Resolvi seguir o conselho da Ária ao pé da letra, passei a orar muito mais do que antes pela Daniela, na verdade tinha vezes em que eu orava até mais por ela do que por mim mesmo, e passei a me sentir muito mais confortado, passei a sofrer bem menos pelas repulsas dela. Passaram-se vários meses e eu me conformava muito mais com minha situação, mas ainda me pegava triste por não tê-la comigo as vezes, ainda sonhava com ela e ainda era fascinado pela beleza celestial daquela garota com olhar de anjo. Ela no entanto, é claro que não notou mudança alguma, aliás, nem ela nem ninguém, pois como eu disse antes, eu não passava de um mísero grão de areia.
Haviam-se passado um ano desde que a conheci, e ela ainda odiava quando me surpreendia olhando pra ela, mas houve uma vez em que foi diferente, ao invés de abaixar a cabeça ou virar para o outro lado como sempre eu fazia, dessa vez eu a enfrentei, o Edu até estava do meu lado nesse dia, e vendo que eu comecei a provocar, olhando diretamente nos olhos dela, começou a se incomodar:
– Que é que 'cê 'tá fazendo?
– Declarando guerra.
– Ficou maluco é? Ela vai vir aqui fazer outro daqueles escândalos.
– Acha que estou me preocupando com isso?
– Léo, que deu em você? Olha, lá vem ela, se vira sozinho, fui.
Ao ver que ela se aproximava se afastou e ficou olhando de longe, mas ao invés de me esculhambar como sempre ela fazia nessas situações, passou por mim, bufando de raiva e foi embora mas nem bem ela se afastou muito, aí eu provoquei de verdade:
– Tchau princesa! – Continuei olhando pra ela, o Edu ao ouvir isso quase caiu de costas, eu não sabia se ria da cara que ele fez, que passou por todas as cores, ou se ria da reação dela, preferi me concentrar nela. Como numa cena de filme, ela simplesmente parou, a uns três metros de mim, virou-se pra trás e perguntou:
– Você falou comigo? – Apontando o polegar direito pra si mesma.
– Falei sim, só falei tchau princesa! Algum problema nisso?
– Eu não acredito – ela riu baixinho, caminhou bem devagar em minha direção, parou a um metro de mim, não pude olhar pro Edu mas com certeza ele fez uma cara de assombro que eu dava tudo pra ver, fixou aqueles maravilhosos olhos claros dentro dos meus e tentou ser o mais ríspida e áspera que podia.
– Escuta uma coisa garoto...
– Garoto como se eu sou mais velho que você?
– Cale sua boca! – começou a levantar a voz – você não se enxerga não?
– Não.
– Nota-se, pois então trate de fazê-lo, acha mesmo que uma pessoa da minha classe ficaria com um moleque como você seu inútil? Ponha-se no seu lugar.
– Impossível...
– Eu mandei você ficar calado seu traste aliás, faz o seguinte – dessa vez ela fez algo inédito, chegou bem mais perto de mim, tão perto que dava até pra ouvir as batidas rápidas do coração dela, dava pra sentir seu perfume, até podia ouvir sua respiração a centímetros de mim, chegou a uns cinco centímetros do meu ouvido e falou baixo o bastante apenas pra que só eu ouvisse – por que é que você não volta pro buraco de onde saiu, esquece que eu existo e morre por lá mesmo? – dessa vez olhou bem de frente perto o bastante pra que meu nariz quase tocasse o dela, olhou fixamente dentro dos meus olhos enquanto perguntava ainda bem baixinho – ouviu? Morra, seu verme!
Virou-se de costas e foi embora batendo o salto da sandália no chão com força, de propósito pra fazer barulho. Quanto a mim, dessa vez fiquei chocado, ela nunca tinha chegado tão perto assim de mim, seus olhos tão perto dos meus, tão faiscantes, tão ríspidos pareciam quase a me ler por dentro, a própria aura da presença dela, embora carregada de ódio, me trancava até a respiração, aquela voz tão baixinha, embora com palavras tão ferinas, ainda soavam nos meus ouvidos guardando por várias horas ainda o tom daquela voz que de outra ocasião era doce e melodiosa. Foi aí que acordei pra realidade, o Edu estava do meu lado pondo a mão na minha testa:
– Que deu em você? Enlouqueceu? Que foi que ela te falou?
– Edu, chega de ficar choramingando pelos cantos morrendo de medo dessa víbora enquanto ela se acha dona de tudo pisando em todos como se fossem seus escravos, pouco me importa o que ela faz ou deixa de fazer da própria vida, em mim ela não pisa mais não.
É logico que eu estava mentindo, eu me importava com ela até mais do que comigo mesmo, eu só não queria dar o braço a torcer, estava começando a me cansar de ser envergonhado em público.
– Então pode comprar teu caixão pois o Daniel vai ficar sabendo disso.
– Acha que eu tenho medo dele? Ele pode ser realmente um cristãozinho de meia pataca, se é que se pode chamar aquilo de cristão, mas assassino nunca soube que ele era.
– “Ele” talvez não, mas os amigos dele por aí afora eu não sei não. Minha nossa, dessa vez você enlouqueceu mesmo!
Pois foi dito e feito, até que o Edu estava mais ou menos certo, uns dias depois, a noite, eu estava já com o case do violino nas costas sentando na moto pronto pra dar a partida, quando do meio do nada, uma mão surgiu por trás de mim e me tomou as chaves.
Daniel.
– Acho que já sei o que é que você quer.
– Que bom, então vamos direto ao assunto, nerdzinho idiota.
Ainda sentado na moto, com capacete não mão, fiquei apenas olhando enquanto ele falava:
– Eu só vou te falar uma única vez nerd, esquece a Daniela sacou? Já faz um tempo que eu tô sabendo que você anda provocando a minha gata, esquece a Daniela seu nerdzinho de merda, essa gata é minha, entendeu? Entendeu? – ele insistia esperando a resposta.
– Entendi – eu não me atrevia a responder absolutamente nada, fiquei de cabeça baixa olhando pro painel da moto só ouvindo ele falar, até porque o Daniel era bem maior que eu, enquanto eu tinha um metro e setenta e cinco, ele tinha muito mais do que isso, além de que fazia exercícios regularmente em academia, e tinha o corpo muito bem cuidado.
– Que bom que você entende rápido nerd, então CAI FORA! – gritou as últimas palavras jogando a chave em cima de mim e ainda ficou olhando desafiadoramente com os braços cruzados enquanto eu colocava o capacete, dava a partida na moto e saía.
Entrei pelo portão de casa, estacionei a moto nos fundos do antigo armazém como era de costume, tranquei, e subi as escadas correndo, joguei tudo no sofá da sala, corri pra meu quarto, me joguei na cama e fiquei ali olhando pro teto, eu não acreditava no que tinha acontecido, ela havia mesmo contado tudo pro Daniel, e contava sempre desde a primeira vez, era óbvio que eu me borrava de medo dele, nunca fui bom de briga e se ele me pegasse literalmente me quebraria todo, fiquei assim meio em estado de choque por uns quarenta minutos, o telefone tocou umas dez vezes, mas eu não consegui nem me mexer, me acalmei uma meia hora mais tarde quando resolvi assistir alguns daqueles slide shows que eu fazia com as fotos dela, e que agora eu postava no meu disco virtual na internet, pois eles foram se multiplicando tanto que começou a ficar difícil de esconder do Arthur. Como ele tinha pleno acesso no meu computador pessoal, uma por causa do trabalho pois foi ele que me arranjou esse emprego onde ele também trabalhava em meio expediente e outra por que era de uma marca que ele babava, uma marca de última geração que seus pais ainda não permitiam que ele comprasse por ser muito caro, tive de tirar os arquivos da Danny do computador e guardar em outro lugar, assim, eu poderia “vê-la” sempre que quisesse. Dormi meio assustado naquele dia, e por uns dias não tive nem coragem de “provocar” a víbora novamente.
Eu e o Edu sempre fazíamos alguns trabalhinhos extras pra nossa orquestra, era na verdade um pequeno grupo instrumental, composto de uns vinte instrumentos mais ou menos, dos quais eu e o Edu tocávamos violino, às vezes nosso dirigente, um pianista chamado Marcello Corrêa, pedia ora pra mim ora pro Edu, pra restaurarmos umas partituras antigas dele, a gente sempre ganhava uns trocados por causa disso, embora eu sempre insistisse que não precisava, ele fazia questão de pagar pelo serviço, o Marcello era muito gente boa, meio ocupado como todo pianista de igreja grande, mas sempre que eu sabia que ele tinha algum tempo livre, ligava pra ele e lá ia eu estudar piano na casa dele.
Mas dessa vez estávamos ensaiando uma música nova pra ser apresentada numa ocasião especial, e como ainda faltava uma parte pra imprimir, fiquei com um pendrive dele e combinamos que eu imprimiria em casa e levaria pra ele no ensaio seguinte, só que chegou o dia do ensaio seguinte, um domingo à tarde, e não sei por que casualidade do destino, fiquei sem energia elétrica em casa, embora eu tivesse nobreak a bateria não seria suficiente pra imprimir uma peça daquele tamanho, corri pra casa do Arthur, ele não estava em casa, fui pro Edu, a impressora dele quebrou, ligamos pra Ária, ela já tinha saído, comecei a me desesperar, a solução foi correr pra uma lanhouse e bancar a impressão do próprio bolso, felizmente tinha uma dessas lanhouses bem ao lado da igreja, é uma dessas que de tão perto a gente até pensa que é uma extensão do salão de jovens, de tantos que vão até lá aos sábados a tarde apenas pra “acessar o site da igreja” como eles diziam. Entramos eu e o Edu, a lanhouse estava lotada de gente querendo “ler a Bíblia” pelo computador, felizmente era domingo e ainda tinha um computador vazio, conectamos o pendrive e já atrasados pro ensaio iniciamos a impressão. eram umas trinta folhas, e pelo nosso horário o ensaio já tinha começado sem nós, aí a cada cinco minutos o Marcello ligava pra gente pra nos apressarmos, eu como fico completamente fora de controle quando sou apressado por alguém, passei o maior sufoco pra não esquecer nada na mesa até porque eu precisava salvar uma cópia da partitura em meu disco virtual, apenas por segurança e também porque eu guardava uma cópia de todas as peças que nossa pequena orquestra tocava, pagamos o rapaz do caixa e ao sair quase tive um troço ao cruzar com a minha deusa no corredor tive que parar, não tinha jeito ela percebeu que eu parei pra vê-la, mal deu pra ver os cabelos soltos no meio das costas pois ela já entrou logo bufando porta adentro, acho que com medo de que se eu olhasse demais talvez arrancasse um pedaço dela. Mas deu tudo certo mesmo tendo chegado meia hora atrasados no ensaio, o que pra mim era a pior coisa do mundo pois eu sempre odiei chegar atrasado aos meus compromissos, e muito mais ainda quando estes envolviam música.
Depois que essa ocasião especial passou, umas duas semanas mais ou menos, eu continuava fazendo meus slide shows com as fotos dela. Era a única maneira que eu tinha de ter um sorriso dela. Saí de casa uma tarde de sábado para ir ao culto jovem e cruzei com ela na recepção, só que dessa vez eu estava sozinho, mesmo tendo recebido uma prensa do Daniel naquele dia não pude deixar de mexer com ela de novo:
– Minha nossa, essa garota é um anjo.
Nesse exato instante a Ária apontou no portão da igreja e pôde ver quando a Danny se virou pra falar comigo, só que estranhamente, ela não brigou, eu já estava preparado pra outra chuva de pedras, mas dessa vez não veio nada:
– Leonardo me deixa em paz vai, eu não ando muito bem esses dias tá? – virou-se novamente e se foi rumo aos banheiros que ficavam nos fundos perto do estacionamento. Eu fiquei ali abismado, sem entender porque dessa vez ela não tinha brigado comigo.
– Ária você viu isso?
– O que?
– A Daniela não brigou comigo, será que ela está doente?
– Ela não anda muito bem com o Daniel, parece que eles andaram se estranhando.
– Será que finalmente ela tá abrindo os olhos para as brincadeiras daquele traste?
– Não acho não, eles brigam sempre por ciúmes dela ou dele, não é a primeira vez, é bem verdade que dessa vez parece que a coisa foi feia mesmo, mas não é a primeira vez não.
Depois disso, uns quarenta minutos depois ela estava de volta na igreja, e a julgar pelos olhos estivera chorando, aquilo cortou meu peito, ver o grande amor de minha vida sofrendo por alguma coisa e eu não podia ajudar. A irmã da Ária, era mais uma daquelas patricinhas nojentas dali e muito provavelmente uma das responsáveis pelo comportamento orgulhoso da Daniela e de muitas outras garotas dali, pois a Klísia era uma garota de muita influência, e ela estava lá pra consolar a Daniela, se bem que seu consolo não fosse lá grandes coisas, pois muitos diziam que elas se mereciam pois a amiguinha, era tanto víbora quanto ela. Continuei mais alguns dias com o coração apertado por causa daquelas lágrimas, morrendo de raiva do Daniel, seja lá o que fosse que ele estivesse aprontando, sonhando com aquele anjo, tentando imaginar o que teria acontecido dessa vez entre eles dois e por vários dias fiquei com a imagem de seus olhos molhados em minha mente.
Após terminar um sábado normal como qualquer outro, tive de insistir muito com o pessoal da orquestra pra não ir comer pizza na casa do Marcello, eu estava afim mesmo era de ficar sozinho, tinha uns trabalhinhos extras que eu precisava terminar então ao chegar em casa, tomei um banho, jantei e me enterrei no computador quando lá pelas nove e meia da noite ouvi batidas na porta: – Já vou – gritei. Tomei o maior susto da minha vida quando abri a porta, era impossível acreditar, mas era verdade. – Dan... Daniela? – não podia acreditar que ela estivesse ali, bem na minha frente, bem na minha varanda, batendo à porta da “minha” casa, eu seria capaz de esperar uma visita até do Papa, menos dela. Linda como sempre, usando a mesma roupa que ela usava no dia que ficou tão pertinho de mim pra me ferir com aquelas palavras duras, uma saia azul marinho pelos joelhos, camisa branca de botões, levemente transparente, sandália preta de s
E a gente continuou assim por mais um tempo que eu não faço a mínima ideia, só sei que passava da uma da manhã quando ela anunciou que precisava ir, isso depois da gente ter conversado sobre os mais diversos assuntos, era simplesmente inacreditável que ela estivesse ali como uma amiga qualquer, depois da gente ter conversado muito, meu anjo precisava ir embora, e isso significava que eu precisava acordar e por um instante isso me doeu, e ela percebeu isso, pois a gente caminhou meio calados do quarto até a porta da sala quando já no lado de fora ela rompeu o silêncio: – Não se preocupe por que aquela Daniela que você e todo mundo conheceu nunca mais volta. E ao dizer isso, ela passou a mão bem de leve nos cabelos da minha testa, eu não podia crer, mas novamente senti aquela temperatura altíssima ao sentir o toque da pele dela na minha testa, e vi que ela sentiu também pois puxou rápido a mão e a gente ficou ali os dois olhando um pro outro
– E por que você decidiu entregar aquilo que uma mulher tem de mais precioso na sua vida logo pra mim? – Acontece que ninguém consegue ser enganado a vida toda, ninguém é tão ingênuo assim, e aos poucos eu fui vendo que por mais sacrifícios que eu fazia pra ver se ele se afirmava na igreja, estava só perdendo meu tempo pois não tinha resultado nenhum, ele só me dava patada, era grosso comigo, não me dava carinho e ainda desfilava comigo pelas rodas de amigos dele como se eu fosse um troféu ou um objeto de valor, fui percebendo que ele só estava comigo interessado no meu corpo pois ele me pedia direto pra ir pra cama com ele, eu dizia que não, que não tinha coragem, que não seria tão hipócrita assim, mas ele não entendia, queria, queria, queria, aí a gente brigava, um dia eu tive que gritar com ele, ele me insistiu tanto, eu falando que não, que não, que não, tive de gritar, aí ele ficou bravo e me deu um tapa no rosto, eu... – Ele te batia?
Mas enfim chegou a noite, e conforme nosso combinado, cheguei mais cedo, preparei meu instrumento e fiquei lá embaixo entre meus poucos “amigos.”– Algum de vocês viu a Daniela? – Pra que você tá perguntando dela? – Espantou-se logo o Edu.– Estou preocupado, ela inda não chegou.– Você o quê? – perguntou o Marcello.– É que a gente combinou que se encontrava aqui e já vai dar sete e meia e até agora nada.– Léo, para de sonhar vai, você vai virar motivo de piada com esse tipo de brincadeirinha.– Poxa Ária, até você? Eu só estou preocupado, é que agora a gente 'tá namorando.– Vocês o que? – todo mundo quase que em coro, depois disso veio uma tempesta
Não sei se finalmente o veneno dela tinha me atingido ou se realmente eu “abria os olhos” como ela dizia, mas fazia sentido, fazia total sentido pois nos seis meses anteriores ao dia que a gente começou ela continuava a me humilhar e a me aborrecer, foi preciso que o Daniel a traísse para que ela decidisse ficar comigo, e como a Klísia dizia, quem poderia garantir que ela não estava querendo se vingar? É bem verdade que ela havia me jurado isso chorando, mas a Klísia estava certa, lágrimas nos olhos não provam nada, mas são altamente eficientes para convencer uma pessoa emotiva como eu, e a Daniela que todos conheciam era capaz de qualquer coisa, acho que até mesmo se aproveitar de sua aparência e de meu carinho por ela para me armar uma cilada. – Ela não seria capaz de fazer isso comigo. – E por que não? Só por que você é louco por ela? Seja realista “minha vida.” – Para de usar as palavras dela, Klísia e por
– Sabe o que isso significa, meu amor? – ela pensava primeiro nas consequências, pelo menos agora ela era assim.– Lá na igreja?– Sim, nós dois vamos ser excluídos.– É, eu sei, infelizmente sim. – agora ela conseguiu me deixar triste, desde que me batizei, isso quando ainda morava na casa de meus amigos, eu nunca tinha tido qualquer problema com a igreja, mas agora era a primeira vez, e não pensei em mim, pensei nela, eu ia expô-la a vergonha e ao ridículo de não ter sido firme a nossos princípios e agora estar grávida e logo de mim. – acha que devemos nos casar?– Com dois meses de namoro? Claro que não, quer dizer, não que eu não queira, eu quero sim, mas não vai adiantar muita coisa, eu já estou de seis semanas, sabe o que é isso? Cerca de um m&ecir
A ideia de que agora eu seria pai, me fez esquecer quase que todos os meus problemas, eu não queria saber de mais nada, só do meu filho e da minha mulher, embora morássemos cada um em suas casas, ambos, já nos considerávamos assim. Mas também sabíamos de nossas responsabilidades com a igreja, e decidimos ter uma conversa pessoal com o pastor da igreja e logo depois nos submetermos às decisões da comissão da igreja, que nós dois já sabíamos qual seria: Uma dupla exclusão, a qual a Danny me proibiu veementemente de sequer tocar no assunto de me lamentar ou qualquer coisa do tipo por causa dela, ela dizia que se tudo aconteceu foi por que ela colaborou, então não tinha por que ter pena. Achei que ela tinha razão e pus uma pedra no assunto. Decidimos não contar nada a ninguém antes de conversar com o pastor, o que nós descobrimos que deveria esperar um pouco pois o pastor estava viajando e demoraria vários dias para voltar, como ela ainda estava com menos de dois m
Na manhã seguinte, recebemos um telefonema do nosso pastor, nos avisando que um dos funcionários dos escritórios de direção da igreja assistiu nossa tarde de programação clássica e tinha gostado muito, aí estava querendo montar uma orquestra sinfônica a nível distrital e eram os nomes meu e do Marcello que estavam sendo cotados, na verdade esse era o grande sonho do Marcello, e eu também queria muito participar desse projeto só que tudo o que eu mais queria era sair dali, pois estávamos correndo risco de vida, eu a Danny que já estava com quase dois meses e meio de gestação e pra quem prestasse muita a atenção, o que não era quase ninguém agora que ela estava comigo, notaria que a barriga já não estava do tamanho normal. Aproveitei a oportunidade pra falar ao pastor que andávamos fazendo algumas “coisinhas erradas” que ele logo entendeu e prometeu que trataria disso logo que retornasse, não abri o jogo completamente pelo telefone, nem mesmo fal