Capítulo 4
Isabel olhou para o homem que a puxava à frente, se sentindo um pouco atordoada.

Naquele ano, ele também agiu assim, segurando sua mão enquanto fugiam da perseguição daqueles homens.

Se naquela época José tivesse sido um pouco pior com ela, talvez ela não o amasse tão profundamente, mesmo que isso significasse romper com sua família.

Mas, como é que ele estava aqui? O que ele estava fazendo agora?

Será que ele estava com ciúmes de ver ela flertando com outro homem?

Mas logo em seguida, Isabel deixou esse pensamento.

José, um homem que não tinha coração, nunca a amou, como poderia estar com ciúmes?

Isabel foi empurrada para dentro do banheiro, um pouco tonta devido ao álcool.

José a empurrou para a beira da pia, seu rosto estava contra a luz do banheiro, fazendo seus contornos faciais parecerem borrados, mas ainda assim belos.

- Isabel, nós ainda não nos divorciamos! - Ele disse entre os dentes.

Isabel, com as costas contra a pia, viu seu belo desenho de borboleta nas costas refletido no espelho.

Ela levantou os olhos, contendo a dor em sua voz, e disse calmamente:

- Sr. Silva, eu já assinei os papéis do divórcio. De certa forma, nós já estamos divorciados.

José viu os olhos de Isabel tremerem um pouco e apertou a mão dela com mais força.

- Sr. Silva? - Ele perguntou com raiva.

Isabel nunca costumava falar com ele nesse tom, ela sempre sorria, era radiante e brilhante.

Esta foi a primeira vez que Isabel o chamou de Sr. Silva, tão estranho, distante de tudo.

Antes, ela sempre o seguia o chamando de "Zé", "Amor", cada vez mais suave e delicada.

Mas ele não gostava, dizia que odiava esse apelido, então ela nunca mais o chamou assim.

- Sr. Silva, não está correto? - Isabel disse, piscando os olhos, se aproximando levemente de José.

Depois de três anos de casamento, esta foi a primeira vez que Isabel ficou tão perto dele.

Seus olhares se encontraram e ela viu surpresa nos olhos negros dele.

Ele estava surpreso porque ela o chamou de Sr. Silva?

Isabel olhou para o rosto que ela amou por tantos anos, sua voz abaixou, prolongando a última sílaba, cheia de charme:

- Na verdade, não está correto. Eu deveria te chamar de ex-marido.

José se sentiu tenso, apertou a mão de Isabel com força e a empurrou para trás.

- Isabel, você está me desafiando?

- Eu não ousaria o desafiar. - Isabel riu levemente, maliciosa.

A atitude de Isabel irritou profundamente José.

- Sra. Isabel, está tudo bem aí? - Alguém chamou da porta.

Isabel olhou para fora e José ouviu, era o Sr. Santos.

Ela já fez amizade tão rápido?

Isabel sorriu, olhou nos olhos de José e disse de forma provocativa:

- Está tudo bem, Sr. Santos, peço que me espere um momento.

Ela enfatizou a pronúncia de Sr. Santos, claramente dirigindo sua resposta a José.

Era como se ela estivesse dizendo a José que esse "Sr. Silva" agora não era diferente dos Sr. Santos ou Sr. Aragão.

José franzia o cenho, com raiva nos olhos.

Isabel realmente se atreveu encontrar com outro homem na frente dele?

- Isabel, como você ousa ir ao hotel com ele! - José cerrou os dentes, segurando o queixo de Isabel com força, sua voz especialmente feroz.

Isabel empurrou José para longe, ela realmente ousava.

Seus olhos brilhavam com um brilho delicado, um belo sorriso em seu rosto, enquanto ela falava com a voz mais gentil, dizendo as palavras mais indiferentes:

- Ex-marido, você ultrapassou os limites.

Ela sabia como provocar as emoções de José.

José a puxou de volta, sua mão segurando firmemente a cintura de Isabel, a pressionando contra a parede e, de repente, a beijou.

Ultrapassou os limites?

Então ele mostraria a ela o que era ultrapassar os limites!

Eles apenas assinaram o acordo de divórcio, ainda não passaram pelo processo legal, de certa forma, ela ainda era a esposa de José!

Ir ao hotel com outro homem na frente dele, isso não era uma humilhação para ele?

Isabel arregalou os olhos, incrédula. José estava ficando louco?

Três anos de casamento, ele nunca a tocou, agora de repente ele a beija?

Seu beijo veio com força, Isabel foi mordida dolorosamente, não sabia se era o beijo dele a excitando ou o álcool enchendo seu corpo, mas ela sentia que estava ficando fraca.

Isabel se apoiou na pia e, com um golpe forte, pisou firmemente no pé de José.

Ele não a soltou, mas a abraçou mais forte pela cintura, aprofundando o beijo.

Isabel franziu o cenho, lutando contra ele. Ela puxou o braço, empurrando José com toda a força, e desferiu uma bofetada em seu rosto.

Um estalo.

O banheiro ficou silencioso.

José virou a cabeça de lado, lambendo os lábios, o batom de Isabel os manchando, misturado com o cheiro de uísque.

Isabel respirava com dificuldade, o batom borrado ao redor de seus lábios, seus olhos um pouco vermelhos.

José levantou o dedo, limpando o canto dos lábios, seus olhos negros se voltando para ela, ele resmungou e riu.

Isabel ousou bater nele?

- Isso não é o que você queria? - Ele se aproximou novamente, sua raiva aumentava e era refletida em seus olhos. - Se vestir assim não é para seduzir homens? O que, o cara lá fora é bom, mas eu não sou? Isabel, por que você está fingindo ser tão nobre aqui?

- José, seu canalha! - Isabel respondeu com raiva, com os olhos cheios de desapontamento.

O que ela queria, José não sabia?

Tudo o que ela queria era um pouco de amor, um pouco de amor dele, mas ele nunca lhe deu.

Ele a fazia sentir que ela era uma mercadoria barata, uma piada!

José olhou nos olhos implacáveis de Isabel e sentiu uma onda de raiva.

- Canalha? Você se esqueceu de quando suplicou para casar comigo naquele ano?

Isabel tremia de dor no coração, ouvindo as humilhações dele, se sentindo triste.

Para ele, seu amor era apenas uma lâmina para a ferir.

Ela se rebaixou por ele, rompeu com a família por ele, fez uma troca com os sequestradores por ele, abaixou suas defesas por ele, tudo por ele... Mas, afinal de contas, esses sete anos valeram a pena?

Isabel fungou, lágrimas brilhando em seus olhos lindos, e ela sorriu, dizendo:

- José, amar você foi uma tolice da minha parte.

José riu baixinho, sem perceber que, desta vez, ele perdeu completamente a mulher que o amou por sete anos.

Isabel saiu do banheiro, enxugando os lábios incessantemente.

Quando ela pensava que José havia beijado Carolina antes de beijar ela, ela se sentia suja, suja até a morte!

Isabel, com os olhos vermelhos, procurou Clara e a puxou para fora.

- Meu bem, você está bem? - Clara estava preocupada.

Isabel choramingou enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto:

- O que mais poderia acontecer? Estou muito bem.

Isabel segurou os sapatos de salto alto enquanto caminhava pela rua, ignorando os olhares dos transeuntes, como se finalmente tivesse tomado uma decisão, gritando:

- Eu nunca mais amarei José Silva! Nunca mais! Amarei! De novo!

Foi uma jornada tumultuada, verdadeiramente dolorosa.

Ser tão tola por um homem, era o cúmulo da estupidez!

Ela não queria ver José nunca mais.

Ela queria que sua vida voltasse ao normal, que as flores fossem flores e as árvores fossem árvores.

Clara alcançou Isabel e a abraçou, enquanto Isabel soluçava silenciosamente, tremendo por inteiro, e Clara se compadeceu dela.

Isabel não se lembrava de como chegou em casa.

Quando acordou novamente, já era tarde da tarde do dia seguinte.

Isabel se sentou na cama, com uma expressão atordoada, uma mão pressionando a têmpora, uma dor de cabeça terrível.

O celular tocou, Isabel virou a cabeça para olhar. Ela pegou o celular calmamente e, ao ver a notícia, ficou em silêncio por um momento.

"Hoje, o presidente do Grupo Silva, José Silva, junto com a filha dos Soares, participou do lançamento do novo produto de maquiagem do Grupo Silva."

Isabel abriu o vídeo, vendo Carolina sorrindo, enquanto segurava o braço de José, e acenando para a mídia de vez em quando. Eles pareciam muito bem juntos.

Isabel apertou o celular com força, os olhos arderam.

Depois de três anos de casamento, José nunca a levou para eventos. Agora, logo após o divórcio, ele estava ansioso para apresentar sua nova amada para todos.

A imagem de José a beijando à força no banheiro veio à sua mente. Isabel achou irônico.

De repente, houve uma batida na porta do quarto. Isabel olhou para cima, com um olhar tranquilo, escondendo sua tristeza, e disse:

- Entre.

A porta se abriu, Hugo entrou com um terno azul escuro, sorrindo de forma astuta.

- Bela, não se esqueça do acordo com papai na noite passada!

Isabel ficou surpresa.

Que acordo era esse?
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