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Cap 06. Tenho alguns planos em mente...

Medson estava em seu quarto, imersa na escuridão que sempre a acompanhava. Ela estava procurando seu vestido branco, apesar de não poder enxergar as cores. Com dedicação e paciência, ela tateava os cabides, suas mãos deslizando sobre as roupas em busca do vestido certo, seus dedos desliza com movimentos ágeis sobre as etiquetas que Caio colocou em cada peça. Desde que ele entrou em sua vida, Medson sentiu sua confiança e independência crescerem.

Depois de vestida ela vai para a penteadeira e com movimentos vagarosos encontra a escova de cabelo, os pentea arrumando por cima dos ombros, faz uma leve maquiagem e passa um batom nude.

— Caio, pode entrar.— ela grita para ele. Caio entra e fica uns minutos em silêncio. Medson sente um perfume diferente, mas não fala nada.

— Pronta?— Ele fala se aproximando da cama, seus olhos analisa cada detalhe do seu rosto e seu vestido.

— Como estou? Tem algo fora do lugar?— ela fica parada segurando sua bengala, apertando-a de nervosismo.

— Está linda, só deixa eu arrumar uma coisinha.

Ele se aproxima e com o polegar limpa o canto da boca dela, que estava borrado de batom.

— Borrou?

— Só um pouquinho, está cada dia melhor. Logo você chega a perfeição.

Caio sempre tenta mostrar a Medson que ela pode fazer tudo que quiser. A ensinou se maquiar com agilidade. No começo eles davam muitas risadas, pois ela se borrava toda, mas ele sempre teve um ensinamento leve, então ela aprende se divertindo.

— Onde vai me levar?— ela pergunta com o olhar curioso.

— A um parque muito bonito. Quando cheguei na cidade o que mais me encantou nela, foi ele.

— Então vamos. — ela fala animada.— Mas não quero ir de bengala. Sabe, toda vez que saio com ela sinto que as pessoas me olham com pena. Você me ensinou muitas coisas e acho que já posso sair sem ela.

— Podemos tentar. Vou leva-la dentro do carro, se caso não se sentir segura, me fala no mesmo instante, tudo bem?— ele fala um pouco preocupado.

— Combinado. Apesar que seria impossível acontecer alguma coisa comigo. Você sempre estará do meu lado.

— Sempre!

— Antes de ir, posso fazer uma coisa que sempre quis fazer?

— O que?

— Queria conhecer seu rosto. Já faz 4 anos que você é meu professor e nunca deixou te tocar.

Caio a encara por longos minutos, apesar de não ter luz nos olhos de Medson, ela tem um olhar que parece estar vendo sua alma.

—Tudo bem, vem.— ele fala com um pouco de receio.

Medson sorri e com passos cuidadosos ela se aproxima. Lentamente seus dedos tocam o rosto de Caio.

— Nossa...— Ela fala ao sentir a barba bem feita roçar sobre seus dedos.— Caramba, você é alto, com barba feita, olha só, o cabelo está bem cortado. Braços largos...— Ele sorri com sua empolgação.— Que cor são seus olhos?

— Azul.

— Hum me parece que tem uma bebeza em tanto do meu lado.— Ela ri.— Se você for como imaginei, uau, você é lindo.

Medson aprendeu que, embora não pudesse ver o mundo ao seu redor, ela era capaz de enxergar a beleza de Caio através dos seus outros sentidos. Ela sentia a força e a presença dele por meio do tato, do cheiro e do som da sua voz. Caio se tornara não apenas uma voz guia em sua vida, mas também uma inspiração para que ela explorasse o mundo além da escuridão.

— Gentileza sua. Saiba que nada se compara com sua beleza, Medson.

— Obrigada. Que perfume bom. Você troucou?

— Sim. Gostou?

— Sim... quase não te reconheci, só sabia que era você, pois sua presença sempre me trouxe segurança e tranquilidade.

— Você também me trás uma paz que nunca achei que teria.

— Muito obrigada, Caio. Obrigada por não desistir de mim, de não se cansar e ir embora como todos os outros.

— Que isso... todos os dias estou aqui, e todos os dias você me agradece. Medson, jamais irei te deixar. Te prometi que iria te proteger e cuidar de você. E é exatamente isso que estou fazendo.

Medson se sente protegida e acolhida perto de Caio. Ela sempre acreditou que havia algum tipo de ligação que uniu os dois.

Caio vai leva-la para dar uma volta, faz muito tempo que Medson não tem vontade de sair, Caio sempre da um jeito de arrasta-la, levando -a nos parques, piscinas. Antes dela perder a visão, nadar era uma das coisas que Medson mais amava fazer, dentro da água ela se sentia tão livre, como se seus problemas fossem minúsculos. Agora ela mal consegue entrar na água sem dar crises de pânico.

— É por que sou grata por tudo que já fez por mim.— ela responde com gratidão.

— Vamos meu anjo, assim vai ficar tarde e a insuportável da Camila vai querer ir junto.

— Haha, vamos então.

Com um sorriso cheio de expectativa, Medson deixou seu quarto e caminhou do seu lado. De braços entrelaçados, mas param quando sentem a presença da pessoa que Medson tanto evita esbarrar.

— Olha só quem vai sair, se não é minha querida filha cega com seu cão de guarda.

— Mãe! Por favor, hoje não.

— Vê se não vá se perder pelo caminho, tenho alguns planos em mente e você não pode estraga-los.— Cassandra fala com desdém, porém dando a entender que havia algo mais em sua fala.— Digo, não vejo mal se isso acontecer.

— Não se preocupe, eu sei me cuidar.— Medson responde sem se importar com suas últimas palavras, mesmo Cassandra falando muito baixinho, com sua audição aguçada Medson ouve até uma agulha caindo no chão.

— Qual é Medson, só por que consegue fazer meia dúzia de coisas sozinhas não quer dizer que deixou de ser uma cega inútil.

— Se a senhora não for falar nada de útil, peço licença.— Caio diz controlando sua raiva.— Vamos Medson, logo o sol se põe.

— Como se fizesse diferença para uma cega.

Caio encara Cassandra com indignação e raiva, ele segura com delicadeza nos braços de Medson e vão em direção ao carro.

— Você está bem?— Ele pergunta preocupado.

— Ah, sim. Estou. Não se preocupe, já estou acostumada com as grosseiras da minha mãe.— ela fala sem demonstrar o quanto isso a afetou.— Vamos?

— Vamos. Farei esquecer tudo isso. Prometo.

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