Pequena lembrança

— Sarinha, jura que imaginou que fosse ele? — A risada do outro lado da linha causou um espasmo na mão de Sara. Seus dedos se apertando em volta do aparelho contra sua orelha, desejando que fosse o pescoço daquela mulher. — Nós duas sabemos que ele está nos braços da amante e nem lembra que você existe.

— Isso é mentira — gritou esganiçada, sentindo a garganta travada por causa do choro antes da ligação, e do bolor causado por - mesmo negando - concordar com o que ela dizia.

— Mentira? Por favor, Sarinha, não tem provas o suficiente? Olhe que horas são, e ele não está ao seu lado. Está com ela, como sempre esteve e estará — a mulher destilou venenosa. Riu ainda mais alto ao finalizar: — Acostumou-se tanto com mentiras que é incapaz de enxergar e encarar a verdade. É assim que seu casamento funciona, querida Sarinha, com mentiras.

Logo depois a ligação foi encerrada com um baque e uma dor intensa tomou conta de Sara, mais lágrimas quentes e velozes descendo por sua face pálida.

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