O salão de festas borbulhava de pessoas dançando, ao que parece com um globo de espelhos e música alta ninguém nunca iria sentira falta dos noivos.
Caminhamos em silêncio até o banheiro mais próximo, entramos e o fiz ficar em frente ao espelho. Haviam lâmpadas nas laterais dele, as liguei e pude observar os contornos do seu rosto com mais precisão.
— Vamos ver... — O olhei com atenção. — Está com os seus óculos horrorosos aqui? — ele ficou sério por alguns segundos. — Está ou não?! — fui firme.
Igor revirou os olhos avermelhados em desaprovação. — Olha, só pra você saber... eu os ganhei natal passado. E eu sei que são horríveis, não precisa lembrar-me disso... — sentou num banquinho perto da luz do espelho.
Tirei os saltos ficando aproximadamente da sua altura. — Ok... isso vai ser igual tirar um curativo... vamos fazer rápido. — Prendi os cabelos atrás da orelha. — Olha pra cima. — Igor ergueu os olhos para cima e com a ponta da unha tirei uma das lentes de contato. Igor segurava a caixinha das lentes em uma das mãos, a abri e pus lá dentro com todo o cuidado.
— Eu nunca imaginei que iria te ver fazendo isso...— ergui o rosto o olhando pelo espelho.
Tirei a outra lente e o vi respirar aliviado. Guardei as lentes na caixinha e pus os saltos novamente. — porquê diz isso? — questionei.
Ele piscou aliviado e lavou os olhos na pia, enquanto abotoava as tiras do sapato, eu observava-o de forma sutil seu reflexo no espelho, os óculos eram horríveis disso não havia dúvidas, mas no seu rosto expressivo e marcante eles caíam muito bem. — porquê você não é do tipo que parece querer uma família ou sei lá... cuidar de alguém. — Limpou as lentes. — Na verdade. Eu olho pra você e só vejo o seu potencial...— se encostou na pia me observando.
A música havia cessado e o barulho de conversas crescia a todo segundo. — Olha. Você não sabe nada sobre mim...— O olhei insegura, os seus olhos desenharam a minha boca com cuidado, desviei o olhar da sua mãos sai rumo ao salão.
Caminhei até a mesa em que estávamos sentados. Todos sorriam e acenavam, logo Igor sentou ao meu lado e o jantar foi servido.
[...]
Alguns dos amigos de faculdade do meu che... Igor. Estavam se acabando na pista de dança, muitas mulheres se arriscavam com os homens. Bah a essa altura estava sentada ao meu lado rindo e conversando com Katherine e eu. Nós falávamos de roupas, homens, família, coisas loucas do passado.
É claro que ambas já estavam bêbadas, de modo que a única em sã consciência ali, era eu.
Katherine se aproximou olhando para mim. — Sabe... você uma menina de sorte! — apontou. — Seu marido vai ser o melhor, você vai ver... — Bebeu outra taça de vinho seco.
Ri a olhando. — Katy...ele vai ser se eu não o matar antes de irmos ao altar... — ela gargalhou já alta com a bebida.
— Ela e muito engraçada, não é?! — Barbara ria com Katherine.
Suspirei olhando ao redor. Notei que meu chef... Igor não estava ao meu lado, olhei para as mesas e o avistei conversando com o que seriam sócios. Ele sorria segurando uma taça de champanhe nas mãos, um dos homens sorriu-me e ergueu a sua taça como forma de cumprimentos. Sorri de forma suave e assenti em silêncio, voltei os meus olhos para Igor e ele se mantinha calado com os olhos fixos em mim.
Engoli em seco.
— Vocês já sabem onde vão morar? — bah chamava-me atenção, a olhei confusa.
A música alta estava deixando-me surda. — O que? —
— Já sabem onde vão morar? — balbuciei.
— A... ah... e-eu não faço ideia... — meio que ri. — Mas creio que vou continuar com você, nós ainda somos colegas de A.P — beberiquei um pouco de água.
Katherine olhou-me fixo — que?..., mas irão estar casados! — bah riu me olhando em pânico. — Não! Não! Não! ... Eu vou falar com o Igor, precisam de uma casa! — Katherine ameaçou se levantar.
Ri desesperada — não... fica, olha eu juro que nós vamos morar na mesma casa. — Pedi para bah a levar para outro lugar.
Nunca tinha visto Kathy tão bêbada.
Barbara a segurou com cuidado — ah... vamos ao banheiro, bih aguenta as pontas. — Assenti.
Kathy estava bêbada, o que era estranho. Ela nunca bebia, e mesmo com toda a alegria aparente, algo nela dizia-me que estava triste e que ela descontava tudo na bebida. Suspirei observando as duas caminhando com certa "alegria" pelo salão. E mesmo após discursos sobre a vida dos noivos, ainda sim, pessoas — das quais eu nunca vi — chegavam à mesa me parabenizando pelo "grande homem que fisguei ou por ser uma garota de sorte"... eles nunca entenderiam se soubessem a verdade.
Pus o rosto entre as mãos, sentia-me estranha naquele lugar. A música parou e uma moça loira com belos olhos azuis falava ao microfone, atentei-me a fala o máximo que pude.
— Bem, sei que muitos me conhecem e Sabem que eu sempre torci por esse casal...— olhei incrédula para meu chefe que parecia confuso com isso também. — E por que eu os amos tanto, vou pedir para que os dois venham ao centro da pista. — Minhas pernas travaram na mesma hora. Igor caminhou inseguro para a pista e de repente um foco de luz caiu sobre mim, me deixando cega por alguns segundos. Todos gritavam pedindo que fosse para a pista, engoli em seco e levantei indo ao seu encontro. Olhei para a loira e ela sorriu.
A noite não podia ficar melhor!
— Bem, a noite e de vocês. — Olhou para o lado e acenou.Uma música começou a tocar, todos aplaudiram e gritaram. Igor estava sério, a sua mão segurou levemente a minha cintura e uma das minhas mãos, tentou se movimentar e eu pisei no seu Pé. Gemi escondendo uma careta, ele riu. A sua mão se estreitou me fazendo ficar colado no seu corpo, senti-me estranha e um pouco sem jeito. Ele suspirou me olhando — você e péssima dançarina... — sorriu relaxado.— E mesmo assim você quis casar comigo...— fui irônica e ele estreitou os olhos surpreso.Pisei no seu pé. — Ai!... Bianca! — falou entre dentes disfarçando no seu sorriso.— Desculpa, eu fui criada para montar cavalos, e administrar empresas não para dançar! — olhei ao redor.Ele sorriu sendo fingidamente simpático. — Eu só quero ter os meus dedos no lugar depois disso...— riu sem graça.Pisei com vontade dessa vez. — Opa, desculpa. — Ri.Igor sorria com uma veia levemente saltada na sua testa. — Você vai me pagar por isso...— ri o olhand
Ela insistia.— Chato — ela cantarolava no banco de trás.Ele riu dando partida. Ana mostrava a língua bem perto do rosto do meu chefe, os meus olhos salvaram em espanto e a estapeei a fazendo rir e cair no banco outra vez. Igor me olhou um pouco assustado, os seus movimentos eram calmos e um pouco calculados. Ri, e sentei-me novamente no banco como se nada estivesse a acontecer.Ele piscou — está bem... quero dizer, sente-se bem? — olhou para trás desconfiado.Ri sem jeito. — Estou.... é só, o dia foi bem agitado. — Clareei a garganta. — tinha uma mosca ai.. grhh... nojento. — ri nervosa.— é — riu — ele foi...— notei que a suas mãos pressionaram com mais força o volante.Um silêncio constrangedor instalou-se depois disso, olhei para a janela, sentindo o carro entrar em movimento a abri e um vento gelado porem agradável invadiu o carro. Encostei-me na porta vendo as luzes indo embora, alguns fios de cabelos ruivos meio cacheados dançavam com o vento forte e gélido da noite. Não me im
Joguei-me sobre a cama analisando o penteado bem elaborado que bah insistia em fazer em mim no dia do casamento. E eu como sempre achava aquilo uma tolice, mas diante de tanta insistência rendi-me a chatices e birras da minha amiga. O penteado era uma trança lateral com flores-do-campo pequenas com botões de cravos, enrolados no meio da trança. Entortei o canto da boca, barbara bufou. Suas mãos delicadas batiam no quadril em posição de alerta. – O que?! — estava irritada. Segurei o queixo com uma das mãos — não acha... que está um pouco assim...— Gemi — exagerado? — Sorri de forma sutil. Ela riu sem graça alguma, se voltou para o computador me dando a visão nítida das suas costas seminuas. Infelizmente a época de neve já havia passado, e o tempo estava voando muito rápido, E com ele as mudanças na minha vida. Suspirei observando-a procurar outra vez um penteado simples e moderno para a cerimónia no Civil. Joguei-me sobre a cama pensando em tudo o que já me havia acontecido desde o
Depois do almoço decidi olhar as opções de penteados que ele havia separado para mim.E só após ouvir todo o blá blá blá da minha amiga, ela finalmente decidiu que ia comprar bolinhos. Ri da sua bipolaridade, mas foi a hora perfeita para falar com a agente do banco. Abri o e-mail e me obriguei a digitar:"Boa tarde, Venho por meio deste informar que a dívida em questão será paga antes do final do mês, 08/16. A forma de pagamento será em depósito bancário na agência em questão. Desde já agradeço,Atenciosamente, Bianca keppener."Olhei para o e-mail. — Não... melhor não enviar agora. — Mordi a boca.Suspirei fitando a vidraça ao longe, logo acima da cabeceira da cama. O céu tinha grandes nuvens brancas com um nítido alaranjando e rosa entre elas, um presentinho dado pelo pôr do sol no bairro de manhattan. Abri uma aba a mais na barra de pesquisas, fazia algum tempo que não entrava em redes sociais, por falta de tempo e por não querer conversar com ninguém. Mas depois de uns tempos pa
Depois de alguns minutos de conversa desliguei a ligação, o fato de minha minha madrinha não estar comigo nesse dia o tornaria mais difícil e duro ainda para mim. Pensava que com a sua presença, talvez com o seu carinho de mãe, pudesse aliviar o tal fardo que me abriguei a aguentar. Pressionei com força o aparelho entre os dedos, então finalmente o pus no bolso da jaqueta. Caminhei um pouco depois disso, precisava de ar puro. E apesar de ser quase meio-dia não sentia fome alguma, então obriguei-me a caminhar sozinha pelo Central Park, sentindo a brisa passar entre meus cabelos, que vez ou outra se agitava e se chocava contra o meu rosto pálido e sem graça alguma. Notei que pessoas corriam com fones nos ouvidos naquele início de tarde, muitas delas não ligavam a mínima para mim ou simplesmente não me notavam por estarem distraídas demais com seus exercícios rotineiros. E isso era reconfortante para mim. Ser invisível. Depois que se aprende a ser invisível a todos, ser notado
Ela gemia nos meus braços, enquanto a carregava até o seu quarto, não fazia a menor ideia do que estava acontecendo e talvez os meus instintos de tentar proteger dessa vez não faria com que se acalmasse, de modo a termos uma conversa tranquila.Entrei no quarto olhando a cama analisando tudo ao redor, seu corpo trêmulo fazia contato direto com o meu, de um modo que a minha pele formigava de uma forma estranha.Debrucei-me sobre o seu corpo com uma das pernas apoiadas na beirada da cama no intuito de acomodá-la melhor o possível.Estava apavorado, nunca havia visto alguém no mesmo estado em que Bianca se encontrava, os seus gemidos e murmúrios eram de alguém com uma dor profunda e reprimida. Alisei os seus cabelos ruivos sobre a pele avermelhada de tanta força que fazia para conter os seus gritos contra o travesseiro de penas. Barbara chorava silenciosamente encostada no batente da porta, a olhei sibilando o que estava acontece
AgoraCarlos parou o carro, olhei lentamente para a porta da igreja. Flores com arranjos se espalhavam por todos os lados na entrada. Fechei os olhos tentando não chorar, com as mãos trêmulas, agarrei-me ao carro. Carlos tentou abrir a porta e eu não o impedi. Mas, pude perceber o seu sorriso sumir ao olhar-me nos olhos. Solucei enxugando as lágrimas — pode me dar alguns minutos? — ele assentiu.Respirei fundo olhando para a porta da igreja, uma mulher de vermelho com uma espécie de prancheta na mão acenava. — Quando eu me casei também fiquei nervoso. — O olhei surpresa. — Achei que iria desmaiar quando vi minha rosa Maria naquele vestido de renda. Mas, então eu encontrei os seus olhos, e uma paz tomou conta de mim...— sorriu.— Não sabia que era casado... —— E tenho dois filhos, senhora. — Beijou um cordão.Olhei para a mulher na porta da igreja, reprimi um grito.Carlos se abai
Zanzei pelo apartamento por um longo tempo, bah falava ao telefone e Katherine digitava algo em seu tablet. As olhei sem emoção alguma, as duas pareciam tão ansiosas pelo grande dia que, por um segundo, cheguei a compartilhar do mesmo sentimento de euforia. Mas para o meu bel-prazer. Essa euforia toda durou apenas alguns minutos.Era estranho ter que deixar a minha casa, minha vida e tudo o que havia construído de lado por um ano. Só para viver uma farsa, com um homem arrogante e que com toda a certeza iria me fazer querer pedir o divórcio em menos de um mês.Me inclinei sobre o sofá, Grey’s anatomy passava na TV, era minha série de médico favorita. Olhei para mim mesma, aquele era o meu último dia de solteira, o último dia para ser quem eu era. não que fosse grande coisa ser eu. Minha vida não passava de séries, livros, comida e sono. Antigamente havia um ‘trabalhar' no meio da lista, mas Igor já havia tirado isso de mim também.<