Capitulo 6

Alana Miller Ferraz...

Por mais que tentasse resistir, o Anthony era mais forte e mais astuto que eu, num momento de deslise ele chegou por trás e me desarmou.

— Agora você não me escapa. — Ele fala me jogando na cama e deixando em pedaços o vestido que me cobria. — Você é minha Alana, e agora vai me pertencer por inteiro.

Meu corpo inteiro se arrepiava como se repelisse tudo que estava por vir e já destruída, apenas fechei os olhos me deixando levar por esse momento infernal. A cada investida dele era como se uma parte de mim fosse arrancada.

Após satisfeito ele se levantou, seguiu até o banheiro, e quando saiu de lá já arrumado me olha e fala:

— Aqui está dinheiro o suficiente para você comprar algo para comer, o restaurante do hotel já está fechado, mas lá fora tem algumas lanchonetes. Vou sair, não me espere, irei em busca de alguém que me satisfaça, já que minha querida esposa só sabe reclamar.

Esperei ele sair, e desmoronei no choro, me arrastei até o banheiro, tinha que tirar o cheiro daquele verme do meu corpo.

Esperei até que o som da porta batendo confirmasse que ele havia ido embora. Por alguns segundos, fiquei imóvel, tentando analisar o que havia acontecido. Meu corpo tremia, e o gosto amargo da humilhação ainda estava na minha boca. Cada parte de mim doía, mas era a alma que parecia ter sido despedaçada.

Arrastei-me até o banheiro, onde a água quente lavou meu corpo, mas não consegui apagar a sensação de sujeira que me consumia. Esfreguei minha pele até ficar vermelha, mas ainda senti o toque dele, o peso daquele momento, como se estivesse gravado em mim para sempre.

Depois de algum tempo, coloquei um vestido simples que encontrei na mala, algo leve, sem me importar com a aparência. Precisava respirar, sair daquele quarto sufocante antes que perdesse o resto de sanidade que ainda tinha.

Quando saí, uma brisa noturna me envolveu, oferecendo um consolo breve. As luzes da piscina iluminavam suavemente o ambiente, criando um contraste cruel com o caos que eu carregava por dentro. Encontrei um canto mais distante e me senti na beira, deixando meus pés tocarem a água.

As lágrimas vieram antes que eu pudesse impedir. Era como se cada gota fosse uma tentativa desesperada de purgar a dor, a vergonha, e o ódio que me consumiam. Tentei ser silencioso, mas os soluços escaparam, rasgando a tranquilidade da noite.

— Você está bem? — Uma voz masculina, grave, mas gentil, cortou meu desespero.

Levantei a cabeça, surpresa. Um rapaz estava parado a alguns passos de mim. Era alto, com cabelos castanhos bagunçados pelo vento e olhos verdes que brilham à luz das estrelas. Vestia uma camisa branca simples e jeans, mas havia algo em sua postura que transmitia segurança.

— Me desculpe, não quis assustá-la. — Ele disse, ao notar meu olhar alarmado. — É que... você parece precisar de ajuda.

Balancei a cabeça, tentando disfarçar o choro, mas as lágrimas não paravam.

— Não. Eu estou bem. — Menti, embora minha voz me traísse.

Ele se sentou devagar, sentando-se ao meu lado com cuidado, respeitando meu espaço.

— Não parece. — Ele comentou, com um sorriso pequeno, quase triste. — Às vezes, fale com uma ajuda estranha. Sem julgamentos, sem perguntas difíceis.

Hesitei, mas algo em sua presença me tranquilizava. Ele não parecia ameaçador, apenas... compreensivo.

— Não sei por onde começar. — Murmurei, minha voz quase sumindo.

— Então não comece. Só... fale o que sentir vontade. — Ele respondeu, apoiando os cotovelos nos joelhos e olhando para a água.

Suspirei, deixando meu olhar vagar para o reflexo trêmulo das luzes na piscina.

— Estou preso em algo que não consigo controlar. — Falei, finalmente. — É como se minha vida não fosse mais minha.

Ele não respondeu imediatamente, me dando espaço para continuar.

— Sabe quando você quer gritar, mas ninguém ouve? Quando tudo o que você faz parece errado, mesmo que você nem tenha escolha? — Minha voz tremeu, e ele virou o rosto, para mim, encarar, seus olhos fixos nos meus.

Ele me olhou com uma intensidade que me fez hesitar por um momento. Havia algo em seus olhos que parecia compreender exatamente o que eu estava sentindo, como se ele enxergasse além das palavras que eu mal conseguia dizer.

— Eu sei como é. — Ele disse, finalmente. Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas carregava uma certeza que fez meu coração vacilar. — Parece que você está presa em uma jaula, e ninguém vê as grades, não é?

Assenti, incapaz de falar. Meu peito apertava, e as lágrimas continuavam a cair, silenciosas, enquanto ele mantinha o olhar fixo no meu, sem desviar.

— O que você faz? — Perguntei, minha voz fraca, como se eu estivesse implorando por uma resposta que pudesse me salvar. — Quando tudo parece... perdido?

Ele suspirou e desviou o olhar para a água. Por um momento, pensei que ele não fosse responder, mas então ele falou:

— Você luta. Mesmo que não saiba como. Mesmo que pareça impossível. Você encontra um jeito, por menor que seja, de resistir. Porque, no fim, ninguém vai lutar por você se você não lutar primeiro.

Suas palavras eram simples, mas carregadas de uma verdade crua que me atingiu como uma pancada. Eu lutei para conter um soluço e virei o rosto, envergonhada da minha fraqueza.

— É fácil falar. — Murmurei. — Mas, quando você está no meio disso, quando tudo o que você sente é dor... como você encontra força?

Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos novamente, como se estivesse escolhendo suas palavras com cuidado.

— A força está em você. Mesmo que você não a veja agora. Ela está lá. — Ele me olhou de novo, sua expressão séria, mas gentil. — E às vezes, você só precisa de alguém para te lembrar disso.

Fiquei em silêncio, absorvendo suas palavras. Ele não me conhecia, mas, de alguma forma, parecia entender o que eu estava passando. Talvez fosse a maneira como ele falava, como se tivesse enfrentado seus próprios demônios, ou talvez fosse apenas o fato de que ele estava ali, ouvindo, sem me pressionar, sem me julgar.

— Por que você está aqui? Por que está me ajudando?

Ele deu um pequeno sorriso, mas havia algo melancólico nele.

— Porque eu sei como é se sentir sozinho. — Ele respondeu, simplesmente.

Suas palavras ficaram no ar entre nós, carregadas de algo que eu não conseguia definir. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele continuou:

— Você não precisa me contar o que aconteceu. Não agora. Mas, se algum dia quiser, eu vou estar aqui.

Houve um momento de silêncio, e, pela primeira vez em muito tempo, não me senti tão sufocada. Ainda havia dor, ainda havia medo, mas, por algum motivo, a presença desse rapaz era como uma âncora, me impedindo de afundar completamente.

— Obrigada. — Murmurei, minha voz quase sumindo.

Ele apenas assentiu, como se entendesse que aquelas palavras carregavam mais peso do que eu podia expressar.

Ficamos ali por um tempo, em silêncio, enquanto a noite avançava. E, pela primeira vez, senti uma pequena fagulha de esperança, algo que pensei ter perdido para sempre. Talvez, apenas talvez, eu pudesse encontrar uma saída.

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