05. LUXURY HELL

JOHN BACKER

10 da noite, e a boate começava a encher.

Meu serviço consistia em ficar parado, feito um poste, vestido de terno preto, gravata e calça social, em um canto qualquer e expulsar clientes que começassem a fazer bagunça ou briga.

A Luxury Hell era uma boate normal, a não ser pelo fato de não ser permitido a entrada de pessoas que não tenham uma renda mensal de menos que 2 milhões. Pista de dança cheia de gente suada e bêbada, que mesmo sendo pessoas ricas e "finas", também mereciam se divertir.

Porém, o maior espetáculo era uma piscina gigantesca muito bem iluminada quase no meio do recinto, com mulheres que só vestiam uma mini calcinha se exibindo para os homens.

Homens esses que entravam na piscina e comia quantas quisesse ali para todos verem.

E também tinha o segundo piso, onde os milionários, e até algumas milionárias, assistiam mulheres quase nuas dando um verdadeiro show no polidance, ou iam até lá para beber e fumar.

Enfim, o lugar é um enorme antro de perdição. Que eu particularmente adorei. Mal posso esperar para saber o que me aguarda nesse paraíso.

— E aí cara? Tá curtindo o serviço? — Dylan Tray, meu parceiro de trabalho, perguntou aos berros por causa da música alta.

Não o olhei no rosto. Continuei fazendo meu trabalho. Observando.

—Sim. — Respondi seco.

Ele continuou tagarelando no meu ouvido. Tudo que eu fazia era acenar com a cabeça para o que ele dizia. Esse cara não trabalha não?

Sem um pingo de paciência ia lhe perguntar exatamente isso, quando, meus olhos captaram algo além do meu compreensível.

A mulher mais linda que já vi na vida!

Porra!

A pele bronzeada em um contraste maravilhoso com seus cabelos longos com lindos cachos nas pontas, cor de chocolate. De onde estava não podia dizer com precisão qual a cor dos olhos, mas poderia apostar minhas cuecas que eram escuros como a noite.

Baixinha, mas para disfarçar isso, usava saltos pretos extremamente altos, o vestido vermelho e com um decote generoso apertava-lhe os seios médios e o corpo cheio de curvas maravilhosas que deixariam qualquer homem louco na hora. Inclusive eu.

Parecia nova demais para o lugar, menos que 20 anos.

A morena estava de pé, ao lado de Paul que fumava um baseado e conversava com vários homens em uma mesa mais afastada.

Deve ser uma submissa de Paul.

Não conseguia desviar os olhos dela.

— Ah aquela lá é inalcançável. Não é para nosso bico. — Dylan disse seguindo meu olhar e parando no pontinho de vermelho.

Por um momento desviei meus olhos da mulher e o encarei.

Ele riu.

Agora eu quem estava prestes a ser expulso da festa por quebrar os ossos da cara desse infeliz irritante.

— Por que? — perguntei fingindo desinteresse.

Ele apontou com a cabeça a mesa deles novamente, e dessa vez a morena estava sentada no colo de Paul enquanto o mesmo lhe beijava o pescoço.

— Ela é do chefe.

Ela é do chefe... Ela é do chefe.

Ela parece um anjo de tão doce.

Como posso está falando essas coisas de uma provável prostituta que de anjo não tem nada? Uma desconhecida. Esse trabalho de ver mulher gostosa toda hora está me deixando louco de pedra.

—Dizem que o pai e irmão a venderam para Paul. — Dylan continuou.

Não nego que se tivesse dinheiro também compraria uma puta gostosa dessa só para me satisfazer na cama, sem aquelas cobranças chatas e pegajosas que as mulheres adoram.

Nunca namorei e nem me apaixonei. Prometi a mim mesmo que mulher nenhuma vai me pôr coleira. Eu sou de todas. E nunca me importei em ter uma exclusiva.

— Sabe quem é o pai dessa garota?

Dylan voltou a falar.

Virei a cara tentando não dar importância.

— O próprio Juan Madero! Um narcotraficante, ele é o cara. "El Rey del tráfico". Chefe do cartel mais poderoso do México. Esse cara é uma lenda. Sabia que já escapou de 4 prisões? E... — Ele continuou falando, mas nessa altura eu não ouvia mais nada.

Então quer dizer que ela é mexicana?

Olhei novamente em sua direção, a morena caminhava sozinha rumo ao segundo solo. Sua bunda rebolava naturalmente, não parecia forçado, cada passo do salto agulha parecia pisar diretamente na ponta do meu pau. O cabelo balançava em cima da bunda de um lado para o outro, pra lá... pra cá... e... inferno! Estava totalmente enfeitiçado.

Percebi que nenhum homem dirigia o olhar a ela. Molengas.

Deixei Dylan falando sozinho e caminhei disfarçadamente até o segundo solo atras daquele atraente mel.

O local não estava tão cheio como lá em baixo, apenas algumas mesas ocupadas por homens de todas as idades bem vestidos. Mulheres lhes rondavam, e alguns até recebiam boquetes ali mesmo.

Meu alvo estava sentada em uma banqueta do balcão no bar. Sozinha. Nem mesmo o barman estava presente.

Olhei um pouco em volta e todos estavam absortos em seu próprio mundo. Nem notaram um simples segurança como eu.

Caminhei para mais perto. Cauteloso. Eu não sou burro. Sei que posso está me metendo em encrenca. Mas fazer o quê? Não tenho muito a perder e adoro um desafio.

A mulher segurava um copo de cristal com a mão pequena e delicada, dentro um líquido âmbar.

— O bom e velho uísque. Nada melhor que isso para fazer curar qualquer coisa. — Comecei uma conversa.

Me acomodei no banquinho ao lado da mesma. Ela, ao ouvir minha voz, virou a cabeça para me olhar.

Quase perdi o fôlego.

A morena era realmente linda, ainda mais de perto. Acho que causei algo nela também, mas logo disfarçou e desviou a vista.

Seus olhos eram negros como imaginei e os lábios cheios ostentavam um batom cor de vinho que combinava muito bem como seu rosto oval perfeito.

Ela me avaliou novamente e então desviou e voltou a olhar para a prateleira cheia de bebidas.

Esperei ela falar alguma coisa. Mas nada, me ignorou completamente.

Geralmente essas mulheres são a mesma coisa, mesmo que essa tivesse uma aparência mais de anjo e até um ar misterioso, sei que por dentro é uma diaba e está apenas se fazendo de difícil.

Como não sou homem de desistir na primeira tentativa, insisti para ver onde daria:

— Qual seu nome princesa? — Usei minha voz mais galante, sempre funciona com as mulheres.

Minha pergunta ficou no ar por um ou dois minutos. Ela nem mesmo me olhou.

Ia voltar a falar, quando a mesma se virou e me encarou, ainda com o copo de bebida na mão.

—¿Que quieres? (O que quer?) — Bom, ela realmente é mexicana. Digamos que não sei nada de espanhol, faltei algumas aulas.

Mesmo não entendendo nada do que ela disse, o som da sua voz era suave, quase podia degustar seu sabor doce.

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