- E se fosse, Patrick? Você se importaria?- Artemis, eu nunca me importei com ela. Se você quisesse ter casado com a pirralha, para mim tanto fazia. A deixou porque quis.- Eu não a deixei. Ela me deixou.- Artemis, vocês ficaram juntos duas vezes! A pirralha tinha 15 anos! E cara, você teve a capacidade de chorar por ela. Por sorte caiu na real e superou. Estou certo? Você superou a Clara, não é mesmo?- Sim. Eu só não quero que a faça de idiota, Patrick. Não tem o direito de brincar com ela só porque a garota gosta de você.- Se eu quisesse brincar com a Clara, já teria feito isto. Ponha na sua cabeça que não quero nada com ela. Sei que já gostou da garota e você é meu melhor amigo. Sou fiel aos amigos, acima de tudo.- Isto quer dizer que não fica com ela por minha causa?- Não! – Franzi a testa, afinal não era só por aquele motivo.- Ela é completamente apaixonada por você, Patrick! E isso já faz mais de três anos. Eu não acho que ela seja louca. Creio que Clara saiba muito bem o
- É moda, Dorinha! Ele fica bem assim. São quatro anos cuidando destes belos fios dourados.- Tem menos pontas duplas que o seu, irmã! – Ela riu, alfinetando minha mãe.Sentei ao lado dela, que reclamou:- Por que não foi me visitar com a sua mãe na última vez que ela esteve na minha casa?- Eu trabalho, tia.- E desde quando uma loja de surf que abre ao meio-dia é trabalho? – Desdenhou meu negócio.- Tia, os surfistas e skatistas não costumam acordar muito cedo. Não há motivos para eu abrir às oito da manhã se não terei clientes. Gastaria com luz, funcionários e a loja estaria vazia.- Você precisa mesmo de funcionários? A loja é tão pequena. Não dá conta sozinho? Economizaria dinheiro se dispensasse ajuda.Suspirei:- Eu não teria vida se não tivesse alguém que trabalhasse para mim.- Mas a loja só abre meio-dia! – Continuou me incomodando.Eu aguentava tudo calado, porque sabia que quando a velha “batesse as botas” eu ficaria rico, tão rico que nem poderia administrar o dinheiro so
POV CLARA- Amiga, ainda estou com o coração batendo na boca! Sinta! – Pus a mão de Flora na minha garganta.- Nossa! Cuide para não morrer do coração tão jovem. – Brincou.- Eu não sei como aquele desgraçado me faz sentir tudo isto.- Não tem medo do dia em que ele chegar em você? E se Patrick pedir um beijo e não conseguir responder?- Acha que já não pensei nisto? – suspirei – Mas daí eu não respondo, só abro a boca e fecho os olhos. Ele vai entender. Mas ainda assim, tenho medo de minhas pernas fraquejarem e eu cair.- Ou pode até mesmo desmaiar. – Flora ficou preocupada.- Eu nunca desmaiei. Mas acho bem romântico.Ela fez careta:- E se cair no chão?- Claro que quando eu for desmaiar procurarei cair nuns braços fortes!Nós duas rimos.- Falando em braços fortes, você deu uns beijos no tal Pedro?- Claro que não. Por que Pedro lhe remeteu a braços fortes? – Fiquei intrigada.- Porque ele tinha braços longos e fortes.- Achei ele tão magrinho.- Era magro, mas tinha braços fortes
Flora e eu a olhamos.- Mas você nem tem um namorado! – Fiquei confusa.- E quem disse que precisa? Eu ouvi dizer que o terceiro ano da noite irá junto com a gente. E tem uns gatinhos naquela turma.Se eu dissesse que não me empolguei ao saber que o terceiro ano noturno também iria estaria mentindo. E todo mundo sabia que os garotos do noturno no geral eram mais velhos.No final da aula, enquanto saíamos, Flora me pegou pelo braço:- Ei, aquele ali não é o seu amigo do Baccarath?Na exata hora que virei na direção dele, Pedro fez o mesmo. Sorri e fui até ele:- O que você está fazendo aqui?- Eu... Estudo aqui. – Ele explicou, seriamente, franzindo a testa.- Jura? Eu também! Como nunca nos encontramos?- Estudo à noite. Hoje que vim um pouco mais cedo porque preciso imprimir um trabalho para entregar e usarei o laboratório de informática da escola.- Não acredito! Eu estudo à tarde. Estou no quarto ano e você?- Terceiro.O analisei, de camiseta branca, sem detalhes e calça jeans esc
- Pare de me chamar de querida – sussurrei – Eu não sou esposa de novela mexicana.- Como assim?- Paola Bracho.- Quê?- A esposa de Carlos Daniel.Pedro parou e me pegou pelos ombros:- Por favor, me diga do que você está falando ou não respondo por mim, Clara. Sou capaz de mandar interná-la.- Eu que não respondo por mim se você chamar ela de Ana novamente.- Mas eu sempre a chamei de Ana, porra!- Mas você não era o meu namorado.- Clara, nós não somos namorados.- Mas você pegou na minha mão.- Isso não quer dizer que eu queira namorar com você. Só tentei ajudá-la...- Eu também não quero namorar com você, Pedro! – deixei claro – Mas você já deve ter percebido que nossos ex estão juntos. E eu não tolerarei isto.- Eu não me importo! – deu de ombros – Anastácia faz o que quer da vida dela. Ela realmente é minha “ex”, ou seja, já não temos mais um relacionamento.- Pois eu quero recuperar o meu ex.- O garoto que você disse que não era nada seu, que só ficavam quando “se viam”?- S
Eu ri sozinho ao me corrigir em pensamento ao chamar Anastácia de Ana, como se tivesse fazendo algo errado. Bem que imaginei que a loucura daquela menina era contagiosa. Eu via problemas à frente com ela na minha vida... Muitos problemas. Ainda assim disse “sim” a ideia absurda dela, que parecia até fazer sentido.- Eu não sei, Anastácia.- Como não sabe? Está ficando com ela desde quando?- Da noite que fiz minha festa de aniversário no Baccarath.- Ela é estranha.- Não acho! – Menti.De fato eu não a achava estranha e sim um pouco imatura ou talvez inconsequente. Me parecia que Clara não pensava antes de agir, fazendo tudo por impulso. Sem contar sua carência afetiva e posicionamentos baseados em Paulo Coelho.- Você levou muito tempo para começar a namorar comigo. Ficarei com ciúme se ela fizer com que se relacionem de forma séria tão rápido. Ou mesmo se ela conhecer dona Daiana em tão poucos dias.Ok, Anastácia estava com ciúme e não era mais uma hipótese, era fato!- Não é porqu
Voltei, fingindo não saber de nada, sem sequer ter lavado as minhas mãos. Sentei-me à mesa e servi-me de macarrão com queijo, mesmo sem fome. As duas continuaram conversando, tentando me provar que eram melhores amigas, se é que não eram mesmo.Anastácia ficou me cercando de todos os lados por um bom tempo antes de nos envolvermos. Era para ser só algo sem compromisso, mas quando me dei em conta já estávamos namorando. Depois de um tempo, do nada, ela terminou. E sim, eu estava gostando dela. E também do que tínhamos criado: cumplicidade, sentimentos... Anastácia alegou vários motivos para o término, mas nenhuma fazia sentido. O que ela queria era não ter um compromisso, viver a vida e ficar com quem quisesse. E assim o fez: ficou com vários garotos e eu, mesmo ainda sentindo algo por ela, fingi que estava tudo bem e que continuávamos sendo só amigos. E agora, pelo que entendi, ela queria voltar atrás, arrependida. E em vez de me dizer, simplesmente tentou fazer um joguinho. Pelo vist
Ficamos abraçadas enquanto eu sentia as lágrimas dela caindo sobre meus ombros, molhando o tecido de minha roupa.Minha mãe, Josephine Versiani, era uma mulher bonita. Engravidou jovem do meu irmão, aos 18 anos. Quando eu fiz 18, ela ainda tinha 37. Na época, ela e meu pai eram apenas namorados. Mas os pais dela o obrigaram a casar, para que assumisse a criança e por consequência a mulher. Meu irmão nasceu e quando completou três meses ela engravidou de mim.Sempre ouvi falar, por parte da minha família materna, que mamãe era uma garota feliz e divertida. Infelizmente não cheguei a conhecer esta pessoa. O que eu tinha em casa era uma Josephine triste e destruída, que passava a vida inteira em função de um homem: meu pai.Joaquim Versiani, meu pai, era oito anos mais velho do que minha mãe. Sempre achei que ele tivesse distúrbios comportamentais... Para não dizer mentais. Mas dentre tudo que ele fazia, a traição era a pior de todas as coisas. Porque aquilo acabava com a minha mãe.Eu f