Capítulo 6
Caio virou-se para Maia, e o olhar que ele lançou estava carregado de desprezo:

— Maia, você foi longe demais! Quero ver quanto tempo você consegue sobreviver sem a família Nunes! A partir de agora, o nosso noivado está rompido! Você não é mais minha noiva!

Mestre Nunes ficou tão indignado que seu rosto ficou lívido. Ele apontou o dedo trêmulo para Caio, tentando falar.

— Você... você é um cego... um ingrato...

Antes que pudesse terminar a frase, o velho senhor fechou os olhos e desmaiou na frente de todos.

Os médicos correram imediatamente para socorrê-lo e o levaram para ser atendido. Maia, vendo a cena, tentou se levantar de forma instintiva, mas seus ferimentos a impediram, e ela caiu de volta no chão.

— Vovô... vovô... — Ela murmurou, com lágrimas nos olhos. Tentando desesperadamente alcançar Caio, ela puxou a barra da camisa dele com as mãos trêmulas e sussurrou com a voz embargada. — Por favor, me deixe vê-lo... Eu imploro...

O sangue escorria junto de suas lágrimas, formando manchas no chão como pequenas flores vermelhas.

Mas Caio afastou-se dela com nojo, soltando-se de seu toque:

— Você ainda quer fingir? Se não fosse por suas intrigas, como meu avô teria ficado tão doente? Maia, você é desprezível!

Ele se virou e saiu do quarto, seguindo os médicos. Antes de ir embora, ele ordenou aos seguranças:

— Fiquem de olho nela. Não deixem que saia daqui.

Algumas horas depois, os pais de Caio, que estavam fora da cidade, chegaram ao hospital às pressas.

— A gente fica fora por alguns dias e acontece uma coisa dessas! — O pai de Caio, Sandro, exclamou, furioso. Ele apontou o dedo para o filho, dando início a uma bronca. — Seu irresponsável! Se alguma coisa acontecer com o seu avô, eu vou acabar com você!

Sandro parecia prestes a perder a paciência de vez, e só não partiu para a agressão porque Ângela, a mãe de Caio, interveio rapidamente, colocando-se entre os dois.

Nana, que estava por perto, aproveitou para intervir com sua voz doce e calma:

— Foi a Maia de novo, tia Ângela. Ela começou a fazer drama, e o Caio só tentou colocar um pouco de juízo nela. Mas então ela foi reclamar com o vovô, e ele... Ele ficou assim.

Ao ouvir o nome de Maia, o rosto de Ângela se fechou instantaneamente:

— Uma órfã, sem ninguém no mundo, e ainda tem coragem de causar confusão dentro da nossa família. Ela acha que é o quê? Uma princesa? Só porque teve a sorte de se aproximar de nós, acha que pode se transformar em cisne? Que ridículo!

Caio não conseguiu evitar franzir a testa ao ouvir aquilo. Ele tentou argumentar:

— Mãe, não fale assim. Afinal, os pais da Maia morreram para salvar a sua vida e a do meu pai...

— Chega! — Sandro interrompeu com firmeza. — Só porque aconteceu isso, você acha que temos que aturar essa garota mimada para sempre? Olha o que ela está causando! Se você insistir em se casar com ela, o nome da família Nunes vai virar piada! A melhor coisa que podemos fazer é romper logo esse noivado e mandar essa encrenqueira embora!

A primeira reação de Caio foi negar. Ele nunca tivera a intenção de romper de verdade com Maia. O que queria era apenas assustá-la, fazê-la obedecer. Mas ele sabia que Maia estava ferida, sem ninguém para ajudá-la. Se ele a abandonasse, quem cuidaria dela?

Nana, percebendo a hesitação de Caio, deu um passo à frente e colocou a mão suavemente no braço dele.

— Se você insistir agora, só vai deixar seus pais ainda mais irritados com a Maia. Não é melhor resolver isso com calma? Ainda temos tempo.

Ela fez uma pausa, como se pensasse em algo, e então sugeriu:

— Que tal mandar a Maia para o exterior? Ela está assim porque está muito dependente de você. Talvez, longe daqui, ela possa se acalmar e pensar melhor. Quando o vovô melhorar, vocês podem decidir o que fazer.

Os pais de Caio aceitaram a sugestão imediatamente. Na verdade, Ângela e Sandro estavam mais do que dispostos a tirar Maia do caminho o quanto antes.

Caio, por sua vez, segurou a mão de Nana e agradeceu:

— Ainda bem que você está aqui. Mesmo depois de tudo o que Maia fez com você, ainda assim você pensa no bem dela...

Nana sorriu, com um ar gentil e compreensivo:

— Como eu poderia guardar rancor? Irmã Maia só está passando por um momento difícil. Não seria justo culpá-la por isso.

Enquanto isso, Maia continuava trancada no quarto do hospital. Sem ninguém com quem falar, ela passava os dias mexendo no celular.

Ela abriu a galeria de fotos, onde havia muitas imagens suas com Caio. No começo, eram apenas os dois. Maia e Caio dividindo uma xícara de café, de mãos dadas enquanto caminhavam... Pequenos momentos que eram a prova de um amor que um dia havia sido verdadeiro.

Mas, em algum momento, Nana começou a aparecer em todas as fotos. Mesmo nos encontros que deveriam ser só deles, lá estava ela, sempre por perto.

Maia passou as fotos com os dedos, sentindo um aperto no peito. Abrindo o aplicativo do Twitter, ela viu centenas de posts antigos. Quase todos eram sobre Caio: fotos do dia a dia, textos emocionados que ela escrevia nos aniversários de namoro...

Os comentários das pessoas eram duros, criticando como ela parecia viver apenas para o amor, como se sua vida inteira girasse em torno de Caio.

Maia leu tudo em silêncio, com um sorriso amargo no rosto. Ela balançou a cabeça, como se quisesse rir de si mesma. No fundo, sabia que não fazia mais sentido guardar aquelas memórias.

Com um último olhar para a tela, ela pressionou o botão de excluir a conta.
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