- É... Perfeito... – Toquei as águas calmas e tranquilas com a ponta dos meus dedos.Patrick movimentou as mãos na água e enlaçou os dedos nos meus, sob ela. Nos olhamos e depois de um tempo em silêncio ele disse:- Quer saber o que eu fiz com as cartas? Acha que pus no lixo?- Acho... Que pode ter posto. – Fui sincera.Ele sorriu e entrelaçou nossos dedos com força:- Admita que escreveu... E confesso que guardei cada uma delas.Sorri, sentindo meu coração acelerar.- Vamos, Clara! Confirme, por favor.Olhei o sol refletido no ombro dele. E sim, poderia ser o esquerdo. Mas não, estava no direito.Pedro veio na minha mente e retirei minha mão da dele, olhando para a água, como se as palavras desaparecessem da minha mente e o peso voltasse à consciência.Patrick pegou meu queixo e fez-me encará-lo:- Ele não está aqui, Clara... Eu estou. Eu sou real...- Mas por anos tentou não ser...- Mas agora estou aqui, porra! E tudo que quero... É ficar com você! Não porque lhe expliquei que prec
Eu não sabia quanto tempo mais aguentaria esperar. Já fazia quase um mês que começamos as aulas de surf, embora Clara ainda tivesse aprendido pouco, demonstrando bastante dificuldade e insegurança, tendo habilidade por enquanto somente de sentar na prancha e manter o equilíbrio sobre ela longe das ondas. Sem contar o medo extremo de ao menos tentar nadar. Conseguia não se afogar, boiando, o que já era um avanço.E todos os dias o máximo que eu conseguia era um beijo... Um simples beijo. Tentei entrar no seu quarto e Clara passou a trancar a porta. Quando eu tentava tocá-la, indo além de beijos, se afastava.Me enganei quando pensei que por ter me amado no passado Clara seria fácil de chegar à minha cama.Mas eu sabia o que a atormentava. Era a lembrança do idiota do Pedro Moratti. Eu daria qualquer coisa para apagá-lo de sua mente, fazê-lo desaparecer de nossas vidas para sempre. Aquele homem era como um fantasma, mesmo um ano depois de termos vindo para a Austrália.Clara virou o ros
Meus dedos escorregaram para dentro dela, enquanto a sentia entre eles, quente, úmida, perfeita. Até que Clara comprimiu as pernas, prendendo-os dentro dela, estremecendo o corpo e gemendo de forma esplêndida, provando ter gozado finalmente com um simples toque meu.Retirei os dedos de seu interior e passei a alisá-la naquela região completamente tensa, até que a sentisse relaxada novamente.Capturei seu olhar pós orgasmo, entendendo o quanto ela era menina e pela primeira vez em toda a vida pouco me importando com o que eu sentia e sim querendo que ela gozasse inúmeras vezes, até que implorasse para que eu parasse porque não aguentava mais sentir tanto prazer.Rasguei a calcinha dela e joguei longe. Retirei a calça que estava em suas pernas e pus seus pés na mesa, abrindo suas pernas e finalmente sentindo o gosto de Clara. Fiquei em dúvida se preferia chupar sua boceta ou seu mamilo. Sim... Chupei-a novamente, com tanta vontade que a levei ao delírio, fazendo-a puxar meus cabelos com
Patrick e eu fomos jantar num dos restaurantes mais caros de Gold Coast naquela noite. Como morávamos num condomínio longe da área central e raramente saíamos para comer fora, já que meu marido e sua mãe orientavam as cozinheiras a fazerem pratos saudáveis e livres de gordura, optamos por naquele momento em especial provarmos todos os pratos típicos australianos.Pedimos torta de carne, costelinhas de porco assada ao molho barbecue, carne de cordeiro, peixe e canguru assadas e o famoso fish and chips, que nada mais era do que peixe empanado com batatas fritas.Claro que provei tudo que foi colocado à nossa mesa. Mas a preferência certamente foi pelo fish and chips.- Não sei como consegue comer estas coisas fritas... – Patrick fez careta.- Pois saiba que só comi a carne de canguru para me certificar de que não iria gostar de fato. É uma pena fazerem isso com os cangurus... Que são tão fofos.- Os peixes também são fofos... E os cordeiros então? – ele riu – Até os filhotes de porcos s
Aquela frase ainda ecoava na minha cabeça. E percebi, ali naquele restaurante caríssimo, num país em que morar era também um privilégio, por conta de tudo que aquela paisagem marítima perfeita proporcionava, que Renan e eu tínhamos conseguido vencer. Não éramos como Joaquim Versiani. E não éramos como Josephine.Renan limpou minhas lágrimas e disse, num fio de voz:- Eu... Senti tanta, mas tanta saudade...- Achei que nunca mais nos encontraríamos... – Confessei, ainda chorando.- Clara, poderia me apresentar seu “conhecido”? – Patrick pôs a mão no meu ombro.- Ah, claro... – sorri, limpando as lágrimas e abrindo espaço entre meu irmão e meu marido – Patrick, este é Renan, meu irmão.Patrick abriu um sorriso e pareceu ficar tranquilo:- Prazer, Renan... Por um momento achei que você pudesse ser... – Olhou-me seriamente – Outra pessoa...Procurei não pensar que Patrick achou que Renan fosse Pedro.Os dois se cumprimentaram até que finalmente olhei para o lado, vendo Talía. Fui em sua d
Mais um ano se passou. Pus um piercing no umbigo. Sofri quando Britney Spears e Justin terminaram o namoro. Assisti O Senhor dos Anéis mais de dez vezes. Me apaixonei por Aragorn. Não aprendi a surfar, mas sabia nadar o mínimo para não morrer afogada. Por 365 dias eu acordei cedo para entrar no mar e ficar no fundo contemplando a beleza daquele lugar antes que a praia lotasse de surfistas. Percebi que dormir até tarde não era a melhor coisa do mundo, mas respeitar os outros em seu sono seguia sendo a melhor opção. Chorei escondido ao som de “How you Remind Me” achando que a letra havia sido escrita para mim. O número de telefone da nossa residência havia sido trocado três vezes e nunca entendi de fato o motivo. Não falei nem vi mais meu irmão.Eu estava fotografando com a minha Nikon de última geração Kelly no mundial de surf. O mestre do surf, por sua vez
2003POV PedroEu estava abrindo a porta do carro quando observei a mulher entrando no carro ao lado. O estacionamento da faculdade não era muito claro à noite, mas ainda assim o rosto dela, mesmo dentro do automóvel, não me era estranho.Flora Amorin! Claro, era ela!Dei a volta por trás do meu próprio carro e bati no vidro do motorista, que se abriu.Flora sorriu e girou a chave, desligando o automóvel:- Pedro? Não acredito! – Abriu a porta e me abraçou.- Quanta coincidência encontrá-la justo aqui... Não me diga que está cursando Direito também!- Não, claro que não. Este ano me formo em Arquitetura na verdade.- Legal! Mas aqui é a maior faculdade de direito da região... – Ri.Ela riu e balançou a cabeça:- Estou aqui a negócios. Meu pai quer algu
Evitei olhá-la de novo, sentindo o meu próprio coração acelerar, sabendo o quanto eu ainda sofria, cada dia, cada hora, cada minuto. E também não havia saído desde então a não ser para vez ou outra comer alguma coisa com meus colegas de faculdade. Minha vida se transformou em estudos e projetos para o futuro.- Ela não pensou em nós. – Falei de forma séria.- Você não tem ideia do que Clara passava.- Eu tenho... Presenciei coisas, Flora. E ela nunca quis mudar aquilo.- Mudar? – ela riu ironicamente – Clara sofreu nas mãos do pai desde sempre. Hoje eu compreendo tanto suas atitudes... Mas na época eu era jovem e não entendia.- Não há nada que justifique o que Clara fez conosco, Flora. E quer saber? Eu não desejo mais falar dela. Não me faz bem. Sabe quando a lembrança ruim &eacu