Ela insistia.
— Chato — ela cantarolava no banco de trás.
Ele riu dando partida. Ana mostrava a língua bem perto do rosto do meu chefe, os meus olhos salvaram em espanto e a estapeei a fazendo rir e cair no banco outra vez. Igor me olhou um pouco assustado, os seus movimentos eram calmos e um pouco calculados. Ri, e sentei-me novamente no banco como se nada estivesse a acontecer.
Ele piscou — está bem... quero dizer, sente-se bem? — olhou para trás desconfiado.
Ri sem jeito. — Estou.... é só, o dia foi bem agitado. — Clareei a garganta. — tinha uma mosca ai.. grhh... nojento. — ri nervosa.
— é — riu — ele foi...— notei que a suas mãos pressionaram com mais força o volante.
Um silêncio constrangedor instalou-se depois disso, olhei para a janela, sentindo o carro entrar em movimento a abri e um vento gelado porem agradável invadiu o carro. Encostei-me na porta vendo as luzes indo embora, alguns fios de cabelos ruivos meio cacheados dançavam com o vento forte e gélido da noite. Não me importei com os meus cabelos, ou se o vento gelado fazia a ponta do meu nariz ficar meio avermelhado e frio. Apenas olhei as luzes indo embora como pequenos vaga-lumes numa noite do campo.
Encarei a lua que sorria para todos da terra. — De onde está... pensa em mim?— gemi baixinho a olhando.
— porque não pergunta isso pra ele? — ri baixinho ouvindo-a reclamar.
Continuei debruçada sobre a janela, eu aí conseguir, eu precisava.
Não ia ser tão difícil estar casada por um ano, a final o que poderia dar errado?
(...)
Estacionamos o carro na frente do prédio, olhei pelos vidros as luzes que refletiam nas janelas do andar. Fiquei aliviada em ver luz na janela do meu apartamento acessa, com toda a certeza barbara já estava casa com os pés sobre o sofá. Tranquilizei-me com a ideia de tal coisa. Destravei o cinto e inclinei-me tentando alcançar os sapatos no banco de trás, Igor apenas me observava. Peguei os sapatos e abri a porta já saindo do sedã, o olhei uma última vez em completa timidez.
Baixei a vista — até mais — pus um dos pés fora e um afago chamou-me a atenção.
Ele estava inquieto. — Bianca... — a sua boca estava levemente entre aberta deixando que apenas dois dentes amostra. Sentei novamente no banco o observando — eu queria pedir desculpas... — sorriu sem jeito — eu... queria dizer tantas coisas. — Inclinei a cabeça deixando uma mecha de cabelo cair ao lado do rosto.
Engoli em seco — Igor, eu tenho que ir... — Apontei para fora do carro.
Tentei ser o mais firme possível, mas tudo o que saiu foi um fiapo de voz rouca e baixa.
Os seus dedos trambolhavam sobre o volante — sim, claro... eu só queria dizer que... — notei os seus dedos travados ao volante.
— Que? — sentia a sua respiração pesada bater contra o meu rosto.
Era quente, e o seu cheiro era de melancia.
Ele sorriu relaxando um pouco — que foi uma noite agradável... — voltou os seus olhos para o capô do carro.
Maneei a cabeça levemente rindo. — Boa noite senhor Gonzáles. — Desci do carro.
Sentia-me decepcionada. Droga, porquê estava decepcionada?
Não olhei para trás, entrei a passos firmes pela portaria do prédio. Uma placa de "em manutenção" estampava a porta do elevador. Subi as escadas um pouco pensativa, de certa forma meio que esperava algo a mais no carro, como um beijo ou sei lá..., mas do que estava falando? Ele havia me magoado, havia me ferido por dentro.
Ok, e daí que a sua presença tirava-me a sanidade mental as vezes?
E que o seu toque arrepiava-me de forma inapropriada, e que as vezes perdia-me no seu sorriso e... Droga Bianca! Está fazendo de novo!
Grunhi subindo as escadas. Já estava no terceiro lance quando senti o impacto, um homem descuidado descia as escadas de forma brusca atropelando qualquer um que visse pela frente. Segurei-me no corrimão e ele gemeu.
Olhei para seu rosto sentindo uma pequena dor na testa.
Soprei os cabelos que me caiam pelos olhos. O homem tinha uma das mãos na testa — ai... Jesus! eu te machuquei? — ele riu mostrando o rosto de forma calma.
— Está tudo... — os seus olhos cresceram — bem. — Corei.
Um frio na minha barriga tomou-me de repente, olhei um pouco familiarizada com o seu rosto. Apesar da sua aparência ser de um homem descuidado e talvez um pouco lento demais, tinha a leve impressão de já ver visto o homem pouco mais alto que eu de pele absurdamente branca com olheiras e óculos fundo de garrafa.
Tentei sorrir — jura?! que bom, pensei ter te cortado ao algo assim, desculpa, hoje eu to um desastre. — Enxuguei as mãos húmidas e pouco frias no vestido.
Ele estava sério, mas parecia assustado tanto que mal piscava. — Me desculpe pelo tombo, tenha uma boa noite senhorita. — Tomei fôlego para dizer algo, mas já era tarde o homem já havia sumido pelas escadas.
Olhei para meus pés, confusa notei que um rolo de fita de alguma máquina de câmera antiga havia caído no chão — gente estranha...—
examinei o objeto, voltei a subir.
Joguei-me sobre a cama analisando o penteado bem elaborado que bah insistia em fazer em mim no dia do casamento. E eu como sempre achava aquilo uma tolice, mas diante de tanta insistência rendi-me a chatices e birras da minha amiga. O penteado era uma trança lateral com flores-do-campo pequenas com botões de cravos, enrolados no meio da trança. Entortei o canto da boca, barbara bufou. Suas mãos delicadas batiam no quadril em posição de alerta. – O que?! — estava irritada. Segurei o queixo com uma das mãos — não acha... que está um pouco assim...— Gemi — exagerado? — Sorri de forma sutil. Ela riu sem graça alguma, se voltou para o computador me dando a visão nítida das suas costas seminuas. Infelizmente a época de neve já havia passado, e o tempo estava voando muito rápido, E com ele as mudanças na minha vida. Suspirei observando-a procurar outra vez um penteado simples e moderno para a cerimónia no Civil. Joguei-me sobre a cama pensando em tudo o que já me havia acontecido desde o
Depois do almoço decidi olhar as opções de penteados que ele havia separado para mim.E só após ouvir todo o blá blá blá da minha amiga, ela finalmente decidiu que ia comprar bolinhos. Ri da sua bipolaridade, mas foi a hora perfeita para falar com a agente do banco. Abri o e-mail e me obriguei a digitar:"Boa tarde, Venho por meio deste informar que a dívida em questão será paga antes do final do mês, 08/16. A forma de pagamento será em depósito bancário na agência em questão. Desde já agradeço,Atenciosamente, Bianca keppener."Olhei para o e-mail. — Não... melhor não enviar agora. — Mordi a boca.Suspirei fitando a vidraça ao longe, logo acima da cabeceira da cama. O céu tinha grandes nuvens brancas com um nítido alaranjando e rosa entre elas, um presentinho dado pelo pôr do sol no bairro de manhattan. Abri uma aba a mais na barra de pesquisas, fazia algum tempo que não entrava em redes sociais, por falta de tempo e por não querer conversar com ninguém. Mas depois de uns tempos pa
Depois de alguns minutos de conversa desliguei a ligação, o fato de minha minha madrinha não estar comigo nesse dia o tornaria mais difícil e duro ainda para mim. Pensava que com a sua presença, talvez com o seu carinho de mãe, pudesse aliviar o tal fardo que me abriguei a aguentar. Pressionei com força o aparelho entre os dedos, então finalmente o pus no bolso da jaqueta. Caminhei um pouco depois disso, precisava de ar puro. E apesar de ser quase meio-dia não sentia fome alguma, então obriguei-me a caminhar sozinha pelo Central Park, sentindo a brisa passar entre meus cabelos, que vez ou outra se agitava e se chocava contra o meu rosto pálido e sem graça alguma. Notei que pessoas corriam com fones nos ouvidos naquele início de tarde, muitas delas não ligavam a mínima para mim ou simplesmente não me notavam por estarem distraídas demais com seus exercícios rotineiros. E isso era reconfortante para mim. Ser invisível. Depois que se aprende a ser invisível a todos, ser notado
Ela gemia nos meus braços, enquanto a carregava até o seu quarto, não fazia a menor ideia do que estava acontecendo e talvez os meus instintos de tentar proteger dessa vez não faria com que se acalmasse, de modo a termos uma conversa tranquila.Entrei no quarto olhando a cama analisando tudo ao redor, seu corpo trêmulo fazia contato direto com o meu, de um modo que a minha pele formigava de uma forma estranha.Debrucei-me sobre o seu corpo com uma das pernas apoiadas na beirada da cama no intuito de acomodá-la melhor o possível.Estava apavorado, nunca havia visto alguém no mesmo estado em que Bianca se encontrava, os seus gemidos e murmúrios eram de alguém com uma dor profunda e reprimida. Alisei os seus cabelos ruivos sobre a pele avermelhada de tanta força que fazia para conter os seus gritos contra o travesseiro de penas. Barbara chorava silenciosamente encostada no batente da porta, a olhei sibilando o que estava acontece
AgoraCarlos parou o carro, olhei lentamente para a porta da igreja. Flores com arranjos se espalhavam por todos os lados na entrada. Fechei os olhos tentando não chorar, com as mãos trêmulas, agarrei-me ao carro. Carlos tentou abrir a porta e eu não o impedi. Mas, pude perceber o seu sorriso sumir ao olhar-me nos olhos. Solucei enxugando as lágrimas — pode me dar alguns minutos? — ele assentiu.Respirei fundo olhando para a porta da igreja, uma mulher de vermelho com uma espécie de prancheta na mão acenava. — Quando eu me casei também fiquei nervoso. — O olhei surpresa. — Achei que iria desmaiar quando vi minha rosa Maria naquele vestido de renda. Mas, então eu encontrei os seus olhos, e uma paz tomou conta de mim...— sorriu.— Não sabia que era casado... —— E tenho dois filhos, senhora. — Beijou um cordão.Olhei para a mulher na porta da igreja, reprimi um grito.Carlos se abai
Zanzei pelo apartamento por um longo tempo, bah falava ao telefone e Katherine digitava algo em seu tablet. As olhei sem emoção alguma, as duas pareciam tão ansiosas pelo grande dia que, por um segundo, cheguei a compartilhar do mesmo sentimento de euforia. Mas para o meu bel-prazer. Essa euforia toda durou apenas alguns minutos.Era estranho ter que deixar a minha casa, minha vida e tudo o que havia construído de lado por um ano. Só para viver uma farsa, com um homem arrogante e que com toda a certeza iria me fazer querer pedir o divórcio em menos de um mês.Me inclinei sobre o sofá, Grey’s anatomy passava na TV, era minha série de médico favorita. Olhei para mim mesma, aquele era o meu último dia de solteira, o último dia para ser quem eu era. não que fosse grande coisa ser eu. Minha vida não passava de séries, livros, comida e sono. Antigamente havia um ‘trabalhar' no meio da lista, mas Igor já havia tirado isso de mim também.<
Um babac* de argola no nariz tentava me agarrar, o empurrei e mais flashes surgiam do nada. Seu cheiro era de vinho barato — eu vi que você estava me encarando princesa... —— Me solta idiot*! — gritei.— Não se faz de santa, safad*. Sei que você me quer... — desceu suas mãos pelas minhas pernas. — Vou te deixar molhada — senti um volume cutucar minha bund*.Senti nojo.O chutei — eu disse pra me soltar! —Mais flashes surgiram, o olhei gemer palavrões, tentei controlar-me, a música alta e as luzes estavam-me deixando tonta, parecia que tudo ao redor ia explodir. Ele se recompôs e caminhou na minha direção. — Sua vadiazin*...— encolhi-me, então eu ouvi o barulho de algo colidindo no chão e logo após o barulho de copos sendo estilhaçado no chão. Cobri a boca ao perceber quem era o outro brutamontes brigando com o babac* do bar. Uma roda de pessoas abriu-se e eu me limitei a ficar em estado de choque parad
Meio hesitante toquei em seu braço, sorri meio sem jeito e ele suspirou — olha, não é uma estória feliz. Mas se insiste, quando os conheci, os dois estavam muito doentes, o pai tinha um caso grave de desnutrição e tuberculose. Fora as outras doenças infecciosas... — pisquei — a mãe, Quitana, também sofria com as desnutrições e a cólera os atingia de forma grave... sem falar nos surtos de ebola. — Passou as mãos pelo cabelo bagunçado — a mãe, não podia alimentar a filha, então, Zola desenvolveu um caso de anemia crítica e desnutrição crônica. Ela mal conseguia ficar sentada, os ossos amostra sobre a pele ressecada. — Seus olhos estavam perdidos no nada — ela pesava 9 quilos. Uma criança de 3 anos, pesando... — sua voz embargada cessou por um momento. — Ela era tão pequena... — respirou. — Os conflitos entre estados e governos da angola nunca param. Tem ideia de como e isso? — me olhou mostrando o terror no seu rosto — nunca ter paz, já não bastando a dor, a fome, ainda ter guerras por