Alana Miller
O vestido estava impecavelmente pendurado na porta do armário, como se fosse uma obra de arte. Um tom de azul profundo que me lembrava as noites estreladas que eu costumava observar quando era pequena. Suspirei, encarando-o como se fosse uma armadura para o que estava por vir. Hoje seria o dia em que eu conheceria Anthony Ferraz, o homem que, dentro de poucas semanas, se tornaria meu marido. Um completo estranho, com idade suficiente para ser meu pai. — Alana, você ainda não está pronta? — A voz da minha mãe me trouxe de volta à realidade. Ela apareceu na porta, com os cabelos perfeitamente presos em um coque e um olhar que mesclava ansiedade e esperança. — As pessoas já estão chegando. Anthony deve estar aqui a qualquer momento. Balancei a cabeça, tentando dissipar o turbilhão de pensamentos. — Já estou indo, mãe. — Respondi mesmo sem vontade. Ela me observou por um instante, como se pudesse enxergar a confusão por trás da minha expressão. Mas, em vez de dizer algo, apenas sorriu de maneira encorajadora e saiu do quarto. Respirei fundo e me aproximei do espelho. Meus cabelos estavam presos em um penteado simples, deixando meu rosto completamente exposto. Eu não sabia se isso era bom ou ruim. Meus olhos encontraram os meus próprios no reflexo, e, por um instante, me perguntei se a garota que me encarava era realmente eu. Alguém que, em breve, estaria casada com um homem que mal conhecia. Assim que terminei de me vestir, desci as escadas e fui recebida por uma sala repleta de pessoas. Rostos familiares e desconhecidos se misturavam em meio às conversas e risadas. Mas, mesmo com toda a agitação, parecia que todos os olhos estavam voltados para mim. — Lá está ela,— ouvi alguém comentar. — Tão jovem e tão bonita. Anthony tem sorte. Tentei ignorar o incômodo que aquelas palavras causaram. Já havia me preparado para os sussurros, mas ouvi-los em primeira mão era outra história. Meu pai estava ao lado da lareira, conversando com um homem alto e elegante. Seu cabelo grisalho e o porte confiante o destacavam imediatamente. Anthony Ferraz. Quando nossos olhos se encontraram, senti um frio percorrer minha espinha. Ele sorriu, um sorriso calculado, como se já soubesse o efeito que causava nas pessoas. Caminhou em minha direção com passos firmes, enquanto eu permanecia estática. — Alana, — meu pai disse, colocando a mão em meu ombro. — Este é Anthony Ferraz, seu noivo. Anthony estendeu a mão, e eu a aceitei hesitante. Sua pele estava quente contra a minha, e seu aperto era firme. — É um prazer finalmente conhecê-la, Alana,— ele disse, sua voz profunda e envolvente. — Sua beleza é realmente encantadora. — O prazer é meu,— respondi, tentando soar confiante, mas minha voz soou quase como um sussurro. Ele me observou por um instante, como se estivesse tentando decifrar algo. — Você é ainda mais encantadora do que eu imaginava,— comentou, com um tom que parecia um elogio, mas me fez sentir como se estivesse sendo avaliada, afinal ele estava vendo se fez um bom negócio. Sorri, embora por dentro estivesse lutando contra o desconforto. Enquanto ele continuava a conversar com meu pai, eu não conseguia evitar a pergunta que martelava na minha mente: como seria minha vida ao lado de um homem como Anthony? Um homem que carregava anos de experiências e segredos que eu nem podia começar a imaginar. A noite continuou, com brindes e discursos. Quando Anthony anunciou finalmente a data do casamento, senti meu coração acelerar. Duas semanas. Esse seria o tempo que eu tinha para me acostumar com a ideia de ser sua esposa. Enquanto os convidados aplaudiam, eu me peguei observando Anthony. Ele conversava com os outros com facilidade, como se fosse o centro do universo. E talvez fosse, pelo menos naquele momento. Mas, para mim, ele era um mistério. Um homem que estava prestes a mudar minha vida de uma forma que eu ainda não conseguia compreender. E, enquanto a festa continuava, uma coisa se tornou clara: eu precisaria ser mais forte do que jamais imaginei para enfrentar o que estava por vir. Mais tarde, quando a maioria dos convidados já havia partido, Anthony me chamou para uma conversa a sós. Fomos para a varanda, onde o ar fresco da noite era um alívio bem-vindo. Ele apoiou-se na grade, observando o jardim iluminado pelas luzes suaves. — Alana, eu sei que muita coisa deve está passando em sua mente,— ele começou, sua voz mais baixa e menos formal. — Eu quero que saiba que, apesar das circunstâncias, minha intenção é ajudar sua família, nosso casamento será uma aliança perfeita, eu terei uma esposa e eles terão o nome na sociedade. Eu o observei, tentando encontrar alguma sinceridade em suas palavras. — É difícil imaginar como isso poderia ser fácil, — respondi, talvez mais honesta do que pretendia. — Em duas semanas serei sua propriedade. Ele sorriu de leve, mas havia algo nos seus olhos que parecia… irritação? — Você tem razão. Mas eu espero que, com o tempo, possamos construir algo que seja bom para nós dois. Pois tenho meus métodos para conseguir tudo que desejo. Não respondi de imediato. O peso daquela ameaça implícita era mais do que eu podia processar naquele momento. Apenas assenti, esperando que ele entendesse que eu precisava de tempo. Quando voltei para o meu quarto, o cansaço finalmente me alcançou. Sentei na beira da cama, olhando para as estrelas através da janela. Apesar de todas as dúvidas e medos, havia uma certeza: minha vida nunca mais seria a mesma. E Anthony Ferraz, não iria ser o marido ideal para ninguém. Aquele homem estava longe de ser alguém gentil, que colocasse minha felicidade acima dos seus negócios, eu seria nada mais que um objeto de luxo que ele faria questão de exibir quendo fosse necessário. Essa era minha função assim que me tornasse a senhora Ferraz. Ele pagou uma verdadeira fortuna e eu teria que ser a esposa perfeita.Anthony Ferraz Eu olhei para o celular, hesitei por um momento, mas sabia que não tinha outra escolha. Era hora de dar a notícia. Apertei o botão de chamada e coloquei o telefone no ouvido, esperando que ele atendesse. Sabia que, a qualquer momento, o tom irônico e cínico do meu irmão, Gabriel, tomaria conta da conversa. — Alô? — Ele atendeu, a voz abafada, como se tivesse acabado de acordar. Gabriel sempre foi mais desleixado com o horário, mas, ao menos, ele sabia que eu não ligaria sem um motivo. — Gabe, preciso te contar uma coisa. — Respirei fundo, tentando manter o tom calmo. — O que foi, Anthony? Algo grave? — O tom dele agora estava mais atento, mas não conseguia disfarçar o ceticismo. Gabriel nunca acreditou que eu fosse capaz de fazer algo "fora do script". — Eu vou casar novamente. — A frase soou mais pesada do que eu imaginava. Talvez por ser a terceira vez,e que dessa vez não fosse tão simples quanto as anteriores. Houve um silêncio do outro lado. Não era o silêncio
Alana Miller Olhei-me no espelho pela milésima vez. O vestido branco que cobria meu corpo parecia mais uma prisão do que um símbolo de pureza. A renda, as pérolas, o véu… nada disso me faz sentir como uma noiva sonhada. Era como se fosse cada centímetro do tecido, o peso de uma decisão que não ficou mais pesada. O reflexo que eu via não era o meu, mas o de alguém que havia sido comprado. Fechei os olhos, tentando ignorar o aperto no peito, mas ele só aumentou. Meu pai sempre disse que o dinheiro era a solução para todos os problemas. Quando ele me contou sobre o acordo com Anthony Ferraz, ainda não consegui entender completamente. A dívida dele com o homem mais rico da cidade, que sempre me pareceu intocável, fora finalmente salgado, mas não de uma maneira qualquer. Ele me deu como garantia. Me deu como moeda de troca. "Alana, isso é uma oportunidade, filha. O Ferraz pagou as dívidas, e agora ele quer você. Você tem que fazer isso. Isso é o melhor para todos nós", meu pai falou co
Alana Miller...A festa não passa de um borrão, as pessoas, vem me cumprimentar e minha vontade é sair correndo, porém, meu carrasco já está sob minha posse.— Alana, vamos já está na hora de viajarmos. — Ele fala ao meu ouvido.— Para onde vamos — pergunto.— Nossa lua de mel.Escutar isso me causou arrepios, nesta viagem iria acontecer algo que não teria mais volta. Entregaria minha virgindade que guardei por tanto tempo para uma pessoa especial, para esse velho asqueroso que me comprou como um objeto. Claro! Aqui está a continuação do capítulo:Eu queria gritar, mas minha voz parecia presa na garganta. O peso do momento me esmagava. As palavras "lua de mel" saíram de seus lábios como uma sentença. Ele não era meu marido; era meu carcereiro, meu algoz.Senti sua mão áspera em meu braço, guiando-me como se eu fosse uma criança desobediente. O calor das luzes da festa contrastava com o frio que me percorria por dentro. Meus passos eram pesados, como se cada um me levasse para um abis
Alana Miller Ferraz...Por mais que tentasse resistir, o Anthony era mais forte e mais astuto que eu, num momento de deslise ele chegou por trás e me desarmou.— Agora você não me escapa. — Ele fala me jogando na cama e deixando em pedaços o vestido que me cobria. — Você é minha Alana, e agora vai me pertencer por inteiro.Meu corpo inteiro se arrepiava como se repelisse tudo que estava por vir e já destruída, apenas fechei os olhos me deixando levar por esse momento infernal. A cada investida dele era como se uma parte de mim fosse arrancada.Após satisfeito ele se levantou, seguiu até o banheiro, e quando saiu de lá já arrumado me olha e fala:— Aqui está dinheiro o suficiente para você comprar algo para comer, o restaurante do hotel já está fechado, mas lá fora tem algumas lanchonetes. Vou sair, não me espere, irei em busca de alguém que me satisfaça, já que minha querida esposa só sabe reclamar.Esperei ele sair, e desmoronei no choro, me arrastei até o banheiro, tinha que tirar o
Miguel Ferraz...Sempre tive a fama de playboy, mas na realidade é uma forma que encontro para me desprender da realidade, meu pai, só liga para os negócios depois que perdeu minha mãe, meu tio não pensa em nada que não seja seu próprio ego. Tornou-se uma pessoa egoísta que só pensa em si.Embora ele acredite que temos muito em comum, não vejo semelhança alguma em nós. Estou mais uma vez no Havaí, meu pai pensa que estou pegando várias garotas quando, na verdade, quero encontrar alguém que me faça viver o amor que eu via nos meus pais.Estou entediado em meu quarto quando saio para caminhar as margens da piscina quando vejo uma linda garota, mas ela esta chorando. Fico observando-a de longe até criar coragem de me aproximar.— Você está bem? — pergunto e quando ela me olha fico ainda mais impressionado com sua beleza. Ela porem me fala que se sente enjaulada. Fico imaginando o que aconteceu para que ela se sinta dessa forma. De
Alana MillerEu sempre achei que minha vida fosse perfeita. Meu nome é Alana Miller, e durante vinte e dois anos, fui à preferida de meus pais. Cresci em uma mansão em um bairro elegante, cercada de jardins impecáveis, empregados sempre solícitos e a constante impressão de que o mundo conspirava para que eu fosse feliz. Minha mãe dizia que eu tinha herdado sua beleza, e meu pai fazia questão de ressaltar que minha inteligência era meu maior dom. Eu acreditava neles. Como não acreditar? Eles me amavam, e o amor deles parecia suficiente para blindar minha existência contra qualquer sofrimento.Minhas manhãs eram sempre regadas a cafés elaborados na sala de jantar iluminada pelo sol, onde meu pai lia o jornal e minha mãe discutia as próximas festas beneficentes que iríamos organizar. Eu passava meus dias entre aulas de música, arte e idiomas, além de frequentar os melhores círculos sociais. Todos pareciam me admirar, e eu, confesso, gostava disso. Gostava de ser notada, de ser admirada,