Capítulo 8
O homem sentiu um aperto no coração e logo disse:

- Eu... Eu estava apenas brincando, você realmente acreditou?

- É claro que acreditei, por que não acreditaria? Eu sempre fui muito sincera desde pequena. - Disse Isabel, pegando o copo de vinho ao lado e dando um gole.

Pensando na proteção de José a Carolina, em como ele a abraçou e todas as atenções dispensadas a ela, Isabel se sentiu irritada e infeliz.

Ela realmente era inferior a Carolina? Em que sentido?

Por que José sempre a considerava um espinho em seu caminho?

- Isabel, por que você é tão estreita de mente? Não é de se admirar que José não goste de você! - o homem gritou autoritariamente.

Isabel levantou os olhos, mencionar José era como cutucar sua ferida.

Como eles ousavam a chamar de mente fechada?

Se ela não tivesse sido capaz de salvar Sr. Mateus, eles teriam a mesma expressão?

Se ela pedisse para eles a deixarem em paz, eles fariam isso?

Eles não fariam, eles só pisariam mais fundo em sua dignidade, a empurrando para o abismo!

Se fosse assim, por que eles a chamariam de estreita de mente?

Isabel pegou o copo em sua mão e o atirou aos pés do homem, com o olhar frio e indiferente:

- Já que você não quer se ajoelhar, eu vou te ajudar a fazer isso.

Dizendo isso, ela pegou uma caneta novamente.

As pessoas ao redor começaram a murmurar, o que ela pretendia fazer?

O homem teve uma sensação ruim de repente.

Ele viu como Isabel usou a caneta para perfurar o pescoço de Sr. Mateus antes!

Foi rápido e cruel, sem sangue, praticamente o matando invisivelmente, apenas pensar nisso o deixava apavorado.

Ele engoliu em seco e recuou um passo.

Isabel olhou para o homem diante dela, brincando com a caneta entre os dedos.

Sua postura era relaxada, seus olhos bonitos brilhavam com um frio penetrante, sua voz era especialmente sedutora:

- Você sabe, se eu posso a usar para salvar vidas, também posso a usar para as tirar...

O homem sentiu um arrepio na espinha ao ouvir isso.

- Então eu te dou três segundos para decidir, se ajoelhar, ou... - Isabel levantou o pé direito da cadeira alta em que estava sentada, olhando fixamente para o homem diante dela, seu pé prestes a tocar o chão.

Então, se ouviu um som, o homem caiu de joelhos.

De joelhos!

Ele se joelhou!

Enquanto batia a cabeça no chão, ele choramingava com voz chorosa:

- Santa Virgem! Você é a Santa Virgem! Eu estava errado! Eu sei que estava errado! Fui um tolo por não reconhecer quão poderosa é a Sra. Isabel! Por favor, me perdoe desta vez! Eu te imploro, por favor, eu imploro!

Ele continuou batendo a cabeça no chão, suas pernas tremendo.

Quão cruéis foram suas palavras quando Isabel estava salvando pessoas, quão covarde ele era nesse momento.

Isabel virou a cabeça levemente, olhando ao redor, como se estivesse perguntando silenciosamente: quem mais ousa discordar?

O salão estava quieto como um túmulo, ninguém se atreveu a falar diante dessa cena dramática.

Ela estava dando um exemplo para todos, quem ousaria a desafiar?

Desde que se casou com José, Isabel raramente aparecia. José e Carolina eram inseparáveis e ela simplesmente não ligava.

Todos pensavam que Isabel era uma inútil mimada pela família Castro!

Mas agora, olhando para esta "inútil", qual a relação dela com esta pequena rainha dominante?

Isabel viu que todos estavam em silêncio e se levantou lentamente.

Quando perceberam, todos recuaram um passo.

Isabel sorriu.

Eles tinham tanto medo dela?

Certamente, as pessoas não podiam ser fracas demais.

Isabel se aproximou do homem, que estava olhando para cima para ela.

Ela pisou diretamente na cabeça dele, o pressionando para baixo.

Isabel baixou o olhar, arrogante e desenfreada:

- Somente assim você mostrará sinceridade.

Com isso, ela saiu sem olhar para trás.

John observou as costas de Isabel e não pôde deixar de balançar a cabeça, sorrindo.

Mais uma vez, Isabel havia chamado sua atenção!

Isabel se apoiou cansada na parede do elevador, observando os números acima de sua cabeça mudarem para "1", e as portas se abriram.

Ela se levantou, mas mal deu dois passos quando sentiu uma dor intensa nos pés.

Irritada, tirou os sapatos de salto alto e saiu os carregando, ignorando os olhares das pessoas ao redor.

Do lado de fora do prédio, começou a chover levemente e Isabel inclinou o rosto para cima, deixando as gotas de chuva caírem sobre sua pele.

A fraca luz iluminava seu rosto, que era delicado e bonito.

Saindo do momento de força que tinha há pouco, Isabel agora estava tomada por uma sensação de desolação inexplicável.

Seus olhos varreram o ambiente e pararam abruptamente.

Ela olhou para frente e viu José apoiado ao lado do carro, vestindo uma camisa preta. Ele inclinou a cabeça levemente para o lado enquanto acendia um cigarro e a luz do isqueiro iluminava seu rosto.

A chuva batia em seus ombros, mas ele não segurava um guarda-chuva. Com o braço apoiado no paletó e segurando o cigarro entre os dedos, soltava lentamente anéis de fumaça. Um intenso frio emanava dele e seu olhar distante e indiferente estava fixo em direção a ela.

A luz da noite não era forte o suficiente, mesmo assim ele estava ali, sem dizer uma palavra e isso a prendia em sua direção.

- Isabel, precisamos conversar. - Ele disse lentamente, deixando claro que estava esperando por ela

Isabel apertou os sapatos em sua mão e seus cílios tremularam levemente.

Ele estava esperando por ela aqui especialmente, o que eles precisavam conversar?

Sobre o divórcio?

Ele estava tão ansioso para se divorciar dela e deixar sua amante assumir o lugar dela?

Pensando nisso, Isabel se sentiu triste.

Ela reprimiu a dor em seu coração, tentando sorrir gentilmente para parecer mais digna.

- Eu sei que você está ocupado, não precisa conversar. Eu aceito qualquer arranjo que você fizer. - Ela disse.

Ao ouvir isso, José franziu a testa.

Para ele, ela sempre foi assim.

Com medo de o incomodar, ela nunca o perturbava.

Quando precisavam comparecer juntos a um jantar da família, ela dizia:

- Eu sei que você está ocupado, então eu vou para casa primeiro me arrumar.

Quando esperava que ele passasse seu aniversário com ela, ela dizia:

- Eu sei que você está ocupado, meia hora é suficiente para me acompanhar.

Quando ela ficou doente e foi hospitalizada, sua família o chamou para a ver, ela dizia:

- Vá cuidar das suas coisas, estou bem, não precisa ficar aqui comigo.

Agora, no processo de divórcio, ela ainda era assim.

Quem estava sempre dizendo que Isabel não entendia nada?

- Eu não estou ocupado. - José olhou para Isabel com desaprovação, soltando essa frase de repente.

O coração de Isabel deu um salto, surpresa refletida em seus olhos.

Depois de três anos de casamento, era a primeira vez que ela ouvia José dizer isso, a fazendo sentir como se estivesse em um sonho.

Mas quando pensava em como ele estava tão ansioso para conversar sobre o divórcio, achava a situação bastante irônica.

- Isabel. - Uma voz repentina de John veio de trás dela.

Isabel se virou.

John abriu o guarda-chuva preto sobre a cabeça dela e sorriu:

- Por que está se molhando na chuva?

- Eu não sabia que estava chovendo lá fora. - Isabel respondeu, olhando nos olhos de John.

- Sim, a chuva veio muito rápido. - John levantou a mão e, de forma carinhosa, ajudou Isabel a enxugar as gotas de chuva do cabelo. - Isabel, posso te levar para casa?

O gesto íntimo e repentino pegou Isabel desprevenida.

Ela recuou quase que por reflexo e depois olhou para José.

Mas logo em seguida, desviou o olhar.

Ela costumava se importar muito com a imagem que tinha no coração de José, com medo de que ele pensasse que ela estava flertando com outros homens por aí.

Depois de tantos anos de cautela, ela esqueceu que ele simplesmente não se importava.

- Você me levar para casa? Parece que é mais sensato eu te levar para casa. - Isabel respondeu sorrindo para John, de forma muito gentil.

- Você me levar também serve. - John concordou imediatamente.

José observava tudo em silêncio, com a garganta seca. Uma mistura de emoções tumultuava em seus olhos.

Desde que Isabel mencionou o divórcio, a presença dele na vida dela parecia cada vez mais fraca.

Ele colocou a mão dentro do carro, apertou calmamente o volante.

A buzina do carro soou aguda, atraindo o olhar de várias pessoas ao redor.

John levantou os olhos e viu José, surpreso:

- Sr. José, está esperando alguém?

José deu uma tragada no cigarro e, em seguida, jogou a cinza, apontando para Isabel com calma e firmeza:

- Estou esperando ela.

Isabel olhou para José.

John, confuso, perguntou:

- O Sr. José e Isabel são muito próximos?

José olhou fixamente para Isabel, com uma leve ira no fundo de seus olhos escuros. Não sabia se era por causa do tempo nublado ou apenas porque a noite estava muito sombria. Naquela noite chuvosa, sua voz soou particularmente profunda e grave:

- Eu sou o marido dela.

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