Capítulo 5
Noite, Hotel Estrela do Mar, 33º andar.

Um banquete estava em curso, e através das amplas janelas, a paisagem noturna movimentada da Cidade A se estendia infinitamente.

Uma suave melodia de piano ecoava no ar, enquanto Isabel se apoiava preguiçosamente no balcão, balançando desinteressadamente sua taça de vinho tinto, com seus olhos vagando pelo ambiente de maneira negligente.

Os olhares ávidos dos homens presentes se fixavam nela, desejosos de se aproximar, mas sem coragem.

Ela usava um longo vestido preto de alças finas, com algumas pregas no decote, revelando suas belas pernas de pele clara.

O vestido caía folgadamente em seu corpo, realçando perfeitamente suas curvas. Seus cachos caíam sobre os ombros, a tatuagem de borboleta à mostra, um pouco chamativa demais.

Seu celular tocou, Isabel baixou os olhos, era uma mensagem.

Hugo: "Você foi para o banquete?"

Isabel suspirou e respondeu à mensagem: "Sim."

Na noite anterior, Hugo a havia levado para casa e, enquanto ela estava bêbada, a tinha convencido a participar do banquete daquela noite e até mesmo tinha arranjado um pretendente para ela.

O ponto crucial era que ela havia concordado, sem pensar direito. A embriaguez realmente atrapalhava!

- Isabel? - Seu nome em português mal pronunciado ecoou em seus ouvidos.

Isabel virou levemente a cabeça e viu um estrangeiro loiro de olhos azuis.

Os olhos do homem se iluminaram, surpreso, ele disse:

- É você mesmo?

Isabel também ficou surpresa:

- John? O que você está fazendo aqui?

O assistente de John não pôde deixar de perguntar, confuso:

-O Sr. John e a Sra. Isabel se conhecem?

Isabel sorriu levemente. Cinco anos atrás, durante uma viagem ao exterior, John tinha sofrido um acidente e ela o tinha salvado.

O assistente explicou:

- John é o convidado especial do banquete de hoje. Talvez a Sra. Isabel não saiba, mas ele agora era um renomado investidor financeiro no exterior.

Isabel ficou atônita, sem acreditar que John havia se tornado tão bem-sucedido.

Cinco anos atrás, ele era apenas um mendigo sem casa, pedindo esmola nas ruas.

John acenou com a mão, com uma modéstia e timidez típicas de um menino.

-Não sou tão incrível assim, se não fosse pela Isabel naquela época...

Sem Isabel, ele poderia ter morrido sob aquela ponte. Isabel era sua salvadora.

- Qual é o motivo de sua visita ao Brasil desta vez? - Isabel perguntou educadamente.

John estava prestes a responder quando apontou para o homem que tinha acabado de entrar pela porta e disse com entusiasmo:

- Vim para trabalhar com o Sr. José.

Ao ouvir esse nome, Isabel sentiu sua respiração se prender por um momento.

O poderoso Sr. José, o mais influente de Cidade A, só poderia ser ele.

Quando Isabel levantou os olhos, viu exatamente a pessoa que menos queria encontrar, José Silva.

O homem estava vestindo um terno sob medida, sua postura imponente e elegante, com ombros largos e cintura fina, proporcionalmente perfeito.

Assim que entrou no salão, se tornou o centro das atenções, muitas pessoas se aproximando para puxar assunto e tentar estabelecer uma relação com José.

Apesar de jovem, sua posição na indústria era muito sólida. Mesmo os colegas mais velhos tinham que se dirigir a ele com respeito, o chamando de Sr. José.

Aos olhos de Isabel, além de não a amar, José era impecável em todos os aspectos.

Ao seu lado estava uma jovem vestida com um vestido branco, a filha do Grupo Soares, Carolina.

A família Soares tinha uma reputação ilustre em Cidade A, sendo uma das quatro grandes famílias. Os pais de Carolina a mimavam excessivamente e ela tinha três irmãos mais velhos, todos muito protetores com ela.

Isabel e Carolina eram amigas há muitos anos, mas acabaram se apaixonando pelo mesmo homem, de uma forma muito dramática.

Além de não conseguir o amor desejado, Isabel também perdeu a amizade.

Ela era verdadeiramente uma fracassada.

Carolina segurava o braço de José, os dois trocavam um sorriso e José parecia mais relaxado.

Diante de Carolina, ele sempre era extremamente gentil.

Isabel observava essa cena com uma pontada de dor no coração.

Depois de tantos anos de casamento com José, ele nunca a tratou com esse tipo de carinho.

Era como se o casamento deles nunca tivesse sido reconhecido por ele.

- Isabel, este é o Sr. José Silva, ele é muito famoso. Me deixe o apresentar a você. - Disse John, segurando a mão de Isabel e se dirigindo na direção de José.

Isabel riu, será que ela realmente precisava conhecer José?

Em sete anos, ela testemunhou a gentileza calorosa dele, viu sua indiferença despreocupada e também enfrentou suas palavras cruéis e reconfortantes.

Ela conhecia José melhor do que ninguém.

- Oi, José! - John chamou em direção a José.

Os olhos de José se desviaram para John por apenas um segundo, antes de se fixarem em Isabel.

Isabel se pegou olhando de volta para os olhos de José, desprevenida.

Ela girou instintivamente para ir embora, evitando o olhar de José, mas foi puxada de volta por John.

José observou enquanto John segurava o pulso de Isabel com ternura, mantendo sua expressão calma.

Ela havia pedido o divórcio dele apenas um dia atrás, e agora já estava acompanhada de outro homem.

Isabel realmente tinha suas artimanhas.

- Até mesmo a Bela está aqui. - Se surpreendeu Carolina.

- E quem é essa senhora? - John olhou para Carolina com surpresa. - Ouvi dizer que o Sr. José é casado, será que ela é a esposa dele?

Os olhos de Isabel escureceram.

Havendo casado há três anos, ela era apenas uma esposa insignificante, tão pequena quanto uma bolha de sabão, prestes a estourar a qualquer momento.

Muitas pessoas, incluindo o próprio José, não sabiam que ela era a esposa dele.

Carolina olhava cautelosamente para José, se agarrando ao braço dele.

Ela parecia nervosa, como se estivesse esperando que José desse uma identidade para ela.

José lançou um olhar de soslaio para Isabel e disse friamente:

- Sim.

- Meu Deus, que casal perfeito. - Exclamou John, se virando para Isabel com um sorriso. - Não é mesmo, Isabel?

Isabel ergueu os olhos, encontrando os olhos profundos e negros de José, apertando involuntariamente o copo de vinho.

Por baixo de sua aparência calma, seu coração estava sendo dilacerado, tornando difícil para ela respirar.

Ele nunca havia se apresentado publicamente como seu marido antes.

Sempre que ela perguntava por que, ele respondia com impaciência:

- É apenas um relacionamento comum, não há necessidade de que todo o mundo saiba, é infantil.

Agora, ao pensar nisso, não era que não houvesse necessidade, mas sim que ela, Isabel, não merecia.

Carolina estava sendo reconhecida, com um olhar de timidez no rosto.

Essa foi a primeira vez que José publicamente a reconheceu como sua esposa e o ponto chave era que Isabel estava presente.

Isabel abaixou os cílios, respondendo com um sorriso:

- Com certeza.

Ao ouvir isso, José franziu a testa levemente, cerrando o punho dentro do bolso da calça.

Ao recordar o momento em que Isabel confessou seu amor por ele pela primeira vez, a jovem tinha olhos brilhantes e determinados, declarando:

- Não permitirei que ninguém diga com quem você é compatível, apenas eu, Isabel, sou digna de você!

Agora, ao sorrir e admitir que ele e Carolina realmente combinavam, o que essa submissão repentina estaria escondendo?

- José, esta é minha amiga, Isabel. - Apresentou John a José.

Isabel escondeu a amargura, estendeu a mão direita e sorriu para José, dizendo:

- Olá, Sr. Silva, é um prazer o conhecer.

José, sem expressão, examinou os olhos e o rosto de Isabel, novamente ouvindo aquela palavra que tanto o irritava, "Sr. Silva".

Pela primeira vez diante de Isabel, ele sentiu o que era um golpe emocional.

Apesar do sorriso gentil e encantador, havia facas escondidas em seus olhos ao olhar ele.

José não estendeu a mão.

Isabel não se importou, afinal, não era a primeira vez que ele a ignorava. No coração de José, ela nunca foi digna de respeito.

John não percebeu a atmosfera estranha e continuou a elogiar Isabel sem hesitação:

- Isabel é a mulher mais gentil e simpática que já conheci, eu a admiro muito.

Especialmente ao olhar para Isabel, os olhos de John não pareciam inocentes.

José observou sua expressão e, em seguida, olhou para Isabel, não conseguindo evitar um riso.

Ele se lembrou das vezes em que preparou armadilhas para Carolina, sabendo que ela tinha medo de água, mesmo assim a empurrava na piscina.

Ela era uma mulher gentil e simpática?

Ao pensar em como Isabel podia fazer sexo com qualquer homem em um bar, ele ficou ainda mais desgostoso com ela.

Sentindo o sarcasmo nos olhos de José, Isabel recuou com seu sorriso, dizendo:

- John, parece que o Sr. José não gosta muito de mim. Vou deixar vocês conversarem, não quero atrapalhar. - Dito isso, Isabel virou as costas e saiu.

Seus passos eram preguiçosos e despreocupados, mas a tatuagem de borboleta em suas costas parecia vívida e provocava dor nos olhos de José.

John brincou:

- Não acredito que haja alguém no mundo que não goste de Isabel, a menos que essa pessoa esteja cega.

José permaneceu em silêncio.

Isabel sempre teve o hábito de ler notícias, especialmente sobre ele.

Ela com certeza viu a notícia pela manhã sobre ele e Carolina participando do lançamento do novo produto. No entanto, ela não enviou uma mensagem ou fez uma ligação para ele.

Será que desta vez ela realmente estava disposta a deixar ele ir?

Carolina observou José cuidadosamente. Ela percebeu que, depois de Isabel pedir o divórcio, José não parecia muito feliz.

Carolina começou a se preocupar, será que José tinha sentimentos por Isabel?

De repente, um grito ecoou pelo salão:

- Meu deus, Mateus Mello teve um ataque cardíaco e desmaiou!

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