Abri os olhos.
As janelas ainda estão abertas, conseguia ver todos os convidados lá fora. sinto-me o pior ser humano do mundo, desde que disse "aceito", ao seu pedido absurdo de casamento. Mas não posso retroceder, e muito tarde para isso.
O som das conversas anuncia ao longe que todos já estão se acomodando nos seus lugares. Olhei para o meu vestido preto com pedrarias na altura dos joelhos, estava bem arrumada, e mesmo angustiada por dentro, o meu sorriso superficial tinha que estar no meu rosto pálido com camadas de uma maquiagem. Caminhei até a porta a abrindo, suspirei indo rumo à recepção do jantar, todos os acionistas e amigos mais íntimos estariam na festa de noivado.
Um presentinho dado por Kathy, que surtou ao Saber que nós iríamos nos casar no civil.
Barbara havia se arrumado mais cedo e estava com Chuck na sua mesa, com seus pais e outros convidados. E apesar das suas palavras de ânimo em relação ao noivado terem sido de bom grado, cada passo meu em direção aquele salão era mais que um lamento.
Virei o corredor vendo as portas do salão abertas, contive uma lágrima e caminhei rumo a festa.
Eu o vi.
— Ok... vamos lá. — Cruzei os dedos
— Você Sabe que isso e meio que suicíd*o ne? — olhei com para Ana que comia um salgadinho de requeijão.
— Eu sei..., mas eu não posso parar agora. — Caminhei lentamente e com certo receio. — isso... é por Nós duas, por nossa casa... —
— Você está fazendo a coisa errada! — estalou a língua.
A olhei — ah, não enche! se tem uma ideia melhor então deveria ter dito isso antes! — Percebi que um dos garçons me olhava assustado.
— s-senhora?... está... tudo bem? —
— está! eu só... estou ensaiando um discurso... — Sorri constrangida e andei mais rápido até o meu chefe.
Igor estava parado, a suas costas largas se ajustavam no terno Preto. Alisei o vestido e ajustei as mangas, até finalmente parar ao seu lado.
— Oi...— tentei parecer calma.
Igor girou sobre os calcanhares me olhando surpreso. Desviei os meus olhos dos seus, e apesar de sorrir o meu peito doía. Os seus olhos agora com lentes de contato observaram-me com certa intensidade, afastei-me um pouco. — Nossa...— engoliu em seco. — Você está linda...— sorriu.
Pisquei. — Por favor... só... vamos terminar com isso de uma vez... — gemi baixinho.
— Claro... como quiser. — Me deu passagem e entrei na festa.
Haviam tantas mesas que seria impossível contar num primeiro olhar, travei na porta. Todos aplaudiram ouve assobios e provocações de amigos dele. Olhei para seu rosto um pouco sem jeito, e notei um sorriso de canto de boca, todos ainda nos aplaudiam, fechei os olhos tentando não surta.
— Bianca? — acariciou o meu rosto. — Está bem? — levantou o meu rosto com calma.
Acostumei-me com a luz forte — estou... — sorri.
Ele entrelaçou os nossos dedos e percebi que as minhas mãos estavam geladas, ou talvez as dele que estavam muito quentes. De todo modo preferi não comentar, com os dedos entrelaçados entramos no ambiente, a nossa mesa ficava bem no centro do salão, em meio a tantos sorrisos e acenos senti-me pequena.
Meu chefe puxou a cadeira para me sentar e logo após se sentou do meu lado, seu sorriso costumeiro estava no seu rosto outra vez. Baixei a vista para o medalhão no meu pescoço, o segurei com força quase que o amassando. Ele me observava quieto.
— Está bem? — piscou.
Respirei fundo tentando manter a cabeça no lugar. — Sim... — sorri. — To ótima...
— E que... está quase destruindo o medalhão... — o olhei séria.
Larguei a joia percebendo a minha atitude. — Estou bem...— sorri.
Ele bufou — Sabe essa e a pior mentira que as pessoas insistem em dizer. — Pisquei tentando não gritar na frente de todos — "Eu estou bem... Eu estou bem...", porque todos insistem em dizer essa mentira? — travei o maxilar o olhando.
— Porque todos acreditam nela facilmente...— sentia raiva.
A minha garganta ardia.
Ele encolheu-se fincando apenas uma das mãos sobre a mesa. Parecia constrangido. — Bianca, olha... e-eu... eu sei que isso não e o que você queria... e sinto muito por essa festa. Não fazia ideia que Kathy iria organizar isso tudo, se soubesse teria impedido...— os seus dedos acariciavam a minha bochecha.
O seu toque quente por um segundo fez-me relaxar, mas logo um flash bem nos meus olhos me cegou fazendo-me assustar com a claridade. Fechei os olhos por um curto período, não havia foco na minha visão, sorri disfarçando para as câmeras.
Disse entre sorrisos — seu idiot*...— pisquei incomodada com o fotografo.
Sorri sentindo uma irritação da luz, Igor pediu ao fotógrafo um pouco de privacidade e logo o homem saiu, me dando a oportunidade de respirar tranquila. Os seus dedos quentes descansaram na curvatura do meu pescoço com certa delicadeza. O olhei outra vez, mas com certa raiva em vez de fragilidade, tirei as suas mãos de mim, saindo da mesa em direção a mesa da minha amiga.
— Bianca... —
Não olhei para trás não queria dar-me o luxo de olhar no seu rosto outra vez.
Bah sorria conversando com Chuck, mas logo pôs-se em pé vindo ao meu encontro. — Bih... o que houve? — me abraçou no meio de todos.
Logo uma luz forte cegou-me irritando-me ainda mais. Olhei para o lado e outro fotógrafo registrava o "momento" para pôr em outra revista idiot* sobre fofoca. Gemi escondendo o rosto. — Por favor... me tira daqui... — suas mãos passaram na minha cintura me conduzindo até a saída mais próxima.
— Vem... vamos, eu vi um lugar tranquilo lá fora. — Andamos rumo ao jardim da casa de eventos. A lua brilhava lá em cima, com as estrelas.
Precisava pensar.
E assim fiz.
Sentamos perto de uma fonte de pedras cinzentas. O lugar estava cheio de luzes por todos os lugares, algumas pessoas caminhavam distraídas por perto, evitei levantar o rosto. Bah olhava-me aflita, e apesar do vestido longo verde musgo e a maquiagem bem trabalhada haviam pequenas rugas de preocupação no seu rosto delicado. — Bih... o que houve? — Secou uma lágrima.Cobri a boca um pouco tremula — eu não posso fazer isso... — os meus olhos ardiam. - Eu não consigo fingir... quando ele me toca eu lembro de tudo o que ouvi naquela maldita noite... — funguei na mão. — Eu tenho nojo de mim mesma... estou me vendendo como... como uma Grhhh... — Gemi enterrando os dedos na cabeça.Bah abraçou-me tentando me acalmar. — Bih... olha pra mim. — Pôs o meu rosto entre a suas mãos macias. — Presta atenção está bom?... vamos lá, você assinou um contrato prévio. — Me preparei para contestar, mas bah era bem convincente. — Fica quieta e deixa-me falar! Agora... assinou um contrato prévio, eu sei que es
O salão de festas borbulhava de pessoas dançando, ao que parece com um globo de espelhos e música alta ninguém nunca iria sentira falta dos noivos.Caminhamos em silêncio até o banheiro mais próximo, entramos e o fiz ficar em frente ao espelho. Haviam lâmpadas nas laterais dele, as liguei e pude observar os contornos do seu rosto com mais precisão.— Vamos ver... — O olhei com atenção. — Está com os seus óculos horrorosos aqui? — ele ficou sério por alguns segundos. — Está ou não?! — fui firme.Igor revirou os olhos avermelhados em desaprovação. — Olha, só pra você saber... eu os ganhei natal passado. E eu sei que são horríveis, não precisa lembrar-me disso... — sentou num banquinho perto da luz do espelho.Tirei os saltos ficando aproximadamente da sua altura. — Ok... isso vai ser igual tirar um curativo... vamos fazer rápido. — Prendi os cabelos atrás da orelha. — Olha pra cima. — Igor ergueu os olhos para cima e com a ponta da unha tirei uma das lentes de contato. Igor segurava a c
— Bem, a noite e de vocês. — Olhou para o lado e acenou.Uma música começou a tocar, todos aplaudiram e gritaram. Igor estava sério, a sua mão segurou levemente a minha cintura e uma das minhas mãos, tentou se movimentar e eu pisei no seu Pé. Gemi escondendo uma careta, ele riu. A sua mão se estreitou me fazendo ficar colado no seu corpo, senti-me estranha e um pouco sem jeito. Ele suspirou me olhando — você e péssima dançarina... — sorriu relaxado.— E mesmo assim você quis casar comigo...— fui irônica e ele estreitou os olhos surpreso.Pisei no seu pé. — Ai!... Bianca! — falou entre dentes disfarçando no seu sorriso.— Desculpa, eu fui criada para montar cavalos, e administrar empresas não para dançar! — olhei ao redor.Ele sorriu sendo fingidamente simpático. — Eu só quero ter os meus dedos no lugar depois disso...— riu sem graça.Pisei com vontade dessa vez. — Opa, desculpa. — Ri.Igor sorria com uma veia levemente saltada na sua testa. — Você vai me pagar por isso...— ri o olhand
Ela insistia.— Chato — ela cantarolava no banco de trás.Ele riu dando partida. Ana mostrava a língua bem perto do rosto do meu chefe, os meus olhos salvaram em espanto e a estapeei a fazendo rir e cair no banco outra vez. Igor me olhou um pouco assustado, os seus movimentos eram calmos e um pouco calculados. Ri, e sentei-me novamente no banco como se nada estivesse a acontecer.Ele piscou — está bem... quero dizer, sente-se bem? — olhou para trás desconfiado.Ri sem jeito. — Estou.... é só, o dia foi bem agitado. — Clareei a garganta. — tinha uma mosca ai.. grhh... nojento. — ri nervosa.— é — riu — ele foi...— notei que a suas mãos pressionaram com mais força o volante.Um silêncio constrangedor instalou-se depois disso, olhei para a janela, sentindo o carro entrar em movimento a abri e um vento gelado porem agradável invadiu o carro. Encostei-me na porta vendo as luzes indo embora, alguns fios de cabelos ruivos meio cacheados dançavam com o vento forte e gélido da noite. Não me im
Joguei-me sobre a cama analisando o penteado bem elaborado que bah insistia em fazer em mim no dia do casamento. E eu como sempre achava aquilo uma tolice, mas diante de tanta insistência rendi-me a chatices e birras da minha amiga. O penteado era uma trança lateral com flores-do-campo pequenas com botões de cravos, enrolados no meio da trança. Entortei o canto da boca, barbara bufou. Suas mãos delicadas batiam no quadril em posição de alerta. – O que?! — estava irritada. Segurei o queixo com uma das mãos — não acha... que está um pouco assim...— Gemi — exagerado? — Sorri de forma sutil. Ela riu sem graça alguma, se voltou para o computador me dando a visão nítida das suas costas seminuas. Infelizmente a época de neve já havia passado, e o tempo estava voando muito rápido, E com ele as mudanças na minha vida. Suspirei observando-a procurar outra vez um penteado simples e moderno para a cerimónia no Civil. Joguei-me sobre a cama pensando em tudo o que já me havia acontecido desde o
Depois do almoço decidi olhar as opções de penteados que ele havia separado para mim.E só após ouvir todo o blá blá blá da minha amiga, ela finalmente decidiu que ia comprar bolinhos. Ri da sua bipolaridade, mas foi a hora perfeita para falar com a agente do banco. Abri o e-mail e me obriguei a digitar:"Boa tarde, Venho por meio deste informar que a dívida em questão será paga antes do final do mês, 08/16. A forma de pagamento será em depósito bancário na agência em questão. Desde já agradeço,Atenciosamente, Bianca keppener."Olhei para o e-mail. — Não... melhor não enviar agora. — Mordi a boca.Suspirei fitando a vidraça ao longe, logo acima da cabeceira da cama. O céu tinha grandes nuvens brancas com um nítido alaranjando e rosa entre elas, um presentinho dado pelo pôr do sol no bairro de manhattan. Abri uma aba a mais na barra de pesquisas, fazia algum tempo que não entrava em redes sociais, por falta de tempo e por não querer conversar com ninguém. Mas depois de uns tempos pa
Depois de alguns minutos de conversa desliguei a ligação, o fato de minha minha madrinha não estar comigo nesse dia o tornaria mais difícil e duro ainda para mim. Pensava que com a sua presença, talvez com o seu carinho de mãe, pudesse aliviar o tal fardo que me abriguei a aguentar. Pressionei com força o aparelho entre os dedos, então finalmente o pus no bolso da jaqueta. Caminhei um pouco depois disso, precisava de ar puro. E apesar de ser quase meio-dia não sentia fome alguma, então obriguei-me a caminhar sozinha pelo Central Park, sentindo a brisa passar entre meus cabelos, que vez ou outra se agitava e se chocava contra o meu rosto pálido e sem graça alguma. Notei que pessoas corriam com fones nos ouvidos naquele início de tarde, muitas delas não ligavam a mínima para mim ou simplesmente não me notavam por estarem distraídas demais com seus exercícios rotineiros. E isso era reconfortante para mim. Ser invisível. Depois que se aprende a ser invisível a todos, ser notado
Ela gemia nos meus braços, enquanto a carregava até o seu quarto, não fazia a menor ideia do que estava acontecendo e talvez os meus instintos de tentar proteger dessa vez não faria com que se acalmasse, de modo a termos uma conversa tranquila.Entrei no quarto olhando a cama analisando tudo ao redor, seu corpo trêmulo fazia contato direto com o meu, de um modo que a minha pele formigava de uma forma estranha.Debrucei-me sobre o seu corpo com uma das pernas apoiadas na beirada da cama no intuito de acomodá-la melhor o possível.Estava apavorado, nunca havia visto alguém no mesmo estado em que Bianca se encontrava, os seus gemidos e murmúrios eram de alguém com uma dor profunda e reprimida. Alisei os seus cabelos ruivos sobre a pele avermelhada de tanta força que fazia para conter os seus gritos contra o travesseiro de penas. Barbara chorava silenciosamente encostada no batente da porta, a olhei sibilando o que estava acontece