Assim que Patrick se juntou a nós, na sala, Sophie ordenou que a empregada trouxesse uma bebida.Apresentou o filho às convidadas, sentindo-se orgulhosa enquanto certamente planejava fazer Patrick e a filha de Ava se aproximarem, mesmo sabendo que ele era o meu marido.Se eu senti ciúme? Talvez sim... Pela forma como Angeline olhava para Patrick, sem disfarçar sua admiração, mesmo sabendo que éramos casados.Era uma descarada, tanto quanto minha sogra. E eu que cheguei a achar que poderia me enquadrar como uma vagabunda! Não, eu não era. Vagabunda era Angeline John.- Bebe alguma coisa, senhora? – A governanta perguntou-me enquanto entregava as bebidas aos demais convidados.- Lagoa azul, por favor. – Pedi, percebendo que Patrick me observava o tempo inteiro.- Não sei como preparar... – Ela sorriu, sem jeito.- Lagoa azul? Isto é coisa que se pede em casa noturna, Clara? – Sophie me recriminou – Quem sabe prova um Martini com azeitonas, como Angeline!- É uma bebida clássica e sofist
Patrick havia dito que a praia era segura e tinha toda uma infraestrutura para os condôminos. Eu não observei nada do que ele mencionou. Não tinha sequer lâmpadas.Levantei a perna, tentando fazer com que a lua iluminasse meu pé. O máximo que consegui foi ver um pedaço de pele solta, que retirei com força, gritando de dor.Observei o sangue na minha mão e descansei a perna numa das rochas, preocupada em como voltaria embora.Até que vi um homem vindo na minha direção, com uma prancha debaixo do braço. A silhueta era perfeita e não pude deixar de admirá-lo. Suspirei, imaginando que fosse um devaneio da minha cabeça.- Está tudo bem com você? Ouvi seu grito.Olhei na sua direção, percebendo que ele realmente estava ali.- De onde você surgiu? – Perguntei, confusa.Ele riu:- Eu estava no mar... Surfando.- E... Ouviu meu grito?- Sim... Foi bem alto. – Riu novamente.Embora a única claridade fosse praticamente uma lua a milhares de quilômetros de distância de nós, dava para ver o quanto
- Só vim ajudá-la. – Kelly ficou sem jeito.Patrick foi até Kelly e lhe estendeu a mão:- Sou Patrick Huxley... Grande fã seu.- Ah... Obrigado. – Kelly apertou a mão dele.- Patrick surfa. – Observei, dando pouca importância.- Na verdade, sou campeão nacional no meu país. E vou disputar o mundial aqui na Austrália. – Meu marido deixou claro.Kelly riu, de forma irônica:- Sinto muito, mas este mundial é meu, Patrick – deu um tapinha no ombro de meu marido – Creio que deva dar uma atenção especial à sua esposa.Todos olharam para o meu pé, cujo dedo estava sangrando, sem a pele que eu havia retirado, além de sujo e cheio de areia.- Comprei uma prancha inspirada na sua. – Patrick disse, ignorando por completo meu ferimento.- Isso é... Legal. Mas eu preciso ir agora, Patrick. Espero que cuide do ferimento de Clara.- Clara? – Patrick riu – O nome dela é “Ana Clara” para os desconhecidos. Clara é para os íntimos... O que não é o seu caso, não é mesmo?Enruguei a testa, incrédula com o
- Que seja... Eu casei e quero a minha esposa comigo. Se ela será um bibelô ou não, pouco me importa.Patrick saiu e bateu a porta com força, fazendo-me dar um salto, assustada, com o estrondo na parede.“É sobre isto... Não desista nunca.” Ouvi a voz de Renan ao meu ouvido.“Não precisamos ser como nossos pais. Podemos ser melhores do que eles”. Aquilo foi o que eu disse, tentando fazê-lo mudar de ideia quanto a deixar Flora por se achar pouco para ela.Patrick tinha razão. Pedro estava perdido para mim. Jamais me perdoaria. E eu precisava parar de me achar pouco para Patrick. Era hora de tomar meu lugar.Pedi a Deus e sonhei com aquele homem por anos da minha vida. E agora ele estava ali, sob o mesmo teto que eu, sendo que tínhamos uma aliança que nos tornava marido e mulher. Talvez fosse o momento de viver o impossível, o inimaginável... Que se apresentava para mim como mais possível do que voltar a ver Pedro Moratti.Tomei banho, pus um maiô de marca famosa, bonito e que deixava m
- Eu não disse? Ele está com ciúme! – Kelly riu, fazendo com que meus olhos não desviassem de sua boca perfeita, com dentes largos e bem cuidados, a pele bronzeada contrastando com a água perfeita daquele mar azul que mais parecia uma pintura.Enquanto o observava, uma onda forte me desequilibrou, fazendo-me cair e com a força ser levada. Tentei levantar, mas não conseguia. Acabei engolindo água salgada e fui pega por braços ágeis e fortes, que me prenderam junto ao corpo duro feito pedra.Imaginei ser Kelly. Mas era Patrick.- Está bem? – Ele perguntou enquanto retirava delicadamente os fios de cabelos que grudaram no meu rosto e com o outro braço permanecia me segurando com força contra seu corpo.- Clara? Você está bem? – Ouvi a voz de Kelly ao meu lado, preocupado.Logo houve uma pequena aglomeração de pessoas, certamente não preocupadas com meu estado após o quase afogamento na parte rasa do mar, mas querendo a atenção do campeão mundial de surf, que me fazia parecer ser alguém i
- Isso faz meses, Clara!- Ainda assim... Levou-a.- Fui gentil... Só isto.- Eu... Era sua esposa.- Ainda é.- Não deveria ter ido.- Você chegou acompanhada de um estranho.- Teoricamente não era um estranho... Já que Kelly Slater é figura pública.Patrick riu e abriu as pernas, fazendo nossos corpos se unirem ainda mais e minha boceta roçar na parte onde seu pau estava sob a calça.Enrubesci, mas não me movi. Nossos olhos não se afastavam e embora eu quisesse sair dali, o corpo não obedecia.- Você é bem engraçadinha... – A mão dele alisou minha bochecha de forma carinhosa.- Não acredito que não tenha dormido com ela.- Não dormi com ela, Clara. A levei embora porque você apareceu com Kelly. Além do mais, já que é minha esposa, porque sumiu e deixou-me sozinho com a mulher?- Não o deixei sozinho. Sua mãe e a mãe dela estavam junto.- Devia imaginar que mais cedo ou mais tarde elas sairiam... Principalmente sabendo que você deixou o caminho livre.- Sou... Sua esposa... No papel.
A praia que Patrick escolheu tinha ondas grandes e fortes. E não ficava próxima do Paradise Beach. Gold Coast tinha praias maravilhosas. E eu me apaixonava por cada uma que conhecia.- Esta prancha é antiga. – Patrick observou.- Eu... Lembro dela. – Sorri, enquanto a retirava do jipe e Patrick pegava a sua.- Acho que comprei ela em 1995.- Também acho! – Ri.Ele me olhou e sorriu enquanto nos dirigíamos ao mar:- Eu... Acho que gostava das cartas, embora tivesse um pouco de medo.Gargalhei, fazendo careta:- Não sei do que você está falando.- Ah, sabe sim!- O que fez com elas? - Não vou dizer... Afinal, não foi você que escreveu! – Provocou, me olhando de canto.Sorri e não confirmei, embora estivesse curiosa.Fomos entrando no mar e as ondas eram bem fortes. Quando começaram a ultrapassar a minha altura, fazendo com que eu tivesse que mergulhar dentro delas, fiquei com medo.- O primeiro passo é passarmos desta área da rebentação.- Não deveria ser o contrário? – questionei
- É... Perfeito... – Toquei as águas calmas e tranquilas com a ponta dos meus dedos.Patrick movimentou as mãos na água e enlaçou os dedos nos meus, sob ela. Nos olhamos e depois de um tempo em silêncio ele disse:- Quer saber o que eu fiz com as cartas? Acha que pus no lixo?- Acho... Que pode ter posto. – Fui sincera.Ele sorriu e entrelaçou nossos dedos com força:- Admita que escreveu... E confesso que guardei cada uma delas.Sorri, sentindo meu coração acelerar.- Vamos, Clara! Confirme, por favor.Olhei o sol refletido no ombro dele. E sim, poderia ser o esquerdo. Mas não, estava no direito.Pedro veio na minha mente e retirei minha mão da dele, olhando para a água, como se as palavras desaparecessem da minha mente e o peso voltasse à consciência.Patrick pegou meu queixo e fez-me encará-lo:- Ele não está aqui, Clara... Eu estou. Eu sou real...- Mas por anos tentou não ser...- Mas agora estou aqui, porra! E tudo que quero... É ficar com você! Não porque lhe expliquei que prec