JOHN BACKER
Eu havia acabado de conseguir um emprego como segurança em uma boate londrina: Luxury Hell. Pertencente à Paul Linse. Não sei muito sobre o cara, o que de verdade, não me importa, nunca tinha ido àquela boate, nem se quisesse, era uma das mais famosas da cidade, contendo prostitutas de luxo com direito e suíte master, bebidas e entorpecentes dos melhores. Contudo, nada disso me deixava animado a ir trabalhar naquele lugar. Mentira. Imagina viver dentro do "inferno de luxo"? Eu vou me esbaldar de sexo, modéstia à parte, sei que não preciso de dinheiro para conseguir isso de qualquer mulher, sempre me considerei expertise em conquista, nenhuma resistia a mim e ao meu charme bruto. Às vezes era difícil conseguir um emprego bom por conta de ter uma ficha criminal nada bonita de se ver, não que eu seja um criminoso, mas tenho duas ou três passagens pela polícia: uma apreensão de roubo em flagrante e uma tentativa de homicídio, e a outra nem lembro já que estava chapado demais para isso. —Você sabe Mike que preciso de um emprego que pague mais. Preciso de dinheiro. — Resmunguei como criança que perdeu seu brinquedo favorito no fundo da porra de um poço sem fundo. Me joguei no sofá pequeno da sala, onde também era minha cama nos últimos 2 anos. A mini casa que dividia com minha irmã Esme e sua mini filha Elise, possuía um quarto, um banheiro, uma sala em conjunto com a cozinha, apartamento de aproximadamente 40m², era o que cabia no meu orçamento. Vivíamos bem em Farnham, condado de Surrey, Inglaterra, antes de nosso pai, um soldado aposentado, morrer de infarto há quase 2 anos. Só tínhamos a casa onde morávamos desde de sempre, fomos obrigados a vendê-la para pagar as despesas do velório, não tinha nenhum parente para nos ajudar. Com o pouco dinheiro que sobrou, nos mudamos para Londres e alugamos este pequeno apartamento, comprei uma picape Toyota usada e comecei a trabalhar como motorista particular, e Esme como garçonete. Meu salário era bom, conseguia pagar o aluguel e minha irmã comprava mantimentos e cuidava de nós dois e do nosso apartamento. Só que isso mudou quando um desgraçado tentou pega-la a força na saída do trabalho. Não gosto nem de lembrar, e ele muito menos. Por esse motivo e pelo preço caro cobrado pelas babás para cuidar da minha sobrinha, aposentei Esme de trabalhar mais cedo. — Você vai dar um jeito. — Tomou um gole da cerveja barata que tinha na geladeira. Agora só preciso procurar um rumo de vida que beneficie a mim e a minha família. Puxei da mão dele e tomei o resto. Liguei a televisão e começamos a assistir uma partida de futebol. Mas no fundo nenhum de nós dois estávamos realmente interessados. — Vou indo nessa. — Se despediu e saiu. Já era tarde da noite, minha irmã e Elise dormiam há tempos. Respirei fundo, levantei e segui para o banheiro. Me livrei das roupas e entrei em baixo do chuveiro. Enquanto a água morna escorria pelo meu corpo nu, lembrei no quanto minha vida era boa até dois anos atrás. Eu não precisava trabalhar, era um puto, só queria saber de farra e rabo de saia. Eu era um verdadeiro "play boy", a mulherada amava isso, era uma diferente a cada dia. Foi em uma dessas festas que conheci Mike, há quase 10 anos atrás, foi ele quem me deu a ideia de vir morar aqui em Londres depois que tudo que tínhamos se acabou e as coisas se complicaram por lá, não queria gastar todo nosso dinheiro e deixar minha irmã e sobrinha sem teto. Meu pai se irritava muito com essa minha parte. Dizia que devia ser mais responsável, arranjar um emprego, casar e sossegar, blá, blá, blá. Mas ele não podia fazer nada para me mudar. A não ser morrer. Depois que meu velho morreu me deixando sozinho no mundo com minha irmã mais nova e um bebê sem pai. Eu tive que mudar, as circunstâncias me obrigaram a isso. Saí do banho enrolado com a toalha na cintura. Caminhei descalço pela casa com a intensão de tomar um copo de água antes de dormir. — Maninho? Me virei na direção da voz sonolenta. Uma Esme descabelada e com cara de sono apareceu na porta do quarto. Coloquei a mão no peito e fingi espanto. — Credo! Ela bufou e revirou os olhos. — Conseguiu? — perguntou interessada. Virei as costas e abri a geladeira pegando um copo de água. Bebi da maneira mais lenta impossível. — Fala logo John. — Sim. Passei por ela e desliguei as luzes da cozinha a deixando com uma cara paralisada no escuro. Ela sabia que com certeza a natureza desse emprego era duvidosa. E se sentia culpada, por diversas vezes, tentei convencê-la do contrário, mas ela não acreditava e continuava a se martirizar por isso. O motivo é que, a mesma foi atacada por um sujeito na rua enquanto saia do trabalho, eu como de costume, estava indo busca-la quando vi aquela cena, meu sangue ferveu, bati muito no cara. O mesmo registrou um boletim de ocorrência, e ainda descobri que o safado era filho de um juiz. Cheguei a ficar preso por uns 2 meses, até o Mike pagar um advogado e conseguir me tirar da cadeia. O criminoso real já havia fugido com a ajuda do pai e minha ficha nunca pôde ser limpa por falta de provas. Peguei uma cueca vesti e me joguei novamente no sofá, meu corpo estava tenso pelo dia agitado que tive. Só de lembrar que terei que aguentar olhar pra cara daquele loiro azedo do Paul por meses, sinto ânsia. Fecho os olhos e me forço a dormir. Amanhã a noite seria cheia.JOHN BACKER 10 da noite, e a boate começava a encher. Meu serviço consistia em ficar parado, feito um poste, vestido de terno preto, gravata e calça social, em um canto qualquer e expulsar clientes que começassem a fazer bagunça ou briga. A Luxury Hell era uma boate normal, a não ser pelo fato de não ser permitido a entrada de pessoas que não tenham uma renda mensal de menos que 2 milhões. Pista de dança cheia de gente suada e bêbada, que mesmo sendo pessoas ricas e "finas", também mereciam se divertir. Porém, o maior espetáculo era uma piscina gigantesca muito bem iluminada quase no meio do recinto, com mulheres que só vestiam uma mini calcinha se exibindo para os homens. Homens esses que entravam na piscina e comia quantas quisesse ali para todos verem. E também tinha o segundo piso, onde os milionários, e até algumas milionárias, assistiam mulheres quase nuas dando um verdadeiro show no polidance, ou iam até lá para beber e fumar. Enfim, o lugar é um enorme antro
JOHN BACKER Ela pareceu entender repetindo a pergunta no meu idioma. E porra, o sotaque dela era lindo e o inglês mais perfeito que o meu. — Conversar com você. E quem sabe até mais... — respondi deixando a frase inacabada. Ela com certeza soube do que eu estava falando e virou a cabeça para me encarar, sorri safado como um convite claro das más minhas intenções. A mexicana por sua vez tentava vestir uma máscara de frieza e calma, queria mostrar que não se sentia atraída por mim, sorri de lado travesso, já constatando minha vitória. Sua farsa falhou miseravelmente quando notei seus dedos finos com unhas bem cuidadas tremerem ao levar levemente o copo à boca, acompanhei com os olhos famintos cada movimento seu, o liquido sendo transferindo do copo para a boca carnuda e depois deslizando pela sua garganta... Imaginei outro tipo de liquido descendo pela garganta dela, um branco e quente... Meu corpo estava prestes a entrar em combustão tamanha a vontade selvagem de rasgar
DANNA PAOLA MADERO Passei muitos dias naquele lugar. Nua e acorrentada ao chão. A novidade era que aquela velha m*****a trouxe pelo menos um colchão para que o desconforto e o frio fossem menores. Ingênua, ainda pensei que sentisse um pouco de compaixão por mim, mas ela o fez apenas por que o chefe dela precisava de um lugar mais confortável para satisfazer seus desejos masculinos. Eu era usada todas as noites pelo mesmo homem. E quando ele me tocava, um pedacinho de mim morria. Todas as vezes que a porta era aberta e Paul passava por ela, minha esperança de ser resgatada também morria. E tudo o que eu queria era morrer de vez, o sofrimento não tinha fim, pelo contrário, se renovava a cada dia. Meu corpo estava imundo, havia mudado para algo quase irreconhecível, alguns ossos mais a mostra por debaixo da pele fina e pálida denunciavam a magreza. A comida era escassa, recebia apenas uma refeição por dia e um litro de água. Ele havia destruído tudo de bom que havia em mim, minh
DANNA PAOLA MADERO Primeiro fui arrastada à um banheiro decente, ela me deixou lá para banhar o quanto quisesse. Claro que aproveitei para tomar uns bons goles de água da torneira. Já que estava sem roupas mesmo só precisei ligar a ducha com a água morna. Lavei os cabelos com uns xampus. Me banhei como há tempos não fazia. Foi revigorante. — Ei já está bom. — Olívia berrou da porta do banheiro. Suspirei cansada. — "Déjame em paz". (Me deixa em paz) — Murmurei. A porta foi aberta bruscamente e a mulher me olhou séria e jogou uma toalha branca em mim. — Cala a porra da boca sua ridícula e cobre logo essa "ossada" aí. — Ralhou. Tentei fingir que não ouvi o que ela disse. Mas, doeu saber que meu corpo realmente estava "ridículo". Cheguei no fundo do poço. Segurei a toalha e me enrolei rapidamente. A mulher se virou e fez um gesto com a mão para que a seguisse. Fui atrás como um cão obediente. Caminhamos pelo corredor que eu conhecia um pouco, pelo trajeto diário até ou
DANNA PAOLA MADERO Não respondi. Continuei imóvel e calada. Baixei a cabeça para não o olhar. O cheiro bom da comida embaralhou meus pensamentos. Deus! Estou faminta! Ouvi seus passos pelo quarto, se aproximando. —Vamos lá. Anime-se bonequinha linda. — Passou a mão pelos meus cabelos, afagando. Esse tipo de "carinho" me enojava e fazia meu corpo tremer de medo do que viria a seguir. — Olha o que trouxe para você. Não me movi. Sabia que seu jogo ia começar. — MANDEI OLHAR CARALHO! — Gritou sem paciência, e seu carinho em meu cabelo se tornou forte, me obrigando a obedecer. — Foi difícil? Fiquei calada. Apenas o encarando e demostrando toda minha raiva somente pelo olhar. Olhei para a bandeja. O copo de água parecia tão gelado e bom... — Que olhinhos famintos. — Zombou com um sorriso largo no rosto. — Mas... — prolongou a palavra enquanto ainda segurava meu cabelo e depositava a bandeja na cama para poder abrir a calça, liberando seu pênis ereto. Minha vista
DANNA PAOLA MADERO Não tenho muita noção do tempo nesse lugar. Mas pelo que Olívia me disse, já faz pouco mais de 6 meses que estou aqui. Não sei onde estou, mas desconfio que não seja o México. As pessoas falam inglês, porém, não dá para saber exatamente em qual país, pois o inglês é universal, vários países o falam. Exatos meio ano sem saber o que é ver a luz do sol. Sem sentir seu toque quente na pele. O vento. O canto de pássaros. Nada. Me faz pensar que devia ter dado mais valor ao meu lar. Ter aproveitado mais. Se nada disso tivesse acontecido comigo, não teria percebido a importância de tais pequenos detalhes. Não que eu esteja agradecida por essa merda ter acontecido. Todo esse tempo já se passou e meu pai não apareceu para me salvar como salvou meu irmão. Ele deve ter me esquecido. Preciso sair dessa sozinha. — Danna querida, nos dê uma licença rápida. Precisamos tratar de negócios agora. — Paul toca minha cintura para me fazer sair do transe. Conco
DANNA PAOLA MADERO — Esperta você. Tive que aprender. Sabia bem que ele só estava sendo legal comigo para tranzar. Dei de ombros e não disse nada. Sentia seus olhos queimando meu corpo inteiro sob a intensidade de seu olhar penetrante. — Meu nome é John. John... Nome diferente dos garotos da minha escola mexicana. Parecia um nome de pessoas comuns do Estados Unidos ou Canadá. — Você é um milionário idiota que o Paul trouxe? Ele ficou em silêncio por alguns segundos. — Bilionário. — Corrigiu. Será um teste do Paul? Será que ele sabe desse cara aqui? — Eu tenho muito dinheiro... — Eu não ligo para dinheiro senhor. — Interrompi séria. Me virei para sair, mas ele segurou meu braço sem aplicar força dessa vez. Olhei a mão dele com uma tatuagem de algo que se parecia com um pássaro. — Eu também não ligo. Por isso não tenho onde cair morto. O olhei confusa e com uma imensa vontade de perguntar onde estávamos. Mas pareceria suspeito. Que tipo de pessoa
DANNA PAOLA MADERO Dia seguinte, acordei cedo, tomei banho, fiz minhas higienes matinais, vesti um roupão preto (que com muito custo consegui fazer com que Paul me deixasse vesti-lo). Sentei na cama, peguei um dos livros de romance que amava, Diário de Uma Paixão. A leitura não estava indo bem, eu não conseguia me concentrar. John não saia da minha cabeça. E pensar que ele trabalha aqui me deixa nervosa, não quero proximidade, pode acabar mal para ambos. Ele é tão lindo... Suspirei olhando o branco frio da parede. O que também não me saia da cabeça era Paul dizendo que me amava. Um amor doentio, de louco. Meus pensamentos foram interrompidos pela entrada de Olívia. — Aqui está seu café da manhã Sra. Linse. — Sim, ela me chama assim. — Não me chama disso. Já falei. — Reclamei tentando pegar a bandeja da mão dela. Olívia se afastou. — Eu te chamo como quiser garota. — Pegou o copo de leite e tomou todo. — Aposto que não precisa desse leite, já que Paul deve ter