Três anos atrás, os pais de Maia morreram em um acidente de carro enquanto salvavam os pais de Caio. Após a tragédia, os parentes oportunistas dividiram entre si todo o patrimônio da família Davis, deixando Maia sem nada.Com pena da jovem, Mestre Nunes, avô de Caio, decidiu acolhê-la na família Nunes, para que ela não acabasse desamparada. Temendo que Maia fosse maltratada, Mestre Nunes arranjou um casamento entre ela e Caio, com a intenção de torná-la oficialmente parte da família. Assim, os dois se tornaram um casal.Caio, no entanto, era extremamente popular. Em toda a Cidade Quilemba, não havia quem não conhecesse o primogênito da família Nunes. Bonito, charmoso e de presença marcante, ele era o sonho de muitas mulheres, que disputavam sua atenção. Ao lado dele, Maia parecia insignificante.Para manter Caio ao seu lado, Maia fazia de tudo, sem medir esforços. Choro, gritos e discussões eram coisas comuns no relacionamento deles. Qualquer mulher que tentasse se aproximar de Caio er
Depois de muito esforço, eles finalmente chegaram ao hospital mais próximo. Porém, após realizar os exames, o médico os encarou com uma expressão pesada e disse:— O ferimento no pé de Maia é muito grave. A única solução agora é amputar, removendo a parte necrosada. Se deixarmos a infecção avançar, há um grande risco de perder toda a perna.Ele fez uma pausa, como se quisesse preparar os dois para o que viria a seguir, e continuou:— Além disso, a desnutrição severa causou danos ao estômago e intestino dela. Para recuperar totalmente, pode levar pelo menos uns vinte anos de cuidados.Caio ficou paralisado com a notícia, como se tivesse levado uma pancada na cabeça. Ele demorou a reagir, mas de repente explodiu de raiva, dando um chute violento em uma cadeira, que foi parar no chão:— Como assim?! Um simples ferimento externo e vocês querem amputar?! Que tipo de médico medíocre é você? Para de falar besteira!Nana imediatamente o segurou pelo braço, tentando acalmá-lo:— Caio, calma! De
Nana ajustou a postura antes de se deitar na neve, cuidadosamente escolhendo um ângulo que parecesse convincente. Quando Caio chegou correndo, ansioso e preocupado, encontrou Nana caída ali, pálida e frágil, enquanto Maia já estava soterrada pela neve no fundo da montanha.Nana olhou para Caio e, com uma expressão de confusão, disse:— Maia não estava comigo. Não sei onde ela foi parar.Com essas palavras, Nana conseguiu desviar a atenção de Caio. Ele acabou sendo convencido a levá-la de volta ao hospital para receber cuidados, deixando Maia sozinha, abandonada ao pé da montanha, sem ninguém para socorrê-la.Desde que presenciara a morte dos pais, Maia havia desenvolvido um medo inexplicável de ficar sozinha. Porém, naquela época, ela ainda tinha Caio ao seu lado, o que a fazia sentir-se protegida. Era exatamente por esse motivo que ela concordara em acompanhá-los naquela viagem de esqui. Maia queria estar perto de Caio o máximo possível, mesmo com Nana sempre por perto tentando ocupá-
Maia já estava no hospital há três dias, mas, durante esse tempo, apenas uma enfermeira estagiária aparecia de vez em quando para limpar seus ferimentos e aplicar um pouco de medicamento.Dizer que era "tratamento" seria exagero. Tudo o que faziam era passar um antisséptico básico nos cortes. O efeito era quase nulo.A estagiária não tinha o menor cuidado. Suas mãos pesadas faziam Maia estremecer de dor, enquanto o suor frio escorria de sua testa. Ela agarrava o lençol com força, e seus dedos magros estavam tão tensos que as articulações ficavam brancas.Caio entrou no quarto no meio desse processo, e a cena o incomodou profundamente. Ele pegou o frasco de medicamento das mãos da enfermeira, irritado:— Por que você não diz que está doendo? Antes... você já não estaria fazendo drama e pedindo pra eu te consolar?Se fosse antes, Maia certamente faria birra e exigiria que Caio lhe fizesse todas as suas vontades. Mas agora, ela preferia suportar tudo em silêncio, engolindo a dor sem dizer
Caio virou-se para Maia, e o olhar que ele lançou estava carregado de desprezo:— Maia, você foi longe demais! Quero ver quanto tempo você consegue sobreviver sem a família Nunes! A partir de agora, o nosso noivado está rompido! Você não é mais minha noiva!Mestre Nunes ficou tão indignado que seu rosto ficou lívido. Ele apontou o dedo trêmulo para Caio, tentando falar.— Você... você é um cego... um ingrato...Antes que pudesse terminar a frase, o velho senhor fechou os olhos e desmaiou na frente de todos.Os médicos correram imediatamente para socorrê-lo e o levaram para ser atendido. Maia, vendo a cena, tentou se levantar de forma instintiva, mas seus ferimentos a impediram, e ela caiu de volta no chão.— Vovô... vovô... — Ela murmurou, com lágrimas nos olhos. Tentando desesperadamente alcançar Caio, ela puxou a barra da camisa dele com as mãos trêmulas e sussurrou com a voz embargada. — Por favor, me deixe vê-lo... Eu imploro...O sangue escorria junto de suas lágrimas, formando ma
Durante a internação de Maia, Caio foi algumas vezes perguntar sobre o estado dela, mas Vasco sempre o despistava com desculpas.— Você viu como ela está. Não coopera, e eu não posso fazer milagres. Quando ela decidir se tratar, vai se recuperar rápido. E, quando estiver no exterior, terão especialistas ainda melhores para cuidar dela. Pode ficar tranquilo.Caio, por um lado, sentia raiva das atitudes “teimosas” de Maia, mas, por outro, não conseguia deixar de sentir uma satisfação oculta. Afinal, essa obsessão dela só provava o quanto ele era importante para ela. Maia chegava ao ponto de se prejudicar fisicamente apenas para buscar sua atenção.— Maia, por que você não aceita logo o tratamento e se recupera? — Caio perguntou. — Por que insiste em se machucar assim e deixar sua saúde piorar?Maia, no entanto, apenas levantou os olhos e perguntou sem emoção:— O vovô já acordou?Toda a compaixão que Caio começava a sentir por ela evaporou instantaneamente. Ele riu com desprezo:— Você a
— Yaya! Caio parecia ter sido congelado no tempo. O sangue que escorria lentamente do corpo de Maia era como uma lâmina afiada atravessando seu peito, deixando-o sem ar. A dor que ele sentia era insuportável.— Yaya... Yaya... — Ele murmurou, com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas. Suas mãos tremiam enquanto seguravam as de Maia, geladas como gelo. Ele tentava, em vão, aquecer aquele corpo sem vida diante dele.Logo, médicos e enfermeiras chegaram correndo e, com pressa, colocaram Maia em uma maca. Ela foi levada às pressas para a sala de emergência.— Yaya, você não pode me deixar, por favor. Não morra, Maia, não morra! Eu te imploro, não morra! — Caio corria atrás dos médicos, sua voz trêmula, quase engasgando com cada palavra.As vozes dos médicos começaram a ecoar em sua mente como golpes:— O paciente sofreu fraturas múltiplas e graves em todos os membros, especialmente nas pernas.— Há uma hemorragia interna causada por danos severos aos órgãos.— O cérebro sofreu um impact
— Não pode ser! — Caio empurrou Nana com força, sem se importar quando ela caiu no chão. Ele estava completamente fora de si, tentando a todo custo se levantar. — Eu preciso vê-la. Eu preciso ver a Yaya...Mas, por mais que ele tentasse, suas pernas não conseguiam sustentá-lo. Ele caía no chão repetidas vezes. O sangue começou a escorrer de seus joelhos, manchando o piso de vermelho.Nana levantou-se rapidamente e o ajudou a voltar para a cama. Com lágrimas nos olhos e a voz embargada, ela tentou acalmá-lo:— Caio, por favor, não faça isso. Ver você assim me parte o coração. Pelo menos... pelo menos a irmã Maia ainda está viva. Se procurarmos um jeito, ela vai acordar. Mas você precisa se acalmar, tudo bem?As palavras de Nana, aos poucos, fizeram o Caio frenético se acalmar. Ele respirou fundo e, com um olhar decidido, chamou um dos seguranças:— Quero voltar para a família Nunes agora. Dizem que pacientes em coma precisam de estímulos emocionais para despertar. Se eu encontrar algo q