DANNA PAOLA MADERO — Esperta você. Tive que aprender. Sabia bem que ele só estava sendo legal comigo para tranzar. Dei de ombros e não disse nada. Sentia seus olhos queimando meu corpo inteiro sob a intensidade de seu olhar penetrante. — Meu nome é John. John... Nome diferente dos garotos da minha escola mexicana. Parecia um nome de pessoas comuns do Estados Unidos ou Canadá. — Você é um milionário idiota que o Paul trouxe? Ele ficou em silêncio por alguns segundos. — Bilionário. — Corrigiu. Será um teste do Paul? Será que ele sabe desse cara aqui? — Eu tenho muito dinheiro... — Eu não ligo para dinheiro senhor. — Interrompi séria. Me virei para sair, mas ele segurou meu braço sem aplicar força dessa vez. Olhei a mão dele com uma tatuagem de algo que se parecia com um pássaro. — Eu também não ligo. Por isso não tenho onde cair morto. O olhei confusa e com uma imensa vontade de perguntar onde estávamos. Mas pareceria suspeito. Que tipo de pessoa
DANNA PAOLA MADERO Dia seguinte, acordei cedo, tomei banho, fiz minhas higienes matinais, vesti um roupão preto (que com muito custo consegui fazer com que Paul me deixasse vesti-lo). Sentei na cama, peguei um dos livros de romance que amava, Diário de Uma Paixão. A leitura não estava indo bem, eu não conseguia me concentrar. John não saia da minha cabeça. E pensar que ele trabalha aqui me deixa nervosa, não quero proximidade, pode acabar mal para ambos. Ele é tão lindo... Suspirei olhando o branco frio da parede. O que também não me saia da cabeça era Paul dizendo que me amava. Um amor doentio, de louco. Meus pensamentos foram interrompidos pela entrada de Olívia. — Aqui está seu café da manhã Sra. Linse. — Sim, ela me chama assim. — Não me chama disso. Já falei. — Reclamei tentando pegar a bandeja da mão dela. Olívia se afastou. — Eu te chamo como quiser garota. — Pegou o copo de leite e tomou todo. — Aposto que não precisa desse leite, já que Paul deve ter
DANNA PAOLA MADERO Paul brincava com um revólver na mão enquanto nos encarava. O segurança me soltou rápido. Levei as mãos ao pescoço para tentar aliviar a dor do aperto. — Paul ela estava se recusando a ir ao salão. — Olívia se manifestou rapidamente. Paul mantinha seus olhos fixos em mim, esperando uma confirmação. E agora? —É verdade Danna? Esse homem me faz odiar meu próprio nome. Olhei de soslaio para a víbora. —Sim, é verdade. — Respondi baixando a cabeça fingindo arrependimento. Senti a surpresa dela, mas a mesma não disse nada. Estaria nas minhas mãos agora, era uma vitória importante a se comemorar. Paul se aproximou e com o cano da arma me fez levantar a cabeça. Os olhos frios dele me encaravam transmitindo toda sua podridão. Tive que desviar a vista para não ver o que me tornaria se continuasse ali. — Vá para a boate e me espere lá. Automaticamente minhas pernas começaram a andar pelo corredor sem olhar para trás, mas ainda pude ouvir o e
DANNA PAOLA MADERO Minhas mãos foram para o seu peito o puxando mais para mim pelas pontas do terno. Eu me sentia nas nuvens agora. Nem o álcool foi capaz de me proporcionar tal sensação. Para mim o beijo pareceu durar horas, e eu não queria parar. Porém o fôlego faltou e fui obrigada a me afastar um pouco, respirando fundo para recuperar o ar. Ouvia também sua respiração alta. O coração batendo acelerado no peito embaixo da minha mão. — Tenho que ir. — Sussurrei quase sem voz. Paul devia está me procurando. — Fica mais comigo. Me livrei dos braços dele e o encarei. — Algum motivo para isso? — me fiz de forte, quando tudo que eu queria era beijar ele de novo e de novo. John sorriu malicioso. — Não diga que não quer também. Convencido. — Não. Não quero. — Neguei e lhe dei as costas caminhei até a porta do quartinho que só agora percebi que era o de limpeza. Ouvi ele se mover atrás de mim, ainda tentei abrir a porta e fugir, mas o mesmo me empurrou
JOHN BACKER Acordei depois do meio dia, comi a comida que a Esme tinha feito, dormi mais um pouco e acordei com a Elise pulando em cima de mim. — Acorda titio! Acorda! — ela berrava no meu ouvido com sua vozinha doce de bebê. Abri os olhos e a peguei no colo lhe fazendo cócegas. — Agora você vai me pagar danadinha. — Brinquei, ela ria alto toda feliz. Os cabelos dourados e enrolados todos jogados para o alto. Uma bagunça só. Ri também em ver sua felicidade. Essa menina alegra meus dias. — Elise deixa seu tio dormir querida. — Esme fala da cozinha. — A mamãe é chata. — Sussurrei no ouvido da pequena. Ela riu travessa e saiu correndo do meu colo, provavelmente foi contar para a mãe o que disse. Liguei a tv e estava passando um noticiário sobre um narcotraficante que estava sendo procurando pelo FBI. Fiquei interessado ao ver que se tratava de Juan Madero, o mexicano que tocava o terror por onde passava, me lembrei imediatamente das palavras de Dylan: "ela é a fi
JOHN BACKER Depois do que eu vi e ouvi Paul fazer àquela garota, eu não conseguia parar de pensar nela. Por que ela estava ali? Um pai seria mesmo capaz de vender uma filha? Pensei até em ligar para a polícia e denuncia-lo. Porém, sabia que seria inútil, além de estar colocando a mim e a minha família em perigo. O cara é muito rico e iria se livrar fácil dessa. Passei dias procurando por ela na boate. Mas sempre Paul aparecia sozinho. Onde ela estaria? O que teria acontecido depois daquela noite? Eu não me importava com os outros, para mim cada um tinha seus próprios problemas e que os resolvessem sozinhos. As únicas pessoas nesse mundo que importavam moravam comigo. Um dia finalmente a vi. Estava na pista de dança, obviamente dançando. E porra, todos os movimentos d
JOHN BACKER As lembranças claras da morena linda que eu via ali, invadiram minha mente, lembrei do beijo, das curvas lindas... Só posso estar ficando louco. O que estou fazendo parado aqui? De relance vi Dylan dirigindo um carro preto conversível. Estacionou em frente ao prédio. O que ele está fazendo aqui? Vi o Paul descer e depois Dylan. Pelo visto ele também é motorista do cara. Esperei meu chefe entrar na boate e desci do carro. — Dylan! — chamei de forma casual antes que o mesmo tomasse o caminho do outro. Ele imediatamente se virou e me reconheceu. — John! O que faz por aqui cara? Cheguei mais perto e olhei por cima do ombro dele, ainda vi as costas de Paul antes que sumisse porta a dentro. A boate estava fechada, não tinha ninguém nela durante o dia. Qual o motivo de ele vir aqui?
DANNA PAOLA MADERO Naquela noite, não dormi mesmo. Tracei todo um plano na minha mente. Tudo já estava planejado, até mesmo o lugar que vou morar ao sair daqui. Procurar meu pai e meu irmão estava fora de cogitação. Eles me venderam. E nunca mais vão saber de mim. Já era dia, podia ouvir o canto tímido de alguns poucos pássaros ao longe sufocados pelas buzinas barulhentas de carros. Eu continuava sentada na poltrona de maneira confortável. A porta foi aberta e uma mulher morena como eu passou por ela. Bastante alta, magra, cabelo crespo e curto, vestida com um terninho preto parecido com os seguranças daqui. A diferença era que a mesma usava saltos. Seu rosto era sério, sem resquícios de deboche como Olívia. Sem dizer uma palavra ou dirigir o olhar a mim, andou até o criado mudo e deixou a bandeja que eu nem notei que a mesma segurava. Por um momento pensei em atacar e