Alana Miller
Eu sempre achei que minha vida fosse perfeita. Meu nome é Alana Miller, e durante vinte e dois anos, fui à preferida de meus pais. Cresci em uma mansão em um bairro elegante, cercada de jardins impecáveis, empregados sempre solícitos e a constante impressão de que o mundo conspirava para que eu fosse feliz. Minha mãe dizia que eu tinha herdado sua beleza, e meu pai fazia questão de ressaltar que minha inteligência era meu maior dom. Eu acreditava neles. Como não acreditar? Eles me amavam, e o amor deles parecia suficiente para blindar minha existência contra qualquer sofrimento. Minhas manhãs eram sempre regadas a cafés elaborados na sala de jantar iluminada pelo sol, onde meu pai lia o jornal e minha mãe discutia as próximas festas beneficentes que iríamos organizar. Eu passava meus dias entre aulas de música, arte e idiomas, além de frequentar os melhores círculos sociais. Todos pareciam me admirar, e eu, confesso, gostava disso. Gostava de ser notada, de ser admirada, de ser a filha perfeita dos Miller. Mas o que eu mais amava era a noite. Quando a casa ficava em silêncio e eu podia escapar para o jardim. Sentada sob a árvore mais antiga da propriedade, eu olhava para o céu estrelado e sonhava com o futuro. Nesses momentos, não importavam os vestidos caros ou as festas glamorosas. Importava o que estava por vir. Eu imaginava um grande amor, uma carreira que me desafiasse, viagens pelo mundo e, acima de tudo, liberdade. Essa palavra sempre teve um significado especial para mim. Liberdade. Era algo que eu achava que possuía, mas que, olhando para trás, percebo que nunca foi verdade. Eu estava presa às expectativas, aos padrões e à ilusão de que minha vida era inquebrantável. E foi essa ilusão que desmoronou em uma tarde de outono. Lembro-me vividamente daquele dia. O vento frio soprava pelas janelas abertas do nosso salão principal. Meu pai entrou, com os olhos baixos e os ombros curvados. Era uma imagem que eu nunca tinha visto antes. Ele sempre foi o pilar da nossa família, o homem confiante que comandava tudo com um sorriso seguro. Mas, naquele momento, ele parecia menor, frágil. Minha mãe se levantou imediatamente, preocupada, e eu o segui com o olhar, tentando entender o que estava acontecendo. — Perdemos tudo — ele disse, com a voz rouca. Aquelas palavras ecoaram na sala, e eu senti o chão sumir sob meus pés. Tudo? Como assim, tudo? Perguntas rodopiavam na minha mente, mas nenhuma fazia sentido. Meu pai explicou, entre pausas e suspiros, que investimentos mal feitos, dívidas crescentes e um mercado implacável haviam destruído nosso império. A falência era inevitável. A família Miller não era mais a mesma. Naquele momento, vi minha mãe desmoronar, algo que jamais imaginara possível. E eu? Eu permaneci ali, em silêncio, enquanto minha mente tentava assimilar o impacto daquela revelação. Era como se um tornado tivesse passado por minha vida, arrancando tudo o que eu conhecia e deixando apenas destroços. — Mas há uma saída — meu pai acrescentou, com um tom de voz que me fez estremecer. Foi aí que ele falou sobre Anthony Ferraz, um homem poderoso e influente, disposto a ajudar nossa família. Porém, havia uma condição: eu teria que me casar com ele. Meu coração parou. Casar-me? Com um homem que eu sequer conhecia? Tudo dentro de mim gritou em protesto, mas, ao olhar para meus pais, percebi que eles viam essa única alternativa como a salvação. Eles acreditavam que eu poderia suportar isso. E, naquele momento, percebi que minha liberdade nunca fora realmente minha. Eu era Alana Miller, a filha perfeita, a mulher destinada a sacrificar seus sonhos para salvar a família. Mas, por dentro, algo começava a se quebrar. O que eu não sabia é que aquele seria apenas o começo da minha história, e que minha vida estava prestes a mudar de maneiras que eu jamais poderia imaginar. — Papai, o senhor não pode fazer isso comigo? — Filha, o Anthony, foi bem específico quando aceitou nos ajudar. Sua única exigência seria um casamento com você. E ele nos daria tudo de volta. Minha cabeça girava, as palavras do meu pai iam e voltavam como um bumerangue e meus olhos enchiam de lagrimas que tentava segurar. — Por quanto… Qual o valor que esse homem pagou para ter a minha vida? Meu pai me olhou, talvez com piedade, talvez com arrependimento, mas o silêncio dele foi como um soco. Minha mãe soluçava ao fundo, mas eu não conseguia desviar meus olhos dele. — Não se trata de dinheiro, Alana. Trata-se de manter o nome da nossa família, de não perdermos tudo que construímos. Ele não comprou você. Ele… ofereceu uma solução. — Uma solução? — Minha voz saiu quase em um sussurro, carregada de incredulidade. — Vocês querem que eu entregue minha vida, meus sonhos, para ser uma… uma moeda de troca? Minha mãe se aproximou, segurando minhas mãos trêmulas. Seus olhos estavam vermelhos, mas sua voz era firme. — Alana, nós não temos escolha. Eu sei que é injusto, mas é isso ou perdemos tudo. Você é forte, minha filha. Vai conseguir superar isso. Eu não respondi. Não havia nada a dizer. Meu mundo estava desmoronando, e eu era impotente para impedir. No fundo, sabia que não tinha opção. Meus pais estavam me pedindo para carregar o peso da nossa família. E eu, como sempre, faria o que era esperado de mim. Mas, enquanto subia para meu quarto, com o coração em pedaços, fiz uma promessa silenciosa a mim mesma. Se eu tivesse que passar por isso, se tivesse que me casar com Anthony Ferraz, eu encontraria uma maneira de recuperar minha liberdade. Eu não sabia como, mas sabia que aquele não seria o fim da minha história. Era apenas o começo. Só não tenho ideia de como irei fazer para que minha liberdade de uma vez por todas. Deito em minha cama com meus pensamentos a mil, como meu pai pode fazer isso comigo? Ele simplesmente me vendeu, sem pensar em meus sentimentos.Alana MillerO vestido estava impecavelmente pendurado na porta do armário, como se fosse uma obra de arte. Um tom de azul profundo que me lembrava as noites estreladas que eu costumava observar quando era pequena. Suspirei, encarando-o como se fosse uma armadura para o que estava por vir. Hoje seria o dia em que eu conheceria Anthony Ferraz, o homem que, dentro de poucas semanas, se tornaria meu marido. Um completo estranho, com idade suficiente para ser meu pai.— Alana, você ainda não está pronta? — A voz da minha mãe me trouxe de volta à realidade. Ela apareceu na porta, com os cabelos perfeitamente presos em um coque e um olhar que mesclava ansiedade e esperança. — As pessoas já estão chegando. Anthony deve estar aqui a qualquer momento.Balancei a cabeça, tentando dissipar o turbilhão de pensamentos. — Já estou indo, mãe. — Respondi mesmo sem vontade.Ela me observou por um instante, como se pudesse enxergar a confusão por trás da minha expressão. Mas, em vez de dizer algo, ape
Anthony Ferraz Eu olhei para o celular, hesitei por um momento, mas sabia que não tinha outra escolha. Era hora de dar a notícia. Apertei o botão de chamada e coloquei o telefone no ouvido, esperando que ele atendesse. Sabia que, a qualquer momento, o tom irônico e cínico do meu irmão, Gabriel, tomaria conta da conversa. — Alô? — Ele atendeu, a voz abafada, como se tivesse acabado de acordar. Gabriel sempre foi mais desleixado com o horário, mas, ao menos, ele sabia que eu não ligaria sem um motivo. — Gabe, preciso te contar uma coisa. — Respirei fundo, tentando manter o tom calmo. — O que foi, Anthony? Algo grave? — O tom dele agora estava mais atento, mas não conseguia disfarçar o ceticismo. Gabriel nunca acreditou que eu fosse capaz de fazer algo "fora do script". — Eu vou casar novamente. — A frase soou mais pesada do que eu imaginava. Talvez por ser a terceira vez,e que dessa vez não fosse tão simples quanto as anteriores. Houve um silêncio do outro lado. Não era o silêncio
Alana Miller Olhei-me no espelho pela milésima vez. O vestido branco que cobria meu corpo parecia mais uma prisão do que um símbolo de pureza. A renda, as pérolas, o véu… nada disso me faz sentir como uma noiva sonhada. Era como se fosse cada centímetro do tecido, o peso de uma decisão que não ficou mais pesada. O reflexo que eu via não era o meu, mas o de alguém que havia sido comprado. Fechei os olhos, tentando ignorar o aperto no peito, mas ele só aumentou. Meu pai sempre disse que o dinheiro era a solução para todos os problemas. Quando ele me contou sobre o acordo com Anthony Ferraz, ainda não consegui entender completamente. A dívida dele com o homem mais rico da cidade, que sempre me pareceu intocável, fora finalmente salgado, mas não de uma maneira qualquer. Ele me deu como garantia. Me deu como moeda de troca. "Alana, isso é uma oportunidade, filha. O Ferraz pagou as dívidas, e agora ele quer você. Você tem que fazer isso. Isso é o melhor para todos nós", meu pai falou co
Alana Miller...A festa não passa de um borrão, as pessoas, vem me cumprimentar e minha vontade é sair correndo, porém, meu carrasco já está sob minha posse.— Alana, vamos já está na hora de viajarmos. — Ele fala ao meu ouvido.— Para onde vamos — pergunto.— Nossa lua de mel.Escutar isso me causou arrepios, nesta viagem iria acontecer algo que não teria mais volta. Entregaria minha virgindade que guardei por tanto tempo para uma pessoa especial, para esse velho asqueroso que me comprou como um objeto. Claro! Aqui está a continuação do capítulo:Eu queria gritar, mas minha voz parecia presa na garganta. O peso do momento me esmagava. As palavras "lua de mel" saíram de seus lábios como uma sentença. Ele não era meu marido; era meu carcereiro, meu algoz.Senti sua mão áspera em meu braço, guiando-me como se eu fosse uma criança desobediente. O calor das luzes da festa contrastava com o frio que me percorria por dentro. Meus passos eram pesados, como se cada um me levasse para um abis
Alana Miller Ferraz...Por mais que tentasse resistir, o Anthony era mais forte e mais astuto que eu, num momento de deslise ele chegou por trás e me desarmou.— Agora você não me escapa. — Ele fala me jogando na cama e deixando em pedaços o vestido que me cobria. — Você é minha Alana, e agora vai me pertencer por inteiro.Meu corpo inteiro se arrepiava como se repelisse tudo que estava por vir e já destruída, apenas fechei os olhos me deixando levar por esse momento infernal. A cada investida dele era como se uma parte de mim fosse arrancada.Após satisfeito ele se levantou, seguiu até o banheiro, e quando saiu de lá já arrumado me olha e fala:— Aqui está dinheiro o suficiente para você comprar algo para comer, o restaurante do hotel já está fechado, mas lá fora tem algumas lanchonetes. Vou sair, não me espere, irei em busca de alguém que me satisfaça, já que minha querida esposa só sabe reclamar.Esperei ele sair, e desmoronei no choro, me arrastei até o banheiro, tinha que tirar o
Miguel Ferraz...Sempre tive a fama de playboy, mas na realidade é uma forma que encontro para me desprender da realidade, meu pai, só liga para os negócios depois que perdeu minha mãe, meu tio não pensa em nada que não seja seu próprio ego. Tornou-se uma pessoa egoísta que só pensa em si.Embora ele acredite que temos muito em comum, não vejo semelhança alguma em nós. Estou mais uma vez no Havaí, meu pai pensa que estou pegando várias garotas quando, na verdade, quero encontrar alguém que me faça viver o amor que eu via nos meus pais.Estou entediado em meu quarto quando saio para caminhar as margens da piscina quando vejo uma linda garota, mas ela esta chorando. Fico observando-a de longe até criar coragem de me aproximar.— Você está bem? — pergunto e quando ela me olha fico ainda mais impressionado com sua beleza. Ela porem me fala que se sente enjaulada. Fico imaginando o que aconteceu para que ela se sinta dessa forma. De