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Cap 03. A escuridão que venda meus olhos.

As semanas se arrastavam na casa de Medson,

Mauro não sabia mais o que fazer para que ela saia do quarto e volte a ser a sua doce menina.

— Por favor filha, você não pode ficar assim.

— Como vou viver assim pai? Eu não consigo nem me vestir sozinha! Como vou fazer o mínimo sem ser um incômodo?

— Filha, nunca mais fale isso, você não é um incômodo, eu sou seu pai e serei seus olhos daqui pra frente.

Mauro se aproxima, abraçando fortemente sua filha.

— Está tão difícil viver assim pai.

— Eu sei filha, mas juntos vamos conseguir superar isso. Eu prometo que farei até o impossível para que você volte a enxergar.

Ele sai do quarto cabisbaixo, seu olhos inchados por noites sem dormir pensando em como fará para conseguir o valor do dinheiro para seguir com o tratamento da filha. Sentado na cama ele olha Cassandra penteando seus cabelos.

— Eu vou vender a casa!— Ele afirma desviando os olhos dela.— O médico disse que há esperança dela voltar a enxergar com uma cirurgia...

— O que?— Cassandra fala alto demostrando desaprovação, ela deixa a escova na penteadeira e levanta com cara de poucos amigos.— Está louco? Como vai vender a casa. Vamos morar aonde?

— Existe inúmeras casas para alugar, sem teto que não vamos ficar.

— Você só pensa nela. E na Camila, não esqueça de que ela também é sua filha.

— Por favor, Cassandra, realmente não estou pedindo sua autorização, eu estou te avisando. Amanhã começaremos a preparar a mudança, vou conversar com um colega do trabalho, ele tem uma casa disponível e o aluguel não é alto, poderei nos manter com meu salário.

— Mauro essa casa é minha, você não acha que eu também tenho que concordar.

— Não, essa casa era do meu pai. E chega dessa conversa, já tomei minha decisão.— Ele sai do quarto com a convicção que era o certo a se fazer.

Cassandra sai pisando duro em direção ao quarto de Medson, sem bater ela entra assustando a menina.

— Quem está aí? Pai é você?

— Você só da trabalho sua imprestável, se não bastasse ser insuportável, agora tem que ser uma cega inútil.

— Ah, é você. O que quer?— sentada na cama ela tenta saber para que lado sua mãe está. Cassandra começa a rir debochando da sua deficiência.— Você deve estar se divertindo muito com essa situação, não é mesmo?— Medson fala sem demonstrar o quanto está magoada com a mãe.

— Olha, não tem como negar que esse acidente caiu como uma luva para a situação, só não esperava que você iria dar tanto trabalho. Espero que fique satisfeita, por seu pai estar planejando vender essa casa.— Ouvindo isso Medson abaixa cabeça, incapaz de conseguir argumentar. — Você deveria ter morrido naquele acidente, só da gastos, despesas e agora trabalho.

Madson começa a chorar, cada palavra é como se fosse uma facada no coração. O ódio que a mãe sente por ela é algo que ninguém consegue explicar.

Naquela mesma semana Mauro correu atrás de médicos especialistas na esperança de devolver a visão a filha, fizeram a mudança para uma casa simples, mais afastada da cidade, todos os dias Cassandra e Camila atormentavam ela por ter perdido o único bem da família.

Mauro não se importava com as reclamações e as indiretas que sua mulher lançava contra ele, nem mesmo as inúmeras súplicas de Medson fizeram ele mudar de ideia, naquela mesma semana vendeu a casa e fez um empréstimo no banco para completar o valor. Depois de um mês de muita angústia, a cirurgia tão aguardada aconteceu.

Medson estava sentada no quarto do hospital, nervosa e ansiosa. Seu pai, caminhava de um lado para o outro, tentando controlar a angústia que tomava conta dele. Ambos estavam ali aguardando ansiosamente pelo parecer dos médicos.

Mauro era um homem sofrido. Desde o acidente que tirou a visão de Medson, ele se esforçava diariamente para proporcionar o melhor para a filha. Vender a única propriedade que possuía, foi difícil, era única lembrança que tinha dos pais, ele cresceu naquela casa, suas melhores lembranças estavam todas lá. Mas ele não importava com nada, naquele momento era tudo por Medson, encontrar uma solução para a cegueira dela virou uma obsessão. A esperança de que ela voltasse a enxergar era o que mantinha Mauro de pé.

O médico especialista, Dr. Olavo, finalmente entrou na sala de espera com um semblante sério. Ele se aproximou de Mauro e Medson, a examinou novamente e com a confirmação do diagnóstico, respirou fundo sem conseguir encarar os olhos de Mauro.

— Então doutor, minha filha voltou a enxergar?— Ele fala esperançoso.

— Não estou vendo nada doutor, é normal né? Por causa de estar recente, não é?

— Infelizmente, por mais que tenhamos feito o possível, não obtivemos sucesso na cirurgia. Retiramos as ataduras dos olhos da Medson por definitivo, mas a recuperação da visão não ocorreu.

As palavras do médico caíram como uma bomba sobre pai e filha. Mauro sentiu como se seu coração tivesse sido partido em mil pedaços, e Medson não conseguia conter as lágrimas que escorriam por seu rosto.

— Não é justo pai! Eu estava tão confiante de que voltaria a ver...— Ela fala entre os soluços.

Mauro abraçou Medson e tentou confortá-la da melhor maneira possível, mesmo que seu próprio coração estivesse partido. Ele lutou para encontrar palavras de consolo.

— Minha filha, eu sinto muito. Eu queria tanto que essa cirurgia desse certo. Eu dei tudo o que tínhamos para tentar recuperar sua visão, mas parece que não foi o suficiente.

— Eu não consigo aceitar, papai. Por que isso teve que acontecer comigo? Que mal fiz para merecer isso?

— Medson, entendo sua frustração, mas nem sempre a medicina pode devolver o que foi perdido. Já fizemos testes e cirurgias de última geração, mas em alguns casos a recuperação não é alcançada.

—Eu só... eu só queria voltar a ver o mundo, o rosto das pessoas que amo.

— Eu sei, minha filha. Eu sei. Eu daria tudo para devolver sua visão, mas infelizmente não está em nossas mãos.

Enquanto pai e filha se abraçavam, um sentimento de impotência e tristeza os envolvia. Apesar de todo o esforço e esperança, eles tinham que lidar com a dura realidade da cegueira de Medson.

— Nós ainda podemos tentar outras alternativas, como terapias visuais ou auxílios tecnológicos que podem ajudar a melhorar sua qualidade de vida, Medson. Estarei aqui para dar todo suporte necessário.

— Obrigada, Dr. Olavo. Eu preciso de algum tempo para me recuperar disso tudo, mas talvez, no futuro, eu esteja pronta para uma nova tentativa.— Medson fala tentando passar força para o pai que naquele momento mal conseguia sustentar seu corpo pela tristeza que estava sentindo.

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