Alana Miller Ferraz...
Por mais que tentasse resistir, o Anthony era mais forte e mais astuto que eu, num momento de deslise ele chegou por trás e me desarmou. — Agora você não me escapa. — Ele fala me jogando na cama e deixando em pedaços o vestido que me cobria. — Você é minha Alana, e agora vai me pertencer por inteiro. Meu corpo inteiro se arrepiava como se repelisse tudo que estava por vir e já destruída, apenas fechei os olhos me deixando levar por esse momento infernal. A cada investida dele era como se uma parte de mim fosse arrancada. Após satisfeito ele se levantou, seguiu até o banheiro, e quando saiu de lá já arrumado me olha e fala: — Aqui está dinheiro o suficiente para você comprar algo para comer, o restaurante do hotel já está fechado, mas lá fora tem algumas lanchonetes. Vou sair, não me espere, irei em busca de alguém que me satisfaça, já que minha querida esposa só sabe reclamar. Esperei ele sair, e desmoronei no choro, me arrastei até o banheiro, tinha que tirar o cheiro daquele verme do meu corpo. Esperei até que o som da porta batendo confirmasse que ele havia ido embora. Por alguns segundos, fiquei imóvel, tentando analisar o que havia acontecido. Meu corpo tremia, e o gosto amargo da humilhação ainda estava na minha boca. Cada parte de mim doía, mas era a alma que parecia ter sido despedaçada. Arrastei-me até o banheiro, onde a água quente lavou meu corpo, mas não consegui apagar a sensação de sujeira que me consumia. Esfreguei minha pele até ficar vermelha, mas ainda senti o toque dele, o peso daquele momento, como se estivesse gravado em mim para sempre. Depois de algum tempo, coloquei um vestido simples que encontrei na mala, algo leve, sem me importar com a aparência. Precisava respirar, sair daquele quarto sufocante antes que perdesse o resto de sanidade que ainda tinha. Quando saí, uma brisa noturna me envolveu, oferecendo um consolo breve. As luzes da piscina iluminavam suavemente o ambiente, criando um contraste cruel com o caos que eu carregava por dentro. Encontrei um canto mais distante e me senti na beira, deixando meus pés tocarem a água. As lágrimas vieram antes que eu pudesse impedir. Era como se cada gota fosse uma tentativa desesperada de purgar a dor, a vergonha, e o ódio que me consumiam. Tentei ser silencioso, mas os soluços escaparam, rasgando a tranquilidade da noite. — Você está bem? — Uma voz masculina, grave, mas gentil, cortou meu desespero. Levantei a cabeça, surpresa. Um rapaz estava parado a alguns passos de mim. Era alto, com cabelos castanhos bagunçados pelo vento e olhos verdes que brilham à luz das estrelas. Vestia uma camisa branca simples e jeans, mas havia algo em sua postura que transmitia segurança. — Me desculpe, não quis assustá-la. — Ele disse, ao notar meu olhar alarmado. — É que... você parece precisar de ajuda. Balancei a cabeça, tentando disfarçar o choro, mas as lágrimas não paravam. — Não. Eu estou bem. — Menti, embora minha voz me traísse. Ele se sentou devagar, sentando-se ao meu lado com cuidado, respeitando meu espaço. — Não parece. — Ele comentou, com um sorriso pequeno, quase triste. — Às vezes, fale com uma ajuda estranha. Sem julgamentos, sem perguntas difíceis. Hesitei, mas algo em sua presença me tranquilizava. Ele não parecia ameaçador, apenas... compreensivo. — Não sei por onde começar. — Murmurei, minha voz quase sumindo. — Então não comece. Só... fale o que sentir vontade. — Ele respondeu, apoiando os cotovelos nos joelhos e olhando para a água. Suspirei, deixando meu olhar vagar para o reflexo trêmulo das luzes na piscina. — Estou preso em algo que não consigo controlar. — Falei, finalmente. — É como se minha vida não fosse mais minha. Ele não respondeu imediatamente, me dando espaço para continuar. — Sabe quando você quer gritar, mas ninguém ouve? Quando tudo o que você faz parece errado, mesmo que você nem tenha escolha? — Minha voz tremeu, e ele virou o rosto, para mim, encarar, seus olhos fixos nos meus. Ele me olhou com uma intensidade que me fez hesitar por um momento. Havia algo em seus olhos que parecia compreender exatamente o que eu estava sentindo, como se ele enxergasse além das palavras que eu mal conseguia dizer. — Eu sei como é. — Ele disse, finalmente. Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas carregava uma certeza que fez meu coração vacilar. — Parece que você está presa em uma jaula, e ninguém vê as grades, não é? Assenti, incapaz de falar. Meu peito apertava, e as lágrimas continuavam a cair, silenciosas, enquanto ele mantinha o olhar fixo no meu, sem desviar. — O que você faz? — Perguntei, minha voz fraca, como se eu estivesse implorando por uma resposta que pudesse me salvar. — Quando tudo parece... perdido? Ele suspirou e desviou o olhar para a água. Por um momento, pensei que ele não fosse responder, mas então ele falou: — Você luta. Mesmo que não saiba como. Mesmo que pareça impossível. Você encontra um jeito, por menor que seja, de resistir. Porque, no fim, ninguém vai lutar por você se você não lutar primeiro. Suas palavras eram simples, mas carregadas de uma verdade crua que me atingiu como uma pancada. Eu lutei para conter um soluço e virei o rosto, envergonhada da minha fraqueza. — É fácil falar. — Murmurei. — Mas, quando você está no meio disso, quando tudo o que você sente é dor... como você encontra força? Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos novamente, como se estivesse escolhendo suas palavras com cuidado. — A força está em você. Mesmo que você não a veja agora. Ela está lá. — Ele me olhou de novo, sua expressão séria, mas gentil. — E às vezes, você só precisa de alguém para te lembrar disso. Fiquei em silêncio, absorvendo suas palavras. Ele não me conhecia, mas, de alguma forma, parecia entender o que eu estava passando. Talvez fosse a maneira como ele falava, como se tivesse enfrentado seus próprios demônios, ou talvez fosse apenas o fato de que ele estava ali, ouvindo, sem me pressionar, sem me julgar. — Por que você está aqui? Por que está me ajudando? Ele deu um pequeno sorriso, mas havia algo melancólico nele. — Porque eu sei como é se sentir sozinho. — Ele respondeu, simplesmente. Suas palavras ficaram no ar entre nós, carregadas de algo que eu não conseguia definir. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele continuou: — Você não precisa me contar o que aconteceu. Não agora. Mas, se algum dia quiser, eu vou estar aqui. Houve um momento de silêncio, e, pela primeira vez em muito tempo, não me senti tão sufocada. Ainda havia dor, ainda havia medo, mas, por algum motivo, a presença desse rapaz era como uma âncora, me impedindo de afundar completamente. — Obrigada. — Murmurei, minha voz quase sumindo. Ele apenas assentiu, como se entendesse que aquelas palavras carregavam mais peso do que eu podia expressar. Ficamos ali por um tempo, em silêncio, enquanto a noite avançava. E, pela primeira vez, senti uma pequena fagulha de esperança, algo que pensei ter perdido para sempre. Talvez, apenas talvez, eu pudesse encontrar uma saída.Miguel Ferraz...Sempre tive a fama de playboy, mas na realidade é uma forma que encontro para me desprender da realidade, meu pai, só liga para os negócios depois que perdeu minha mãe, meu tio não pensa em nada que não seja seu próprio ego. Tornou-se uma pessoa egoísta que só pensa em si.Embora ele acredite que temos muito em comum, não vejo semelhança alguma em nós. Estou mais uma vez no Havaí, meu pai pensa que estou pegando várias garotas quando, na verdade, quero encontrar alguém que me faça viver o amor que eu via nos meus pais.Estou entediado em meu quarto quando saio para caminhar as margens da piscina quando vejo uma linda garota, mas ela esta chorando. Fico observando-a de longe até criar coragem de me aproximar.— Você está bem? — pergunto e quando ela me olha fico ainda mais impressionado com sua beleza. Ela porem me fala que se sente enjaulada. Fico imaginando o que aconteceu para que ela se sinta dessa forma. De
Alana MillerEu sempre achei que minha vida fosse perfeita. Meu nome é Alana Miller, e durante vinte e dois anos, fui à preferida de meus pais. Cresci em uma mansão em um bairro elegante, cercada de jardins impecáveis, empregados sempre solícitos e a constante impressão de que o mundo conspirava para que eu fosse feliz. Minha mãe dizia que eu tinha herdado sua beleza, e meu pai fazia questão de ressaltar que minha inteligência era meu maior dom. Eu acreditava neles. Como não acreditar? Eles me amavam, e o amor deles parecia suficiente para blindar minha existência contra qualquer sofrimento.Minhas manhãs eram sempre regadas a cafés elaborados na sala de jantar iluminada pelo sol, onde meu pai lia o jornal e minha mãe discutia as próximas festas beneficentes que iríamos organizar. Eu passava meus dias entre aulas de música, arte e idiomas, além de frequentar os melhores círculos sociais. Todos pareciam me admirar, e eu, confesso, gostava disso. Gostava de ser notada, de ser admirada,
Alana MillerO vestido estava impecavelmente pendurado na porta do armário, como se fosse uma obra de arte. Um tom de azul profundo que me lembrava as noites estreladas que eu costumava observar quando era pequena. Suspirei, encarando-o como se fosse uma armadura para o que estava por vir. Hoje seria o dia em que eu conheceria Anthony Ferraz, o homem que, dentro de poucas semanas, se tornaria meu marido. Um completo estranho, com idade suficiente para ser meu pai.— Alana, você ainda não está pronta? — A voz da minha mãe me trouxe de volta à realidade. Ela apareceu na porta, com os cabelos perfeitamente presos em um coque e um olhar que mesclava ansiedade e esperança. — As pessoas já estão chegando. Anthony deve estar aqui a qualquer momento.Balancei a cabeça, tentando dissipar o turbilhão de pensamentos. — Já estou indo, mãe. — Respondi mesmo sem vontade.Ela me observou por um instante, como se pudesse enxergar a confusão por trás da minha expressão. Mas, em vez de dizer algo, ape
Anthony Ferraz Eu olhei para o celular, hesitei por um momento, mas sabia que não tinha outra escolha. Era hora de dar a notícia. Apertei o botão de chamada e coloquei o telefone no ouvido, esperando que ele atendesse. Sabia que, a qualquer momento, o tom irônico e cínico do meu irmão, Gabriel, tomaria conta da conversa. — Alô? — Ele atendeu, a voz abafada, como se tivesse acabado de acordar. Gabriel sempre foi mais desleixado com o horário, mas, ao menos, ele sabia que eu não ligaria sem um motivo. — Gabe, preciso te contar uma coisa. — Respirei fundo, tentando manter o tom calmo. — O que foi, Anthony? Algo grave? — O tom dele agora estava mais atento, mas não conseguia disfarçar o ceticismo. Gabriel nunca acreditou que eu fosse capaz de fazer algo "fora do script". — Eu vou casar novamente. — A frase soou mais pesada do que eu imaginava. Talvez por ser a terceira vez,e que dessa vez não fosse tão simples quanto as anteriores. Houve um silêncio do outro lado. Não era o silêncio
Alana Miller Olhei-me no espelho pela milésima vez. O vestido branco que cobria meu corpo parecia mais uma prisão do que um símbolo de pureza. A renda, as pérolas, o véu… nada disso me faz sentir como uma noiva sonhada. Era como se fosse cada centímetro do tecido, o peso de uma decisão que não ficou mais pesada. O reflexo que eu via não era o meu, mas o de alguém que havia sido comprado. Fechei os olhos, tentando ignorar o aperto no peito, mas ele só aumentou. Meu pai sempre disse que o dinheiro era a solução para todos os problemas. Quando ele me contou sobre o acordo com Anthony Ferraz, ainda não consegui entender completamente. A dívida dele com o homem mais rico da cidade, que sempre me pareceu intocável, fora finalmente salgado, mas não de uma maneira qualquer. Ele me deu como garantia. Me deu como moeda de troca. "Alana, isso é uma oportunidade, filha. O Ferraz pagou as dívidas, e agora ele quer você. Você tem que fazer isso. Isso é o melhor para todos nós", meu pai falou co
Alana Miller...A festa não passa de um borrão, as pessoas, vem me cumprimentar e minha vontade é sair correndo, porém, meu carrasco já está sob minha posse.— Alana, vamos já está na hora de viajarmos. — Ele fala ao meu ouvido.— Para onde vamos — pergunto.— Nossa lua de mel.Escutar isso me causou arrepios, nesta viagem iria acontecer algo que não teria mais volta. Entregaria minha virgindade que guardei por tanto tempo para uma pessoa especial, para esse velho asqueroso que me comprou como um objeto. Claro! Aqui está a continuação do capítulo:Eu queria gritar, mas minha voz parecia presa na garganta. O peso do momento me esmagava. As palavras "lua de mel" saíram de seus lábios como uma sentença. Ele não era meu marido; era meu carcereiro, meu algoz.Senti sua mão áspera em meu braço, guiando-me como se eu fosse uma criança desobediente. O calor das luzes da festa contrastava com o frio que me percorria por dentro. Meus passos eram pesados, como se cada um me levasse para um abis