Na semana seguinte, Patrick foi surpreendido ao ser convidado para uma sessão de fotos representando uma marca de roupas masculinas famosa na Austrália. O cachê oferecido era um valor exorbitante e embora ele não precisasse, já que era bilionário, seu ego falou mais forte, fazendo-o aceitar.
Não bastasse o celulares não funcionar no alto do morro, onde morávamos, a linha fixa telefônica também era muito instável e eu não tinha certeza se era algo planejado ou eu era mesmo azarada, mas o fato é que cada vez que eu precisava usar, não conseguia.Não queria me fechar em torno de mim mesma, já que cada vez saía menos do quarto e não tinha vontade de fazer mais nada. Eu só contava o tempo, como uma prisioneira. Ri de mim mesma ao pegar uma caneta e rabiscar na parede branca um risco e acima a data almejada: 2 de janeiro de 2010.Estava recortando umas revistas em que apareciam minhas fotos e nome nos créditos e montando uma pasta, sobre a minha cama, ao som de Ramones,Mas pedidos não eram realizados a não ser nos contos de fadas, filmes e novelas fantasiosas. Nem as novelas mexicanas, com todas as maldades de suas vilãs, eram capazes de me fazer ter esperanças de ser a mocinha que conseguiu dar a volta por cima.Olhei no relógio e já passava da meia-noite. Fui até a cozinha e tomei um copo de água e na volta observei a lua cheia no céu, iluminando toda a casa de vidro no alto do morro. Ela já havia sido o ponto luminoso no ombro de alguém. E seguia ali comigo. Embora Pedro não estivesse, ela ainda se preocupava em me mostrar que a luz ainda existia... Mesmo que tão distante.Respirei fundo e subi para o próximo andar. Vi a porta do quarto de Patrick entreaberta e achei que ele ainda estivesse acordado. Mas quando olhei pela fresta aberta o vi deitado na cama, virado de lado, com os cabelos dourados sobre o travesseiro, a luz natural da
Eu não esperava ficar presa ali até chegar 2010. Mas ao mesmo tempo não duvidava de nada que vinha dos Huxley. Estava cansada de chorar. Limpei as lágrimas e abri uma das caixas que havia ali. E encontrei um álbum de fotos. Sentei-me no chão e comecei a folhear as páginas duras, parecendo encapadas com plástico. Era o “bebê da mamãe”... Patrick Huxley. Respirei fundo e me peguei rindo ao ver o bebê gorducho careca, de olhos azuis brilhantes e bochechas redondas. Ele era cheio de dobrinhas. Ao menos Sophie não havia se desfeito daquilo. Ficou bilionária e não houve espaço para o passado, nem sequer para o bebê Patrick, feliz nos braços do pai em algumas das fotos. Eles eram parecidos. Fiquei pensando se o pai dele seria tão perverso quanto a mãe. Quando acabei o álbum peguei outro. Era Patrick adolescente. Quando ele tinha seus 15, 16 eu era apenas uma criança. Ri ao vê-lo na praia com uma prancha de bodyboard, certamente onde tudo começou. Onde ele te
- Não deveria... Estar furioso comigo? Ouvi seus gritos pela manhã. Patrick alisou minha bochecha e depois depositou um beijo gentil nela: - Me desculpe se a assustei, meu amor. Mas... Realmente fiquei chateado pelo meu cabelo. Mas depois lembrei que é só cabelo... Cresce com o tempo... Assim como o nosso amor. – Sorriu e alisou meus lábios. Dei um passo para trás, amedrontada. - Eu amo você, Clara. - Não ama... – Tentei convencê-lo. Patrick balançou a cabeça e retirou do bolso uma chave de carro, me entregando. Levantei-a, observando confusa. Sophie parou próximo de nós no corredor: - Você está louco? Bebeu? Usou drogas? - Quero que Clara saiba que é livre... E que não está presa, como pensa. E que entenda, de uma vez, que meu amor por você é grande demais para deixá-la aqui, presa a mim, por uma simples obrigação. - Isso quer dizer que... Eu posso ir embora? - Sim... Você pode, meu amor. Com do
- Patrick... – Falei, quase sem voz. - Eu só quero cuidar de você, Clara. Por favor, confie em mim... Eu amo você. Quando entenderá isto? Quando percebi Patrick estava sentado atrás de mim, passando a esponja macia em meus ombros de forma terna e gentil. Fechei os olhos, me sentindo relaxada e amparada, mesmo que fosse por ele, que achei ser meu pior inimigo. Me dei ao prazer de deitar a cabeça para trás e fechar os olhos enquanto meu marido cuidava de mim, depois de tanto tempo me fazendo sofrer. Eu não lembrava mais o que era receber carinho. E percebi naquele momento o quanto era bom. A parte boa de estar na banheira, molhada, é que eu podia chorar sem que ele percebesse as minhas lágrimas. Me senti confusa... Incerta sobre como agir naquele momento... Quando sabia que precisava afastá-lo, mas tudo que queria era alguém que me abraçasse com força e dissesse que tudo ficaria bem no final. - Não importa o que aconteça, Clara... Eu sempre amar
- Você disse mesmo isto? Voltei a cabeça na direção da voz e vi Patrick. Balancei a cabeça, aturdida: - Patrick? - Repita, por favor... Repita que me ama. Levantei da banheira rapidamente, pegando a toalha e envolvendo-a no meu corpo. Patrick veio atrás de mim: - Você realmente me ama, Clara? O olhei e engoli em seco, incerta do que dizer. Se confessasse que vi Pedro a cada minuto que nos tocamos, sabia o que Patrick seria capaz de fazer. No entanto dizer que o amava, mesmo que fosse uma mentira, poderia ser pior para mim. Fiquei incerta sobre como agir, completamente desconsertada, confusa... Patrick alisou meu rosto: - Tudo bem... Sei que você acabou de bater a cabeça – sorriu – Não vou pressioná-la. Deu um sorriso sem jeito. Observei seus peito e ombros completamente avermelhados e arranhados. Eu nunca havia feito aquilo na vida! Deus, se eu encontrasse Pedro de fato teria o destruído numa tra
POV PedroEu estava na minha sala lendo um processo no computador quando recebi uma notificação sonora, não dando muita importância. Estava cansado, com dor de cabeça e meus olhos ardiam. Talvez estivesse trabalhando demais.Olhei para a mesa no canto, com café quente e alguns biscoitos salgados. Muito tentei tomar café para ter algo em comum com meus colegas de profissão, mas não consegui me adaptar. Não tinha certeza se era porque não fui acostumado a beber café puro, já que minha avó dizia que não fazia bem por várias questões, principalmente de saúde. Ou se realmente o gosto amargo não me chamava a atenção.Então quando eu tinha uma reunião ou mesmo atendimento com algum cliente, oferecia café, mas bebia água.Ouvi uma batida na porta e a secretária entrou, me entregando um
Flora riu, de forma irônica:- Não haviam princípios éticos e morais quando você estava com “ela”, não é mesmo?- “Ela”? Do que você está falando? – Fingi-me de desentendido.- Sobre o pai dela bater na esposa e na filha... E você nunca ter denunciado.- Clara não queria denunciar. Eu não tinha este direito... De fazer por ela. Por que estamos retomando este assunto depois de tantos anos? Não estou entendendo...Flora sentou-se na cadeira à minha frente, pondo-se no lugar dos clientes:- E onde estavam seus princípios éticos e morais? Ela não queria que denunciasse, mas Joaquim fazia algo errado... E ainda assim você fingia não ver.- Clara me disse que ele nunca bateu nela.- Ele bateu sim... Diversas vezes. Não batia só na mãe... Também batia
No ano de 2008 vi na TV, emocionada, a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama. Uma crise econômica se instaurou a nível mundial e teve reflexos no nosso nível de vida. O piloto inglês de Fórmula 1 Lewis Hamilton conquistou o seu primeiro título mundial, tornando-se o primeiro negro e mais jovem campeão na categoria. No Brasil Eloá Cristina, foi mantida em cárcere privado por 100 horas no apartamento em que morava pelo seu ex-namorado, que não aceitava o fim do relacionamento. Acompanhei todo o desenrolar do caso, que culminou com a morte da garota que levou dois tiros, não resistindo. Passei um dia com ânsia de vômito e sentindo como se eu fosse a própria vítima. Chorei por Eloá, por minha mãe, por mim e por todas as mulheres que viviam aquele cárcere, mesmo não se dando conta.E por um ano inteiro eu esperei uma confirmação de um pedido de amizade virtual que nunca veio, o que me convenceu de que “ele” tinha me esquecido. E agora, definitivamente, eu nã