Capítulo 4
Nana ajustou a postura antes de se deitar na neve, cuidadosamente escolhendo um ângulo que parecesse convincente. Quando Caio chegou correndo, ansioso e preocupado, encontrou Nana caída ali, pálida e frágil, enquanto Maia já estava soterrada pela neve no fundo da montanha.

Nana olhou para Caio e, com uma expressão de confusão, disse:

— Maia não estava comigo. Não sei onde ela foi parar.

Com essas palavras, Nana conseguiu desviar a atenção de Caio. Ele acabou sendo convencido a levá-la de volta ao hospital para receber cuidados, deixando Maia sozinha, abandonada ao pé da montanha, sem ninguém para socorrê-la.

Desde que presenciara a morte dos pais, Maia havia desenvolvido um medo inexplicável de ficar sozinha. Porém, naquela época, ela ainda tinha Caio ao seu lado, o que a fazia sentir-se protegida. Era exatamente por esse motivo que ela concordara em acompanhá-los naquela viagem de esqui. Maia queria estar perto de Caio o máximo possível, mesmo com Nana sempre por perto tentando ocupá-lo.

O que Maia não imaginava era que, por causa disso, quase perderia a vida na vastidão gelada das montanhas.

Ao lembrar-se do desespero que sentiu enquanto estava presa, Maia começou a tremer. A dor física e o tormento psicológico que havia enfrentado voltaram como uma avalanche de emoções. Suas mãos suavam frio, e pequenas gotas de suor escorreram por sua testa.

De repente, Caio entrou no quarto e a puxou da cama com brutalidade:

— Vai pedir desculpas agora mesmo, ouviu? Se não fosse por você, como a Nana teria fraturado o braço e machucado o pulso? Se ela nunca mais puder segurar um pincel, você vai ter que se responsabilizar!

O movimento brusco de Caio fez com que os ferimentos de Maia se abrissem novamente. O sangue começou a manchar o tecido fino do uniforme hospitalar, cobrindo-o em segundos.

Foi só então que Caio notou o estado dela. Os machucados de Maia não só não haviam melhorado como pareciam ainda mais graves do que antes. Ele se virou abruptamente para Vasco, com os olhos cheios de fúria:

— O que está acontecendo aqui? — Gritou ele. — Eu mandei usar os melhores medicamentos, contratei gente para cuidar dela todos os dias e mesmo assim ela não melhora?

Vasco, pego de surpresa, gaguejou enquanto tentava se justificar:

— Eu... Eu não sei! Eu venho todos os dias aqui examinar a Srta. Maia e aplicar os tratamentos. As enfermeiras podem confirmar isso!

Nana, percebendo a tensão no ar, rapidamente se aproximou de Maia e começou a falar em um tom doce e compreensivo:

— Maia, eu sei que você está magoada, mas não pode deixar de colaborar com o tratamento. Fazendo isso, você só está deixando a gente mais preocupado.

— Maia! — Gritou Caio, com o rosto vermelho de raiva. — Você realmente não se importa nem com seu próprio corpo? Está ficando impossível lidar com você! Se continuar assim, pode esquecer o casamento. Vai ter que esperar até a próxima vida!

O que Caio não sabia era que Vasco, apesar de ir ao quarto de Maia todos os dias, nunca a tratava de verdade. Ele sequer fazia os exames que dizia. Pelo contrário, Vasco se divertia torturando-a, abrindo de propósito os ferimentos para prolongar o sofrimento dela. Além disso, os medicamentos caros que Caio tinha comprado para a recuperação de Maia eram desviados por Vasco, que os revendia no mercado negro para lucrar.

Maia olhou para Caio. A dor física era insuportável, mas o que mais doía era perceber que, mesmo assim, ele não acreditaria nela. As palavras que estavam prestes a sair de sua boca morreram antes de serem ditas. Ela sabia que, não importa o que dissesse, seria em vão.

Quando Caio saiu do quarto, ainda estava furioso. Ele sentia que o comportamento de Maia era consequência de anos de indulgência. Na sua cabeça, ele havia estragado Maia, tornando-a egoísta e problemática.

Mesmo assim, por mais irritado que estivesse, Caio não conseguia ignorar a preocupação que sentia por ela. Ele sabia que suas atitudes impulsivas não só o magoavam, mas também destruíam a saúde dela.

Enquanto isso, Nana observava atentamente as expressões de Caio. Ela sabia que sua chance de agir era agora. Com um tom cauteloso, mas cheio de intenção, ela sugeriu:

— Irmã Maia está muito teimosa, Caio. Ela não se arrepende de nada. Talvez... a única solução seja cancelar o casamento.

— Não. — Caio respondeu imediatamente, com uma firmeza que não deixava espaço para dúvidas.

Nana tentou esconder a frustração, mas por dentro estava furiosa. Caio queria que Maia mudasse, mas nunca pensara em deixá-la. Ele ainda estava preso a ela, e isso a incomodava profundamente.

Caio olhou para a aliança no dedo de Maia e sentiu o coração apertar. Por mais bravo que estivesse, ele não conseguia ser totalmente indiferente. As imagens dos ferimentos dela voltaram à sua mente, e ele sentiu um leve toque de culpa. Maia já havia sofrido muito. Ele não queria ser mais um motivo para isso.

— Mas se continuar assim... — Nana tentou insistir, escondendo a raiva por trás de uma expressão dócil. — Ela vai acabar machucando não só ela mesma, mas também você, Caio.

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, refletindo sobre as palavras de Nana. No entanto, ele balançou a cabeça negativamente:

— O noivado foi decidido pelos nossos pais. Não posso simplesmente cancelar. Está resolvido.

Nana abaixou a cabeça, escondendo o olhar cheio de amargura. Em seguida, ela balançou levemente o corpo, demonstrando fragilidade:

— Tudo bem... Eu só quero que você fique bem.

— O que foi, Nana? Está sentindo dor? — Caio imediatamente se aproximou, preocupado. Ele a segurou nos braços e, sem pensar duas vezes, correu em direção ao posto de enfermagem:

— Alguém, por favor, ajude!
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