Capítulo 5
Maia já estava no hospital há três dias, mas, durante esse tempo, apenas uma enfermeira estagiária aparecia de vez em quando para limpar seus ferimentos e aplicar um pouco de medicamento.

Dizer que era "tratamento" seria exagero. Tudo o que faziam era passar um antisséptico básico nos cortes. O efeito era quase nulo.

A estagiária não tinha o menor cuidado. Suas mãos pesadas faziam Maia estremecer de dor, enquanto o suor frio escorria de sua testa. Ela agarrava o lençol com força, e seus dedos magros estavam tão tensos que as articulações ficavam brancas.

Caio entrou no quarto no meio desse processo, e a cena o incomodou profundamente. Ele pegou o frasco de medicamento das mãos da enfermeira, irritado:

— Por que você não diz que está doendo? Antes... você já não estaria fazendo drama e pedindo pra eu te consolar?

Se fosse antes, Maia certamente faria birra e exigiria que Caio lhe fizesse todas as suas vontades. Mas agora, ela preferia suportar tudo em silêncio, engolindo a dor sem dizer uma palavra.

Caio abaixou o tom de voz, tentando chamar sua atenção:

— Maia, fala alguma coisa. Só quero ouvir você admitir que errou e pedir desculpas. Se você fizer isso, podemos resolver as coisas.

No fundo, ele ainda queria dar uma chance a ela. Para Caio, Maia era sua noiva, sua mulher, alguém que sempre pertenceria a ele.

Mas Maia desviou o olhar, recusando-se a encará-lo. Com a voz calma, ela respondeu:

— Me desculpe por ter dado trabalho antes. Isso não vai mais acontecer. Se o noivado está te incomodando, eu posso conversar com o vovô e pedir para cancelar.

Ao ouvir essas palavras, Caio franziu as sobrancelhas. Ele não conseguiu esconder sua irritação:

— O quê? Maia, você está armando mais um dos seus joguinhos? Para com isso! Chega de ser tão infantil e absurda!

Ele parecia uma fera furiosa. Atirou o frasco de remédio no chão e saiu do quarto, batendo a porta com força. Os frascos espalhados ficaram pelo chão, e Maia ficou sozinha no quarto, encarando o vazio.

Ela soltou uma risada fraca, quase inaudível. Não havia truque algum por trás do que ela dissera. Era apenas a verdade, nada mais.

No dia seguinte, Mestre Nunes apareceu na porta do quarto. Quando viu o velho senhor, que era mais que um parente, quase um anjo da guarda, os olhos de Maia imediatamente se encheram de lágrimas.

Durante os dias que passou sozinha na montanha, sua maior preocupação, além do medo da morte, era o bem-estar daquele homem que sempre cuidou dela como ninguém.

Depois que seus pais morreram, foi Mestre Nunes quem a segurou pela mão e a levou para a família Nunes. Ele cuidou de tudo, garantindo que ela tivesse o melhor: roupas, comida, educação. Ele sempre dizia:

— Se algum dia você sofrer ou se sentir injustiçada, venha me procurar. Não importa o que aconteça, eu vou te proteger.

Maia tentou disfarçar seus sentimentos. Ela não queria preocupar o velho senhor, especialmente agora que estava prestes a ir embora. Porém, ao ver os ferimentos na perna dela, Mestre Nunes ficou furioso. Seu rosto ficou vermelho, e sua voz ressoou como um trovão:

— O que está acontecendo nesse hospital? Vocês sabem o que estão fazendo? Como podem tratar Maia desse jeito? Isso aqui é um circo ou o quê?

Ele bateu o cajado no chão com força, e o som ecoou pelo quarto. Mestre Nunes, que já foi um homem poderoso nos negócios, ainda exalava uma autoridade imponente. Bastaram duas frases para que Vasco começasse a suar frio.

— N-Não se irrite, senhor! — Gaguejou Vasco, tentando se defender. — Eu sou um especialista. Eu jamais cometeria um erro. A culpa é da própria Maia! Ela não coopera com o tratamento e faz isso para chamar a atenção e ganhar sua compaixão.

— O quê? — Mestre Nunes nem esperou Vasco terminar. Ele ergueu o cajado e o acertou com tanta força que Vasco caiu no chão, gemendo de dor.

— Seu moleque insolente! Vai mentir na minha cara? Achou que poderia brincar comigo? Quero ver se você tem coragem de abrir a boca de novo!

Nana, ouvindo o barulho, correu até o quarto. Ela entrou apressada e encontrou Vasco no chão, tentando se levantar. Fingindo preocupação, ela se dirigiu ao avô:

— O que houve, vovô? Foi Maia quem te deixou bravo de novo? Por favor, não fique assim. Maia sempre foi difícil, mas não vale a pena se estressar com ela...

Antes que ela terminasse de falar, Mestre Nunes levantou a mão e acertou um tapa forte no rosto dela. O som da bofetada ecoou pelo quarto.

— Maia? Maia nunca me deu um motivo para me aborrecer! Agora você e o seu irmão, o que acham que são? Acham que eu não sei quem vocês são de verdade? Dois aproveitadores sem vergonha, tentando enganar até a mim! Quero ver como vocês vão pagar por isso!

O tapa foi tão forte que Nana cambaleou, e uma linha fina de sangue escorreu pelo canto de sua boca.

Caio chegou nesse momento e viu a cena. Ele correu para amparar Nana, que, aproveitando a oportunidade, se jogou nos braços dele, soluçando e tremendo:

— Caio, me desculpe... Eu não sei o que a irmã Maia disse ao vovô para ele me odiar assim. Mas está tudo bem. Se isso o deixa mais calmo, ele pode continuar me batendo...

Caio a segurou com firmeza e olhou para ela com seriedade. Em seguida, declarou:

— Ela? Comparar você com ela? Nem pensar. Comigo aqui, ninguém vai te tocar! Quero ver quem vai se atrever.
Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App