Medson estava sentada na sala de aula, concentrada nos exercícios que Caio havia passado. Desde que ele começou a dar aulas para ela, tudo havia mudado. Ela se sentia mais confiante e motivada a aprender cada vez mais. Caio é paciente e dedicado, explicando tudo de forma clara e incentivando-a a persistir mesmo diante das dificuldades.
Pouco a pouco, Medson foi compreendendo os conceitos básicos que tanto a haviam deixado frustrada nos últimos meses. Ela sentia uma felicidade imensa toda vez que conseguia resolver um problema. Era como se um mundo novo se abrisse diante dela, cheio de possibilidades e aprendizados.Com o passar dos meses, Caio percebeu o progresso notável de Medson e decidiu aumentar a dificuldade das aulas. Ele sabia que ela estava preparada para desafios maiores e estava disposto a acompanhá-la em cada etapa. Medson mostrou-se determinada e não se importava com o aumento da dificuldade. Ela confiava em Caio e sabia que ele estava ali para apoiá-la e guiá-la.Numa tarde após a aula, Caio chamou o pai de Medson para uma conversa. Eles se encontraram na sala de aula, rodeados pelos livros e cadernos que já haviam sido utilizados nas aulas.— Senhor Mauro, estou maravilhado com o progresso que ela alcançou.— Caio fala com admiração e um sorriso estampado no rosto. —Ela está aprendendo muito rápido e já dominou conceitos que não havia conseguido compreender nos últimos três anos. Estou muito orgulhoso do esforço dela.O pai de Medson, emocionado, agradeceu a Caio por todo o empenho e pela dedicação que teve com sua filha.— Não poderia estar mais grato, Caio. Você realmente fez a diferença na vida da Medson. Ela está mais confiante e feliz agora. É incrível ver o desenvolvimento dela em tão pouco tempo. Consigo ver a minha menina sorrir e isso é graças ao seus esforços.— Acredito que está na hora de Medson voltar para casa e se adaptar novamente ao ambiente em que ela vive. Ela já adquiriu uma base sólida de conhecimento e está pronta para enfrentar novos desafios. Mas não se preocupe, estarei sempre ao lado dela para ajudá-la nos primeiros dias, caso ela precise de suporte adicional.O pai de Medson concordou e agradeceu mais uma vez a Caio por tudo o que ele havia feito. Medson, que presenciava a conversa de longe, ouvindo com a audição aguçada, cada palavra. dom que aderiu com as aulas de Caio, ela não conseguia conter a felicidade estampada em seu rosto. Ela estava animada para voltar para casa.No dia seguinte, Medson arrumou suas coisas e, com um misto de nostalgia e empolgação, despediu-se de Caio.— Muito obrigada, professor Caio. Serei eternamente grata por tudo o que você fez por mim. Suas aulas foram essenciais para minha evolução. Nunca vou esquecer disso.Caio sorriu e abraçou Medson.— O mérito é todo seu, Medson. Continue dedicada e nunca pare de aprender. Estou aqui para você sempre que precisar. Logo estarei na sua casa, só preciso resolver uns problemas pessoais na cidade que moro e logo estarei com você.— Vou te esperar com muita ansiedade.— Madson fala se soltando dos seus braços.Assim, se despediram, com a certeza de que o ensinamento e a aprendizagem compartilhados entre eles deixariam uma marca profunda em suas vidas.Ja fazia umas semanas que Medson havia voltado para a casa, ela estava sentada no sofá, ouvindo atentamente o som da televisão, até que seu pai, entra na sala.— Boa noite minha Filha, como passou seu dia?— Está um pouco difícil pai, coloquei em prática os ensinamentos do Caio, decorei onde estão os móveis, mas sinto que mudaram de lugar novamente.— Sim, está tudo diferente, vou me certificar de que não façam isso novamente.— Obrigada pai. E como foi seu dia?— Foi cansativo filha, mas tudo tem um propósito.— Ele fala um pouco triste por estar quase em apuros.— Desculpa pai, eu só trouxe problemas para o senhor.— Madson abaixa a cabeça para que ele não veja seus olhos enchendo de lágrimas.— Não minha filha, não se preocupe. Logo tudo melhora e eu não me arrependo nem um pouco de nada que fiz. — Ele fala com sinceridade.— Vou subir no tomar um banho, logo volto. Sua irmã está chegando em breve. Quando levantar tenha cuidado para não se machucar novamente.— Pode deixar, pai. Eu vou tomar cuidado. Principalmente perto da Camila.— Medson, acusar sua irmã sem saber o que realmente está acontecendo, é muito errado.— Pai, eu sei o que estou falando, esses acidentes não são apenas acidentes.— Medson fala afirmando.— Eu sou cega, não idiota!Enquanto falava, Medson movia suas mãos delicadamente ao redor do sofá, tentando se localizar e evitar qualquer obstáculo no caminho. Seu pai sobe contrariado por ela sempre tentar alerta-lo sobre Camila, mas ele não acreditava que realmente Camila estava prejudicando a irmã tão covardemente. De repente, a porta da sala se abriu e Camila, entrou correndo.— Oi papai, estou em casa!— ela fala alto já sabendo que o pai não estava mais na sala, ela ouviu toda conversa e sorriu por ele não acreditar nela.— Olá, Medsonzinha! Pronta para mais um "acidente"?— Por favor, Camila. Eu já sofro o suficiente.— Para né, já não basta ser cega, tem que ficar se fazendo de coitada?— Camila, já conversamos sobre isso. Pare de falar tantas maldades para sua irmã. — Mauro fala descendo as escadas, pois havia esquecido o celular na sala.— Ela precisa do nosso apoio, não de mais dificuldades.— Ah, pai, é só uma brincadeirinha inofensiva. Ela nem se machuca de verdade.— Camila, isso não é justo. Por que você não pode me apoiar em vez de me machucar?— Ah, olha só quem está querendo atenção de novo. Você sempre foi a coitadinha da família desde que perdeu a visão.— Camila fala com raiva.— Não sei como seu namorado Vinícius te atura, você é tão insuportável.— Chega, Camila! Eu não vou permitir que você trate sua irmã dessa maneira. Ela precisa do nosso apoio, amor e compreensão, não de maldades e crueldades.— Desculpe, pai, mas ela tem que aprender a se virar sozinha. Eu não posso ficar de babá de uma cega.— Eu não estou pedindo para você ficar tomando conta de mim, Camila. Só peço um pouco de respeito e empatia. Isso é pedir demais?— Medson está certa. Precisamos ser uma família unida, ajudando uns aos outros nos momentos difíceis. Camila, você é a irmã mais velha, deveria ser exemplo para sua irmã.— Eu entendo, pai. Eu vou tentar me colocar no lugar dela e ser mais compreensiva.— Camila fala fingindo compreensão.— É isso que eu espero de você, filha. Todos nós precisamos aprender a lidar uns com os outros, independentemente das nossas diferenças e dificuldades.Medson sorriu, sentindo-se amada e compreendida, achando que a compreensão de sua irmã é realmente verdade. Medson sobe para seu quarto com o amparo do pai.— Cega imprestável, você tinha que perder a visão e tirar a atenção do meu pai.— Camila fala exalando ciúmes.Com o decorrer dos dias Medson estava exausta de tentar explicar o que estava acontecendo para seu pai. A cada acidente, cada queda das escadas, ele alegava que era apenas uma coincidência, uma consequência de não conseguir enxergar. Mas Medson sabia que não era mera coincidência, ela sentia a presença sombria de sua irmã, Camila, por trás de todos esses episódios.Em uma tarde ensolarada, Medson encontrava-se na sala lendo um livro em braile. Camila chegou em casa com uma expressão de desprezo no rosto, como se cada vez mais demonstrasse seus sentimentos cruéis em relação à irmã.— É você Camila?— Medson pergunta segurando firmemente a sua bengala.— Ah, olha só quem está aí, a coitadinha da cega. Aposto que nem percebeu que mudamos de lugar todos os móveis da sala de novo.Medson, apesar de magoada pelas palavras de sua irmã, tentou manter a calma e evitar qualquer conflito.— Camila, eu te peço, por favor, pare de tentar me sabotar, quando enfim estou me acostumando com o ambiente, você faz questão de mudar tudo de lugar.Camila soltou uma risada sarcástica e se aproximou de Medson, cutucando sua cadeira e provocando um desequilíbrio.— Sabe de uma coisa? Não me importo se você cai das escadas, se se machuca ou se vive nesse seu mundo de escuridão. Na verdade, me divirto vendo você se machucando e sofrendo. Quando vai entender que você não pertence a essa casa?As palavras de Camila atingiram Medson em cheio. Ela sentiu uma mistura de raiva e tristeza, mas, acima de tudo, decidiu que já havia passado tempo demais sofrendo nas mãos de sua irmã.— Chega, Camila! Você deve achar que sou uma completa idiota, não é mesmo?— E não é? Vive caindo feito uma idiota!— Claro que esses acidentes acontecem. Você quem os causa, não é?— Não sei do que está falando.— Camila finge de desentendida.— Bom, saiba que eu sei que você está sabotando minha comida, mexendo nas coisas e me causando acidentes. Eu só não entendo por que? Que mal te fiz?Cassandra, que até então observava a conversa em silêncio, decidiu intervir.— Medson, por favor, não coloque sua irmã em uma situação difícil. Ela também pode estar passando por seus próprios problemas internos.— Ela fala sentindo a presença do marido logo atrás dela.Medson sentiu-se frustrada com a reação da mãe, porém nada surpresa. Naquele momento, ela percebeu que precisaria tomar suas próprias medidas para proteger-se.Medson estava em seu quarto, imersa na escuridão que sempre a acompanhava. Ela estava procurando seu vestido branco, apesar de não poder enxergar as cores. Com dedicação e paciência, ela tateava os cabides, suas mãos deslizando sobre as roupas em busca do vestido certo, seus dedos desliza com movimentos ágeis sobre as etiquetas que Caio colocou em cada peça. Desde que ele entrou em sua vida, Medson sentiu sua confiança e independência crescerem.Depois de vestida ela vai para a penteadeira e com movimentos vagarosos encontra a escova de cabelo, os pentea arrumando por cima dos ombros, faz uma leve maquiagem e passa um batom nude.— Caio, pode entrar.— ela grita para ele. Caio entra e fica uns minutos em silêncio. Medson sente um perfume diferente, mas não fala nada.— Pronta?— Ele fala se aproximando da cama, seus olhos analisa cada detalhe do seu rosto e seu vestido.— Como estou? Tem algo fora do lugar?— ela fica parada segurando sua bengala, apertando-a de nervosismo.— Está linda,
Horas antes.Cassandra estava cansada dos problemas financeiros que a filha trouxe para a família depois que perdeu a visão. Até hoje, ela não se conforma em ter perdido a luxuosa casa em que viviam por causa de uma cirurgia fracassada.Seu relacionamento com a filha nunca foi bom. Desde a infância de Medson, Cassandra depositou toda a raiva e frustrações nela.E agora, ela estava decidida a dar um fim aos problemas que sempre a atormentaram de uma vez por todas, mesmo que isso significasse tomar medidas extremas.Já fazia um tempo que Cassandra tinha ouvido falar de um mafioso barra pesada chamado Miguel, que por coincidência estava no Texas cuidando de uma cobrança. Ele é conhecido por muitos e temido por todos. Entre inúmeros negócios sujos, ele aceita emprestar dinheiro em troca de favores ou algo que interesse a ele. Cassandra está determinada a conseguir o que quer, custe o que custar.Ela estava nervosa enquanto esperava por Miguel no local combinado. Cassandra sabia que estava
Não demorou muito para Medson e Caio chegarem à praça. Caio ajudou-a a sair do carro e caminhou lentamente ao seu lado, enquanto Medson sorria feliz por estar conhecendo um lugar novo. Ela suspirou fundo, sentindo o ar fresco tocar seu rosto, enquanto as pessoas passavam ao seu lado conversando e o som das risadas era agradável de se ouvir.— Nossa, isso é incrível, o que tem na minha frente? — Ela perguntou, parando na frente de um belo jardim.— Um jardim, repleto de rosas vermelhas e amarelas. É como se estivessem saudando o sol brilhante deste dia. E um caminho todo cercado de árvores, um pouco mais à frente, há várias crianças brincando.— Deve ser muito lindo poder ver tudo isso, não me lembro de ter vindo aqui, mas a imagem que formei na minha cabeça é perfeita...Sem perceber, Medson sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Caio virou-a para ele, limpando suas lágrimas com a mão em seu rosto. Ele a olhou por longos minutos, triste, pois sabia que tudo o que Medson queria era
O dia anterior passara tranquilamente, e Medson estava feliz por ter conhecido mais um lugar e ter desenhado cada detalhe em sua imaginação.Ao despertar naquela manhã, Medson estava mais animada que o normal, diferente dos outros dias. Caio observou sua animação com um sorriso e logo se sentou ao lado dela.— Teve bons sonhos? Por isso está com esse sorriso brilhante?— ele perguntou curioso.— Tive sim, mas não é isso que me deixa animada.— Ela respondeu fazendo um ar de mistério, sabendo o quanto Caio era curioso.— O que é?— Hoje é o aniversário do Vinícius, estou ansiosa para vê-lo. Esta semana quase não nos falamos. Estou com saudades.— Medson falou entre suspiros.— Ah, é hoje o aniversário desse cara. Bom, tem gosto para tudo, não é?— Caio resmungou revirando os olhos.— Pode parar com a implicância, Vinícius é um bom namorado. — Ela retrucou, fingindo estar brava, e logo começaram a rir juntos.Caio e Medson tinham uma conexão especial, ele dedicava praticamente cem por cento
Camila pega o lençol que jogou no chão e se enrola. — Pai, eu posso explicar. — Camila diz, desesperada por ter sido descoberta. — Por que está gritando? — Medson pergunta, surpresa.— Camila? O que você está fazendo aqui? — Medson está surpresa, sem nem imaginar o que estava acontecendo logo à sua frente. —Veio comemorar com a gente? — Medson, me ouça, por favor... — Vinícius tenta se justificar, mas Medson não consegue entender realmente do que está falando. — O que está acontecendo? Me explique o que? — Como você é ingênua, irmãzinha. — Camila provoca, ignorando os olhares de desapontamento do pai. — Cala a boca, Camila! — Caio grita, parando ao lado de Medson e tentando levá-la para fora do quarto. — Alguém pode me dizer por que vocês estão gritando? — Nada demais, eu estava apenas sentando gostoso no seu namorado e você interrompeu. — O quê? — Medson sente seu corpo tremer, como se tivessem lhe dado um forte soco no estômago.— Eu... eu não acredito... — ela murmur
Caio fica perdido em pensamentos. Quando alguém bate na porta, ele coloca Medson com todo cuidado na cama e vai abrir. Assim que ele vê de quem se trata, seu rosto fica tenso, e sua expressão serena e calma, é substituído por uma expressão de rancor e raiva.— O que aconteceu? Ouvi Medson chorando. — Cassandra pergunta ao se colocar dentro do quarto.— Como se importasse com o bem-estar dela. — Caio resmunga. Juntando todo seu autocontrole, ele responde calmamente. — Infelizmente, ela presenciou Camila e Vinícius juntos.— Para de bobagem, Vinícius é louco por ela.— Se não acredita, pergunte para seu marido, ele viu tudo.Cassandra sorri, imaginando tudo o que aconteceu.— Olha, bem que eu sabia que ele ia se cansar de namorar uma cega. Vinicius merece uma mulher completa como Camila, tomara que ela saiba segurar alguém tão rico quanto ele.— Como a senhora pode se referir assim da sua filha? Medson é uma garota incrível.— Incrível? Medson é um fardo para todos nós, ela sempre me de
Ao acordar, Medson senta em sua cama e ouve os pássaros cantar. Lentamente, ela sente Caio do seu lado, ela vira de frente para ele e toca em seu rosto. — Bom dia, dorminhoco. — Ela fala, dando um beijo no rosto dele. — Bom dia, carinho. — Ele responde ainda de olhos fechados. Medson levanta para tomar banho e fazer sua higiene pessoal. Em seguida, Caio fez o mesmo. Ficaram longos minutos conversando até que começaram suas tarefas diárias. Apesar de parecer bem, ela se forçava a não lembrar de tudo que foi obrigada a presenciar, das palavras que Camila disse, dos insultos da sua mãe, que, por mais que seja algo recorrente, a ferem como se fosse a primeira vez ouvindo. (...) Assim passaram 2 meses, nesse tempo ela se isolou um pouco. Caio sempre tentava animá-la, mas nada mudava seu astral. Parecia que uma parte dela havia se quebrado naquele dia. Por algumas vezes, Medson disse a si mesma que nunca mais irá confiar em ninguém. Ela sempre teve dúvidas do que sentia por Vinicius.
Medson Parker. Pedi para Caio me trazer em um bar bem conhecido na cidade, já tem um tempo que quero vir aqui. Algumas pessoas chegaram a me cumprimentar, outras me passaram uma cantada; é estranho, mas é uma experiência bem interessante. Parece que ninguém percebeu que sou cega. Pego meu copo de refrigerante e levo na boca, não demora muito e sinto a presença de alguém ao meu lado. Sua presença é marcante, mesmo com várias pessoas passando o tempo todo, consigo sentir seu perfume. É impossível não se embriagar com ele. — Olha o que temos aqui, uma bela dama sozinha — ele fala e sua voz me causa arrepios. Não sei de onde, mas já ouvi essa voz. — O...oi — falo um pouco nervosa, estendendo a mão em direção a ele. — Prazer, sou Medson. — Ele segura levemente na minha mão e aperta com delicadeza, sinto um pequeno tremor percorrer meu corpo ao sentir o toque quente de sua mão. — E agora não estou sozinha, estou com você. — Hun, direta. Gosto de pessoas diretas. O prazer é todo meu, Med