Aldous degustou sua meia taça pacientemente. Suas projeções para o futuro foram interrompidas quando Sigmund chegou. — Olá, monge! — Sorriu, terminando o vinho e levantando. — Mestre… — cumprimentou, incomodado com o maldito apelido, porém, cansado de retrucar. — Hm… parece que aprendeu sobre cosméticos — elogiou, rindo. — Epifron ajudou. — Gosto da etiqueta e do cuidado consigo. Temos dois meses e meio à frente. Não ingerirá absolutamente nada, então economize-se para sua sinfonia nutrir seu corpo. Sim! É perfeitamente possível. Sigmund assentiu, ignorando os questionamentos de sua cabeça. — As próximas horas serão atribuladas. Estenderei o treino, logo, com prudência, pouco se ferirá. Por minha vontade, a escadaria lhe cederá, ininteligivelmente, conhecimento. A grande epopeia de nossa mãe lhe será sussurrada. — Sorriu, em tom de oração. — Todo rito, oração, prece, preceito, nasceu desta, mas ainda não pode declamá-la. — Sim, senhor. Estou pronto! Aldous foi à mesa onde desc
Sigmund despertou de madrugada. A ansiedade para ver Althea o impediu de voltar a dormir, ele banhou-se, buscou quaisquer mínimos ferimentos no corpo. Desagradou-se com as cicatrizes que se acumulavam e uma intensa dor espalhou-se em sua cabeça. “Eu lido, traga-nos uma lâmina.”, disse sua outra face. — O que fará? “Temos muitos defeitos… adquirir outros não me agrada, é um exercício de vaidade. Não diga que não quer. Ambos carregamos a raiva por eles… permita-se experimentar a vaidade também!” Sigmund foi à cozinha. Amos estava preparando a refeição e Chase estava à mesa, tomando um suco bem vermelho, cheirava a tomate. — Herdeiro! Acordado tão cedo. Bom dia! — Chase sorriu. — Olá, Epifron! — cumprimentou Sigmund. — Anesiquia! — Criança! — retribuiu Amos. — Preciso de uma lâmina. — Íamos bem — lamentou Chase —, aí vem o retrocesso! — Riu. — Por quê!? — O menino ficou curioso com a afirmação. — Cortará o cabelo… é uma lástima! — Não cortarei o cabelo! — retrucou Sigmund, fra
Distraído, Sigmund foi incapaz de não causar comoção. Uma mulher, esbelta de pele clara, grandes cabelos cacheados e um homem, albino, muito magro e jovem, junto a Ianos aproximaram-se. — Presumo que a senhora está bem! — disse o albino. — Estamos bem, Penia — tranquilizou Aldous. — Estou bem, Yurri. Patience! — Althea sorriu, calma, acariciando os cabelos de Sigmund que, imediatamente, pôs-se a sua frente. — Ela está bem. Não chega perto! — disse, olhando Ianos e respirando fundo, antevendo a falta de ar. — Criança… — Ianos riu, mantendo os olhos fechados. — Jamais faria mal à minha Grande Sacerdotisa. — Só fazem isto! Impregnam as pessoas com ideias transcendentais absurdas e as abandonam a própria sorte… dão veneno para elas… Não o deixarei fazer isto! — afirmou, angustiado, com lágrimas nos olhos. — Não perderei outra mãe! Afaste-se, sua luz não é bem-vinda! — Pequeno, me dê a mão — pediu Althea, acariciando-o no ombro. — Vamos, garoto! Sei que não gosta, mas este é bom. —
“Criança, precisa acordar!”, Althea chamou no íntimo de Sigmund. O som do artifício quebrando ecoou. Ele observou o local vazio. “Bom dia, minha mãe!”, Sigmund sentou e pegou seu saung. Passada uma hora e meia de aula, Aldous chegou, o cumprimentou em silêncio e sentou à mesa. Terminando, Sigmund o cumprimentou. — Mestre, bom dia! — Olá, buda! — Sorriu, levantando. — Pode me ajudar a acordá-lo? Aldous sentou-se próximo para monitorar a reconstrução do artifício e amparou seu desfalecer após o processo de vestir-se. Sigmund entregou ao monge a memória da lição e este despertou, com a voz de Althea, ecoando em sua mente, causando um bom despertar. — O que houve? — perguntou, ao despertar, olhando para Aldous. — Não faço ideia! — Aldous riu. — Se têm problemas, se resolvam! — Problemas!? — indagou, confuso. — Teve problemas? — Ai, monge! Ai! — Gargalhou, materializando a lira sobre a mesa. — Treinamento. Recomponha-se! Sigmund rapidamente pôs-se de pé, em guarda; em vão, afin
Sigmund trincou os dentes, fitando os olhos do homem, tenso. A pobre alma, vulnerável, gritou, sentindo o braço esmagado. O menino sorriu, saboreando a doce dor. Sentiu o desafogamento, causado pela endorfina, endorfina e ocitocina, estimulados pelos gritos. Ele deu um passo à frente com muito custo, chegando nos degraus. — Agora jogo ele daqui!? — sugeriu, olhando para Aldous. Aldous suspirou, combateu a vontade de assentir e o respondeu: — Não. Sigmund engoliu seco, o vermelho passeou por seus olhos, pulsando. Incapaz de coordenar o que desejava e o que devia fazer, cedendo aos impulsos, seguiu na direção da beira, mas Aldous o segurou, invocando: — Epifron! — Meu pai! — cumprimentou Chase. — Estamos loucos em meio aos degraus. Ótima… notícia… — Suspirou, rindo, com culpa. — Leve o homem — ordenou Aldous. Chase foi até o homem, pôs a mão em sua cabeça e apertou, sorrindo. O homem deu um grito estridente, parando as escadarias. Peçonha e alma dividiram-se; o corpo desfez
Acordar com a flauta de Althea nos pensamentos era maravilhoso!Sigmund sentou, sorrindo, abraçando seu saung.Aldous o cumprimentou, reuniu os materiais de estudo e um mapa-múndi, sem qualquer legenda. Latisha serviu vinho para ambos e Aldous estendeu o mapa no chão, deixando os livros próximos.— Sente. Isto é um mapa. As nações, soberanas ou não, totalizam cento e sessenta e três, se a memória não falha, e este número só cresce. Através do caminho dos mortos, podemos ir à muitos lugares no plano vivo e outros que ainda não citarei. — Aldous bebeu um gole do vinho. — A criação e toda a existência são uma bela canção, mutável, caminhar pelas pautas e notas é complexo, mas o trabalho de entender e lidar com isto pertence a nossa parcela morta e ela o conduz com maestria!Aldous tomou sua lira e tocou.Ao fundo, Sigmund viu Aakash vazia, sem nenhuma construção.— Um lugar que deve se lembrar, não exatamente desta forma — disse Aldous, rindo do semblante surpreso do menino.— Onde está
No último dia, o mestre demonstrava extremo relaxamento. O menino observou-lhe com surpresa, afinal, sem toda a tensão, Aldous parecia um homem completamente diferente.Retornando à escadaria, Chase surgiu prostrado.— Mestre Algos, estávamos lhe aguardando para a refeição. Herdeiro!— Olá, meu filho! — Aldous sorriu, escusando-o.Chase o abraçou forte, respirou fundo e seguiu à cozinha.— Olá, família! — Sorriu. — Como foi durante minha ausência!?— Triste, sentimos saudade! — disse Latisha, manhosa.Aldous a abraçou. Ela retribuiu, numa das poucas manifestações de carinho, sem o viés lascivo.— Tire o dia para descansar, criança monge! — dispensou Aldous. — Lidarei com as pendências da escadaria que a ausência causa.— Sim, senhor. Estou bem cansado mesmo…Cedo, no dia seguinte, após o momento com Althea, o menino seguiu ao salão principal. Aldous estava à mesa, comendo uma salada enquanto observava o trabalho de seus filhos.— Bom dia, pequeno buda. Como se sente hoje?— Tirando o
Um ar gélido tomou o templo, perfumando-o docemente.Todos silenciaram e apenas a sinfonia agitada do vento lá fora podia ser ouvida. Os mestres e responsáveis das crianças, juntaram-se próximos à entrada deixando os aprendizes a frente de Althea, sós.— À lágrima que habita seu íntimo, dou vida, crianças! — Ela orou.A estátua verteu uma lágrima e o som de seu toque no chão ecoou.O vento cessou e a lágrima dividiu-se em muitas outras, viajando por entre as crianças e jovens.A pequena gota aproximou-se de Sigmund como música.O gélido ponto em seu peito pulsou, ansiando por aquela parte de si.Sigmund franziu o cenho, pôs a mão no peito, tomado por uma saudade avassaladora, como luto.***Olhando ao redor, viu-se num lugar diferente. As crianças diferiam. Os motivos nas paredes, muito parecidos, também diferiam. Olhando Althea, Sigmund viu uma jovem parecida. Sua memória lembrou-se do nome da moça, Maija, com ternura.— O que acontece!? — questionou, olhando-a.— Manteremos o compro