Anthony Ferraz
Eu olhei para o celular, hesitei por um momento, mas sabia que não tinha outra escolha. Era hora de dar a notícia. Apertei o botão de chamada e coloquei o telefone no ouvido, esperando que ele atendesse. Sabia que, a qualquer momento, o tom irônico e cínico do meu irmão, Gabriel, tomaria conta da conversa. — Alô? — Ele atendeu, a voz abafada, como se tivesse acabado de acordar. Gabriel sempre foi mais desleixado com o horário, mas, ao menos, ele sabia que eu não ligaria sem um motivo. — Gabe, preciso te contar uma coisa. — Respirei fundo, tentando manter o tom calmo. — O que foi, Anthony? Algo grave? — O tom dele agora estava mais atento, mas não conseguia disfarçar o ceticismo. Gabriel nunca acreditou que eu fosse capaz de fazer algo "fora do script". — Eu vou casar novamente. — A frase soou mais pesada do que eu imaginava. Talvez por ser a terceira vez,e que dessa vez não fosse tão simples quanto as anteriores. Houve um silêncio do outro lado. Não era o silêncio da surpresa, mas aquele silêncio de quem está tentando entender o que acabou de ouvir. Depois de alguns segundos, ele falou: — De novo? Não tem medo de se repetir? Ou, sei lá, acabar quebrando a cara mais uma vez? — Ele riu, mas a risada não era de humor, era mais uma daquelas piadas sarcásticas.— Você não se cansa, meu irmão? Eu fechei os olhos por um instante. Já sabia que ele reagiria assim. Gabriel nunca entendeu meu ponto de vista. — Não, não tem nada disso. Essa vai ser diferente. Eu vou casar com uma pessoa bem mais nova e lindíssima, Gabe. Muito mais nova, tem idade para ser minha filha. E o melhor de tudo, me custou uma fortuna. Mas posso te garantir, valeu cada centavo. E farei ela dançar conforme a minha música. — Falei com a convicção que sempre tive quando se tratava de dinheiro. Não era a primeira vez que tomava uma decisão impulsionada por ele, mas dessa vez era diferente. Ele soltou uma risada incrédula, mas logo tentou manter a calma. Sabia que o irmão mais velho, eu, sempre dava um jeito de conseguir o que queria. — Então, você tá dizendo que a grana é o que faz tudo funcionar? Tipo, a garota se casou contigo por causa disso? Irmão, você tem certeza disso? Essa garota vai ser sua ruína. Já imaginou o que ela está sentido? O que você fez para ela aceitar essas condições? Eu ri, sem esconder o sarcasmo na voz. — Sentimentos, Gabe, são para os fracos. O que realmente importa é o dinheiro. E você sabe bem que isso é o que eu tenho de sobra. Ela se apaixonou pela minha conta bancária, não pela minha alma. E eu, por minha vez, me apaixonei pela vida que ela vai me proporcionar. — Dei uma pausa, sabendo que meu irmão, de algum modo, entenderia a mensagem, embora nunca aceitasse. — Tirei toda a família dela da ruína e como premio tenho a Alicia Miller como minha esposa. — Então é isso? Nenhuma consideração por... sei lá, por ela como pessoa? Nada de afeto, só o que ela pode oferecer? — A voz de Gabriel soou tensa, como se ele estivesse tentando me convencer de que eu estava errado. — Irmão, essa garota tem toda vida pela frente, como o Tomaz Miller pode permitir algo assim? Eu gargalhei. Era quase divertido vê-lo tentar argumentar com os meus princípios. Mas ele não entendia, nunca entenderia. — O que ela oferece? Uma vida sem preocupações, Gabe. E é isso que eu busco. Não tem nada a ver com afeto, com emoções baratas. O que importa é o que se constrói com o que você tem. E no meu caso, o que eu tenho é o suficiente para comprar tudo o que preciso, incluindo a felicidade dela. — A certeza nas minhas palavras foi como uma sentença. — Já o Tomaz, vai viver o resto da vida medíocre dele sem se preocupar com dinheiro. Ele ficou em silêncio por um momento, como se estivesse tentando digerir o que acabara de ouvir. Quando finalmente falou, a voz dele estava mais baixa, quase resignada. — Você vai se arrepender disso, Anthony. Mas, se você está feliz assim... faz o que quiser. Eu só não entendo como pode viver sem sentir nada de real por ela, sem se importar com o que ela sente. E se essa garota tiver algum namorado ou esteja apaixonada por alguém? Eu sorri, olhando pela janela do meu escritório, onde o sol começava a se pôr, refletindo a luz dourada nas fachadas dos prédios ao longe. A cidade parecia minha, e tudo parecia tão... simples. — Eu entendo, Gabe. Mas quem precisa de sentimentos quando você tem tudo o que o dinheiro pode comprar? E, acredite, ela está ciente de tudo que terá ao meu lado. E se ela tiver sentimentos por qualquer outra pessoa, terei o prazer de matar quaisquer sentimentos, pois não paguei 1 bilhão de dólares para que ela sequer pense em outra pessoa. — Você enlouqueceu, Anthony? Não tem um mínimo de humanidade, desde qual momento você perdeu seus sentimentos? — Deixa de ser idiota, Gabe, tenho certeza que o Miguel irá me entender. — O Miguel é outro desmiolado, você acredita que ele está novamente no Havaí cercado de garotas que ele nem lembra do nome? — Pois é entendo muito bem, ele é jovem e tem que se divertir mesmo. Espero você no casamento. Desliguei a chamada, sem esperar mais respostas. Eu sabia que meu irmão nunca entenderia, mas não importava. O que ele não sabia era que, com essa decisão, eu tinha alcançado algo que nenhum sentimento, por mais genuíno que fosse, poderia oferecer: o controle total sobre a minha vida. Assim que desliguei a chamada com Gabriel, o silêncio tomou conta do escritório. Encostei-me à poltrona de couro, tamborilando os dedos na mesa de madeira maciça enquanto meu olhar vagava pelo horizonte da cidade. Não era o som do trânsito lá embaixo, nem as luzes piscantes dos prédios ao redor que ocupavam minha mente naquele momento. Era ela. Alicia. Eu sempre tive controle sobre tudo na minha vida. Meus negócios, meus investimentos, até mesmo meus casamentos anteriores. Tudo funcionava como um relógio, perfeitamente ajustado para atender aos meus desejos. Mas Alicia… ela era diferente. Não porque eu não pudesse controlá-la, mas porque, de alguma forma, ela se infiltrava nos meus pensamentos, mesmo quando eu tentava afastá-la. Lembro-me do dia em que Tomaz Miller entrou no meu escritório, o orgulho completamente esmagado. Ele implorou, sem vergonha alguma, para que eu salvasse a empresa da família. Um homem como ele, acostumado a estar no topo, agora se ajoelhava diante de mim. Foi quase patético. Quase. Mas foi quando ele mencionou Alicia que minha atenção realmente despertou. Eu já a tinha visto antes, em eventos sociais. Ela era jovem, graciosa, mas com um olhar que parecia carregar uma profundidade incomum para alguém da idade dela. Naquela noite, enquanto o pai dela despejava números e apelos, minha mente só conseguia pensar em como seria tê-la ao meu lado. Não apenas como um troféu, mas como algo mais. Uma posse única. Um prêmio que ninguém jamais ousaria contestar. A proposta foi feita de forma simples. Eu salvaria a empresa, pagaria todas as dívidas, e, em troca, Alicia seria minha esposa. Tomaz hesitou, claro. Qual pai não hesitaria? Mas no fundo, ele sabia que não tinha escolha. E, para minha surpresa, Alicia aceitou sem pestanejar. Não houve lágrimas, nem protestos. Apenas um olhar firme e uma concordância fria que ainda ecoa na minha mente. Agora, com o casamento marcado, eu não conseguia afastar a imagem dela da minha cabeça. Aquele corpo jovem e esguio, a pele perfeita, os olhos que pareciam sempre desafiadores, como se ela estivesse testando até onde eu poderia ir. Era uma mistura de luxúria e obsessão. Não era amor — eu não acreditava nisso —, mas era algo que me consumia. Levantei-me da cadeira e caminhei até a janela, sentindo o peso da minha vaidade como uma coroa. Ter Alicia ao meu lado seria uma declaração. Não apenas para Gabriel ou Miguel, mas para todos. Um homem da minha idade, com o poder que eu tinha, podia ter tudo o que quisesse. E eu quis Alicia. Mas havia algo mais profundo, algo que eu relutava em admitir até para mim mesmo. Era a ideia de que, mesmo comprada, ela era uma conquista que me desafiava. Eu sabia que ela me odiava, mesmo que não dissesse. Eu via isso no modo como ela evitava meu toque, no jeito como mantinha aquele sorriso frio e educado em público, mas que desaparecia assim que estávamos sozinhos. Isso só tornava tudo mais excitante. A ideia de dobrá-la à minha vontade, de transformar aquele olhar desafiador em submissão, era algo que eu não conseguia tirar da cabeça. “Ela será minha”, pensei, quase em voz alta. “Completamente minha.” O reflexo do vidro mostrava meu próprio rosto, uma mistura de satisfação e ambição. Alicia não sabia, mas já estava presa na minha teia. E, embora Gabriel e qualquer outro pudesse me criticar, eu sabia que, no fundo, a única coisa que importava era o que eu queria. A vaidade, a luxúria, a obsessão… tudo isso me definia agora. E, por mais que eu tentasse me convencer de que Alicia era apenas mais uma peça no meu jogo, sabia que ela era mais do que isso. Ela era a peça central. O troféu que eu exibia ao mundo e, ao mesmo tempo, o segredo que me consumia. Passei a mão pelo rosto, tentando afastar o turbilhão de pensamentos. Mas era inútil. Alicia Miller já não era apenas minha futura esposa. Ela era minha obsessão, e eu faria qualquer coisa para garantir que ela nunca escapasse de mim.Alana Miller Olhei-me no espelho pela milésima vez. O vestido branco que cobria meu corpo parecia mais uma prisão do que um símbolo de pureza. A renda, as pérolas, o véu… nada disso me faz sentir como uma noiva sonhada. Era como se fosse cada centímetro do tecido, o peso de uma decisão que não ficou mais pesada. O reflexo que eu via não era o meu, mas o de alguém que havia sido comprado. Fechei os olhos, tentando ignorar o aperto no peito, mas ele só aumentou. Meu pai sempre disse que o dinheiro era a solução para todos os problemas. Quando ele me contou sobre o acordo com Anthony Ferraz, ainda não consegui entender completamente. A dívida dele com o homem mais rico da cidade, que sempre me pareceu intocável, fora finalmente salgado, mas não de uma maneira qualquer. Ele me deu como garantia. Me deu como moeda de troca. "Alana, isso é uma oportunidade, filha. O Ferraz pagou as dívidas, e agora ele quer você. Você tem que fazer isso. Isso é o melhor para todos nós", meu pai falou co
Alana Miller...A festa não passa de um borrão, as pessoas, vem me cumprimentar e minha vontade é sair correndo, porém, meu carrasco já está sob minha posse.— Alana, vamos já está na hora de viajarmos. — Ele fala ao meu ouvido.— Para onde vamos — pergunto.— Nossa lua de mel.Escutar isso me causou arrepios, nesta viagem iria acontecer algo que não teria mais volta. Entregaria minha virgindade que guardei por tanto tempo para uma pessoa especial, para esse velho asqueroso que me comprou como um objeto. Claro! Aqui está a continuação do capítulo:Eu queria gritar, mas minha voz parecia presa na garganta. O peso do momento me esmagava. As palavras "lua de mel" saíram de seus lábios como uma sentença. Ele não era meu marido; era meu carcereiro, meu algoz.Senti sua mão áspera em meu braço, guiando-me como se eu fosse uma criança desobediente. O calor das luzes da festa contrastava com o frio que me percorria por dentro. Meus passos eram pesados, como se cada um me levasse para um abis
Alana Miller Ferraz...Por mais que tentasse resistir, o Anthony era mais forte e mais astuto que eu, num momento de deslise ele chegou por trás e me desarmou.— Agora você não me escapa. — Ele fala me jogando na cama e deixando em pedaços o vestido que me cobria. — Você é minha Alana, e agora vai me pertencer por inteiro.Meu corpo inteiro se arrepiava como se repelisse tudo que estava por vir e já destruída, apenas fechei os olhos me deixando levar por esse momento infernal. A cada investida dele era como se uma parte de mim fosse arrancada.Após satisfeito ele se levantou, seguiu até o banheiro, e quando saiu de lá já arrumado me olha e fala:— Aqui está dinheiro o suficiente para você comprar algo para comer, o restaurante do hotel já está fechado, mas lá fora tem algumas lanchonetes. Vou sair, não me espere, irei em busca de alguém que me satisfaça, já que minha querida esposa só sabe reclamar.Esperei ele sair, e desmoronei no choro, me arrastei até o banheiro, tinha que tirar o
Miguel Ferraz...Sempre tive a fama de playboy, mas na realidade é uma forma que encontro para me desprender da realidade, meu pai, só liga para os negócios depois que perdeu minha mãe, meu tio não pensa em nada que não seja seu próprio ego. Tornou-se uma pessoa egoísta que só pensa em si.Embora ele acredite que temos muito em comum, não vejo semelhança alguma em nós. Estou mais uma vez no Havaí, meu pai pensa que estou pegando várias garotas quando, na verdade, quero encontrar alguém que me faça viver o amor que eu via nos meus pais.Estou entediado em meu quarto quando saio para caminhar as margens da piscina quando vejo uma linda garota, mas ela esta chorando. Fico observando-a de longe até criar coragem de me aproximar.— Você está bem? — pergunto e quando ela me olha fico ainda mais impressionado com sua beleza. Ela porem me fala que se sente enjaulada. Fico imaginando o que aconteceu para que ela se sinta dessa forma. De
Alana MillerEu sempre achei que minha vida fosse perfeita. Meu nome é Alana Miller, e durante vinte e dois anos, fui à preferida de meus pais. Cresci em uma mansão em um bairro elegante, cercada de jardins impecáveis, empregados sempre solícitos e a constante impressão de que o mundo conspirava para que eu fosse feliz. Minha mãe dizia que eu tinha herdado sua beleza, e meu pai fazia questão de ressaltar que minha inteligência era meu maior dom. Eu acreditava neles. Como não acreditar? Eles me amavam, e o amor deles parecia suficiente para blindar minha existência contra qualquer sofrimento.Minhas manhãs eram sempre regadas a cafés elaborados na sala de jantar iluminada pelo sol, onde meu pai lia o jornal e minha mãe discutia as próximas festas beneficentes que iríamos organizar. Eu passava meus dias entre aulas de música, arte e idiomas, além de frequentar os melhores círculos sociais. Todos pareciam me admirar, e eu, confesso, gostava disso. Gostava de ser notada, de ser admirada,
Alana MillerO vestido estava impecavelmente pendurado na porta do armário, como se fosse uma obra de arte. Um tom de azul profundo que me lembrava as noites estreladas que eu costumava observar quando era pequena. Suspirei, encarando-o como se fosse uma armadura para o que estava por vir. Hoje seria o dia em que eu conheceria Anthony Ferraz, o homem que, dentro de poucas semanas, se tornaria meu marido. Um completo estranho, com idade suficiente para ser meu pai.— Alana, você ainda não está pronta? — A voz da minha mãe me trouxe de volta à realidade. Ela apareceu na porta, com os cabelos perfeitamente presos em um coque e um olhar que mesclava ansiedade e esperança. — As pessoas já estão chegando. Anthony deve estar aqui a qualquer momento.Balancei a cabeça, tentando dissipar o turbilhão de pensamentos. — Já estou indo, mãe. — Respondi mesmo sem vontade.Ela me observou por um instante, como se pudesse enxergar a confusão por trás da minha expressão. Mas, em vez de dizer algo, ape