capitulo 6

Joguei-me sobre a cama analisando o penteado bem elaborado que bah insistia em fazer em mim no dia do casamento. E eu como sempre achava aquilo uma tolice, mas diante de tanta insistência rendi-me a chatices e birras da minha amiga. O penteado era uma trança lateral com flores-do-campo pequenas com botões de cravos, enrolados no meio da trança. Entortei o canto da boca, barbara bufou.

Suas mãos delicadas batiam no quadril em posição de alerta. – O que?! — estava irritada.

Segurei o queixo com uma das mãos — não acha... que está um pouco assim...— Gemi — exagerado? — Sorri de forma sutil.

Ela riu sem graça alguma, se voltou para o computador me dando a visão nítida das suas costas seminuas. Infelizmente a época de neve já havia passado, e o tempo estava voando muito rápido, E com ele as mudanças na minha vida. Suspirei observando-a procurar outra vez um penteado simples e moderno para a cerimónia no Civil. Joguei-me sobre a cama pensando em tudo o que já me havia acontecido desde o "sim eu aceito". Engoli em seco, Igor havia recuperado o seu apartamento de forma milagrosa, ao que parece Anastácia não conseguiu tirar tudo o que pretendia.

Larissa e o seu marido já haviam voltado de viagem a algumas semanas, e eu havia sido demitida na minha curta experiência de trabalho, e atualmente, meu nome e rosto eram alvo de ‘paparazzi’ pelas ruas. Suspirei olhando aquela bendita rachadura no teto de gesso, ouvi murmúrios e ergui a cabeça. Bah mostrava-me outro penteado, esse mais simples, porém chamativo. Os cabelos soltos com uma coroa de flores silvestres delicadas inclinada sobre os cabelos. Sorri encantada com a arrumação.

Ela mordia a língua — então? — Parecia eufórica.

Dei de ombros. — é... pode ser — travei o Telefone.

Uma toalha foi jogada sobre mim — pode ser!? — revirei os olhos. — Bih você e tipo a Beyoncé do mundo de negócios! Você tem que arrasar, e não vem com essa de que "temos que ser discretos", você vai sair daqui como uma princesa...— suspirou.

Descansei a cabeça entre os braços tentando relaxar, suspirei sentindo o cheiro da blusa de cor creme, feita de lã, além de macia ela deixava-me aquecida e apesar de ser um pouco grossa e cheia de fiapos de lã soltos, não me pinicava em nada. Bah contínuo com o discurso infinito de que mesmo sendo no Civil e mesmo sabendo que seria um casamento convencional ela se achava no direito de transformar-me numa noiva, clichê de novelas.

Sentou ao meu lado, a luz do tablet incomodou-me um pouco, mas não tanto quanto as unhas preguiçosas do meu gato rolando sobre as minhas costas.

Ela sorria alegre — você já pensou onde vão passar a lua de mel? — seus dedos hábeis dedilhavam sobre a tela com rapidez.

Funguei — não vamos ter lua de mel Bárbara... e será que dá pra para de falar sobre ele o tempo todo! — levantei irritada. — QUE DROG*! parece até que gosta desse idiot*! — sai do quarto rumo a sala.

Olhei a TV ligada no canal de notícias desviei o trajeto para a cozinha. Havia iogurte e cereal na bancada, peguei uma colher, e me encostei no mesmo olhando para a comida sem vontade alguma. Por fim larguei a colher mergulhando o rosto entre as mãos, respirei fundo olhando para a tela da TV.

Bah em encarava séria com o tablet nas mãos. — Eu não estou feliz por você ficar um ano fora de casa... e por mim vocês não se casariam nunca... — chutou o chão sem jeito. — Bom, não desse jeito...— cerrei os olhos — olha, desculpe por encher a sua cabeça falando de... você sabe quem. — Deu de ombros com feições nada felizes.

Remexi o iogurte novamente — tudo bem... — lambi a colher. — Desculpe por gritar... — voltei os olhos para a colher pouco suja de iogurte.

O som de sua risada foi quase inaudível. Por fim sentou-se na banqueta a frente do balcão feito de concreto e uma grossa camada de madeira escura e envernizada, porém já pouco arranhada pelo tempo de uso. Sorri sem mostrar os dentes, remexi o iogurte e lambi a colher em silêncio.

— Bih... olha — bah estava virada para a TV.

Um policial dava entrevista sobre outro assassinato cometido pelo "açougueiro" barbara levantou pegando o controle da TV e aumentou o volume enquanto se sentava outra vez na banqueta. Imagens oscilavam entre o policial e os pedaços de um cadáver encontrado debaixo de um barraco feito de portas velhas a baixo de viaduto abandonado. Levei uma das mãos a boca.

— " A polícia ainda está a investigar o caso do assassino em série mais conhecido como "o açougueiro" ainda não temos mais informações sobre o autor do crime, mas a indícios de que câmeras de segurança registraram o que pode ser o criminoso. Vale lembrar que essa já e a 4 vítima sem ligação aparente dentro de 3 meses. Vamos agora falar com o detetive responsável pelo caso. "— A repórter aproximou-se do local, haviam faixas amarelas demarcando o local. —" Por favor poderíamos fazer algumas perguntas?" — o mesmo homem que havia dado uma entrevista a algum tempo atrás, agora retornava, mas dessa vez ao olha-lo o achei familiar. De toda forma ignorei completamente, talvez esteja o confundindo com algum rosto no meio da multidão.

— Bah... — Ela se voltou para mim. Pensei por um segundo em silêncio. — Nada... esquece...— comi um pouco mais de iogurte.

Pus os óculos tentando o enxergar melhor. Mais o que tinha no seu rosto que me era muito familiar? Os seus traços? Os olhos? Talvez a simetria do rosto? De toda forma, o homem lembrava-me alguém.

—" Detetive, pode nos dizer se já encontraram algum tipo de ligação entre essas vítimas? E se há algum tipo de padrão entre as vítimas?"— Suspirei mordendo a colher.

—" Nós ainda estamos investigando a fundo, mas ao que parece a um tipo de padrão sim, entre as vítimas, infelizmente não podemos revelar tudo agora, as provas sobre as gravações vão para o inquérito e serão analisadas. Quanto ao os padrões podemos dizer que esse e diferente, não se encaixa com o estilo do nosso cara, mas tudo ainda e muito relativo. Apenas pedimos que a população fique tranquila, a polícia Civil e militar estarão fazendo reforços em rondas e patrulhas por toda a Cidade. Pedimos que pessoas não saíam desacompanhadas nem tão pouco tarde da noite. Isso não e um treinamento, estamos em estado de vigilância total. Isso e tudo". — A mulher concluiu a matéria e bah abaixou o volume novamente.

Bateu no balcão — dá pra acreditar?!— parecia irritada. — Agora não vamos mais poder sair de casa porque um babac* fugiu do manicômio e está matando todo mundo, e o pior! — Prendi o riso. — é que a polícia não está fazendo drog* nenhuma...— segurei o queixo a olhando protestar.

— Ah... não acha que... —

— Shi!!!! — ergueu as mãos — eu estou no meio de um monólogo! — Ri cobrindo o rosto.

— Ok...— comi cereal ouvindo os seus protestos.

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