Alicia Miller Ferraz...
Mais uma noite ao lado de Anthony Ferraz, vulgo meu marido, na verdade, meu dono. Anthony, casou-se comigo simplesmente pelo fato de ser uma mulher bela, para aumentar ainda mais seu ego. Não há sentimentos, e cada momento que ele me toca é como uma parte de mim morresse e acredito que se continuar por muito tempo ao seu lado esquecerei de quem sou, na verdade. Novamente, o Anthony, me deixa plantada no quarto e sai, me arrumo e sigo para a área da piscina e lá está ele, o rapaz da noite passada, me aproximo chamando sua atenção e ele simplesmente solta que estava pesando em mim. — Pensando em mim? — Repeti — Não acho que seja uma boa ideia. Ele franziu a testa, tentando entender o que queria dizer com aquilo, mas preferi apenas deixar assim. — Eu só… — ele começou a falar, mas acredito que ele não sabia como continuar. — Eu só quero saber o que aconteceu. O que te fez chorar ontem? Olhei para o chão, tentando encontra as palavras certas, não posso simplesmente falar tudo que está acontecendo. — Eu não sei se quero falar sobre isso — disse, com um suspiro profundo. — Não é algo que eu possa compartilhar facilmente. Ele me observa e fala por fim: — Eu entendo — respondeu. — Mas… eu não sou como as outras pessoas que você conhece. Não estou aqui para fazer perguntas ou invadir sua privacidade. Só quero que você saiba que, se precisar de alguém, pode contar comigo. Para não ser tão arredia, pergunto se podemos nos encontrar mais tarde, ele aceita de bom grado e após esse acordo fico me perguntando o que fiz? Ele já falou que estava pensando em mim e o que faço dou esperanças. E se o Anthony voltar? O rapaz aceitou meu convite com um sorriso que parecia iluminar a noite ao meu redor, mas, ao mesmo tempo, acendeu um alerta em minha mente. Eu me virei, fingindo tranquilidade, e comecei a caminhar de volta para o quarto. A cada passo, a dúvida crescia como uma tempestade silenciosa dentro de mim. O que eu estava fazendo? Anthony não voltava para o quarto antes das duas ou três da manhã, mas ele tinha olhos e ouvidos em todos os lugares. Ele era o tipo de homem que controlava tudo, e mesmo quando não estava por perto, sua presença pairava como uma sombra. Fechei a porta do quarto atrás de mim, o som ecoando em meus ouvidos como um martelo batendo na culpa que já começava a se formar. Olhei para o espelho. Quem era aquela mulher que me encarava? A maquiagem impecável, o vestido elegante… uma casca perfeita para esconder a confusão que rugia por dentro. "Você sabe que isso é um erro", sussurrei para mim mesma, mas a lembrança do olhar do rapaz, da preocupação genuína em sua voz, fez meu coração acelerar. Não era algo que eu estava acostumada. Não com Anthony, que tratava cada gesto como uma moeda de troca. Caminhei até a cama, mas não consegui me sentar. Meu corpo inteiro parecia inquieto, dividido entre o medo e a curiosidade. E se ele fosse diferente? E se… Balanço a cabeça, tentando afastar os pensamentos perigosos. A realidade é que eu não tinha o direito de sequer imaginar isso. Anthony me tirou tudo, mas ainda assim, ele era meu marido. Ele tinha o controle. E se descobrisse que eu estava… flertando com outro homem, mesmo que sem intenção? Respirei fundo, tentando me acalmar. Peguei meu celular e enviei uma mensagem para Brenda, uma amiga de confiança, apenas para me distrair. "Como você está?" escrevi, esperando por uma resposta rápida. Mas o celular permaneceu em silêncio, assim como o quarto ao meu redor. Foi então que me dei conta: eu estava sozinha. Totalmente sozinha. Fechei os olhos e senti as lágrimas se acumularem novamente. Não, eu não podia continuar assim. Alguma coisa precisava mudar. Respirei fundo e me olhei mais uma vez no espelho. A estava impecável, o vestido ajustado perfeitamente ao meu corpo. Era um disfarce ideal para a confusão que rugia dentro de mim. Eu sabia que o encontro com o rapaz era uma aposta arriscada, mas, ao mesmo tempo, era como se algo dentro de mim estivesse querendo por aquilo. Uma pequena faísca de liberdade. Peguei minha bolsa e me dirigi à porta do quarto, determinado a sair antes que qualquer resquício de bom senso me fizesse recuar. Porém, assim que girei a maçaneta, meu coração congelou. Anthony estava ali, encostado no batente da porta, com aquele olhar frio que me fazia sentir um nó no estômago. Ele não deveria estar aqui. Nunca voltava antes das três da manhã. — Aonde você pensa que vai? — ele disse, a voz baixa, mas as autoridades. Hesitei por um segundo, buscando desesperadamente uma resposta. — Eu só… ia ao restaurante comer e tomar um pouco de ar — menti, tentando parecer tranquilo. Ele inclinou a cabeça, analisando-me como um predador que observa sua presa. Sua mão segurou a porta, impedindo que eu passasse. — Vestida assim? — Ele deu um sorriso invejado, que não chegava aos olhos. — Não parece que você está indo só tomar ar. — Eu me arrumei porque… porque queria me sentir bem comigo mesma. — Minha voz saiu trêmula, e eu sabia que ele percebeu. Ele deu um passo para mais perto, invadindo meu espaço pessoal. Eu recuei instintivamente, mas a parede atrás de mim não me dava escapatória. — Você acha que pode me enganar, Alicia? — ele sussurrou, o tom ameaçador escondido por uma falsa tranquilidade. — Eu te conheço melhor do que você mesmo. Tentei manter a calma, mas minhas mãos tremiam levemente. — Eu não estou fazendo nada de errado, Anthony. Só quero um pouco de paz. Ele riu, mas era um som vazio, desprovido de qualquer humor. — Paz? Você tem tudo o que precisa aqui. — Ele passou uma das mãos e acariciou meu rosto, mas o gesto era frio, quase mecânico. — Você é minha esposa, Alicia. Meu mundo. Não precisa de mais nada além de mim. Lembre-se que sou seu dono adorável esposa. Eu engoli em seco, sentindo a raiva e o medo de se misturar dentro de mim. Como ele poderia dizer isso, quando era tão óbvio que eu não passava de um troféu para ele? — Por favor, Anthony… — sussurrei, sem saber exatamente o que eu estava pedindo. Talvez ele me deixe em paz. Talvez ele me deixe sair. Talvez ele percebesse o quanto eu estava sufocando. Mas ele apenas recuou um passo, ainda com aquele sorriso ameaçador nos lábios. — Não se esqueça de quem você é, Alicia — ele disse, virando-se para sair. — E de quem eu sou. Ele fechou a porta atrás de si, e eu senti como se o ar tivesse sido arrancado dos meus pulmões. Encostei na parede, tentando recuperar o fôlego. As lágrimas vieram sem aviso, queimando meu rosto.Miguel Ferraz... Estava no lugar de sempre, esperando que meu anjo aparecesse, mas nem sinal dela, talvez seus problemas tenham se complicado, queria saber mais sobre ela,tentar ajudá-la de alguma forma, sinto que ela tem problemas graves. — Miguel, pensei que não te encontraria por aqui! — A voz do meu tio me traz de volta dos meus pensamentos. — Ué, não estava em lua de mel? — Pergunto. — Sim, mas a Alana o que tem de linda tem de complicada, acredita que ela fez showzinho por que não fui romântico em sua primeira vez. — Ela era virgem, quando se casaram? — Pergunto, pois sei que meu adorável titio não sabe o significado da palavra decência. — Sim, ela era, e será apenas minha, Miguel, comprei a Alana por um valor muito alto, é material de primeira, mas quando abre a boca é agressiva e mandona, não tenho paciência para chiliques. — Tio Anthony, já pensou em tentar agradar sua e
Alana Miller Ferraz Ele me beijou, minha mente gritava, mas se o Anthony visse, não eu não podia permitir que meu raio de sol se aproximasse novamente. Saio andando em direção ao meu quarto e encontro Anthony saindo do banho. — Aconteceu algo? — Ele pergunta percebendo minha inquietação. — Não, apenas me assustei enquanto caminhava pelo jardim. Ele não perguntou mais nada, apenas me olhou e disse: — Depois do café da manhã voltaremos para casa. Essas palavras fizeram meu estômago embrulhar, agora sabia que não teria mais volta. Voltaria para casa como a senhora Ferraz. Tanto o café da manhã quanto a viagem de volta passaram como um borrão, minha mente só lembrava do que meu raio de sol tinha feito esta manhã, e pelo menos uma vez nestes quinze
Miguel Ferraz Vê-la se afastar me deixou confuso, sabia que tinha ultrapassado limites que ela pôs desde o princípio. Algo em meu anjo é muito forte, ela esconde algo triste, e luta uma batalha contra ela mesma. Passei o dia inteiro procurando-a para pedir perdão por ter sido tão ousado. Mas não a encontrei em lugar algum, meu coração se apertou e sem saída liguei para meu pai, precisava desabafar e receber conselhos de alguém mais Velho. Ele atende no segundo toque. — Miguel? — a voz grave do meu pai ecoou pelo telefone. Fazia dias que não nos falávamos, mas ele sempre atendia rápido, como se esperasse por uma ligação minha. — Pai… — comecei, mas minha voz falhou. Engoli em seco, tentando organizar os pensamentos. — Eu preciso de um conselho. Houve um momento de silêncio do outro lado, e então ele suspirou, pesado.
Alana Miller FerrazHoje faz um mês desde que minha tortura começou. Um mês vivendo um casamento sem amor, sem companheirismo, sem sentimentos. Para Anthony Ferraz, eu sou apenas um troféu, um meio de satisfazer seu próprio ego.— Alana, hoje farei uma viagem. Vou para a casa do meu irmão, você o conheceu no nosso casamento. Ficarei lá por três dias. Se quiser, pode ir para a casa dos seus pais enquanto estiver fora — ele disse, saindo do closet com o tom prático de quem fazia um anúncio banal.Respirei fundo antes de responder, mantendo minha voz firme:— Anthony, eu não tenho pais. Assim como não tenho um marido. Eles me venderam, e você me comprou. Esses dias que você estará fora serão um alívio para mim. Pelo menos, não serei obrigada a dividir a cama com você.A palma de sua mão encontrou meu rosto com um estalo que ecoou no quarto. A dor era aguda, mas a humilhação cortava mais fundo.— Não seja estúpida, Alana — ele disse,
Anthony FerrazEsses dias longe de Alana foram mais perturbadores do que eu esperava. Achei que o tempo fora me ajudaria a esfriar a cabeça, mas as palavras dela continuavam ecoando na minha mente. "Você me comprou." Aquelas palavras cortaram mais fundo do que eu estava disposto a admitir.Sempre fui um homem prático, alguém que valoriza resultados acima de sentimentos. Foi assim que construí minha vida, minha reputação, meu patrimônio. Sentimentos eram fraquezas que aprendi a ignorar. Mas, com Alana, tudo parecia diferente.Conversei com Gabriel, meu irmão mais velho, na tentativa de encontrar alguma lógica em tudo isso. Gabriel sempre teve uma abordagem mais equilibrada sobre a vida, algo que muitas vezes me irritava, mas, naquele momento, eu precisava ouvir outra perspectiva.— Anthony, você não pode tratar Alana como um objeto — ele disse, me encarando com seriedade. — Ela é uma pessoa, com sentimentos.— Não é tão simples assim, Gabr
Alana Miller Ferraz Estou no meu quarto sem entender o que está acontecendo ao meu redor, primeiro meu raio de sol aparece e descubro que ele é sobrinho do Anthony, logo depois o Anthony surge com uma história que vai mudar. Vou acabar enlouquecendo, não consigo entender que jogo sórdido esses dois querem fazer.Saio do quarto para tomar o café da manhã e dou de cara com raio... Miguel.— Bom dia, anjo. — Ele diz e a menção do apelido que ele me deu enquanto estávamos no Havaí me causou um arrepio. — Espera, precisamos conversar.— Não tenho nada para falar com você, quero distância, de você, do seu tio, dessa família que não passa de um circo de horrores. — Alana, não te fiz nada para você me tratar assim.— Não fez nada? — Pergunto olhando para os lados. — Miguel, você me beijou sem minha permissão.Falo irritada.— Se bem me lembro, você correspondeu...— Tudo bem, vamos convers
Miguel FerrazAs palavras da Alana, saíram me rasgando por dentro e aos poucos lembro das palavras do meu tio. Deixe de sentimentalismo, Miguel, mulheres servem para nos agradar mesmo.Sinto um nojo descomunal das palavras dele, olho para Alana ainda parada em minha frente e não tenho forças para ampará-la.— Alana, confia em mim, vou resolver tudo. Sem pensar em minhas ações me aproximo me apoderando de seu corpo, passo as mãos em sua cintura e novamente colo nossos lábios. O beijo é calmo como se pudesse passar toda segurança que pretendo da para ela através desse gesto.Ela se afasta e sem me olhar fala:— Preciso ir. — Ela coloca algo na mesinha próximo ao sofá — Aqui tem a cópia da chave. Feche tudo depois que sair.Ela sai, mas meu coração fica preenchido, ela me deu a cópia da chave, isso significa que ela pretende voltar aqui, comigo.As palavras de Alana ainda ecoavam na minha mente enquanto eu a obser
Alana Miller FerrazChego em casa, minha cabeça girando, só posso estar ficando louca, o que pensei quando dei a cópia da chave do apartamento para o Miguel? Será que terei coragem de trair o Anthony? Será que o Miguel, realmente foi sincero em suas palavras?Balanço a cabeça para afastar tais pensamentos. Entro em meu quarto e o silêncio dentro dele é reconfortante, sigo para o banheiro e enquanto tiro minhas roupas para me preparar para o banho, lembro dos beijos que troquei com Miguel, deixo minha mente vagar por cada momento que compartilhamos no Havaí, e hoje quando ele me beijou, senti que havia algo diferente, como se uma bolha imaginaria nos envolvesse e nos protegesse do caos que é o mundo ao nosso redor.Saio de meus pensamentos com mãos me envolvendo, ao abrir os olhos vejo através do espelho que são as mãos do Anthony, de imediato me afasto.— Posso me unir a você durante o banho? — Ele está estranho, talvez realmente queira mudar. Log