Capítulo 6
O salão estava um caos, as pessoas largaram seus copos de bebida e se aproximaram para ver o que estava acontecendo.

- Já chamaram o 192?

- Quando é que o 192 vai chegar? Se o Sr. Mateus tiver algum problema aqui, a família Mello não vai nos perdoar!

Isabel levantou os olhos e viu um homem de cerca de cinquenta anos de idade deitado no chão, com o rosto pálido.

Isabel verificou as horas. O hospital da cidade ficava a quinze minutos de carro daqui e nesta hora o trânsito costumava ser intenso.

Se esperassem pela ambulância, talvez fosse tarde demais.

Enquanto ninguém no hotel se mexia para resolver a situação, Isabel viu o estado do homem piorar cada vez mais. Como alguém que estudou medicina na escola, Isabel começou a se preocupar.

Isabel franziu o cenho e se aproximou.

- Me deixe ver.

Todos os olhares se voltaram imediatamente para Isabel.

Isabel Castro?

- Você sabe o que está fazendo? Todo mundo sabe que você é da família Castro, uma família de médicos, mas você, você não aprendeu nada!

Alguém disse, seguido por um grupo que começou a discutir em voz alta.

- Exato! A vida do Sr. Mateus está em jogo, deixa ele ser tratado por ela não é o jogar na fogueira?

- Se algo acontecer com o Sr. Mateus, você pode se responsabilizar? Isso não é brincadeira de criança!

- Não podemos a deixar tratar do Sr. Mateus, se afaste!

A multidão estava agitada, como se fosse um ataque planejado e as vozes questionadoras encheram os ouvidos de Isabel.

Isabel nem mesmo tinha a chance de chegar perto e já foi empurrada para longe.

- Mas não podemos esperar mais! - Isabel franziu ainda mais a testa.

- Mesmo que ele morra, não precisamos de uma incompetente como você para o salvar!

A voz da mulher era aguda e Isabel sentiu um empurrão no ombro.

Mesmo que ele morra, ela não queria que Isabel o salvasse.

Essa frase cortou o coração de Isabel como uma faca, a fazendo se acalmar instantaneamente.

Isabel deu dois passos para trás, enquanto a multidão a bloqueava.

Ela olhou para os rostos hostis e seu coração gelou.

Incompetente?

Inútil?

Desde quando ela foi questionada sobre suas habilidades médicas?

Ela só tinha estado fora da vista por três anos, então por que sua reputação tinha se deteriorado tanto?

- Eu sou médica, eu vou verificar!

Esta voz soou particularmente firme, e instantaneamente atraiu todos os olhares. Todos estavam surpresos.

Não era outro senão Carolina.

A multidão explodiu em alvoroço.

- É a Srta. Carolina! O Sr. Mateus vai ficar bem, ela é cardiologista!

- A Srta. Carolina consegue aparecer nos momentos críticos, é realmente grandiosa! Assim como dizem nas notícias, bonita por fora e boa por dentro!

Carolina parecia uma médica divina, envolta em aura e todos a aclamaram.

Em comparação, a tentativa de Isabel foi inútil e acabou se tornando o alvo de insultos.

Carolina se agachou ao lado do Sr. Mateus, pegou os comprimidos de emergência de seu bolso e instruiu:

- Por favor, se afastem, não fiquem muito perto. Alguém da família dele está aqui? Além do problema cardíaco, o Sr. Mateus tem algum histórico médico? - Carolina perguntou ao redor, mas ninguém respondeu.

- O assistente do Sr. Mateus saiu por um momento e o telefone não está atendendo! - Responderam os presentes.

Carolina não tinha tempo a perder. Ela deu os comprimidos de emergência para o Sr. Mateus e iniciou a ressuscitação cardíaca.

Com tantos convidados importantes presentes no banquete de hoje, essa era uma excelente oportunidade para Carolina se destacar.

Ela precisava provar aos membros da família José que não era inferior a Isabel, ela tinha que entrar na família José.

À medida que o tempo passava, todos estavam cada vez mais ansiosos.

José franzia ainda mais a testa, preocupado com o Sr. Mateus ou com Carolina, ninguém sabia ao certo.

No momento em que todos seguravam a respiração, alguém gritou:

- Ele se mexeu! Ele se mexeu!

Os dedos do homem se moveram algumas vezes e ele lentamente abriu os olhos, ainda com o rosto pálido.

Carolina perguntou baixinho:

- Sr. Mateus, como você está? Está se sentindo melhor?

O homem franziu a testa e segurou o peito com uma mão.

Carolina imediatamente afirmou:

- A ambulância deve estar chegando em breve, você está seguro agora!

Após suas palavras, aplausos ecoaram na sala, seguidos por elogios.

- Se não fosse pela Srta. Carolina, não sei o que teria acontecido!

- A Srta. Carolina é realmente incrível, ao contrário de certas pessoas...

- Vinda de uma família médica, mas entrou na faculdade pelo atalho, e ainda ousou tentar tratar o Sr. Mateus numa ocasião como essa, não tem noção de sua própria posição!

O Sr. Mateus fechou os olhos sem forças, mexendo os lábios sem conseguir falar.

Carolina achou que ele ainda não tinha se recuperado totalmente e não deu importância.

Ela se levantou, olhando para os olhares admirados de todos e depois para José.

Os olhos de José eram gentis e isso significava muito para ela.

Isabel permanecia em silêncio, não se importando com a adulação e a crítica.

Onde havia pessoas, havia intriga, afinal, a família Soares era uma das quatro grandes famílias, e sempre haveria bajuladores.

Além disso, o que eles disseram sobre entrar na faculdade pelo atalho era verdade.

Mas...

Isabel olhou para Carolina, seus olhos se tornando mais frios.

A pessoa que entrou na faculdade pelo atalho, realmente era ela, Isabel?

Carolina olhou rapidamente para Isabel, um pouco desconcertada, e disse:

- Obrigada por reconhecerem meu trabalho, na verdade, a Bela também é muito competente.

- Só ela? Se eu estivesse doente, não confiaria nela para me tratar!

- Olha só para o caráter da Srta. Carolina, eu prefiro a Srta. Carolina!

- Srta. Carolina, poderia me passar seu contato?

José, que havia ficado em silêncio por um longo tempo, de repente falou, sua voz fria:

- Pare de paquerar minha mulher.

As pessoas ao redor trocaram olhares e riram:

- Olha só, o Sr. José está protegendo.

Carolina ficou vermelha instantaneamente, envergonhada, e chamou docemente:

- Zé...

José afagou os cabelos dela com ternura, seus olhos suaves.

Os olhos de Isabel gradualmente se tornaram opacos e então ela abaixou a cabeça, se sentindo amarga por dentro.

Ser questionada e criticada por eles não a deixava triste.

Mas cada vez que José afirmava na frente dela que Carolina era sua mulher, era mais doloroso do que se ele a tivesse matado.

Ela nem ousava imaginar como eles costumavam ser carinhosos um com o outro lá fora.

Carolina sorriu levemente, embora normalmente também chamasse atenção por ser a filha da família Soares.

Mas hoje, essa sensação de brilhar por conta própria era completamente diferente.

Antes, quando estava com Isabel, sempre era Isabel quem se destacava. Ela sempre foi apenas uma folha verde usada para realçar Isabel.

Agora, os tempos mudaram.

Ela estava prestes a entrar na era do seu próprio destaque como Carolina!

Carolina olhou para Isabel, um lampejo de malícia imperceptível passou por seus olhos.

Ela iria tirar tudo de Isabel!

Sob os elogios, Sr. Mateus, que estava melhorando, de repente começou a ter convulsões.

- Oh! Sr. Mateus parece estar mal! Srta. Carolina, venha ver!

Todos os olhares se voltaram novamente para Sr. Mateus. Ele não estava apenas mal, parecia estar ainda pior do que quando desmaiou!

Carolina foi imediatamente até ele. A respiração de Sr. Mateus estava visivelmente difícil.

Isso...

De repente, Carolina ficou um pouco confusa. Será que ele estava tendo complicações cardíacas? Ou será que havia um problema respiratório?

- Você comeu alguma coisa? - Carolina perguntou a Sr. Mateus.

O homem segurou o pescoço com uma mão, seu rosto contorcido de dor.

Carolina não entendia, então continuou a verificar freneticamente, perdendo o ritmo.

O gerente do salão gritou:

- Houve um acidente na ponte elevada, a ambulância está bloqueada! Vamos o levar de carro para o hospital!

Isabel olhou para Sr. Mateus, depois para o relógio. Parecia que não daria tempo.

Ela agarrou um garçom que passava e pediu emprestada sua caneta.

- Srta. Carolina, você consegue? - Alguém perguntou a Carolina.

Carolina olhou para cima e viu que as pessoas ao redor ainda a olhavam com admiração.

Neste momento, mesmo que não conseguisse, ela teria que fingir que conseguia.

- Eu... Eu vou tentar de novo. - Ela estava claramente nervosa, sua voz tremendo um pouco.

Embora fosse uma cirurgiã cardíaca, Carolina teve que admitir que nos últimos anos, ela estava totalmente focada em José e mal havia estudado.

Carolina especulou se o Sr. Mateus havia se engasgado com alguma coisa.

Mas ela não ousava agir precipitadamente, se algo acontecesse com o Sr. Mateus em suas mãos, ela estaria acabada.

Ela não podia arriscar sua reputação assim.

Enquanto a atmosfera estava tensa, Carolina foi subitamente empurrada por alguém.

Uma voz feminina gelada soou:

- Se afaste!

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