for pega...— Não se preocupe, nunca vou falar sobre você, morrei negando. — Interrompi, não podia deixar que duvidasse da minha lealdade, meu pai me ensinou muito disso, no cartel, quem não era leal de certo morreria. — Se prepare.Balancei a cabeça freneticamente em concordância, mal podendo conter o sorriso largo, mesmo com o lábio cortado.— Guarde esse sorriso para quando sair. Por enquanto, aja como s
DANNA PAOLA MADERO Os pelos do meu corpo se arrepiaram com a voz grossa e decidida. Contraria aos meus sentimentos, sacudi a cabeça em negação, tentei puxar meu braço dentre a mão dele. — John! Não. Eu não posso fazer isso com você. Eu preciso ir. Mais rápido do que pude evitar ele passou na minha frente e trancou a porta à chave e jogou-a no bolso da calça. Seus movimentos brutos me assustaram um pouco, acabei recuando até encostar na parede. Meus olhos não saiam de cada movimento que ele fazia, ainda não tinha visto esse seu lado, parecia um bicho enjaulado. Sem que esperasse, ele se aproximou e segurou os dois lados do meu rosto, com metade das mãos enfiadas entre meus cabelos e os polegares nas bochechas. Ergui a cabeça e seus olhos me estudavam confusos. Eu o amo tanto que chega a doer. — Eu vou com você. — Mas eu... — Nada de mas, — me interrompeu firme — me conta agora o que vocês planejaram e eu ligo agora para o Mike busca-la e levar para minha casa. Não fale