Um ar gélido tomou o templo, perfumando-o docemente.Todos silenciaram e apenas a sinfonia agitada do vento lá fora podia ser ouvida. Os mestres e responsáveis das crianças, juntaram-se próximos à entrada deixando os aprendizes a frente de Althea, sós.— À lágrima que habita seu íntimo, dou vida, crianças! — Ela orou.A estátua verteu uma lágrima e o som de seu toque no chão ecoou.O vento cessou e a lágrima dividiu-se em muitas outras, viajando por entre as crianças e jovens.A pequena gota aproximou-se de Sigmund como música.O gélido ponto em seu peito pulsou, ansiando por aquela parte de si.Sigmund franziu o cenho, pôs a mão no peito, tomado por uma saudade avassaladora, como luto.***Olhando ao redor, viu-se num lugar diferente. As crianças diferiam. Os motivos nas paredes, muito parecidos, também diferiam. Olhando Althea, Sigmund viu uma jovem parecida. Sua memória lembrou-se do nome da moça, Maija, com ternura.— O que acontece!? — questionou, olhando-a.— Manteremos o compro
Um hábito exótico fazia boatos correrem pelos degraus, transportados por aprendizes. Sigmund estranhou. Alguns pareciam se divertir com a “brincadeira”, apesar de, vez ou outra, ser pesado ou ofensivo demais.Apesar da maldade, todo e qualquer evento diferente, tornava-se notícia rapidamente. Logo, todos sempre sabiam. Os aprendizes, impressionantemente, nunca eram os mesmos, deixando-o mais curioso.— Divertindo-se vendo os degraus falando!? — questionou Chase.— É confuso! Não consigo concluir ser ou não saudável…— Às vezes aborrece, mas, geralmente, é saudável. Não temos muito o que fazer, logo alguns inventam! — Ri, sentando ao seu lado.— Eles podiam treinar… ler… se aprimorar de alguma forma!— Podiam, herdeiro. Podiam! — Gargalhou. — Quer caminhar?— Não sei se devo…Chase levantou e deu alguns passos à frente.— Vem… é bom. Ajuda a se acostumar com o movimento.Sigmund seguiu. Localizar-se era difícil, se não fosse a bandeira hasteada na entrada da sétima escadaria, não difer
Após a tranquila e silenciosa refeição, Aldous foi com Sigmund à área de treinamento para voltar a usar dos mapas.Com individualidade era fácil, sua memória era impecável e apesar de alguns lugares terem mudado o nome ou a extensão do território, os estudos fluíram com relativa velocidade.— Mestre Algos, trouxe vinho! — cumprimentou Chase, entrando.— Zari. — O menino lembrou-se da moça, olhando-o. — Epifron…— Eu! — Chase riu.— Ai, ai, herdeiro! Encerramos os estudos com o mapa, vamos ao salão principal aguardar a refeição.— S-sim, senhor! — concordou Sigmund, caminhando com Aldous sem tirar os olhos de Chase. — Diferentes, mas muito iguais…— Fui ela, é normal sermos iguais. Agora estou mais emotivo, tempos calmos exigem mais coração e menos músculos! — Ele riu.— Desculpa. — O menino derramou uma lágrima. — Epifron.— Desculpe-se apenas quando esquecer-se de que me proteger, me enfraquece, meu pai. Estamos em guerra e pelo senhor, com o senhor, vou onde for preciso. Juntos, car
Antes de imergir, uma lágrima escorreu na face de Sigmund.Aldous lançou o corpo ao canto, como sempre fazia com o menino, como se fosse um objeto e assumiu uma postura ofensiva.A Loucura animou-lhe, alimentada pelo trágico luto que o tomou.Uma aura vermelha o cobriu, enquanto incontáveis lágrimas de sangue escorreram por seu rosto.Após duas horas, Aldous passeou com sua sinfonia na lira para desacordar Sigmund, e caiu sentado, respirando fundo.A energia dissipou-se e o corpo ilusório da mulher desfez-se.Chase precisou intensificar o uso de energia para aquietar as agulhas irritadiças, tomou uma e aproximou-se de Aldous.— Meu pai, vinho!?Aldous assentiu, incapaz de vocalizar dada a falta de ar.— Ajudarei, mas só no mastoide, tudo bem!?Aldous riu. Chase acariciou seu rosto, seu cabelo, e usou a agulha atrás da orelha de Aldous, espalhando arrepios por todo seu corpo.Um longo gemido desafogou os pulmões do mestre.— Fique com essa. Não exagere! — Chase saiu, sorrindo.Aldous d
Todos beberam seu vinho, pacientes, até a fúnebre melodia do órgão da Guardiã das Leis ecoar pelos degraus, anunciando a reunião.Todos os transeuntes rumaram às suas casas e, em instantes, somente as almas perdidas caminhavam, murmurando.— O órgão da Guardiã das Leis anuncia eventos extraordinários, mas dificilmente ela está presente. A etiqueta para reuniões, em caráter emergencial, diz para nos reunirmos décima quarta escadaria, seguindo a mesma série de degraus, na ordem do segundo ao décimo terceiro.— A Guardiã das Leis não participa!?— Quebra a reclusão em casos extremos… ou nas guerras, torna-se mais sociável… afinal o Templo dos Mortos se abre durante as guerras.Um homem, grego, passou acompanhado de três moças; conversando bastante, parecia calmo. Ele sorriu para Aldous, cumprimentando.— Por cortesia, cumprimentamos, mas não é obrigatório. Esse é Deris Niklos, o segundo. A esperança em forma de meio morto, positivo e otimista. Sempre que quero lidar com meu niilismo, ele
— O sorriso de Epifron apagou cedo. É uma pena, gosto dele. Gosto de ver o sétimo na reunião! — disse Patience, quebrando o silêncio e retomando a seriedade. — Posso propôr uma mudança na pauta?— Ai, Praxidice… o que está inventando!? — questionou Aldous.— E qual seria a pauta levantada!? — indagou Alexa.— Condenação a longo prazo… segregação social… preconceito… Juram que só eu vi!? Até Yurri que é lento viu!— Não queremos falar disso! — Aldous sentiu o ar faltar.— Precisamos! Agora, você é alvo e quando mudar? Esperaremos? — Ela arguiu. — Sou debochada e sarcástica, mas até minha mente irônica sabe o que é certo e errado… e o que ocorre com os sétimos é errado!— Sei que sou suspeito em concordar… — disse Yurri. — Contudo, eu e presiese concordamos ser cruel. Houve um boato nos degraus que que pyn caiu. Vi irmãos achando tarde. É lastimável! Não convivo com pyn, mas não quero sua morte! Ver irmãos desejando, me entristece…— O que está acontecendo!? — questionou Patience, levan
Aldous banhou-se e foi ao altar.Haviam poucas almas para lidar nas próximas horas, mas era possível sentir, como as nuvens de uma intensa tempestade, um grande número de mortes acumulando-se ao horizonte.Ajudou a horda com o trabalho, orou e rumou à cozinha. Ouviu os sussurros de Algos, ao passar pelo quarto do aprendiz, sorriu, mas decidiu não interromper.Na cozinha, haviam rápidas refeições servidas à mesa e as meninas conversavam muito. Cessaram a conversa ao vê-lo e prostraram-se.— Algos! — cumprimentaram. — Como não pudemos nos reunir para a refeição, deixamos algo pronto para ti. — Latisha sorriu. — O que causa este sorriso em sua face?— Algos… — O sorriso no rosto de Aldous alargou. — Podem me servir vinho, por favor? — pediu, sentando. — Epifron!— Meu pai! — cumprimentou, chegando abraçado ao morin khuur.— Não estamos bem!? — perguntou Aldous, analisando-o.— Melhorarei… é apenas uma leve agitação na identidade, ainda inofensivo — reportou. — Em que posso ajudar?— Não
— Intenso!? — Aldous arguiu, observando a tristeza de Ario.— Um pouco… — Ario franziu o cenho. — Pistis! — invocou.— Pai. — Ela cumprimentou, ao chegar.— Sismo — anunciou —, tomem cuidado, por favor! Precisamos saber se temos um agente anatural trabalhando em sua causa.— Sim, senhor — Ela partiu, com um sorriso doce no rosto.— Presenciarei a loucura de Moros!? — Aldous gargalhou.— Não… é uma ocasião ruim, mas não verá, Algos. — Ele riu.— Crianças, trabalhemos! — Aldous disse. — Segundo meu niilismo o coiso é a causa. O monge ajudará a saber quando atacar. Não se precipitem, exceto se sua morte, ou a dos outros, estiver em risco.— Sim, senhor! — Sorriram, dividindo-se.— Vamos, Sigmund… mesmo truque! — disse Aldous.Aldous tocou no ombro do menino e a leve sinapse viajou.O vento gélido chegou.A tímida luz do sol, corajosa, a nascer, avermelhou-se.— O monge nos acompanhará para não enlouquecermos!?— Acompanharei para não se excederem, loucos já são! — Ianos riu.Aldous garga