O carro rodava lentamente pelo Vale do Luar. A paisagem era deslumbrante, o verão era um presente divino. Pessoas enchiam as ruas das pequenas vilas, turistas vindos de todas as partes do mundo circulavam pelo comércio local procurando suvenires para presentear seus familiares. Mais castelos podiam ser vistos em nosso caminho. Clara olhava para fora encantada com a paisagem. Eu podia sentir seu corpo próximo ao meu, seu perfume era inebriante.
Quando chegamos fomos recebidos por algumas crianças que brincavam ali por perto e por um grupo de homens que trabalhavam no posto. Clara conversou com o enfermeiro que nos recebeu. Ela falou perfeitamente a língua dele. Depois de alguns minutos de conversa os homens começaram a descarregar o jipe com medicamentos e os alimentos enlatados que tínhamos trazido. Como das outras vezes, Dindi se foi. Deixamos o campo de refugiados no dia seguinte. A fada Bia também se foi, ela tinha plena convicção de que logo estaria de volta ao campo, sua missão era ali. Bia era a luz que aquele lugar tanto necessitava.Clara estava realizada, ela me confessou. As quatro fadas voltaram para casa. Agora a quinta e última fada que buscávamos era a minha mãe.Capítulo 16
O grande círculo estava novamente formado. As fadas dançavam em volta da grande árvore. Clara jazia no meio do círculo. Eu assistia a tudo, o medo de perdê-la fazia com que meu corpo não parasse de tremer.Mamãe me explicou que Clara tinha arriscado a vida para me acompanhar naquela busca, sem as pedras mágicas as fadas não podiam ficar mais
O som da tempestade que se aproximava causava um grande reboliço pelas ruas. Portas do comércio eram fechadas, pessoas passavam apressadas demonstrando o quanto queriam estar seguras em suas casas. A correria fazia com que os esbarrões e os pedidos de desculpas fossem constantes.Abotoei o casaco, o frio estava cortante. Tratei de apertar o passo, não queria me atrasar para o jantar, mamãe ficav
— Acorde, Rick, estamos atrasados, temos que ir! — gritou um homenzinho, bem perto de meu rosto.O susto foi tão grande que dei um salto para trás. Pensei estar sonhando, ou melhor, estar tendo um pesadelo!—Quem é você? Como chegue
Dindi se dirigiu até um velho e enorme carvalho, eu o segui em silêncio. Estava absorvendo tudo o que ele havia me revelado. Quando chegou bem perto do carvalho ele parou, me olhou, e assim falou:— Você tem a chave, o poder é todo seu. Sou um servo leal, mas não posso passar pelo portal. Siga sempre em frente e logo entre elas estará presente — Dindi recitou as palavras com muita formalidade.
— Há milhares de anos, nós, as fadas, nos retiramos do mundo dos humanos. Foi muito difícil nos adaptarmos ao nosso novo mundo, cheio de solidão. Algumas fadas não suportaram ficar longe dos campos, dos mares, dos bosques, dos animais, enfim, da vida terrena com todos os seus prazeres. E então voltaram, mas elas foram caçadas e exterminadas, como muitas outras criaturas mágicas que ousaram desafiar os tiranos que dominavam o mundo. Só nos restou então vivermos reclusas, bem longe da maldade daqueles que habitavam a Terra. Neste novo mundo, construímos nosso lar. Usamos toda nossa criatividade e sensibilidade para construí-lo. Você teve a chance de ver um pouco dele hoje, não foi?
Eu tinha muitas perguntas a fazer, mas vi que a fada não podia mais continuar sua narrativa. Ela se recostou nas almofadas e fechou os olhos. A grande porta dourada se abriu e a linda fada que me recebeu entrou. Trazia nas mãos uma taça. Ela se aproximou da rainha das fadas e com ternura fez que ela bebesse todo o líquido.— Venha, Rick, vamos deixá-la descansar