Joguei-me sobre a cama analisando o penteado bem elaborado que bah insistia em fazer em mim no dia do casamento. E eu como sempre achava aquilo uma tolice, mas diante de tanta insistência rendi-me a chatices e birras da minha amiga. O penteado era uma trança lateral com flores-do-campo pequenas com botões de cravos, enrolados no meio da trança. Entortei o canto da boca, barbara bufou.
Suas mãos delicadas batiam no quadril em posição de alerta. – O que?! — estava irritada. Segurei o queixo com uma das mãos — não acha... que está um pouco assim...— Gemi — exagerado? — Sorri de forma sutil. Ela riu sem graça alguma, se voltou para o computador me dando a visão nítida das suas costas seminuas. Infelizmente a época de neve já havia passado, e o tempo estava voando muito rápido, E com ele as mudanças na minha vida. Suspirei observando-a procurar outra vez um penteado simples e moderno para a cerimónia no Civil. Joguei-me sobre a cama pensando em tudo o que já me havia acontecido desde o "sim eu aceito". Engoli em seco, Igor havia recuperado o seu apartamento de forma milagrosa, ao que parece Anastácia não conseguiu tirar tudo o que pretendia. Larissa e o seu marido já haviam voltado de viagem a algumas semanas, e eu havia sido demitida na minha curta experiência de trabalho, e atualmente, meu nome e rosto eram alvo de ‘paparazzi’ pelas ruas. Suspirei olhando aquela bendita rachadura no teto de gesso, ouvi murmúrios e ergui a cabeça. Bah mostrava-me outro penteado, esse mais simples, porém chamativo. Os cabelos soltos com uma coroa de flores silvestres delicadas inclinada sobre os cabelos. Sorri encantada com a arrumação. Ela mordia a língua — então? — Parecia eufórica. Dei de ombros. — é... pode ser — travei o Telefone. Uma toalha foi jogada sobre mim — pode ser!? — revirei os olhos. — Bih você e tipo a Beyoncé do mundo de negócios! Você tem que arrasar, e não vem com essa de que "temos que ser discretos", você vai sair daqui como uma princesa...— suspirou. Descansei a cabeça entre os braços tentando relaxar, suspirei sentindo o cheiro da blusa de cor creme, feita de lã, além de macia ela deixava-me aquecida e apesar de ser um pouco grossa e cheia de fiapos de lã soltos, não me pinicava em nada. Bah contínuo com o discurso infinito de que mesmo sendo no Civil e mesmo sabendo que seria um casamento convencional ela se achava no direito de transformar-me numa noiva, clichê de novelas. Sentou ao meu lado, a luz do tablet incomodou-me um pouco, mas não tanto quanto as unhas preguiçosas do meu gato rolando sobre as minhas costas. Ela sorria alegre — você já pensou onde vão passar a lua de mel? — seus dedos hábeis dedilhavam sobre a tela com rapidez. Funguei — não vamos ter lua de mel Bárbara... e será que dá pra para de falar sobre ele o tempo todo! — levantei irritada. — QUE DROG*! parece até que gosta desse idiot*! — sai do quarto rumo a sala. Olhei a TV ligada no canal de notícias desviei o trajeto para a cozinha. Havia iogurte e cereal na bancada, peguei uma colher, e me encostei no mesmo olhando para a comida sem vontade alguma. Por fim larguei a colher mergulhando o rosto entre as mãos, respirei fundo olhando para a tela da TV. Bah em encarava séria com o tablet nas mãos. — Eu não estou feliz por você ficar um ano fora de casa... e por mim vocês não se casariam nunca... — chutou o chão sem jeito. — Bom, não desse jeito...— cerrei os olhos — olha, desculpe por encher a sua cabeça falando de... você sabe quem. — Deu de ombros com feições nada felizes. Remexi o iogurte novamente — tudo bem... — lambi a colher. — Desculpe por gritar... — voltei os olhos para a colher pouco suja de iogurte. O som de sua risada foi quase inaudível. Por fim sentou-se na banqueta a frente do balcão feito de concreto e uma grossa camada de madeira escura e envernizada, porém já pouco arranhada pelo tempo de uso. Sorri sem mostrar os dentes, remexi o iogurte e lambi a colher em silêncio. — Bih... olha — bah estava virada para a TV. Um policial dava entrevista sobre outro assassinato cometido pelo "açougueiro" barbara levantou pegando o controle da TV e aumentou o volume enquanto se sentava outra vez na banqueta. Imagens oscilavam entre o policial e os pedaços de um cadáver encontrado debaixo de um barraco feito de portas velhas a baixo de viaduto abandonado. Levei uma das mãos a boca. — " A polícia ainda está a investigar o caso do assassino em série mais conhecido como "o açougueiro" ainda não temos mais informações sobre o autor do crime, mas a indícios de que câmeras de segurança registraram o que pode ser o criminoso. Vale lembrar que essa já e a 4 vítima sem ligação aparente dentro de 3 meses. Vamos agora falar com o detetive responsável pelo caso. "— A repórter aproximou-se do local, haviam faixas amarelas demarcando o local. —" Por favor poderíamos fazer algumas perguntas?" — o mesmo homem que havia dado uma entrevista a algum tempo atrás, agora retornava, mas dessa vez ao olha-lo o achei familiar. De toda forma ignorei completamente, talvez esteja o confundindo com algum rosto no meio da multidão. — Bah... — Ela se voltou para mim. Pensei por um segundo em silêncio. — Nada... esquece...— comi um pouco mais de iogurte. Pus os óculos tentando o enxergar melhor. Mais o que tinha no seu rosto que me era muito familiar? Os seus traços? Os olhos? Talvez a simetria do rosto? De toda forma, o homem lembrava-me alguém. —" Detetive, pode nos dizer se já encontraram algum tipo de ligação entre essas vítimas? E se há algum tipo de padrão entre as vítimas?"— Suspirei mordendo a colher. —" Nós ainda estamos investigando a fundo, mas ao que parece a um tipo de padrão sim, entre as vítimas, infelizmente não podemos revelar tudo agora, as provas sobre as gravações vão para o inquérito e serão analisadas. Quanto ao os padrões podemos dizer que esse e diferente, não se encaixa com o estilo do nosso cara, mas tudo ainda e muito relativo. Apenas pedimos que a população fique tranquila, a polícia Civil e militar estarão fazendo reforços em rondas e patrulhas por toda a Cidade. Pedimos que pessoas não saíam desacompanhadas nem tão pouco tarde da noite. Isso não e um treinamento, estamos em estado de vigilância total. Isso e tudo". — A mulher concluiu a matéria e bah abaixou o volume novamente. Bateu no balcão — dá pra acreditar?!— parecia irritada. — Agora não vamos mais poder sair de casa porque um babac* fugiu do manicômio e está matando todo mundo, e o pior! — Prendi o riso. — é que a polícia não está fazendo drog* nenhuma...— segurei o queixo a olhando protestar. — Ah... não acha que... — — Shi!!!! — ergueu as mãos — eu estou no meio de um monólogo! — Ri cobrindo o rosto. — Ok...— comi cereal ouvindo os seus protestos.Depois do almoço decidi olhar as opções de penteados que ele havia separado para mim.E só após ouvir todo o blá blá blá da minha amiga, ela finalmente decidiu que ia comprar bolinhos. Ri da sua bipolaridade, mas foi a hora perfeita para falar com a agente do banco. Abri o e-mail e me obriguei a digitar:"Boa tarde, Venho por meio deste informar que a dívida em questão será paga antes do final do mês, 08/16. A forma de pagamento será em depósito bancário na agência em questão. Desde já agradeço,Atenciosamente, Bianca keppener."Olhei para o e-mail. — Não... melhor não enviar agora. — Mordi a boca.Suspirei fitando a vidraça ao longe, logo acima da cabeceira da cama. O céu tinha grandes nuvens brancas com um nítido alaranjando e rosa entre elas, um presentinho dado pelo pôr do sol no bairro de manhattan. Abri uma aba a mais na barra de pesquisas, fazia algum tempo que não entrava em redes sociais, por falta de tempo e por não querer conversar com ninguém. Mas depois de uns tempos pa
Depois de alguns minutos de conversa desliguei a ligação, o fato de minha minha madrinha não estar comigo nesse dia o tornaria mais difícil e duro ainda para mim. Pensava que com a sua presença, talvez com o seu carinho de mãe, pudesse aliviar o tal fardo que me abriguei a aguentar. Pressionei com força o aparelho entre os dedos, então finalmente o pus no bolso da jaqueta. Caminhei um pouco depois disso, precisava de ar puro. E apesar de ser quase meio-dia não sentia fome alguma, então obriguei-me a caminhar sozinha pelo Central Park, sentindo a brisa passar entre meus cabelos, que vez ou outra se agitava e se chocava contra o meu rosto pálido e sem graça alguma. Notei que pessoas corriam com fones nos ouvidos naquele início de tarde, muitas delas não ligavam a mínima para mim ou simplesmente não me notavam por estarem distraídas demais com seus exercícios rotineiros. E isso era reconfortante para mim. Ser invisível. Depois que se aprende a ser invisível a todos, ser notado
Ela gemia nos meus braços, enquanto a carregava até o seu quarto, não fazia a menor ideia do que estava acontecendo e talvez os meus instintos de tentar proteger dessa vez não faria com que se acalmasse, de modo a termos uma conversa tranquila.Entrei no quarto olhando a cama analisando tudo ao redor, seu corpo trêmulo fazia contato direto com o meu, de um modo que a minha pele formigava de uma forma estranha.Debrucei-me sobre o seu corpo com uma das pernas apoiadas na beirada da cama no intuito de acomodá-la melhor o possível.Estava apavorado, nunca havia visto alguém no mesmo estado em que Bianca se encontrava, os seus gemidos e murmúrios eram de alguém com uma dor profunda e reprimida. Alisei os seus cabelos ruivos sobre a pele avermelhada de tanta força que fazia para conter os seus gritos contra o travesseiro de penas. Barbara chorava silenciosamente encostada no batente da porta, a olhei sibilando o que estava acontece
AgoraCarlos parou o carro, olhei lentamente para a porta da igreja. Flores com arranjos se espalhavam por todos os lados na entrada. Fechei os olhos tentando não chorar, com as mãos trêmulas, agarrei-me ao carro. Carlos tentou abrir a porta e eu não o impedi. Mas, pude perceber o seu sorriso sumir ao olhar-me nos olhos. Solucei enxugando as lágrimas — pode me dar alguns minutos? — ele assentiu.Respirei fundo olhando para a porta da igreja, uma mulher de vermelho com uma espécie de prancheta na mão acenava. — Quando eu me casei também fiquei nervoso. — O olhei surpresa. — Achei que iria desmaiar quando vi minha rosa Maria naquele vestido de renda. Mas, então eu encontrei os seus olhos, e uma paz tomou conta de mim...— sorriu.— Não sabia que era casado... —— E tenho dois filhos, senhora. — Beijou um cordão.Olhei para a mulher na porta da igreja, reprimi um grito.Carlos se abai
Zanzei pelo apartamento por um longo tempo, bah falava ao telefone e Katherine digitava algo em seu tablet. As olhei sem emoção alguma, as duas pareciam tão ansiosas pelo grande dia que, por um segundo, cheguei a compartilhar do mesmo sentimento de euforia. Mas para o meu bel-prazer. Essa euforia toda durou apenas alguns minutos.Era estranho ter que deixar a minha casa, minha vida e tudo o que havia construído de lado por um ano. Só para viver uma farsa, com um homem arrogante e que com toda a certeza iria me fazer querer pedir o divórcio em menos de um mês.Me inclinei sobre o sofá, Grey’s anatomy passava na TV, era minha série de médico favorita. Olhei para mim mesma, aquele era o meu último dia de solteira, o último dia para ser quem eu era. não que fosse grande coisa ser eu. Minha vida não passava de séries, livros, comida e sono. Antigamente havia um ‘trabalhar' no meio da lista, mas Igor já havia tirado isso de mim também.<
Um babac* de argola no nariz tentava me agarrar, o empurrei e mais flashes surgiam do nada. Seu cheiro era de vinho barato — eu vi que você estava me encarando princesa... —— Me solta idiot*! — gritei.— Não se faz de santa, safad*. Sei que você me quer... — desceu suas mãos pelas minhas pernas. — Vou te deixar molhada — senti um volume cutucar minha bund*.Senti nojo.O chutei — eu disse pra me soltar! —Mais flashes surgiram, o olhei gemer palavrões, tentei controlar-me, a música alta e as luzes estavam-me deixando tonta, parecia que tudo ao redor ia explodir. Ele se recompôs e caminhou na minha direção. — Sua vadiazin*...— encolhi-me, então eu ouvi o barulho de algo colidindo no chão e logo após o barulho de copos sendo estilhaçado no chão. Cobri a boca ao perceber quem era o outro brutamontes brigando com o babac* do bar. Uma roda de pessoas abriu-se e eu me limitei a ficar em estado de choque parad
Meio hesitante toquei em seu braço, sorri meio sem jeito e ele suspirou — olha, não é uma estória feliz. Mas se insiste, quando os conheci, os dois estavam muito doentes, o pai tinha um caso grave de desnutrição e tuberculose. Fora as outras doenças infecciosas... — pisquei — a mãe, Quitana, também sofria com as desnutrições e a cólera os atingia de forma grave... sem falar nos surtos de ebola. — Passou as mãos pelo cabelo bagunçado — a mãe, não podia alimentar a filha, então, Zola desenvolveu um caso de anemia crítica e desnutrição crônica. Ela mal conseguia ficar sentada, os ossos amostra sobre a pele ressecada. — Seus olhos estavam perdidos no nada — ela pesava 9 quilos. Uma criança de 3 anos, pesando... — sua voz embargada cessou por um momento. — Ela era tão pequena... — respirou. — Os conflitos entre estados e governos da angola nunca param. Tem ideia de como e isso? — me olhou mostrando o terror no seu rosto — nunca ter paz, já não bastando a dor, a fome, ainda ter guerras por
Bianca.Louc*.Era isso que ele estava parecendo, um louc* maníaco que estava em algum tipo de surto psicóti*o. Seria fácil um Psicólogo o diagnosticar com algum tipo de síndrome ou surto mental. Estava explícito no seu rosto. Notei isso desde o momento em que toquei na sua mão, estava fria... e úmida.O seu rosto pálido, o suor e os lábios sem cor alguma, sem contar a respiração ofegante.O olhei com o canto dos olhos, Carlos dirigia com tranquilidade e segurança, Igor tremia a perna obsessivamente, enquanto fingia não estar ouvindo o barulho que o vestido fazia quando me mexia.A cerimônia durou quase uma hora, não conseguiria relatar nada do que o juiz disse, talvez por nervosismo, quem sabe devido às várias possibilidades e ideias loucas de sair correndo... ou simplesmente torcer para algum desastre natural acontecer e termos que adiar a cerimônia.&nb