Capítulo 2
- Papai, tem razão. Nunca conseguirei aquecer o coração do José. Eu sei que errei, quero voltar para casa. - A voz rouca de Isabel ecoou na sala vazia.

A família Castro era a mais rica da cidade B, uma família de médicos.

O avô era um comerciante, a avó era uma renomada professora de cirurgia cardíaca, ambos considerados uma combinação perfeita.

Desde pequena, Isabel foi influenciada pela medicina pela avó, ela dizia que Isabel era um gênio destinado a seguir essa profissão.

O avô e a avó abriram caminho para o seu futuro, o pai preparou inúmeras propriedades para ela herdar, a mãe dizia que ela poderia ser para sempre uma menina.

Mas ela renunciou a tudo por José, se rebaixando a esta situação miserável.

Na época, ela pensava que era uma guerreira, destemida.

Agora, olhando para trás, percebeu que estava louca.

Isabel respirou fundo, subiu as escadas, tomou um banho e trocou de roupa, se maquiou levemente.

Ela limpou tudo relacionado a si mesma.

Na parede atrás do sofá da sala de estar, havia uma pintura do pôr do sol, feita por ela e José juntos.

Isabel ficou em frente a ela, a tocando levemente com os dedos, se lembrando da felicidade quando se casou com José.

Lívia disse que José concordou em se casar com ela, mas não houve cerimônia de casamento.

Isabel não se importou, desde que pudesse se casar com José, a cerimônia não era importante.

O seu pai ficou furioso, disse que ela não tinha modéstia, que se apressou em se casar, que mais cedo ou mais tarde iria se arrepender.

Isabel, segurando a dor no coração, tirou a pintura da parede, a destruiu violentamente e jogou no lixo.

Quase morreu por causa dessa decisão, agora ela se arrependia.

A partir de agora, só queria uma vida tranquila.

Isabel colocou o acordo de divórcio que José entregou para ela na noite de núpcias sobre a mesa de centro, ela sorriu levemente, radiante como uma flor.

- José, como deseja, te desejo felicidade.

Após fechar a porta da mansão, Isabel se virou e avistou o Pagani roxo escuro estacionado na entrada, reservado exclusivamente para ela.

Um jovem desceu do carro, levantando os cantos dos lábios, brincando:

- Sra. Isabel, finalmente decidiu deixar o túmulo do seu casamento?

- Chegou rápido.

Isabel contornou o carro e entrou no banco do motorista.

Davi Cruz era amigo de Isabel, desde a infância, Davi era travesso, quase se afogou na piscina. Isabel o salvou e desde então ele tem estado ao lado dela, cumprindo suas ordens sem queixas.

- Claro, esperei por este dia durante três anos!

Isabel sentiu um aperto no coração, depois de colocar o cinto de segurança perguntou:

- Todos vocês acham que eu vou perder neste casamento?

Davi olhou cautelosamente para Isabel, seu silêncio foi sua resposta.

Os olhos de Isabel perderam um pouco de brilho.

José, todo mundo dizia que não deveria te amar, mas eu ainda queria apostar por você.

Pensando nisso, Isabel sentiu uma dor excruciante em seu coração.

Com uma mão no volante, outra na alavanca de câmbio, ela pisou no acelerador, e o carro saiu rugindo.

O Pagani roxo escuro corria pela estrada, como se estivesse liberando toda a sua frustração.

Rapidamente, o carro parou em frente a uma loja de tatuagens. Isabel saiu do carro e entrou, seguida de perto por Davi.

- Felipe, faça esta. - Isabel entregou o iPad a um homem ao seu lado.

Era um desenho de uma borboleta, único e bonito, incrivelmente realista.

- Onde você quer fazer? - Felipe perguntou a Isabel.

Isabel tirou o casaco, revelando um macacão preto por baixo. Sua pele era branca como a neve, e sua figura era impecável.

Do ombro direito de Isabel para baixo, havia uma cicatriz profunda.

- Isso é... - Felipe ficou surpreso.

Antes que Isabel pudesse responder, Davi interveio:

- Ela era jovem e imprudente, salvou um idiota.

Felipe imediatamente entendeu, era por José.

O amor de Isabel por José na época era conhecido por todo o mundo, foi intenso e apaixonado.

Além de José, ninguém merecia tanto dela.

Isabel se deitou na cama, dizendo suavemente:

- Não precisa de anestesia, comece diretamente.

Felipe estava prestes a mencionar que seria muito doloroso, mas acabou seguindo a vontade de Isabel.

Isabel sempre foi teimosa, uma vez que decidia algo, ninguém poderia a impedir.

Caso contrário, ela não teria se machucado tanto por causa de José.

- Esta ferida é realmente profunda. Antes, eu nem sabia que você tinha uma cicatriz nas costas. Você sacrificou tanto por aquela pessoa, o que recebeu em troca? - A voz de Felipe estava cheia de preocupação.

Isabel fechou os olhos, sua mente sendo arrastada de volta quatro anos atrás.

José foi sequestrado, os sequestradores queriam sua vida e ela seguiu sozinha para ganhar tempo.

Quando foi descoberta, os sequestradores, atraídos por sua beleza, decidiram trocar ela por ele. Ela concordou.

Lutou com os sequestradores, foi esfaqueada nas costas. Os sequestradores sabiam que ela era a filha da família Castro, se ela voltasse viva, eles estariam mortos. Então, decidiram a matar, a amarraram e a jogaram no mar com uma pedra amarrada em seu corpo!

A água a envolveu, ela se engasgou, seu corpo afundou, uma sensação de sufocamento inundou seu coração.

Desde então, ela nunca mais ousou entrar na água.

A dor em suas costas a fez morder os lábios.

Ela cobriu a cicatriz, apagou a prova de que já o amou.

Não usou anestesia para que pudesse se lembrar profundamente dessa dor.

Daqui para frente, ela só queria viver por si mesma.

No hospital.

José sentado à beira da cama, descascando uma maçã, de repente ouviu a voz suave da mulher na cama dizer:

- Zé, e se nós... Terminássemos...

José olhou para ela, sua voz extremamente gentil:

- Do que está falando?

- Bela te ama muito, eu não quero machucar a Bela. - Carolina fungou, as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

José franzindo o cenho, a frase de Isabel ecoou em sua mente, "José, vamos nos divorciar. "

Até agora, ele ainda achava irreal, Isabel queria se divorciar.

Será que ela queria provar que não empurrou Carolina para a água?

- Eu a trarei aqui para se desculpar com você. - Disse José, entregando a Carolina uma maçã descascada com calma.

Os olhos de Carolina estavam cheios de tristeza e pena, ela mordeu os lábios, não respondeu, apenas murmurou:

- Zé...

- Eu prometi que vou me responsabilizar por você, com certeza vou me casar com você.

José levantou a mão, acariciou levemente o cabelo de Carolina, sinalizando para ela não pensar demais.

Ao ouvir isso, Carolina assentiu, se sentindo satisfeita, mas também odiando profundamente Isabel.

Ficava com a posição de esposa de José e não saía, isso era simplesmente sem vergonha!

José estava frustrado, arranjou uma desculpa e saiu:

- Ainda tenho assuntos na empresa, volto mais tarde para te ver.

Carolina olhou para as costas de José, a mágoa em seus olhos se dissipando gradualmente.

Ela abaixou a cabeça, sentindo um ódio coçando dentro dela sempre que pensava em Isabel.

Isabel, esperando por um homem que não te amava, o que você conseguiria?

José saiu do hospital e recebeu uma ligação de Enzo Vieira.

Enzo era o CEO do Grupo Vieira, uma das quatro grandes famílias de Cidade A. Eles cresceram juntos desde a infância e tinham um relacionamento muito próximo.

A voz preguiçosa de Enzo, com um toque de brincadeira, perguntou:

- Como está aquela "flor delicada" da sua casa?

José abriu a porta do carro e entrou, com um tom calmo respondeu:

- Carolina está bem.

- É claro, todo mundo do pátio foi a resgatar, o que poderia acontecer com ela? - Enzo perguntou com um sorriso. - E quanto à sua esposa?

José resmungou friamente, imitando o tom de Enzo:

- O que poderia acontecer com ela?

Enzo imediatamente ficou excitado:

- José, eu salvei sua esposa hoje, se não fosse por mim, ela teria se afogado na piscina!

Ao ouvir isso, José franzia o cenho, uma imagem lamentável de Isabel piscava em sua mente, ele não podia deixar de apertar o volante.

No entanto, ele logo se acalmou:

- Você está brincando, ela nem sequer hesita em mergulhar no mar profundo, como poderia se afogar em uma piscina?

- Ela estava fingindo? Não parecia, sua atuação era muito boa. - Enzo suspirou, resignado. - Isabel realmente é cruel, ela não sabe que Carolina tem medo de água desde que você foi sequestrado e ela te salvou? Ela ainda se atreve a enfrentar isso.

Enquanto os outros não sabiam, Enzo sabia.

José estava determinado a se casar com Carolina porque, quando ele foi sequestrado, Carolina o salvou.

Carolina salvou sua vida e ele tinha que a proteger pelo resto de sua vida.

José, ouvindo isso, sentiu uma sensação de inquietação crescente dentro dele, como se algo estivesse lentamente se desintegrando. Sua voz estava baixa:

- Não precisa se preocupar.

- Vamos ao Bar SK esta noite?

- Não. - José disse e desligou a ligação.

José olhou para o sinal vermelho à sua frente, enquanto as palavras de Enzo ecoavam em seus ouvidos.

"José, eu salvei sua esposa hoje, se não fosse por mim, ela teria se afogado na piscina!"

José franziu a testa, se lembrando das palavras de Isabel momentos antes.

"José, eu também tenho medo de água."

José apertou os lábios, uma dúvida surgindo em sua mente. Por que Isabel tinha medo de água?

José pressionou o acelerador, o carro seguindo automaticamente em direção à mansão.

Ao sair do carro e abrir a porta, José chamou em voz alta:

- Isabel!

Ele trocou de sapatos e atravessou o corredor, mas não conseguiu ver Isabel em lugar algum.

Nos dias anteriores, quando ele chegava em casa, Isabel geralmente corria pelas escadas ou estava ocupada na cozinha, sempre muito feliz.

A quietude na mansão hoje era assustadora.

José subiu as escadas e abriu a porta do quarto, prestes a chamar por Isabel, mas encontrou o quarto vazio e impecável, sem um grão de poeira.

José hesitou por um momento, o closet estava vazio também.

Originalmente havia duas escovas de dentes, mas agora só restava a dele.

Isabel... Tinha ido embora?

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