Miguel Ferraz...
Sempre tive a fama de playboy, mas na realidade é uma forma que encontro para me desprender da realidade, meu pai, só liga para os negócios depois que perdeu minha mãe, meu tio não pensa em nada que não seja seu próprio ego. Tornou-se uma pessoa egoísta que só pensa em si. Embora ele acredite que temos muito em comum, não vejo semelhança alguma em nós. Estou mais uma vez no Havaí, meu pai pensa que estou pegando várias garotas quando, na verdade, quero encontrar alguém que me faça viver o amor que eu via nos meus pais. Estou entediado em meu quarto quando saio para caminhar as margens da piscina quando vejo uma linda garota, mas ela esta chorando. Fico observando-a de longe até criar coragem de me aproximar. — Você está bem? — pergunto e quando ela me olha fico ainda mais impressionado com sua beleza. Ela porem me fala que se sente enjaulada. Fico imaginando o que aconteceu para que ela se sinta dessa forma. Depois que ela foi embora, lembro que apesar de termos um breve conversa, não perguntei seu nome, nem falei o meu. Se bem que se ela souber do meu nome vai se assustar pelo que falam de mim nas mídias e se afastará. Volto para meu quarto e aquela garota não sai da minha cabeça, queria fazer de tudo para que ela não derramasse uma lágrima sequer. Acordei com o som irritante do celular vibrando sobre o criado-mudo. Peguei o aparelho ainda sonolento, os olhos semicerrados tentando se ajustar à luz da tela. Era uma chamada de vídeo conjunta. Suspirei ao ver os nomes: meu pai e meu tio Anthony. Nada bom poderia vir disso. Atendi, jogando-me de volta contra os travesseiros. — Miguel, finalmente! — A voz autoritária de Anthony ecoou pelo telefone antes mesmo de eu dizer qualquer coisa. — Não vou perdoar sua ausência no casamento. Era um evento importante para a família! — Casamento? — Perguntei, fingindo confusão enquanto coçava a cabeça. – Ah, sim. Esse evento que aconteceu enquanto eu estava de férias, cercado de gatinhas. Queriam que eu fizesse o quê? Comparar a um lugar onde a única mulher que poderia me interessar estava vestida de noiva, se tornando minha tia? Eles gargalham. Anthony tinha uma risada alta e exagerada, enquanto meu pai apenas soltou um riso curto, provavelmente mais pela ironia da situação do que pela piada em si. — Você é impossível, Miguel. — Meu pai comentou, balançando a cabeça. — Sou realista, isso sim. — Retruquei, cruzando os braços. — Não muda, hein, Miguel! — Meu pai disse, se divertindo. — Você só pensa em diversão. Mas, olha, quando conhecer a Alana, você se comporta, viu? Eu franzi a testa, confuso. — Alana? Quem é ela? Meu tio, com um sorriso irônico, se inclinou para frente. — Alana é a minha esposa, meu sobrinho. Linda, não? Só que, mesmo sendo um pedaço de mulher, já está casada com outro. Então, já sabe, se comporta. Eu senti uma pontada no peito, embora soubesse que ele estava apenas brincando. Eu fiquei em silêncio por um momento, tentando processar o que ele acabara de dizer. meus pensamentos me levou a garota que encontrei na piscina ontem à noite? A mesma que estava chorando, com aquele olhar perdido e desesperado? — Não se preocupe, Miguel. — A voz do meu tio me trouxe de volta à realidade. — Quando você a conhecer, vai ver que, apesar de linda, é uma mulher difícil. Vá se divirta nas suas férias. Só não vá se apaixonar, porque, o mundo já perdeu um Ferraz. Eu senti uma onda de raiva e frustração se acumulando dentro de mim. Meu tio não sabia o que estava dizendo, nem o que estava por trás de tudo aquilo. Para ele, sua esposa era apenas um objeto, mais uma conquista, mais uma peça para exibir. — Não se preocupe, tio. — Eu disse, tentando esconder a frustração na minha voz. — Eu vou me comportar, como sempre faço. Meu pai deu uma risada curta, mas a preocupação estava estampada em seu rosto. Sabia que, por mais que eu dissesse que iria "me comportar", algo dentro de mim estava diferente. Algo tinha mudado quando vi aquela garota. Ela era diferente. A chamada terminou, e eu fiquei ali, sozinho, pensando sobre tudo. O que eu faria agora? Será que iria encontrar aquela garota novamente, queria protegê-la. Ela parecia tão triste, tão perdida. Aquela manhã ainda estava confusa em minha mente. A conversa com meu pai e meu tio só me deixou mais irritado, e eu não consegui tirar a imagem daquela garota da cabeça. O jeito como ela parecia presa, como se algo a estivesse sufocando, me inquietava de uma forma que eu não entendia. Levantei da cama, sem saber muito bem o que fazer. Eu não queria me envolver, não queria ser o playboy que todos pensavam que eu era. Mas, ao mesmo tempo, algo em mim estava pedindo para agir, para quebrar essa fachada e encontrar algo mais. Algo que fosse real. Eu sabia que minha vida não era a mais saudável. Eu tinha fugido para o Havaí para tentar encontrar alguma coisa, mas o que exatamente eu procurava? Não era só diversão, nem mulheres bonitas, nem festas. Era algo mais profundo. Eu queria saber o que havia da superfície, além do que meu pai e meu tio me impunham. E aquela garota parecia ser uma chave para isso. Fui até a piscina, tentando achar algum sinal de que ela ainda estaria lá, mas não vi nada. Talvez fosse tarde demais, talvez ela já tivesse ido embora. Eu sabia que tinha sido um encontro fugaz, um daqueles momentos que você deixa passar sem perceber o quão importante poderia ser. Mas não ia ser assim dessa vez. Eu precisava tentar, pelo menos. Fiquei ali, na beira da piscina, olhando para a água cristalina. Meu reflexo me encarava de volta, um homem que parecia ter tudo e, ao mesmo tempo, nada. Fui interrompido pelos passos apressados de alguém se aproximando. Me virei, e lá estava ela. A garota. Eu senti um choque. Como ela havia aparecido tão de repente? Estava ainda mais linda de perto, o rosto sereno, mas com algo de vulnerável. Ela me viu e hesitou por um momento, mas não fugiu. Não dessa vez. — Oi... — falei, um pouco inseguro, tentando não parecer tão perdido quanto me sentia. — Eu… estava pensando em você. Ela levantou as sobrancelhas, surpresa, mas não disse nada. Seu olhar era curioso, mas também cauteloso. — Pensando em mim? — ela repetiu, sua voz suave, quase como se fosse um desafio. — Não acho que seja uma boa ideia. Eu franzi a testa, tentando entender o que ela queria dizer com aquilo. — Eu só… — comecei, sem saber como continuar. — Eu só quero saber o que aconteceu. O que te fez chorar ontem? Ela olhou para o chão, seu olhar distante, e eu soube que não era uma pergunta fácil. Talvez ela não quisesse falar, talvez fosse doloroso demais. Mas eu não podia simplesmente deixá-la ir embora sem tentar. — Eu não sei se quero falar sobre isso — ela disse, com um suspiro profundo. — Não é algo que eu compartilho facilmente. Eu a observei, sentindo a tensão entre nós. Ela estava fechada, e eu podia ver que algo em sua vida a havia marcado de uma maneira que ela ainda não sabia como lidar. — Eu entendo — respondi, tentando ser compreensivo. — Mas… eu não sou como as outras pessoas que você conhece. Não estou aqui para fazer perguntas ou invadir sua privacidade. Só quero que você saiba que, se precisar de alguém, pode contar comigo. Ela me encarou, como se estivesse avaliando minhas palavras, buscando algum sinal de sinceridade. Eu esperava que ela visse que não estava mentindo. Eu queria ajudá-la, de alguma forma. Não queria que ela se sentisse sozinha, presa em sua própria dor. O silêncio entre nós foi longo, e eu podia ver que ela estava lutando consigo mesma, como se quisesse confiar em mim, mas não sabia se podia. Eu não sabia se ela acreditava em mim, mas sentia que precisava fazer algo para quebrar essa barreira. Ela respirou fundo e finalmente falou, sua voz quase um sussurro. — Talvez… talvez a gente possa conversar mais tarde. Eu… preciso de tempo. Eu assenti, respeitando o espaço dela. Não iria forçar nada. Mas, de alguma forma, eu sabia que esse encontro não seria o último. Algo em mim dizia que, mais cedo ou mais tarde, nós nos entenderíamos. Eu queria ajudar, queria saber o que a fazia se sentir tão aprisionada. — Claro — respondi, com um sorriso suave. — Eu vou estar por aqui. Ela deu um pequeno sorriso, o primeiro que vi, e, por um momento, parecia que algo havia suavizado dentro dela. E eu sabia que, de algum jeito, a nossa história estava apenas começando.Alicia Miller Ferraz...Mais uma noite ao lado de Anthony Ferraz, vulgo meu marido, na verdade, meu dono. Anthony, casou-se comigo simplesmente pelo fato de ser uma mulher bela, para aumentar ainda mais seu ego. Não há sentimentos, e cada momento que ele me toca é como uma parte de mim morresse e acredito que se continuar por muito tempo ao seu lado esquecerei de quem sou, na verdade.Novamente, o Anthony, me deixa plantada no quarto e sai, me arrumo e sigo para a área da piscina e lá está ele, o rapaz da noite passada, me aproximo chamando sua atenção e ele simplesmente solta que estava pesando em mim.— Pensando em mim? — Repeti — Não acho que seja uma boa ideia.Ele franziu a testa, tentando entender o que queria dizer com aquilo, mas preferi apenas deixar assim.— Eu só… — ele começou a falar, mas acredito que ele não sabia como continuar. — Eu só quero saber o que aconteceu. O que te fez chorar ontem?Olhei para o chão, ten
Miguel Ferraz... Estava no lugar de sempre, esperando que meu anjo aparecesse, mas nem sinal dela, talvez seus problemas tenham se complicado, queria saber mais sobre ela,tentar ajudá-la de alguma forma, sinto que ela tem problemas graves. — Miguel, pensei que não te encontraria por aqui! — A voz do meu tio me traz de volta dos meus pensamentos. — Ué, não estava em lua de mel? — Pergunto. — Sim, mas a Alana o que tem de linda tem de complicada, acredita que ela fez showzinho por que não fui romântico em sua primeira vez. — Ela era virgem, quando se casaram? — Pergunto, pois sei que meu adorável titio não sabe o significado da palavra decência. — Sim, ela era, e será apenas minha, Miguel, comprei a Alana por um valor muito alto, é material de primeira, mas quando abre a boca é agressiva e mandona, não tenho paciência para chiliques. — Tio Anthony, já pensou em tentar agradar sua e
Alana Miller Ferraz Ele me beijou, minha mente gritava, mas se o Anthony visse, não eu não podia permitir que meu raio de sol se aproximasse novamente. Saio andando em direção ao meu quarto e encontro Anthony saindo do banho. — Aconteceu algo? — Ele pergunta percebendo minha inquietação. — Não, apenas me assustei enquanto caminhava pelo jardim. Ele não perguntou mais nada, apenas me olhou e disse: — Depois do café da manhã voltaremos para casa. Essas palavras fizeram meu estômago embrulhar, agora sabia que não teria mais volta. Voltaria para casa como a senhora Ferraz. Tanto o café da manhã quanto a viagem de volta passaram como um borrão, minha mente só lembrava do que meu raio de sol tinha feito esta manhã, e pelo menos uma vez nestes quinze
Miguel Ferraz Vê-la se afastar me deixou confuso, sabia que tinha ultrapassado limites que ela pôs desde o princípio. Algo em meu anjo é muito forte, ela esconde algo triste, e luta uma batalha contra ela mesma. Passei o dia inteiro procurando-a para pedir perdão por ter sido tão ousado. Mas não a encontrei em lugar algum, meu coração se apertou e sem saída liguei para meu pai, precisava desabafar e receber conselhos de alguém mais Velho. Ele atende no segundo toque. — Miguel? — a voz grave do meu pai ecoou pelo telefone. Fazia dias que não nos falávamos, mas ele sempre atendia rápido, como se esperasse por uma ligação minha. — Pai… — comecei, mas minha voz falhou. Engoli em seco, tentando organizar os pensamentos. — Eu preciso de um conselho. Houve um momento de silêncio do outro lado, e então ele suspirou, pesado.
Alana Miller FerrazHoje faz um mês desde que minha tortura começou. Um mês vivendo um casamento sem amor, sem companheirismo, sem sentimentos. Para Anthony Ferraz, eu sou apenas um troféu, um meio de satisfazer seu próprio ego.— Alana, hoje farei uma viagem. Vou para a casa do meu irmão, você o conheceu no nosso casamento. Ficarei lá por três dias. Se quiser, pode ir para a casa dos seus pais enquanto estiver fora — ele disse, saindo do closet com o tom prático de quem fazia um anúncio banal.Respirei fundo antes de responder, mantendo minha voz firme:— Anthony, eu não tenho pais. Assim como não tenho um marido. Eles me venderam, e você me comprou. Esses dias que você estará fora serão um alívio para mim. Pelo menos, não serei obrigada a dividir a cama com você.A palma de sua mão encontrou meu rosto com um estalo que ecoou no quarto. A dor era aguda, mas a humilhação cortava mais fundo.— Não seja estúpida, Alana — ele disse,
Anthony FerrazEsses dias longe de Alana foram mais perturbadores do que eu esperava. Achei que o tempo fora me ajudaria a esfriar a cabeça, mas as palavras dela continuavam ecoando na minha mente. "Você me comprou." Aquelas palavras cortaram mais fundo do que eu estava disposto a admitir.Sempre fui um homem prático, alguém que valoriza resultados acima de sentimentos. Foi assim que construí minha vida, minha reputação, meu patrimônio. Sentimentos eram fraquezas que aprendi a ignorar. Mas, com Alana, tudo parecia diferente.Conversei com Gabriel, meu irmão mais velho, na tentativa de encontrar alguma lógica em tudo isso. Gabriel sempre teve uma abordagem mais equilibrada sobre a vida, algo que muitas vezes me irritava, mas, naquele momento, eu precisava ouvir outra perspectiva.— Anthony, você não pode tratar Alana como um objeto — ele disse, me encarando com seriedade. — Ela é uma pessoa, com sentimentos.— Não é tão simples assim, Gabr
Alana Miller Ferraz Estou no meu quarto sem entender o que está acontecendo ao meu redor, primeiro meu raio de sol aparece e descubro que ele é sobrinho do Anthony, logo depois o Anthony surge com uma história que vai mudar. Vou acabar enlouquecendo, não consigo entender que jogo sórdido esses dois querem fazer.Saio do quarto para tomar o café da manhã e dou de cara com raio... Miguel.— Bom dia, anjo. — Ele diz e a menção do apelido que ele me deu enquanto estávamos no Havaí me causou um arrepio. — Espera, precisamos conversar.— Não tenho nada para falar com você, quero distância, de você, do seu tio, dessa família que não passa de um circo de horrores. — Alana, não te fiz nada para você me tratar assim.— Não fez nada? — Pergunto olhando para os lados. — Miguel, você me beijou sem minha permissão.Falo irritada.— Se bem me lembro, você correspondeu...— Tudo bem, vamos convers
Miguel FerrazAs palavras da Alana, saíram me rasgando por dentro e aos poucos lembro das palavras do meu tio. Deixe de sentimentalismo, Miguel, mulheres servem para nos agradar mesmo.Sinto um nojo descomunal das palavras dele, olho para Alana ainda parada em minha frente e não tenho forças para ampará-la.— Alana, confia em mim, vou resolver tudo. Sem pensar em minhas ações me aproximo me apoderando de seu corpo, passo as mãos em sua cintura e novamente colo nossos lábios. O beijo é calmo como se pudesse passar toda segurança que pretendo da para ela através desse gesto.Ela se afasta e sem me olhar fala:— Preciso ir. — Ela coloca algo na mesinha próximo ao sofá — Aqui tem a cópia da chave. Feche tudo depois que sair.Ela sai, mas meu coração fica preenchido, ela me deu a cópia da chave, isso significa que ela pretende voltar aqui, comigo.As palavras de Alana ainda ecoavam na minha mente enquanto eu a obser