JOHN BACKER Ela pareceu entender repetindo a pergunta no meu idioma. E porra, o sotaque dela era lindo e o inglês mais perfeito que o meu. — Conversar com você. E quem sabe até mais... — respondi deixando a frase inacabada. Ela com certeza soube do que eu estava falando e virou a cabeça para me encarar, sorri safado como um convite claro das más minhas intenções. A mexicana por sua vez tentava vestir uma máscara de frieza e calma, queria mostrar que não se sentia atraída por mim, sorri de lado travesso, já constatando minha vitória. Sua farsa falhou miseravelmente quando notei seus dedos finos com unhas bem cuidadas tremerem ao levar levemente o copo à boca, acompanhei com os olhos famintos cada movimento seu, o liquido sendo transferindo do copo para a boca carnuda e depois deslizando pela sua garganta... Imaginei outro tipo de liquido descendo pela garganta dela, um branco e quente... Meu corpo estava prestes a entrar em combustão tamanha a vontade selvagem de rasgar
DANNA PAOLA MADERO Passei muitos dias naquele lugar. Nua e acorrentada ao chão. A novidade era que aquela velha m*****a trouxe pelo menos um colchão para que o desconforto e o frio fossem menores. Ingênua, ainda pensei que sentisse um pouco de compaixão por mim, mas ela o fez apenas por que o chefe dela precisava de um lugar mais confortável para satisfazer seus desejos masculinos. Eu era usada todas as noites pelo mesmo homem. E quando ele me tocava, um pedacinho de mim morria. Todas as vezes que a porta era aberta e Paul passava por ela, minha esperança de ser resgatada também morria. E tudo o que eu queria era morrer de vez, o sofrimento não tinha fim, pelo contrário, se renovava a cada dia. Meu corpo estava imundo, havia mudado para algo quase irreconhecível, alguns ossos mais a mostra por debaixo da pele fina e pálida denunciavam a magreza. A comida era escassa, recebia apenas uma refeição por dia e um litro de água. Ele havia destruído tudo de bom que havia em mim, minh
DANNA PAOLA MADERO Primeiro fui arrastada à um banheiro decente, ela me deixou lá para banhar o quanto quisesse. Claro que aproveitei para tomar uns bons goles de água da torneira. Já que estava sem roupas mesmo só precisei ligar a ducha com a água morna. Lavei os cabelos com uns xampus. Me banhei como há tempos não fazia. Foi revigorante. — Ei já está bom. — Olívia berrou da porta do banheiro. Suspirei cansada. — "Déjame em paz". (Me deixa em paz) — Murmurei. A porta foi aberta bruscamente e a mulher me olhou séria e jogou uma toalha branca em mim. — Cala a porra da boca sua ridícula e cobre logo essa "ossada" aí. — Ralhou. Tentei fingir que não ouvi o que ela disse. Mas, doeu saber que meu corpo realmente estava "ridículo". Cheguei no fundo do poço. Segurei a toalha e me enrolei rapidamente. A mulher se virou e fez um gesto com a mão para que a seguisse. Fui atrás como um cão obediente. Caminhamos pelo corredor que eu conhecia um pouco, pelo trajeto diário até ou
DANNA PAOLA MADERO Não respondi. Continuei imóvel e calada. Baixei a cabeça para não o olhar. O cheiro bom da comida embaralhou meus pensamentos. Deus! Estou faminta! Ouvi seus passos pelo quarto, se aproximando. —Vamos lá. Anime-se bonequinha linda. — Passou a mão pelos meus cabelos, afagando. Esse tipo de "carinho" me enojava e fazia meu corpo tremer de medo do que viria a seguir. — Olha o que trouxe para você. Não me movi. Sabia que seu jogo ia começar. — MANDEI OLHAR CARALHO! — Gritou sem paciência, e seu carinho em meu cabelo se tornou forte, me obrigando a obedecer. — Foi difícil? Fiquei calada. Apenas o encarando e demostrando toda minha raiva somente pelo olhar. Olhei para a bandeja. O copo de água parecia tão gelado e bom... — Que olhinhos famintos. — Zombou com um sorriso largo no rosto. — Mas... — prolongou a palavra enquanto ainda segurava meu cabelo e depositava a bandeja na cama para poder abrir a calça, liberando seu pênis ereto. Minha vista
DANNA PAOLA MADERO Não tenho muita noção do tempo nesse lugar. Mas pelo que Olívia me disse, já faz pouco mais de 6 meses que estou aqui. Não sei onde estou, mas desconfio que não seja o México. As pessoas falam inglês, porém, não dá para saber exatamente em qual país, pois o inglês é universal, vários países o falam. Exatos meio ano sem saber o que é ver a luz do sol. Sem sentir seu toque quente na pele. O vento. O canto de pássaros. Nada. Me faz pensar que devia ter dado mais valor ao meu lar. Ter aproveitado mais. Se nada disso tivesse acontecido comigo, não teria percebido a importância de tais pequenos detalhes. Não que eu esteja agradecida por essa merda ter acontecido. Todo esse tempo já se passou e meu pai não apareceu para me salvar como salvou meu irmão. Ele deve ter me esquecido. Preciso sair dessa sozinha. — Danna querida, nos dê uma licença rápida. Precisamos tratar de negócios agora. — Paul toca minha cintura para me fazer sair do transe. Conco
DANNA PAOLA MADERO — Esperta você. Tive que aprender. Sabia bem que ele só estava sendo legal comigo para tranzar. Dei de ombros e não disse nada. Sentia seus olhos queimando meu corpo inteiro sob a intensidade de seu olhar penetrante. — Meu nome é John. John... Nome diferente dos garotos da minha escola mexicana. Parecia um nome de pessoas comuns do Estados Unidos ou Canadá. — Você é um milionário idiota que o Paul trouxe? Ele ficou em silêncio por alguns segundos. — Bilionário. — Corrigiu. Será um teste do Paul? Será que ele sabe desse cara aqui? — Eu tenho muito dinheiro... — Eu não ligo para dinheiro senhor. — Interrompi séria. Me virei para sair, mas ele segurou meu braço sem aplicar força dessa vez. Olhei a mão dele com uma tatuagem de algo que se parecia com um pássaro. — Eu também não ligo. Por isso não tenho onde cair morto. O olhei confusa e com uma imensa vontade de perguntar onde estávamos. Mas pareceria suspeito. Que tipo de pessoa
DANNA PAOLA MADERO Dia seguinte, acordei cedo, tomei banho, fiz minhas higienes matinais, vesti um roupão preto (que com muito custo consegui fazer com que Paul me deixasse vesti-lo). Sentei na cama, peguei um dos livros de romance que amava, Diário de Uma Paixão. A leitura não estava indo bem, eu não conseguia me concentrar. John não saia da minha cabeça. E pensar que ele trabalha aqui me deixa nervosa, não quero proximidade, pode acabar mal para ambos. Ele é tão lindo... Suspirei olhando o branco frio da parede. O que também não me saia da cabeça era Paul dizendo que me amava. Um amor doentio, de louco. Meus pensamentos foram interrompidos pela entrada de Olívia. — Aqui está seu café da manhã Sra. Linse. — Sim, ela me chama assim. — Não me chama disso. Já falei. — Reclamei tentando pegar a bandeja da mão dela. Olívia se afastou. — Eu te chamo como quiser garota. — Pegou o copo de leite e tomou todo. — Aposto que não precisa desse leite, já que Paul deve ter
DANNA PAOLA MADERO Paul brincava com um revólver na mão enquanto nos encarava. O segurança me soltou rápido. Levei as mãos ao pescoço para tentar aliviar a dor do aperto. — Paul ela estava se recusando a ir ao salão. — Olívia se manifestou rapidamente. Paul mantinha seus olhos fixos em mim, esperando uma confirmação. E agora? —É verdade Danna? Esse homem me faz odiar meu próprio nome. Olhei de soslaio para a víbora. —Sim, é verdade. — Respondi baixando a cabeça fingindo arrependimento. Senti a surpresa dela, mas a mesma não disse nada. Estaria nas minhas mãos agora, era uma vitória importante a se comemorar. Paul se aproximou e com o cano da arma me fez levantar a cabeça. Os olhos frios dele me encaravam transmitindo toda sua podridão. Tive que desviar a vista para não ver o que me tornaria se continuasse ali. — Vá para a boate e me espere lá. Automaticamente minhas pernas começaram a andar pelo corredor sem olhar para trás, mas ainda pude ouvir o e