Capítulo 3
Depois de muito esforço, eles finalmente chegaram ao hospital mais próximo. Porém, após realizar os exames, o médico os encarou com uma expressão pesada e disse:

— O ferimento no pé de Maia é muito grave. A única solução agora é amputar, removendo a parte necrosada. Se deixarmos a infecção avançar, há um grande risco de perder toda a perna.

Ele fez uma pausa, como se quisesse preparar os dois para o que viria a seguir, e continuou:

— Além disso, a desnutrição severa causou danos ao estômago e intestino dela. Para recuperar totalmente, pode levar pelo menos uns vinte anos de cuidados.

Caio ficou paralisado com a notícia, como se tivesse levado uma pancada na cabeça. Ele demorou a reagir, mas de repente explodiu de raiva, dando um chute violento em uma cadeira, que foi parar no chão:

— Como assim?! Um simples ferimento externo e vocês querem amputar?! Que tipo de médico medíocre é você? Para de falar besteira!

Nana imediatamente o segurou pelo braço, tentando acalmá-lo:

— Caio, calma! Deve ser porque este hospitalzinho não tem bons profissionais. Assim que levarmos Maia de volta para Quilemba, com certeza encontraremos uma solução! Meu irmão é um dos melhores cirurgiões da cidade. Vamos deixar ele avaliar a situação, e, se for necessário, podemos até buscar um especialista no exterior.

Caio respirou fundo, tentando controlar a raiva, mas seus olhos ainda brilhavam com uma inquietação visível. Ele assentiu, apertando os punhos com força:

— Certo, certo... Vamos falar com o seu irmão. E procure os melhores médicos, não importa o preço. Ela vai se recuperar, eu tenho certeza.

Sem perder tempo, eles organizaram a transferência de Maia para Quilemba. O médico que cuidaria de Maia lá era Vasco Pires, irmão de Nana e o melhor especialista em traumas do hospital da cidade.

Depois de examinar Maia com calma, Vasco falou de forma casual, como se não fosse nada sério:

— Não tem nada de grave. O que Maia tem é só um ferimento externo. Com um pouco de repouso, o corte vai cicatrizar sem problemas. E esses “problemas internos” de que falaram... Isso é puro exagero. Ela só está com uma leve desnutrição. Para mim, isso é o típico teatro de Maia tentando ganhar sua compaixão.

Caio ouviu aquelas palavras, mas ainda parecia desconfiado. Ele lançou um olhar incerto para Vasco. Afinal, ele mesmo tinha visto o quão feio estava o ferimento de Maia. Será que realmente não era nada sério?

Nana, notando sua hesitação, rapidamente envolveu o braço dele e disse com uma voz doce e confiante:

— Caio, para de se preocupar. Meu irmão é incrível no que faz. Se ele disse que está tudo bem, é porque está tudo bem.

Vasco, no entanto, não fez questão de esconder sua irritação. Ele cruzou os braços e lançou um olhar acusador para Caio:

— E eu ainda nem te cobrei por isso! Não foi você quem prometeu proteger Nana? Então como é que ela acabou machucando a mão? Até agora não se recuperou. Em vez de ficar se preocupando com essa Maia, que só traz problemas, deveria cuidar mais da Nana. Ela é uma artista, sabia? Se a mão dela não melhorar, quem vai pagar por isso sou eu!

Nana, sempre compreensiva, abriu um sorriso gentil e sacudiu a cabeça.

— Irmão, não precisa falar assim. Tenho certeza de que Maia não fez isso por mal. Foi só um momento de descontrole. Além disso... — Nana olhou para Caio com uma expressão melancólica, mas ao mesmo tempo cheia de determinação. — Mesmo que eu nunca mais consiga pintar... Ter o Caio ao meu lado já é suficiente para mim.

— Como assim? — Caio imediatamente esqueceu Maia e segurou a mão de Nana com força. — Nana, eu prometo! Eu vou fazer o que for preciso para que você volte a pintar!

Os irmãos trocaram olhares cúmplices, e, naquele momento, conseguiram desviar completamente a atenção de Caio de Maia.

Maia, por sua vez, já estava acostumada com as intrigas de Nana. Fazia parte do jogo dela. Ainda se lembrava claramente do que acontecera na semana anterior, durante a avalanche.

Naquele dia, Maia havia conseguido escapar da neve a tempo, mas Nana, com um gesto calculado, a empurrou de volta para a beira do precipício. No meio da briga, Nana deslocou os dois braços, enquanto Maia foi jogada morro abaixo.

A queda foi brutal. Maia bateu com força em uma rocha e sentiu como se todas as articulações do corpo tivessem saído do lugar. A dor era tão intensa que ela mal conseguia se mexer ou gritar por ajuda.

Enquanto caía, Maia ouviu a voz fria e cruel de Nana ecoando pela montanha:

— Por que você não morre logo de uma vez? Assim para de ser um peso para os outros. Neste lugar cheio de animais selvagens, pelo menos vai servir de comida para eles. É o único bom uso que você pode ter.
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