Caio não se lembrava de como havia voltado ao hospital. Quando percebeu, já estava sentado ao lado da cama de Maia, o rosto coberto de lágrimas.Maia continuava deitada, com os olhos fechados, tão silenciosa que parecia ausente de tudo. Apenas o leve movimento de seu peito provava que ela ainda estava viva.Caio olhou para os traços serenos de seu rosto e não conseguiu conter o choro. Ele cobriu o rosto com as mãos, sentindo o peso esmagador da culpa. Nana estava certa.Por mais que Nana e Vasco fossem monstros, o que ele havia feito a Maia era ainda pior. Ele sabia disso. Como tudo podia ter chegado a esse ponto? Ele realmente a amava no começo. Então, como foi capaz de machucá-la tanto?sEle se lembrou de cada erro, cada escolha que levou Maia até ali. Se ele não tivesse ido à festa de aniversário com Nana... Se ele não tivesse discutido com Maia naquele dia... Se ele não tivesse deixado Maia para trás durante a viagem de esqui...O quarto estava mergulhado em um silêncio pesado, int
Após pular da sacada, Maia sentiu como se sua consciência fosse engolida por uma escuridão profunda. Ela olhou ao redor, confusa, até que uma luz brilhante surgiu à distância.Uma voz calma e suave falou com ela:— Vá, seu desejo está prestes a ser realizado.Sem entender, Maia seguiu instintivamente em direção à luz. Quando abriu os olhos novamente, encontrou-se em um lugar familiar, mas ao mesmo tempo distante. Ela olhou para o teto acima de sua cabeça, reconhecendo-o imediatamente. Era o quarto da velha casa da família Davis, na distante Cidade Dondo.Seu corpo, que havia estado adormecido por tanto tempo, ainda estava fraco. Ela se sentou com dificuldade, analisando o ambiente ao seu redor. Tudo estava exatamente como antes.Maia franziu o cenho, surpresa. Depois que seus pais morreram heroicamente, salvando outras pessoas, a empresa e as ações da família haviam sido tomadas por parentes gananciosos. A casa também fora colocada à venda, mas, por estar muito velha, ninguém quis comp
Maia conseguiu um emprego em uma floricultura perto de sua nova casa. Embora o salário fosse modesto, ela adorava o trabalho. Poder transmitir beleza e alegria para os outros fazia com que ela se sentisse feliz e realizada. Durante o tempo que passou na loja, ela também fez novas amizades.— Bom dia, Renata! — Maia entrou na loja com um sorriso radiante.A dona da loja, Renata, rapidamente empurrou um toast quentinhos para ela:— Maia, experimenta! Fui eu mesma que fiz hoje de manhã.Depois de terminar os preparativos do dia, Maia recebeu um pedido de entrega. Para sua surpresa, o endereço era na casa ao lado da sua. Ela pegou um buquê de lírios e foi até a porta do cliente. Tocou a campainha com cuidado.— Já vou! — Respondeu uma voz masculina clara e agradável de dentro da casa.Quando a porta se abriu, um homem jovem, de rosto bonito, apareceu. Ele pegou o buquê das mãos dela, mas, ao levantar os olhos, sua expressão mudou para uma mistura de surpresa e alegria:— Obrigado... Espera
Maia havia se arrumado com um cuidado especial naquela noite. O ano estava prestes a terminar, e Enrico a havia convidado para assistir a um filme juntos na virada.Ela sabia muito bem o que aquele convite significava. Além disso, ela também sentia algo por ele. Enrico era gentil, educado e tinha uma personalidade calorosa que a fazia se sentir tranquila. Toda vez que Maia estava ao lado dele, um sentimento de paz e conforto preenchia seu coração. Era uma sensação que ela não experimentava desde que seus pais haviam partido.Ao entardecer, as luzes coloridas de néon já iluminavam as ruas, que estavam movimentadas e cheias de vida. Casais passavam de mãos dadas, trocando risadas e olhares apaixonados.Para combinar com o clima romântico da noite, Maia escolheu um vestido longo vermelho escuro, junto com um casaco de lã que adicionava um toque de elegância e delicadeza.A neve começou a cair suavemente, cobrindo a cidade com um véu branco e brilhante. Maia, distraída, estendeu a mão para
Pouco tempo depois, Maia recebeu uma mensagem de Caio.[Yaya, podemos nos encontrar? Eu sei que errei muito no passado, eu não deveria ter te tratado daquela forma... Mas agora vejo o quanto fui injusto. Por favor, me dê mais uma chance, está bem?]Maia leu a sequência de mensagens sem entender muito bem. Além de uma sensação de estranheza, algo dentro dela despertou uma inquietação inexplicável. Apesar de não ter nenhuma lembrança de Caio, ela sentia, no fundo do coração, que talvez realmente o conhecesse de algum lugar.Pensar naquele vazio na memória só aumentava sua curiosidade. Por mais que estivesse relutante, Maia sabia que precisava encontrar Caio. Talvez ele tivesse as respostas que ela procurava.Então, ela respondeu:[Tudo bem, vamos nos encontrar.]— O que foi? — Enrico perguntou ao vê-la se preparar para sair. — Vai a algum lugar? Quer que eu te leve?— Não precisa, obrigada. — Ela balançou a cabeça, hesitando antes de responder. — Eu vou encontrar uma pessoa.Enquanto olh
Naquele instante, o olhar de Caio para Maia estava carregado de tristeza e desespero, como se ele estivesse prestes a desmoronar.— Você realmente não sente nada? — Ele segurou com força o pulso de Maia, insistindo, com a voz tomada por frustração. — Você não consegue se lembrar de nada do que vivemos juntos?O gesto repentino assustou Maia, que recuou instintivamente e balançou a cabeça.Os olhos de Caio começaram a refletir uma mistura de dor e fúria, e sua voz ganhou um tom inquietante de descontrole:— E a avalanche?Ele estava disposto a trazer à tona até mesmo as lembranças mais dolorosas, tudo para fazê-la recordar.— E a Nana te empurrando do penhasco? Ela fez você cair daquela montanha, quase perder as pernas. Você não lembra disso também? — Caio gritou, a voz tremendo de emoção.— O quê? — Maia franziu o cenho, tentando se soltar de suas mãos.— Nana armou contra você. Ela te empurrou na neve e te deixou presa por sete dias numa tempestade gelada. — Ele continuou, a cada pala
Caio estava tão obcecado com Maia que já fazia dias que ele não aparecia no Grupo Nunes.Quando Sandro soube disso, ficou furioso e ordenou que seus homens trouxessem o filho de volta à força.Quando Caio foi levado de volta à mansão da família Nunes, a primeira coisa que viu foi seus pais sentados em silêncio na sala de estar.Assim que o viu, Sandro gritou com autoridade:— Venha aqui!Caio caminhou sem expressão em direção ao pai, apenas para receber um tapa tão forte que o fez virar o rosto. Ele cuspiu sangue no chão, mas permaneceu calado.Ângela, que estava ao lado, correu imediatamente para segurar o filho, aflita:— Sandro, você está louco? Falar é uma coisa, mas por que bater?Ela lançou um olhar de repreensão ao marido enquanto analisava o estado do filho. Quando olhou de perto, quase perdeu o fôlego:— Meu Deus, o que é isso? — Ângela exclamou, horrorizada. — Caio, o que aconteceu com você? Quem fez isso com o seu rosto?Ela puxou o filho com indignação, cheia de raiva:— Em
Meses depois, Maia e Enrico ficaram noivos.No dia em que Maia viu Caio partir, ela estava ao mesmo tempo preocupada e irritada. Sem demora, ela levou Enrico a uma clínica para cuidar dos ferimentos dele.— Olha só esse machucado... — Maia murmurou enquanto aplicava o remédio com cuidado. — Por que você foi tão impulsivo? Um rosto tão bonito como o seu, e agora está todo machucado.Enrico, com um sorriso despreocupado, apoiou o queixo na palma da mão dela:— Se isso me rendeu sua atenção e preocupação, então foi a surra mais bem recebida da minha vida.Maia corou imediatamente e lançou-lhe um olhar de reprovação:— Sua língua é tão afiada quanto sua teimosia.Apesar disso, ela não conseguiu esconder a preocupação em seu rosto:— Prometa que não vai fazer isso de novo. Ver você machucado me deixa com o coração apertado.— Prometo. — Enrico assentiu com seriedade, segurando as mãos de Maia. — Eu juro, nunca mais vou deixar Maia ficar preocupada comigo.No início do verão, eles realizaram